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domingo, 29 de dezembro de 2013

O Suplício de Anibal Diniz

A obra “O Suplício do Papai Noel”, do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, nos faz um relato de como teria surgido a figura do bom velhinho na cultura ocidental. Se hoje ele é tido como amoroso e misericordioso, para alguns povos, séculos atrás, poderia ser representado por um demônio que vinha castigar as crianças más.

Nós, cristãos ocidentais, celebramos o Natal já há alguns séculos, e assim vamos vivendo a nossa vida. Sendo uma entidade divina ou infernal, o fato é que quem não está nada satisfeito com o velhinho barbudo é o senador Anibal Diniz (PT).

Deixado de lado pelo Palácio Rio Branco, ele se vê sozinho em sua luta para obter apoio dentro do governo e do próprio partido para sua candidatura de reeleição –se assim podemos denominar, por em 2006 os votos terem sido dados a Tião Viana (PT).

E é este mesmo Tião Viana que agora passa a escrever a obra “O Suplício de Anibal Diniz”. O hoje governador não quer saber de apoiar o colega petista. Já percebendo o peso que será carregar Anibal em 2014, Viana preferiu ter como sua candidata ao Senado a carismática e popular Perpétua Almeida (PCdoB), líder nas pesquisas de intenção de voto.

Tião sabe que sua campanha para a reeleição não será fácil; ter que carregar alguém sem a mínima aceitação popular seria um tiro no pé. O governador levou em conta o efeito “Pesado Magalhães”, uma referência à candidatura de Edvaldo Magalhães (PCdoB), marido de Perpétua, em 2010 ao Senado, que por muito pouco não rendeu as duas cadeiras em disputa à oposição.

Anibal Diniz começa a reclamar de falta de democracia dentro do PT por ter sido preterido sem uma consulta à base. Ele que anos atrás mandava e desmandava aos berros nas reuniões da Executiva petista, agora reclama de ações antidemocráticas. (Alguns chegam a afirmar que o senador entrava nas reuniões olhando para o teto).

Anibal Diniz clama por democracia, justo ele que, quando secretário de Comunicação de Jorge Viana (PT), implantou um verdadeiro estado de censura na imprensa acreana. A decisão de escolher Perpétua Almeida é única e exclusivamente do governador Tião Viana. Ao resto do PT cabe tão somente segui-la.

Hoje Tião Viana é o principal líder do PT. A vitória de Ermício Sena e sua tendência Democracia Radical (DR) é atribuída ao governador, que mobilizou toda a estrutura governamental para evitar a vitória de Sibá Machado e suas tendências mais à esquerda.

Anibal Diniz se vê abandonado dentro do PT, pois não tem o apoio da DR –que precisa se manter fiel ao governador – e tão pouco dos sibanistas por ainda carregarem mágoas deixadas na disputa eleitoral de novembro, onde Anibal se empenhou ao máximo para eleger Ermício.

A Anibal cabe apelar a Jorge Viana (PT), mas este também não tem a mesma influência de outrora em sua legenda, com o irmão Tião dominando tudo. O senador tenta manter os últimos suspiros em sua luta pela reeleição, mas pelo navegar do batelão ele precisará se conformar com os quatro anos de Senado deixado a ele por Tião Viana, e buscar uma saída honrosa deste processo.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Especial 25 anos sem Chico



Família luta por  terra no que sobrou de floresta do seringal Capatará
A pouco mais de 40 km da capital do Acre, Rio Branco, uma área de cinco mil hectares de um antigo seringal em uma região progressivamente tomada pela pecuária representa bem a situação vivida por seringueiros do Estado 25 anos após a morte do líder ambientalista Chico Mendes.

O que sobrou de floresta do seringal Capatará – que chegou a ter 62 mil hectares de mata nativa, mas hoje é principalmente usado como pasto – está localizado a poucos quilômetros de distância da Reserva Extrativista Chico Mendes, uma das maiores unidades de conservação do país.

No Capatará, ao menos 130 famílias vivem um impasse, esperando uma definição sobre se serão obrigadas a sair ou se poderão permanecer na área, agora ocupada por uma grande propriedade rural.

Mas, se na época de Chico Mendes, jagunços armados faziam o trabalho de retirar os seringueiros, agora os mandados de reintegração de posse são o método mais usado para assegurar a integridade das fazendas.

"Eu acho que nossa luta hoje está pior do que no tempo de Chico. Os fazendeiros estão mais fortes e dominam todos os órgãos que deveriam defender a causa do trabalhador sem-terra. Nosso movimento (dos trabalhadores rurais) está enfraquecido por as lideranças serem cooptadas pelo governo", declara José Apolônio, que foi amigo de Chico Mendes e agora é organizador do movimento de resistência das famílias do seringal.

"Muitas das pessoas que estão aqui já moravam por estas bandas quando tudo era floresta. Seus filhos e netos lutam para ter um pedaço de terra que lhes é de direito. Estas famílias chegaram antes do fazendeiro", diz.

Resistência

No início dos anos 1980, Chico Mendes começava na cidade de Xapuri os primeiros movimentos de resistência à "invasão" da floresta pelos "paulistas", como ficaram conhecidos os fazendeiros de outros Estados que emigravam para o Acre.

Semanas após o assassinato de Wilson Pinheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade acriana de Brasileia, em 1980, o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado de Chico Mendes, declarou: "a onça vai beber água".

A declaração foi vista como uma ameaça e rendeu a Lula e a Chico o enquadramento na Lei de Segurança Nacional.

O regime militar brasileiro estava em seus últimos anos, mas ainda tinha força suficiente para manter a ordem. Com o lema "uma terra sem homem para homem sem terra", os militares incentivaram a ocupação do Norte. Os seringais falidos do Acre eram vendidos e transformados em pasto.

Em seu movimento de resistência, a estratégia mais conhecida de Chico Mendes foram os "empates", correntes humanas formadas na frente de homens e máquinas que tinham por missão derrubar as árvores.

A luta de Chico Mendes lhe garantiu prestígio internacional, bem como a conquista de alguns inimigos. E foi um deles, Darly Alves, o responsável por elaborar o plano da emboscada contra o líder seringueiro.

No dia 22 de dezembro de 1988, com a toalha pendurada no ombro, Chico se preparava para tomar banho no banheiro localizado no lado de fora da casa.

Quando apareceu na porta, o tiro de espingarda foi disparado; a bala o atingiu no peito. Ele ainda conseguiu voltar para o interior da casa, onde morreu. O crime chamou a atenção do mundo. Jornalistas de todo os lugares ocuparam a pequena cidade de Xapuri.

