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domingo, 12 de janeiro de 2014

Rio Chandless

Uma viagem feita em 2009 a uma das regiões mais isoladas da Amazônia brasileira, na fronteira com o Peru. Este é o rio Chandless, no Estado do Acre.
Uma viagem de dez dias num batelão pelos rios Purus e Chandless
As imagens são de Diego Lourenço Gurgel
Boa viagem

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Conflito indígena

Caso dos índios Tenharim será enviado para OEA até fim da semana, diz Justiça
Agência Brasil

A Justiça Federal está providenciando o envio do processo referente à segurança dos índios da reserva Tenharim Marmelos, em Humaitá (AM), à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Segundo informações da 1ª Vara da Seção Judiciária do Amazonas, o encaminhamento deve ocorrer até o fim da semana. O objetivo é que a OEA avalie se houve violação de direitos por parte do Estado brasileiro.

A decisão de encaminhar os autos à OEA foi tomada no dia 28 de dezembro, pela juíza de plantão Marília Gurgel de Paiva e Sales. Na decisão, ela afirma que o Brasil é signatário da 169º Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais e votou favoravelmente à Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, da Organização das Nações Unidas (ONU). Para a juíza, “não paira dúvida de que a população indígena de Humaitá vem sofrendo toda ordem de violência de seus direitos primários […] seja a partir da destruição de unidades dedicadas ao seu amparo […] seja pela depredação de suas aldeias e limitação de trânsito”.

A juíza tomou a decisão no âmbito da ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF). Nela, o MPF solicitou à Justiça Federal liminar determinando que a União e a Fundação Nacional do Índio (Funai) garantissem a segurança dos índios da etnia Tenharim. O clima entre eles e a população de Humaitá é tenso devido ao desaparecimento de três homens, vistos pela última vez no dia 16 de dezembro, quando passavam de carro no km 85 da Rodovia Transamazônica. Moradores acusam os indíos de terem sequestrado os homens em represália à morte do cacique Ivan Tenharim. A polícia instaurou inquérito para apurar os desaparecimentos.

A juíza Marília Gurgel de Paiva e Sales concedeu a liminar determinando multa diária de R$ 10 mil pelo descumprimento da decisão. A Advocacia-Geral da União (AGU) afirma que já atendeu à determinação. Por meio de nota, o órgão informou ter comunicado à Justiça que, em 30 de dezembro, disponibilizou ônibus e escolta da Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e Polícia Militar do Amazonas para o transporte de índios a suas aldeias. Declarou ainda que forças de segurança permanecem na área tanto para garantir a pacificação quanto para investigar o desaparecimento das três pessoas.

A Funai, no entanto, recorreu pedindo reconsideração da decisão. Em 3 de janeiro, outro juiz de plantão, Márcio André Lopes Cavalcante, negou a solicitação, mantendo os efeitos da liminar. A Agência Brasil entrou em contato com a Funai, mas, até a publicação do texto, não houve retorno do órgão. De acordo com informações da 1ª Vara da Seção Judiciária do Amazonas, a partir de agora, a ação civil pública segue trâmite normal e ficará sob responsabilidade do juiz Érico Pinheiro.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

As trapalhadas de Petecão

A cada dia o senador Sérgio Petecão (PSD) caminha para ser um dos maiores fiascos da política acreana dos últimos anos. Desde que assumiu o Senado em 2011, vem cometendo uma série de lambanças que só o isolam e o deixam sem base política. Petecão acredita até hoje que os votos recebidos em 2010 são de propriedade dele, conquistados por capacidade própria ao reunir as características essenciais do bom político: carisma e confiança.

Todos nós sabemos que, fosse quem fosse o nome da oposição naquele momento, iria assegurar um lugar no paraíso ao ser eleito senador. De lá pra cá Petecão tem se desfeito de peças fundamentais e se ajuntado de lideranças mais equivocadas possíveis. A primeira perda foi do conceituado professor Carlos Augusto Coelho, seu guru político por longos anos.

A bola da vez foi o ex-petista Fernando Melo, que à casa do pai retorna. Usado por Sérgio Petecão para disputar a prefeitura de Rio Branco em 2012, Fernando Melo estava desprestigiado pelo seu parceiro de dupla. A candidatura de Melo contribuiu para a derrota da oposição ao dividir o palanque, quando o eleitorado pedia a unidade. Está certo que o “grande nome” oposicionista –Tião Bocalom - também ajudou a cavar o poço.

De quase 70% de preferência, Bocalom (então PSDB) veio em queda livre nas pesquisas ao se esquecer de apresentar propostas ao eleitor e só querer bater no PT. Para o ex-tucano, plano de governo é um mero instrumento burocrático para registro de candidatura, afinal, seu projeto número um é não roubar.

