Após sessão polêmica, TJ Acre
decide enviar Operação G7 para STF
Após uma sessão polêmica e de muito
bate-boca entre os desembargadores, o Tribunal de Justiça do Acre decidiu no
início da tarde desta quarta-feira enviar o processo da operação G7 ao Supremo
Tribunal Federal (STF). O caso será remetido após metade dos 10 desembargadores
se declarar impedido ou sob suspeição.
Com as cadeiras do plenário
ocupadas por parentes dos 14 presos pela Polícia Federal acusados de desvios de
verbas advogados, advogados, populares e políticos, a sessão teve como ponto alto
a recusa do desembargador Adair Longuini a forma como a sessão vinha sendo
conduzida.
Para ele, houve atropelos na
análise da competência do tribunal em julgar o processo. “Eu me recuso a
participar de um tribunal de exceção”, declarou ele. De pé, o magistrado
apontou o dedo a sua colega Cezarinete Angelim, que passou a presidir a sessão
após o presidente Roberto Barros se declarar impedido.
Ao todo, cinco desembargadores se
declararam na mesma condição. Waldiene Cordeiro disse estar sob suspeição por
conta de seu enteado, Rodrigo Ayache, ser advogados de um dos 29 indiciados
pela polícia.
Ela negou que o impedimento ocorra
por suposto envolvimento de seu marido, o secretário da Fazenda Mâncio Lima
Cordeiro, na investigação policial.
“Como está provado ele [Mâncio] não
está entre os indiciados, foi apenas citado e ouvido. A própria relatora
[Denise Bonfim] decidiu pela não condução coercitiva dele”, declarou.
Decana da Corte, Eva Evangelista
pretendia ficar impedida somente nos casos em que sua filha, a procuradora
Gilcely Evangelista, tivesse atuado. A relatora do processo, Denise Bonfim, não
aceitou o argumento e pediu o impedimento por completo.
Sem muita resistência, Regina
Longuini, mulher de Adair Longuini, se absteve por não ser permitida a atuação do
casal. Por ser mais antigo, somente Adair poderia atuar.
O presidente Roberto Barros também
não mostrou resistências ao se declarar sob suspeição. O desembargador disse
não se sentir apto para julgar o caso já que seu padrinho de casamento, Assurbanipal
Barbary de Mesquita, está entre os indiciados e presos pela PF.
O impedimento do presidente foi o
único questionado pelo procurador Cosmo de Souza. Na avaliação dele, o
impedimento não se encaixaria nos previstos pela Constituição.
Cosmo foi interrompido por Denise
Bonfim que destacou que o Ministério Público não tem o poder de questionar a
legitimidade do magistrado se considerar apto ou não. Toda a sessão foi
acompanhada por membros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que desde a
tarde de terça estão em Rio Branco.
No momento mais tenso da sessão o
MP questionou a matemática usada para declarar o impedimento. Segundo ele, a
Constituição diz que ele se dá com metade mais um dos magistrados impedidos.
Cosmo diz que somente cinco estão inaptos, quando o necessário seriam seis.
“A Constituição diz que a
competência do Supremo só se justifica na hipótese de incompetência de mais da
metade dos membros”, afirma o procurador. “No meu entendimento que a atribuição
originária foi ilegalmente, inconstitucionalmente aviltada”, disse Cosmo.
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