Dias depois soube-se que o autor do disparo foi Darci Alves, filho de Darly.

Em extinção


Hoje, o seringueiro é quase uma figura em extinção no Acre. A falência da economia extrativista levou os povos da floresta a investir na agricultura de subsistência e criação de animais, como o próprio gado.

O extrativismo sucumbiu ante a força da pecuária introduzida na região. Dados mais recentes do IBGE apontam que o Acre tem três milhões de cabeça de gado, número quase quatro vezes superior à população do Estado, de 776 mil habitantes.

Para os fazendeiros, as mudanças no Estado trouxeram dinamismo à economia do Acre. "Não fosse a pecuária introduzida há 40 anos, certamente o Acre estaria numa situação bem mais pobre. A pecuária salvou o Acre da falência do extrativismo, que tem se mostrado inviável até hoje", diz Assuero Veronez, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária.

De acordo com Veronez, a pecuária ainda é a grande atividade econômica, sendo buscada até mesmo pelos moradores das reservas extrativistas.

Quanto aos conflitos agrários, Assuero considera que eles têm raízes diferentes dos que ocorriam na década de 1980. "Antes nós tínhamos um movimento de resistência contra o desmatamento por seringueiros que lá estavam. Hoje, ocorre invasão de propriedade, o que é muito ruim para o Estado", declara.

Mas, para muitos filhos e netos de seringueiros, a realidade de pobreza é a mesma, independentemente das mudanças na economia do Acre.

A possibilidade de ser expulso do seringal Capatará preocupa Adalcimar Alves da Silva, 36 anos, um dos 14 filhos de Graça Alves, que chegou ao local quando tudo ainda era mata.

Assim como os irmãos, ele nasceu e cresceu na floresta, mas está apreensivo com a possibilidade de ver a polícia na porta de casa com a ordem de despejo, mesmo com sua mãe tendo a titularidade de sua área.

"Eu nasci no Capatará, me criei aqui, não sei fazer nada além de plantar e colher minha produção. Se eu for para a cidade com mulher e filhos, passarei fome", afirma.

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Leia também: Conservação e 'economia verde' são legados de Chico Mendes




sábado, 21 de dezembro de 2013

Antidepressivo

Cientistas brasileiros testam ayahuasca para depressão e parkinson


MORRIS KACHANI
Folha de S Paulo

 Estudo realizado por pesquisadores da Unifesp e da USP indica que a ayahuasca pode ter efeitos terapêuticos em casos de depressão e mal de Parkinson.

A ayahuasca, usada em rituais religiosos como o Santo Daime, é uma bebida produzida a partir do cipó e da folhagem de duas plantas amazônicas.

Um de seus componentes é a dimetiltriptamina, que se assemelha ao LSD (ácido lisérgico). Em altas doses, pode produzir alucinações.

No experimento, os pesquisadores administraram soluções com dosagens variadas, além de placebo, a roedores. A estrutura cerebral de cada grupo foi comparada. Os cientistas concluíram que no cérebro dos animais que tomaram ayahuasca houve diferentes níveis de produção de neurotransmissores –noradrenalina, dopamina e serotonina.

Os neurotransmissores propagam estímulos entre os neurônios. Após a ação, eles são recaptados ou destruídos por enzimas. A ayahuasca inibe as enzimas e concentra os neurotransmissores nas fendas sinápticas, fazendo com que eles tenham uma ação mais prolongada, o que potencializa suas ações.

 Depressão e parkinson são doenças ligadas à disfunção na produção desses neurotransmissores.

"Já se sabia que alguns componentes da ayahuasca poderiam agir como antidepressivos. Mas não era sabido que eles alteravam a liberação de neurotransmissores em áreas cerebrais específicas", afirma Maria da Graça Naffah Mazzacoratti, do departamento de bioquímica da Unifesp, que participou da pesquisa.

Segundo ela, o estudo é pioneiro em mostrar que a ayahuasca age de formas peculiares no hipocampo (área relacionada a aquisição de memória) e na amígdala (ligada a emoções).

Para Dartiu Xavier da Silveira, professor de psiquiatria da Unifesp e um dos responsáveis pelo estudo, alguns dos achados sugerem que o ayahuasca possa vir a ser um recurso para outras doenças, como dependência química e ansiedade.

"Os tratamentos dessas doenças não funcionam para todos os pacientes. Cerca de um terço dos pacientes não melhora com nenhum antidepressivo disponível."

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A Rede escolar

Marina Silva faz o recadastramento biométrico no TRE/AC
O governo do Acre publicou na edição desta sexta-feira (20) do "Diário Oficial" a exoneração de Marina Silva (PSB) do quadro de professores da Secretaria de Educação.

Professora da rede pública desde 1982, Marina deixou as salas de aula após ser eleita deputada estadual, em 1990. Desde o início de sua carreira política, Marina tem recorrido a afastamentos do cargo sem ônus aos cofres públicos.

Eleita senadora em 1994, foi reeleita em 2002. Com o fim do mandato no início de 2011, após ficar em terceiro lugar na disputa pela Presidência, Marina solicitou um novo período de afastamento, desta vez recorrendo à "licença para tratar assuntos particulares".

O mecanismo está previsto no Estatuto do Servidor Público do Estado do Acre.

 Para o advogado Edinei Muniz, especialista em administração pública, a ex-ministra do Meio Ambiente deveria ter sido processada por abandono de emprego, pois não voltou a lecionar em fevereiro, quando expirou a licença.

Segundo ele, houve um crime contra a administração pública, ao Marina não ser notificada pela Secretaria de Educação por abandono de emprego.

Além disso, Muniz afirma que a secretaria cometeu improbidade administrativa ao conceder a exoneração com efeito retroativo a fevereiro, o que não poderia ter ocorrido.

Procurado pela Folha, o secretário Daniel Zen (Educação) disse não ter ocorrido a improbidade administrativa, já que Marina não recebeu salário no período. 

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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Energia sustentável?

Usina de Santo Antônio quer ampliar capacidade de geração de energia 




Diário da Amazônia (Porto Velho)


A Santo Antônio Energia realiza nesta quarta-feira, 18, a partir das 17 horas, no espaço de eventos Elus Eventos, em Porto Velho, uma audiência pública para discutir a ampliação da cota do reservatório da usina de 70.5 para 71.3 metros. A proposta de realização da audiência foi parar na Justiça Federal.