Apoiado por Petecão, Fernando Melo obteve uma votação vexatória. Petecão saiu das urnas como um dos grandes derrotados, não elegendo vereador na capital, tampouco assegurando a permanência do PSD em Tarauacá. Autolançado candidato ao governo, iniciou as articulações para formar seu palanque. Uma das estratégias foi usar de sua influência no Senado para “cooptar” partidos da Frente Popular.

Em ações antidemocráticas –de cima para baixo – tomou algumas legendas. O PR foi uma delas, mas logo o partido debandou para as bandas de Márcio Bittar (PSDB). O PTB chegou a ter presidente indicado por ele, mas logo o governo retomou o comando. O grande filão era o PSB de Eduardo Campos (PE).

Fernando Melo chegou até a engomar o paletó em Brasília para presidir a legenda. Lá soube que até poderia ser presidente, mas deveria manter o PSB na base de Tião Viana (PT). Acordo desfeito. Diante destes fiascos, o nome de Márcio Bittar foi se fortalecendo dentro da oposição, conseguindo ter em torno de si o maior número de partidos, incluindo o PP e o PMDB.

Às voltas com o fortalecimento do tucano, Petecão foi para o tudo ou nada, decidido a esquecer as mágoas do passado e colocar Tião Bocalom em seu colo –tudo para prejudicar Bittar. Num outro golpe de intervenção, colocou Bocalom na presidência do Democratas, e este logo passou a (novamente) se lançar candidato a governador.

O encontro de Bocalom e Petecão foi como da tampa com a panela. Ambos têm a mesma linha política –se é que têm. Para eles plano de governo é lorota. Pode pegar o plano da eleição passada e só mudar a data. Eles estão perdidos e isolados, sem apoio nas bases. A eles lhes faltam nomes até mesmo para fechar a chapa majoritária, partindo para o terrorismo na tentativa de evitar a formação da dobradinha Bittar e Gladson Cameli (PP).

Bocalom se tornou um candidato profissional, interessado tão somente em disputar eleições sabe-se lá com quais intenções. O mesmo é Petecão. Enquanto os eleitores estão dando claros sinais da necessidade de candidatura única da oposição, eles remam para lado oposto. Entre líderes oposicionistas já há até a desconfiança de que eles estariam a serviço palaciano.

A atitude de Peteão em 2012 ao usar Fernando Melo como bode expiatório, e agora em 2014 de tentar de todas as formas viabilizar candidaturas sem legitimidade eleitoral –apenas pelo simples gosto da divisão –, pode ser uma prova de que talvez a “teoria da conspiração” não seja tão teoria assim.      

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O suplício (parte II)

Depois da obra “O Suplício de Anibal Diniz”, agora o médico e governador Tião Viana (PT) tem uma nova obra: “O Suplício de Jorge Viana”. Logo no prefácio o autor aponta o diagnóstico de seu irmão: ele está sofrendo da SFP (Síndrome da Falta de Poder). Os sintomas são notórios e perceptíveis no vice-presidente do Senado (nem este cargo foi capaz de amenizar os efeitos deste distúrbio).

Não só Jorge está com a patologia, mas todos os seus companheiros que ocuparam funções de poder durante seus 12 anos à frente do Palácio Rio Branco –aí somando os seus dois mandatos mais o de Binho Marques. Os ex-secretários de Jorge vão chorar em seu ombro reclamando de estarem abandonados na gestão de Tião, sem o poder da caneta na mão.

Se o senador vai à TV choramingar espaço na gestão do irmão e dizer que o pobre Carioca passou dos limites, é pela razão de a SFP causar sérios transtornos. Mas se hoje Jorge carrega esta cruz, ele apenas colhe os frutos das sementes plantadas.

Pessoas próximas ao governador são categóricas: quando senador, Tião Viana passava pelo menos constrangimento de não ter espaço no governo Jorge e Binho, mas nunca tornou suas mágoas públicas.

Era comum ver e ouvir Tião reclamar da falta de prestígio de seu mandato no Senado dentro da irmandade governamental. Para seu mandato não ficar apagado, Tião Viana precisava executar agendas paralelas para dar visibilidade às ações de suas emendas parlamentares.

O agora governador chegava a pedir favores aos secretários do passado para que suas emendas fossem citadas nas solenidades ou entrevistas.

Ao subir as escadarias do palácio em 2011, Tião decidiu dar o troco no irmão e em todo o seu grupo. Não aproveitou nenhum dos secretários de Jorge, procurando deixar sua marca na gestão. Pôs a “florestania” na gaveta e colocou em prática seu estilo desenvolvimentista, apostando na agricultura e a industrialização –que até agora o efeito é zero.

