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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

PT deixe o PV construir sua história

Henrique Afonso*

Os ataques sofridos pelo PV nos dias de hoje são uma demonstração clara de que o  Partido dos Trabalhadores tem dificuldade de conviver com diferenças na sociedade. Seu espírito autoritário dificulta qualquer possibilidade de ser referência em experiência de procedimentos e comportamentos democráticos. Seu testemunho deixa um triste rastro de insatisfação de aliados no processo de conquista do poder,  egocentrismo ao tomar decisões, e na apropriação do domínio das ferramentas e dos mecanismos pelos quais se desenvolvem uma gestão.

     Para ser claro, o PT quer tudo debaixo de seu total controle. Essa é sua verdadeira face: O totalitarismo. Não sei como alguns partidos conseguem se manter diante de tanta arrogância, e ser tão subservientes por tanto tempo. O que mais me tranquiliza é que tudo passa e que ninguém, por mais que seu carisma de influência seja grande, submete por todo o tempo pessoas debaixo de seus pés sem que haja resistência nalgum momento.
                  A cultura do totalitarismo tem que ser vencida na sociedade, e é urgente que se estabeleça outro processo político que restitua situações possibilitadoras de democratização de nossas relações. Estou preocupado com essa ambição explícita do PT em se perpetuar no poder. O que percebo é uma clara intenção de num futuro bem próximo sermos surpreendidos com uma tomada de poder que nos leve ao triste desatino da volta de regimes totalitários. Vejo esse cenário sendo preparado em todas as esferas da sociedade.           

         O PT não veio pra brincar de fazer política. Ele tem muito claro o que quer para o Brasil. Quem não descortinar seus interesses, como vai ver sua face oculta? Como primamos pela democracia, temos que respeitar seu direito de  ser e se expressar na sociedade. Todavia, não abrimos mão de termos nossos espaços políticos garantidos nos movimentos de resistência a esse modelo autoritário de governar. Ocupar os espaços políticos de poder na sociedade pra quê? Ora, nenhuma força se propõe em participar do processo político sem ter definido uma pauta programática em torno de um arcabouço ideológico e filosófico fundamentado numa concepção de mundo e de homem. O que ignora isso aparece simplesmente para comercializar siglas e fortalecer os que já detêm a hegemonia na sociedade.

                      Particularmente me incluo nesse movimento que se apresenta com o objetivo de construir uma sociedade fundada nos pilares fundamentais da democracia. O que percebo, é uma exigência histórica de rompimento de comportamentos presunçosos, de controle absoluto de todos os segmentos da sociedade. Pelo que vemos na história, o melhor é superarmos modelos autoritários de governo e avançarmos na edificação de novas relações democráticas: imprensa livre, órgãos de fiscalização e controle exercendo seu poder de monitorar; movimentos sociais com autonomia e completamente desaparelhados dos poderes, pois sua força  são os representados; a oposição com seus espaços democráticos garantidos, e não sendo tratada como inimiga. Penso que dessa forma, teremos um Estado democrático e de direito comprometido com uma nova civilização, com a dignidade humana e a felicidade de todas as pessoas.

            Quando escrevo sobre isso, trago entre tantas outras coisas, a elucidação das marcas do que é um Estado que traz na sua história os traumas gerados pelos erros de gestão, pela consequência do autoritarismo, do culto ao personalismo, às super estrelas, da obediência cega, do silêncio e do barulho oculto no recôndito das pessoas, do fisiologismo nas suas múltiplas formas de aparecer na sociedade, e da grande máscara que esconde a vergonha do endividamento com instituições financeiras, da dívida histórica que o Brasil tem com os mais necessitados e injustiçados, e a dívida que ele (estado) tem com a ética que exige politicamente e constitucionalmente o cumprimento dos compromissos assumidos perante a sociedade.

              Além de outros exemplos, como prova do que estou falando, padecemos na pele uma intervenção no nosso partido - PV Acre - que ao mesmo tempo em que revela ferimento nos princípios elementares da democracia,  mostra o nível de absurdo em que o poder dominante pode mostrar. Quando é violado a um partido, um sindicato, uma igreja, um jornal, ou a uma pessoa  o direito de exercer sua liberdade de expressão é porque chegamos ao limite, e o sinal amarelo foi acionado. Nessa situação é melhor dar uma parada, refletir a fim de compreender o contexto e construirmos uma nova realidade. Se um governo é do PT, o seu direito está em viver a história do seu partido. Deixe que a história dos outros partidos aconteça com seus protagonistas. Não use a força do poder político para impedir que outras forças conquistem seus espaços. Isso é da democracia.

                  A despeito da nossa militância na história, pare de achar que vamos manchar nossa biografia e ideologia. Até porque o que acreditamos é tão sério que renunciamos projetos pessoais, empregos, sossego, vaidades, poder pelo poder em nome de uma causa que é a promoção da vida e vida em abundância. Não abrimos mão da sustentabilidade como modelo de desenvolvimento e faremos o necessário para que a democracia tome seu lugar no Estado Acriano. Particularmente, no que concerne a legalização do aborto, das drogas, prostituição, homossexualismo sou contra, e no PV tem uma cláusula de consciência que me garante ter posicionamento em defesa da vida desde a concepção, da família cristã e da liberdade religiosa. O Estado é laico, sei disso, mas a nação é cristã e isso tem que ser considerado. Já me manifestei sobre isso. O Brasil é plural, diverso e entendo que o contexto existencial em que estamos, impõe o respeito, a tolerância e o amor como valores indispensáveis a uma nova civilização. Se um dia o PV não for isso ele será o que o PT está sendo hoje, então certamente não farei mais parte dessa história. E viva a democracia! Viva a vida!

*Henrique Afonso é deputado federal pelo PV do Acre

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