O Ministério Público do Estado de Rondônia e o Ministério Público Federal protocolaram Medida Cautelar na para que o Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Renováveis (Ibama) suspenda a audiência pública.

Segundo informou a assessoria de imprensa dos dois órgãos, a medida recomenda que o Ibama realize audiências públicas em todos os distritos, especialmente Jaci-Paraná, e localidades ribeirinhas afetadas pela alteração do nível de barragem da UHE de Santo Antônio localizadas acima da barragem do citado empreendimento e a publicação desses eventos em jornais de circulação locais, emissoras de rádios e outros meios de comunicação.

Eles entendem que a audiência pública realizada na capital não vai contemplar os distritos, que serão afetados pela alteração do nível do reservatório.

O projeto básico prevê a implantação de mais 6 unidades geradoras de energia. O MP alega que a Usina de Santo Antônio não apresentou estudo atestando a segurança estrutural de sua barragem para suportar a elevação do nível de águas para 71.3 metros.

Se acontecer a audiência nesta quarta-feira, o resultado será utilizado na análise de viabilidade ambiental da proposta. O Ibama emitiu recentemente Nota Técnica de 5493/2013, destacando que inúmeras solicitações não foram atendidas pela Santo Antônio Energia.

 “Ainda existem pontos para serem esclarecidos e complementações para serem realizadas para a avaliação de viabilidade”, diz o documento. O Ibama também sugere que as audiências públicas aconteçam nas localidades que serão afetadas com o impacto da ampliação da cota.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Viva, Chico

O Acre lembra em 2013 os 25 anos do assassinato do líder seringueiro Chico Mendes. Passado um quarto de século, porém, os conflitos agrários permanecem. Num Estado de elevada concentração de terra nas mãos de poucos, famílias mais pobres continuam a enfrentar a miséria e a violência policial em busca de um pedaço de chão.

Veja a realidade acreana neste vídeo do Ecos da Notícia

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Conflito no Cacau

Marco Feliciano quer MPF no caso Margarido; Antônia Lúcia quer exumação 

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano (PSC-SP), enviou nesta terça-feira ofício ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedindo a entrada do MPF (Ministério Público Federal) no caso do agricultor Margarido Pereira da Silva, 41, morto, segundo familiares, por sua liderança junto ao movimento sem-terra do Ramal do Cacau, no Bujari (AC).

Para o parlamentar, o envolvimento do MPF se faz necessário ante a incapacidade dos órgãos de Segurança do Acre para lidar com a situação. Em outubro, a PM cumpriu mandado de reintegração de posse na região. A ação foi considerada como truculenta pela CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil). Nem mesmo uma escola construída pelos sem-terra escapou da destruição.

Além disso, segundo o documento da comissão, a área em disputa é terra pública da União, por isso a competência do MPF para a atuação. Já a deputada Antônia Lúcia  (PSC-AC) quer a exumação do corpo de Margarido para que a causa de sua morte seja determinada. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

As vítimas de sempre

Laudo do IML aponta "causa indeterminada" da morte 
Na semana em que o mundo lamenta os 25 anos do assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, o Acre registra esta semana mais uma morte por conflitos agrários. A vítima agora é Margarido Pereira da Silva, 41, um dos líderes das famílias do Ramal do Cacau, área próxima ao município de Bujari, ocupada por sem-terra.

Em outubro elas foram expulsas pela Polícia Militar ao cumprir uma ação de reintegração de posse.. Na ocasião, nem a escola de madeira construída pelos trabalhadores rurais foi poupada (veja vídeo). Sem ter um local fixo, muitas delas voltaram para a área.

Desde então as ameaças dos jagunços da fazenda passaram a ser freqüentes. De acordo com José Janes, vice-presidente da CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), um dia antes de ser assassinato a casa de Margarido foi “visitada” por capatazes e policiais à paisana.

Morto na sexta, seu corpo foi encontrado nesta segunda. No IML os peritos não tiveram a capacidade de determinar a causa da morte do agricultor. Preocupado com os impactos negativos da ação truculenta de sua polícia em outubro, o governo enviou ao IML seu secretário de Direitos Humanos, Nilson Mourão.

Segundo Janes, o secretário queria a liberação do corpo para ser velado com o laudo de “morte indeterminada”; Nilson Mourão nega a acusação e diz ter ido ao IML para saber o que acontecia.

Familiares e amigos, contudo, não aceitavam a versão oficial e exigiam a revelação de como Margarido foi morto. Para os líderes da CTB, não resta a menor dúvida de que a morte tem ligações com o conflito pela posse da terra.

   

A Batalha de Belo Monte

Um projeto de R$ 30 bilhões

A explosão às 6h da manhã arranca uma camada de 9 m de espessura do bloco de migmatito numa área de 750 m² que já foi a morada de árvores centenárias na zona rural de Altamira e Vitória do Xingu (PA). Assentada a poeira, resta uma montanha de fragmentos dessa rocha dura, aparentada com o granito. À meia-noite, nem um pedregulho estará mais ali.

Duas escavadeiras se posicionam lado a lado, a 50 m uma da outra. Cinco levantamentos cada e, em menos de três minutos, enchem uma carreta com 32 toneladas de pedras. Sai um caminhão, encosta outro. Em 20 minutos, partem 18 caçambas cheias. Não há um segundo de descanso.

O ritmo frenético de homens e máquinas marca a construção de um canal de 20 km de comprimento, para dar passagem aos 14 milhões de litros de água por segundo desviados do rio Xingu –vazão quase 530 vezes maior que a do canal principal de transposição do São Francisco– que vão movimentar as turbinas da terceira maior hidrelétrica do mundo, e também uma das mais controversas: Belo Monte, da empresa Norte Energia S.A.

Quando estiver funcionando a toda força, a usina poderá produzir até 11.233 megawatts (MW) de eletricidade. Uma capacidade instalada suficiente para iluminar as casas de pelo menos 18 milhões de pessoas e ficar atrás só da hidrelétrica chinesa Três Gargantas (22.720 MW) e da paraguaio-brasileira Itaipu (14 mil MW).

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, o Brasil precisa acrescentar 6.350 MW anuais de geração elétrica, até 2022, ao seu parque atual de 121 mil MW (70% produzidos por hidrelétricas). Se pudesse funcionar a toda carga o ano inteiro, Belo Monte garantiria quase um quinto da eletricidade adicional de que o país vai precisar, mas isso só tem chance de ocorrer em quatro meses do ano.

A maior parte da capacidade de geração (11.000 MW) da nova usina ficará instalada na casa de força principal, junto da vila de Belo Monte do Pontal, cuja obra já avançou 47%. A barragem propriamente dita, contudo, ficará 60 km rio acima, do outro lado da Volta Grande do Xingu, no sítio Pimental, pouco depois do ponto em que o canal captará água para encher os 130 km² do reservatório intermediário. Junto ao vertedouro da barragem de Pimental, seis turbinas poderão produzir até 233 MW na casa de força auxiliar. 

Veja material especial da Folha

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Ofensiva ruralista

Câmara vai retomar tramitação da PEC sobre demarcação de terras indígenas

Agência Brasil


Brasília - O debate sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere ao Parlamento a prerrogativa de homologação de terras indígenas, ganhou mais um capítulo com a disposição do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), de indicar os nomes para compor a comissão especial que vai analisar o mérito da proposição legislativa, o que permitirá a instalação do colegiado.

A decisão foi anunciada nesta terça (10) logo após reunião de Alves com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams; e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Cardozo reiterou que o governo tem posição contrária à proposta, considerada inconstitucional. "Ela é inconstitucional, não resolve o problema e acirra a situação que temos em todo o país sobre a questão indígena", disse o ministro.

A medida do presidente da Câmara atende a reivindicação da Frente Parlamentar da Agropecuária, que reúne os deputados ligados ao setor rural.

Cardozo disse que a decisão sobre a criação da comissão é do Legislativo e que o governo defende o aperfeiçoamento dos processos de demarcação. Como exemplo, lembrou que o governo já colocou em discussão uma proposta de minuta que altera o Decreto 1.775, de 8 de janeiro de 1996, que trata dos procedimentos administrativos de demarcação.

"A minuta já foi distribuída para lideranças e parlamentares e estamos na fase de receber sugestões e criticas. Fundamental ouvir todos os interessados para ter texto final que dê novo parâmetro de eficiência aos processos de demarcação", observou Cardozo.

O governo defende que a alteração na portaria pode dar nova feição ao processo de demarcação, trazendo maior transparência e segurança jurídica, sem retirar o protagonismo da Funai do processo. A medida foi recebida pelos índios com protestos em Brasília, na semana passada.

Para o ministro, a melhor forma de resolver o impasse em torno da demarcação de terras indígenas passa pelo debate entre as diferentes partes. "Eventuais mudanças legislativas têm que ser pactuadas entre representantes indígenas, parlamentares, governo, porque nada se resolve na questão indígena sem pacto", disse Cardozo.

A proposta está parada desde abril, quando o presidente da Câmara anunciou a criação da comissão e o plenário da Casa foi ocupado por indígenas de várias etnias que protestaram contra a instalação do colegiado. Na ocasião, Alves anunciou a criação de um grupo de trabalho formado por parlamentares, indígenas e produtores rurais para debater o tema.

Outra tentativa da retomada da proposta foi feita em outubro por Henrique Eduardo Alves, logo após o grupo de trabalho ter concluído pela inconstitucionalidade da PEC. Os índios pressionaram e mais uma vez conseguiram suspender a criação da comissão. A posição dos índios foi reiterada por nota técnica encaminhada pelo Ministério da Justiça ao presidente da Câmara questionando a tramitação da PEC.

Além de passar para o Congresso a prerrogativa de demarcação das terras indígenas, a proposta também permite a revisão das terras já demarcadas. Outra mudança seria nos critérios e procedimentos para a demarcação, que passaria a ser regulamentada por lei e não por decreto, com é atualmente.

No banco dos réus

TRE julga Marcus Alexandre por abuso de poder político

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) julga na próxima quinta-feira (12) processo contra o prefeito Marcus Alexandre (PT) por abuso de poder político nas eleições de 2012. Ainda constam no processo o governador Tião Viana (PT), o deputado estadual Edivaldo Souza (PSDC) e o vice-prefeito Márcio Batista (PCdoB).

Logo após o fim do primeiro turno, o promotor Rodrigo Curti denunciou o quarteto por utilizarem um ato oficial do governo para promover o então candidato petista. O evento ocorreu no bairro Caladinho, quando houve a entrega dos títulos definitivos das áreas ocupadas pelos moradores.

Um dia antes e após a solenidade, militantes e o próprio candidato fizeram campanha no bairro, sendo ele apresentado como um dos responsáveis pelo benefício.

“Foi tudo casado. Nós identificamos que a solenidade de entrega dos títulos juntamente com a campanha da Frente Popular, foi um evento casado, onde houve inclusive, a propaganda eleitoral, com a distribuição de panfletos que faziam alusão aos candidatos da Frente Popular”,  disse à época Curti.

Segundo a denúncia, os títulos entregues pelo governo aos moradores do Caladinho não tinha o devido respaldo legal, o que os levou a procurarem o Ministério Público.

Reveja o caso aqui

A Veneza sem beleza

É inegável que um dos grandes trunfos das novas tecnologias –em particular a internet – foi reduzir as distâncias entre os homens. Como no conceito de Marshall McLuhan, nos transformamos numa aldeia global.

Por meio dela, línguas, povos, culturas e nações estão conectados. Isso permite, por exemplo, que eu estando aqui no meio da Floresta Amazônica, possa ler a versão impressa dos grandes jornalões brasileiros disponíveis na selva de pedra.

Graças à cabeça genial de Steve Jobs, posso “folhear” as páginas de uma “Folha de S Paulo” ou de um “O Globo” no meu Ipad. Como leitor assíduo do noticiário político nacional e internacional, chego à conclusão de que mesmo nós estando “perdidos” no meio do nada, onde o vento faz a curva, tudo é muito semelhante da Groelândia a Madagascar –pelo menos no aspecto político.

Um caso bastante similar do Acre é a nossa vizinha Venezuela. Lá, há 15 anos, os venezuelanos convivem com a ditadura do partido único e a política do personalismo. Aqui no Acre também estamos há 15 anos vivendo com o monopólio do PT no governo, com o Vianismo não mostrando a mínima disposição de largar o osso.

Na Venezuela o domínio está nas mãos do chavismo, mesmo com seu principal líder morto desde março. Hugo Chávez não está entre nós, mas de vez em quando aparece para seu sucessor dando orientações para a política econômica de um país caminhando para o abismo.

Os petrodólares não são mais capazes de livrar a Venezuela do caos. A inflação está descontrolada, faltam alimentos e o fornecimento de energia é racionado. Nicolas Maduro, herdeiro político de Chávez, vive no mundo da fantasia. Acredita estar no país das maravilhas e culpa a frágil oposição por qualquer problema em seu governo.

Alguma semelhança com o Acre? Sim, assim é Tião Viana e seu histrionismo por estas bandas do Brasil. Tião Viana, assim como seus antecessores Binho Marques e o irmão Jorge Viana, acredita que o Acre é o melhor lugar para se viver do Planeta. Por aqui não há pobreza, o sistema de saúde está uma maravilha, temos as melhores escolas e todos os acreanos estão bem empregados, com salários justos.

Há 15 anos, acreanos e venezuelanos, são tentados a se convencer de que seus governantes são os salvadores da pátria, com os “inimigos” sendo a escória da humanidade.

Em 2006 escrevi um artigo comparando o governo de Jorge Viana e Hugo Chávez. O modelo de regime antidemocrático era o mesmo, com ambos solapando as instituições, a imprensa e com o único projeto de permanência no poder.

Passados sete anos, nada mudou. O Acre e a Venezuela continuam siameses. Estamos no Estado mais pobre do país, mas as ações faraônicas de Tião Viana quer nos fazer acreditar que em breve teremos um PIB chinês. O Bolsa Família assegura a permanência do Vianismo numa sociedade pobre, manipulada por uma imprensa cega.

Na Venezuela, os petrodólares também garantem ao chavismo a sobrevivência por meio da distribuição de dinheiro para os menos favorecidos, sem, contudo, lhes garantir uma alternativa para sair da miséria.

Para estes dois grupos políticos, não há o mínimo interesse neste sentido, pois garantir a autonomia econômica aos pobres seria a perda da manipulação, o que acabaria com as ditaduras legitimadas pela democracia do voto –no nosso caso, obrigatório, no de lá, facultativo.    

domingo, 8 de dezembro de 2013

Sul ocupado

A pressão sobre a última grande área preservada

 Lourival Sant´Anna - O Estado de S. Paulo 

O assentamento do Juma é um microcosmo da Amazônia. Em um sobrevoo de duas horas de helicóptero com fiscais do Ibama, sobre a vastidão de seus 12 mil km², o repórter do Estado viu as florestas fechadas e intocadas que caracterizam praticamente todo o Estado do Amazonas, a mata "brocada" pelo corte seletivo e ilegal da madeira, novas áreas queimadas, pasto com gado e até um garimpo clandestino de ouro.

Depois de quatro anos em queda, o desmatamento na Amazônia teve ritmo 28% maior entre agosto de 2012 e julho de 2013 do que no período anterior. Dos Estados em que o desmatamento aumentou, o Amazonas foi o que teve o menor crescimento: 7%. No Mato Grosso foi 52%, em Roraima, 49%, Maranhão, 42% e Rondônia, 21%. Mas a pressão sobre o sul do Estado tem um imenso peso simbólico. Depois de esgotar os estoques de madeira e de degradar as pastagens ou serem expulsas pela soja no Mato Grosso, Pará e Rondônia, as atividades madeireiras e pecuárias são atraídas para o último grande território preservado no País.

Aqui, como em outras partes da Amazônia, os problemas ambientais e fundiários se confundem. Fazendeiros e madeireiros com os quais o Estado conversou na vila de Santo Antonio do Matupi, no município de Manicoré, nas margens da Transamazônica, reclamaram que não conseguem aprovar planos de manejo da madeira e obter licença para desmatar 20% das propriedades, conforme prevê a lei na Amazônia, porque não têm títulos de suas terras.

"O grande problema do Amazonas é a regularização fundiária", define Samuel Martins, presidente da Associação dos Madeireiros de Matupi. "O documento da terra desencorajaria o desmatamento ilegal. Com o cadastro, o sujeito não vai querer ficar correndo do Ibama." Martins considera que quem desmata é o pecuarista. O madeireiro faz o corte seletivo e mantém a floresta de pé, argumenta ele e, com o manejo, volta apenas 25 anos depois ao mesmo lugar, quando as árvores já cresceram de novo. "O madeireiro é o guardião da floresta", enaltece. "Não temos um incentivo, só repressão."

Fiscais do Ibama e ambientalistas observam que os pecuaristas se capitalizam vendendo a madeira e, com o dinheiro, desmatam para formar pastos. Em poucos anos, o pasto se degrada no solo pobre da Amazônia. Fica muito mais barato desmatar novas áreas do que recuperar o solo. Paranaense de Campo Mourão, com 53 anos, Samuel Martins foi em 1977 para Manaus, onde fez curso técnico de agropecuária. De lá desceu para Rondônia, onde "a madeira era muito forte na época", recorda. "O madeireiro vai aonde tem madeira." Matupi é o maior polo madeireiro do Estado. A associação reúne 30 madeireiras. Martins acredita que, no ano que vem, 80% das madeireiras terão seus manejos próprios, legalizados, em vez de comprar madeira dos fazendeiros.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o programa de regularização fundiária Terra Legal fez o georreferenciamento de 47 propriedades, numa área de 6.048 hectares, em Apuí, e de outras 465 no município de Manicoré, somando 118.948 hectares. Mas ainda falta as empresas entregarem todos os trabalhos. Rezoli Cazarin, contratado pelo programa no Matupi, que pertence a Manicoré, afirma que lá 700 propriedades aguardam a emissão do título, o que começará a ocorrer em abril. "O problema é que a cultura da ilegalidade prevalece na Amazônia", lamenta Cazarin. "As pessoas querem trabalhar sem cumprir a lei."

"Infringimos a lei porque precisamos sustentar nossos filhos", defende-se Maximiano Carreta, da Associação dos Produtores e Pecuaristas de Santo Antonio do Matupi. Capixaba de Santa Teresa, ele morou 12 anos em Nova Lacerda (MT), onde foi prefeito, antes de vir há 8 anos para o sul do Amazonas. "Não tenho escritura da terra", diz Carreta, que tem 1.500 hectares, dos quais afirma ter desmatado menos de 10%. "Tenho direito de abrir 20%. É muito pouco, mas vamos respeitar a lei. Como conseguir licença sem documento da terra?"

Constrangimento palaciano

O lançamento da candidatura de Tião Viana à reeleição neste sábado (7) pode ser considerado um dos maiores constrangimentos da política acreana dos últimos anos. Proprietário do PT desde o dia 10 de novembro, quando elegeu Ermício Sena como presidente, Tião Viana não tem conseguido reduzir o clima de hostilidade entre as tendências petistas.

A plenária de sábado teve como ponto alto o boicote das tendências mais à esquerda do partido. Reunidos em torno do deputado federal Sibá Machado, elas obtiveram 42% dos votos no PED (Processo de Eleições Diretas) de 2013. Esta boa votação reduziu o poder de fogo da ala majoritária, assegurando aos grupos um significativo número de cadeiras no diretório.

O diretório é o responsável por garantir a participação de todas as tendências petistas nas principais tomadas de decisão. Diante da votação de novembro, as tendências “sibanistas” teriam ao menos três dos sete cargos do diretório, além de outras acomodações.

Mas a Democracia Radical (DR), tendência hoje que tem Tião Viana como grande líder (Jorge Viana foi destronado), decidiu retaliar seus concorrentes. Os cargos que seriam ocupados pelos “sibanistas” foram revistos e talvez fiquem com a própria DR.

A atitude seria uma retaliação à exposição do pedido de socorro feito por Anibal Diniz (PT) ao grupo de Sibá Machado para salvar sua candidatura à reeleição. O caso foi mostrado pelo blog (Leia o post S.O.S Anibal Diniz) na semana passada. Suplente de Tião Viana, Anibal Diniz está se vendo abandonado pelo seu criador.

Indisposto a carregar um peso em 2014, o governador dá claros sinais de apoiar a comunista Perpétua Almeida ao Senado. Para tentar se salvar, Anibal recorre à estratégia de ter o apoio unânime de todo o PT –o que não consegue. Seu empenho na campanha de Ermício Sena deixou muitas sequelas entre os sibanistas.

Agora, o grupo sabe que enfrentará sérias retaliações pelo Palácio Rio Branco. A oficialização da candidatura de reeleição de Tião, bem como a posse da nova Executiva, foi ofuscada pelo boicote.

Tião Viana precisa controlar seus democratas radicais antes que as coisas fiquem piores em seu partido, prejudicando o empenho da militância em sua campanha de reeleição. O governador errou ao se empenhar na candidatura de Ermício, e pode, daqui para frente, ter condições de se redimir, chamando para o diálogo todas as tendências para sua campanha de reeleição não ser outro constrangimento.
    

À sombra de Tião

 O sociólogo Ermício Sena assumiu no sábado (7) a presidência do PT no Acre. Após dois mandatos de Leo Brito à frente da Executiva Estadual, o partido se prepara para entrar em 2014 de olho nas estratégias para a campanha de reeleição de Tião Viana (PT). Apesar de ser apontado como um dos principais responsáveis pelas negociações políticas, Ermício tende a ser ofuscado por uma articulação mais contundente do governador.

A leitura é simples: não fosse o empenho de Tião (com Carioca seguindo todas as suas instruções) a Democracia Radical (DR) teria perdido a eleição para Sibá Machado. “A DR deve sua vitória única e exclusivamente ao governador, e agora ele tem todo o domínio do partido nas mãos”, diz um petista.

Se antes a DR tinha autonomia para articulações com um pouco de autonomia em relação ao Vianismo, agora o grupo está de joelhos diante do Palácio Rio Branco. Para alguns militantes, principalmente das alas mais à esquerda, ter Tião na condução do processo eleitoral será bem melhor que a DR.

Estes petistas avaliam que Tião será diplomático nas negociações, diferente da DR que tendia a acionar o rolo compressor para esmagar a minoria. Com as tendências orgânicas tendo amplo domínio em bases eleitorais robustas, o governador não quer saber de ver os grupos de seu partido sem assistência em 2014.

Não será Carioca nem tampouco Ermício Sena. Todas as negociações para a composição da Frente Popular passarão diretamente pela mesa de Tião. Seus dois auxiliares serão apenas interlocutores, passando aos demais aliados as decisões tomadas a quatro portas no Palácio Rio Branco.


quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

S.O.S Anibal Diniz

O senador Anibal Diniz (PT) recorreu ao deputado federal Sibá Machado (PT) para legitimar sua candidatura dentro do PT. Vendo-se a cada dia perdendo espaço para Perpétua Almeida (PCdoB), Anibal tenta com o fim da rejeição de alas petistas à esquerda se consolidar ante o Palácio Rio Branco. Além disso, com o apoio de Sibá e suas tendências no PT, o senador almeja ampliar suas bases eleitorais –diminuindo a força de Perpétua – já que eles têm livre trânsito nos movimentos sociais de base.

Reunido com o grupo dos 42 –como se alcunhou os sibanistas numa referência à votação no PED -  Sibá Machado ouviu um não ao pedido de socorro feito por Anibal. A razão é o engajamento do senador na eleição de Ermício Sena para presidência do PT, trabalhando para enfraquecer Sibá.

“Não temos como apoiar um candidato que nos atacou e se movimentou para nos enfraquecer. O Anibal é um militante orgânico, ele tem história no PT, mas no dia do PED estava com um adesivo enorme do Ermício no peito. Ainda há muitas mágoas”, diz um auxiliar próximo de Sibá.

Anibal pagará um alto preço por ter se engajado demais na eleição interna do PT. A consequência mais grave é não ter o respaldo das tendências com acesso aos movimentos sociais, que vão dos sindicatos, passando pelas cooperativas e indo ao trabalhadores rurais –área onde Perpétua tem ampla vantagem.

De acordo com sibanistas, hoje o único nome capaz de reunir todas as tendências do PT é do ex-prefeito Raimundo Angelim. A rejeição a ele é menor, mesmo também fazendo campanha para Ermício Sena. Sua atuação, contudo, foi mais discreta, evitando ir para um confronto  desgastante.

O fato é que Anibal Diniz (PT) se empenhou ao máximo na eleição da Democracia Radical (DR) de Ermício, vestiu a farda e foi para a trincheira. Com esta postura esperava o apoio amplo, irrestrito e geral do Palácio Rio Branco à sua candidatura à reeleição. Contudo, Anibal aos poucos começa a se ver sozinho, tendo que recorrer à influência de Sibá Machado.

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Saindo de fininho

Deputados boicotam sessão presidida por Jamyl Asfury

Os deputados estaduais esvaziaram o plenário na sessão desta terça-feira (3) enquanto a sessão era presidida pelo segundo vice-presidente, Jamyl Asfury (PEN). O esvaziamento faz parte do “boicote” definido entre base e oposição por conta da insatisfação dos parlamentares com a postura do colega; eles acusam Asfury de atuar como “pombo correio” do Palácio Rio Branco, levando ao conhecimento do governo conversas reservadas.

O boicote de hoje ocorreu após o presidente da Mesa Diretora, Élson Santiago (PEN), e o vice-presidente, Moisés Diniz (PCdoB), terem se inscrito para fazerem pronunciamentos no pequeno expediente. Com isso, os trabalhos precisaram ser presididos por Asfury Aos poucos, um a um, os deputados deixaram o plenário e ficaram pelo Salão Azul.

Apenas alguns poucos colegas continuaram na sessão. Ao final do discursos de Santiago, que usou a tribuna para fazer elogios à nova fronteira econômica do Acre com a exploração de gás e petróleo, Asfury precisou suspender a sessão por conta do boicote. Como justificativa, porém, a interrupção ocorreu para os deputados receberem os parentes dos PMs presos na Operação Gênios.

Na semana passada Jamyl Asfury chegou a se reunir com a base do governo para pedir o fim do boicote. Ele ouviu um “não” e a retaliação foi mantida O ápice para esta revanche se deu quando Asfury passou por cima de Moisés Diniz (PCdoB) e levou o diretor-presidente da Telexfree, Carlos Costa, ao gabinete do governador Tião Viana (PT).   O gesto foi visto como “golpe baixo”.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Amor político

O secretário Edvaldo Magalhães (PCdoB), uma das principais lideranças da Frente Popular, não disputará nenhum cargo eletivo em 2014. O motivo para ficar de fora da disputa é a candidatura de sua mulher, a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), ao Senado. Este é o pacto selado com o Palácio Rio Branco para evitar desgastes entre petistas e comunistas pela candidatura única ao Senado pela base governista. Desta forma, o governo tem assegurado o apoio total do PCdoB na campanha de Tião Viana (PT).

Caminha para a consolidação o nome de Perpétua ao Senado. O clima de confiança dentro do PCdoB é cada vez mais explícito. Além disso, aumentou nas últimas semanas a afinidade entre Tião Viana e a parlamentar, que passaram a cumprir agendas de forma mais intensa.

Como consolo por ficar de fora da campanha, Edvaldo Magalhães receberá a garantia de que permanecerá na Secretaria de Desenvolvimento em caso de Tião Viana se reeleger. A pasta é uma das mais fortes e uma das principais vitrines da atual gestão, responsável pelas políticas econômicas.

Mas os petistas mais radicais não vão abrir mão tão fácil da cadeira hoje ocupada por Anibal Diniz (PT). A resistência maior tende a vir dos “sibanistas”, os grupos que apoiam Sibá Machado (PT), e hoje detendo parte significativa das cadeiras da Executiva, responsável por definir os rumos do partido em 2014.

Parte do PT pode até ter resistência com relação à cadeira do Senado, mas o que prevalecerá é a decisão do Palácio Rio Branco, que continua com o amplo domínio dos cargos do partido. Por uma questão de sobrevivência, o PT pode ser obrigado a calçar as sandálias da humildade pela reeleição de Tião Viana.

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Cia DA Selva

Esta foto representa bem o sucesso de dois importantes programas do governo Tião Viana. Primeiro é o Ruas do Povo, e em segundo o projeto que nos tornará líderes mundiais na produção de peixe. Parabéns ao governo


sábado, 30 de novembro de 2013

A burguesia fede

Esta belezura da engenharia acreana será um dos principiais condomínios de luxo do empobrecido Acre. Em seus apartamentos de infinitos metros quadrados  vão morar uma pequena elite acreana sempre dependente, lógico, dos recursos púbicos do governo.

Construído pela Albuquerque Engenharia, uma das empreiteiras denunciadas pela Polícia Federal na Operação G7 por formação de cartel para abocanhar as licitações do Estado, o prédio está localizado a poucos metros da avenida Antônio da Rocha Viana.

Ao lado passará uma obra do governo, um parque de urbanização das margens daquilo que seria o Igarapé Fundo. Igarapé ele deixou de ser há muito tempo por conta da ineficiência do governo de investir em políticas de saneamento. Todos os dias o esgoto de milhares de famílias são ali despejados sem o mínimo tratamento.

Este será um vizinho incômodo para a burguesia acreana em seu luxuoso prédio. As janelas dos apartamentos vão precisar passar a maior parte do tempo fechadas para o “pixé” do esgoto não incomodar.

Pensando no conforto da burguesia aliada, o governo decidiu acelerar as obras de construção do parque. Elas se arrastam desde que Oscar Niemeyer desenhava as primeiras curvas dos prédios de Brasília. A cada eleição que se avizinha máquinas e homens retomam o canteiro –fechadas as urnas, férias coletivas.

Quem sabe agora, com os novos vizinhos ilustres, o Palácio Rio Branco acelere de vez o ritmo das obras e garanta o mínimo de dignidade às famílias pobres que moram nos bairros às margens do igarapé transformado em esgoto. Bom também seria uma estação de tratamento para garantir a sobrevivência deste manancial.

Aliás, é bom questionar com a empreiteira conseguiu a licença ambiental da obra já que o Código Florestal impede construções às margens de rios, igarapés, riachos...

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O X da Questão

Articulação poítica evita fiasco do Acre em leilão da ANP

Uma série de telefonemas de Rio Branco para Brasília e de Brasília para o Rio de Janeiro evitou que o Acre enfrentasse um fiasco na 12º rodada de licitações da ANP (Agência Nacional de Petróleo). Dos nove blocos da Bacia do Acre em leilão, apenas um foi arrematado –e pela estatal Petrobras.

Não fosse a intervenção política na petrolífera nacional, onde o governo federal tem a maior parte de participação, nenhuma outra empresa privada teria tido coragem para desembolsar alguns milhões de reais para a exploração incerta de gás e petróleo na Amazônia acreana.

Nenhum investidor seria louco o suficiente para ir contrário ao Zoneamento realizado pelo Ministério de Minas e Energia que mostra a pouca chance de exploração comercial rentável na Bacia do Acre. A única capaz de enfrentar este risco é a Petrobras.

Mas como sabemos a empresa não está nos melhores do seus dias. A cada semana aparecem números negativos de seu desempenho no mercado. O aparelhamento da estatal pelo governo petista, usando-a como manobra para cobrir o déficit das contas públicas e segurando o preço da gasolina para garantir a reeleição de Dilma, a faz cair das primeiras posições das petrolíferas mundiais.

É pouco provável que a esta altura a Petrobras –também gerenciada por capital privado – tenha disposição para as meras prospecções no Vale do Juruá. Os recursos em caixa estão voltados única e exclusivamente para a bilionária camada do pré-sal, que vai exigir somas volumosas de recursos.

Pela foto colocada na coluna do jornalista Nelson Liano Júnior, do Ac24horas, percebe-se que Tião Viana (PT) não estava bem acompanhado no leilão da ANP. Sua articulação política evitou o fracasso completo, fracasso não só pior que a falência da OGX de Eike Batista –e tantos outros “X” em recuperação judicial. 

Desse jeito não tem Senhor X que transforme o Acre na Arábia Saudita da Amazônia.    


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

PT deixe o PV construir sua história

Henrique Afonso*

Os ataques sofridos pelo PV nos dias de hoje são uma demonstração clara de que o  Partido dos Trabalhadores tem dificuldade de conviver com diferenças na sociedade. Seu espírito autoritário dificulta qualquer possibilidade de ser referência em experiência de procedimentos e comportamentos democráticos. Seu testemunho deixa um triste rastro de insatisfação de aliados no processo de conquista do poder,  egocentrismo ao tomar decisões, e na apropriação do domínio das ferramentas e dos mecanismos pelos quais se desenvolvem uma gestão.

     Para ser claro, o PT quer tudo debaixo de seu total controle. Essa é sua verdadeira face: O totalitarismo. Não sei como alguns partidos conseguem se manter diante de tanta arrogância, e ser tão subservientes por tanto tempo. O que mais me tranquiliza é que tudo passa e que ninguém, por mais que seu carisma de influência seja grande, submete por todo o tempo pessoas debaixo de seus pés sem que haja resistência nalgum momento.
                  A cultura do totalitarismo tem que ser vencida na sociedade, e é urgente que se estabeleça outro processo político que restitua situações possibilitadoras de democratização de nossas relações. Estou preocupado com essa ambição explícita do PT em se perpetuar no poder. O que percebo é uma clara intenção de num futuro bem próximo sermos surpreendidos com uma tomada de poder que nos leve ao triste desatino da volta de regimes totalitários. Vejo esse cenário sendo preparado em todas as esferas da sociedade.           

         O PT não veio pra brincar de fazer política. Ele tem muito claro o que quer para o Brasil. Quem não descortinar seus interesses, como vai ver sua face oculta? Como primamos pela democracia, temos que respeitar seu direito de  ser e se expressar na sociedade. Todavia, não abrimos mão de termos nossos espaços políticos garantidos nos movimentos de resistência a esse modelo autoritário de governar. Ocupar os espaços políticos de poder na sociedade pra quê? Ora, nenhuma força se propõe em participar do processo político sem ter definido uma pauta programática em torno de um arcabouço ideológico e filosófico fundamentado numa concepção de mundo e de homem. O que ignora isso aparece simplesmente para comercializar siglas e fortalecer os que já detêm a hegemonia na sociedade.

                      Particularmente me incluo nesse movimento que se apresenta com o objetivo de construir uma sociedade fundada nos pilares fundamentais da democracia. O que percebo, é uma exigência histórica de rompimento de comportamentos presunçosos, de controle absoluto de todos os segmentos da sociedade. Pelo que vemos na história, o melhor é superarmos modelos autoritários de governo e avançarmos na edificação de novas relações democráticas: imprensa livre, órgãos de fiscalização e controle exercendo seu poder de monitorar; movimentos sociais com autonomia e completamente desaparelhados dos poderes, pois sua força  são os representados; a oposição com seus espaços democráticos garantidos, e não sendo tratada como inimiga. Penso que dessa forma, teremos um Estado democrático e de direito comprometido com uma nova civilização, com a dignidade humana e a felicidade de todas as pessoas.

            Quando escrevo sobre isso, trago entre tantas outras coisas, a elucidação das marcas do que é um Estado que traz na sua história os traumas gerados pelos erros de gestão, pela consequência do autoritarismo, do culto ao personalismo, às super estrelas, da obediência cega, do silêncio e do barulho oculto no recôndito das pessoas, do fisiologismo nas suas múltiplas formas de aparecer na sociedade, e da grande máscara que esconde a vergonha do endividamento com instituições financeiras, da dívida histórica que o Brasil tem com os mais necessitados e injustiçados, e a dívida que ele (estado) tem com a ética que exige politicamente e constitucionalmente o cumprimento dos compromissos assumidos perante a sociedade.

              Além de outros exemplos, como prova do que estou falando, padecemos na pele uma intervenção no nosso partido - PV Acre - que ao mesmo tempo em que revela ferimento nos princípios elementares da democracia,  mostra o nível de absurdo em que o poder dominante pode mostrar. Quando é violado a um partido, um sindicato, uma igreja, um jornal, ou a uma pessoa  o direito de exercer sua liberdade de expressão é porque chegamos ao limite, e o sinal amarelo foi acionado. Nessa situação é melhor dar uma parada, refletir a fim de compreender o contexto e construirmos uma nova realidade. Se um governo é do PT, o seu direito está em viver a história do seu partido. Deixe que a história dos outros partidos aconteça com seus protagonistas. Não use a força do poder político para impedir que outras forças conquistem seus espaços. Isso é da democracia.

                  A despeito da nossa militância na história, pare de achar que vamos manchar nossa biografia e ideologia. Até porque o que acreditamos é tão sério que renunciamos projetos pessoais, empregos, sossego, vaidades, poder pelo poder em nome de uma causa que é a promoção da vida e vida em abundância. Não abrimos mão da sustentabilidade como modelo de desenvolvimento e faremos o necessário para que a democracia tome seu lugar no Estado Acriano. Particularmente, no que concerne a legalização do aborto, das drogas, prostituição, homossexualismo sou contra, e no PV tem uma cláusula de consciência que me garante ter posicionamento em defesa da vida desde a concepção, da família cristã e da liberdade religiosa. O Estado é laico, sei disso, mas a nação é cristã e isso tem que ser considerado. Já me manifestei sobre isso. O Brasil é plural, diverso e entendo que o contexto existencial em que estamos, impõe o respeito, a tolerância e o amor como valores indispensáveis a uma nova civilização. Se um dia o PV não for isso ele será o que o PT está sendo hoje, então certamente não farei mais parte dessa história. E viva a democracia! Viva a vida!

*Henrique Afonso é deputado federal pelo PV do Acre