Para os aliados de Tião, não há motivos para Jorge Viana hoje sofrer da SFP, pois o governador apenas executa uma máxima da política: a reciprocidade. A Jorge Viana cabe apenas se contentar com a situação, controlar a SFP e não tomar as rédeas da situação, deixando a liderança do processo de 2014 com o irmão, e não tornar público suas reuniões com dirigentes partidários, como a ocorrida neste domingo com o PSDC. Tais atitudes podem transparecer a Tião como uma ingerência em sua função, contribuindo para um clima ainda mais ruim.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Irmãos, irmãos, política a parte


Os irmãos Jorge e Tião Viana não estão nos melhores de seus dias quando o assunto é relacionamento. Nos bastidores um verdadeiro cabo de guerra é travado entre eles. Jorge Viana se vê a cada dia isolado dentro do PT, e ainda mais no governo do irmão. (Lembremos o choro de Jorge no “Gazeta Entrevista” pedindo mais participação na gestão Tião). As declarações do senador deixaram o governador enfurecido.

Se Jorge já vinha sofrendo desgaste com Tião, a situação só piorou desde então. Isso ficou explícito em reportagem de Luciano Tavares, no ac24horas, relatando o ambiente hostil entre eles na Aldeia Esperança, durante o Festival Yawa. Dividir o mesmo metro quadrado era sinônimo de mal-estar.

A relação acabou de azedar por conta da disputa pelo Senado. Enquanto Tião Viana já colocou seu suplente Anibal Diniz (PT) de lado para apoiar Perpétua Almeida (PCdoB), Jorge Viana sai em defesa do companheiro petista, e diz que não há nada definido na disputa majoritária. A ala de Tião diz que mais um tempo Jorge Viana decidirá quem será o candidato ao governo.

Jorge Viana e Anibal Diniz estão em busca de uma saída honrosa. Numa tacada de inteligência política, Tião Viana saiu como o mais fortalecido no processo de definição das candidaturas. Além da força natural por ter as chaves do Palácio Rio Branco, ele tem todo o PT em suas mãos. Se hoje Ermício Sena e sua tendência estão na presidência do PT, tudo é graças ao governador.

Se há pouco tempo era Jorge quem mandava e desmandava no PT, hoje este poderio está com Tião. Acostumado a liderar o formato da Frente Popular, o senador não está nada contente em ser colocado de escanteio pelo irmão. Jorge não aceita de forma alguma ver a cadeira de senador do PT ser entregue ao fiel aliado PCdoB.

Tião também não quer, mas sabe que apoiar Perpétua é vital para a sua reeleição. Anibal Diniz nunca encarou uma eleição majoritária, seu nome está sempre em último lugar nas pesquisas (as más línguas dizem que nem no PT ele tem voto). Tião vai para uma disputa acirrada com Márcio Bittar (PSDB), e não quer saber de carregar Anibal nas costas, quanto até seu mandato estará em jogo –para piorar coloca Leo Brito como vice.

O tensionamento entre Jorge e Tião está só no começo. Jorge tenta passar um clima de paz e amor, reunindo-se com a militância petista e jogando beijo para a torcida. Mas neste meio todo sabemos que quem prevalecerá será o governador com sua força política. O ponto auge desta “briguinha” será pós-2014.

 Se Tião conseguir a reeleição, em 2018 virá à tona uma “guerra” de irmandade para saber quem ficará onde. Jorge não poderá disputar o governo, nem tampouco Tião. Ficarão os dois no Senado?       

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O último ano de Tião (???)

Tião Viana (PT) chega a 2014 como o último ano de seu mandato frente ao Palácio Rio Branco. Caso consiga a proeza da reeleição em outubro, entrará em 2015 como o primeiro ano de seu segundo mandato. Mesmo tendo a máquina do Estado em mãos e com bons índices de aprovação (se é que se pode confiar no Ibope), o petista sabe que 2014 não será fácil.

A sua apertada eleição em 2010 (perdendo na capital) e o cabo de guerra de 2012 para eleger Marcus Alexandre (PT) mostram que o PT e a Frente Popular como um todo não estão nos melhores dos seus dias. Os governistas apostam na discórdia da oposição para (como sempre) dividi-la e, assim, conquistar o quinto mandato à frente do governo acreano.

Tião Viana fez destes últimos três anos o que pode e o que não pode para tentar reconquistar a simpatia do eleitorado pelo modo petista de governar. Abandonou a “florestania” e apostou em políticas de desenvolvimento com resultados práticos a curto prazo; vide o caso da piscicultura, da criação de animais de pequeno porte e a diversificação no plantio de grãos.

Após 12 anos das políticas petistas beneficiando tão somente as classes média e alta, Tião apostou no governo popular, por isso a marca “Governo do Povo do Acre”. Por meio do “Ruas do Povo” e “Cidade do Povo” tenta recolocar o seu partido e o governo em contato com a grande massa moradora das periferias das cidades –onde a oposição encontrou terreno fértil.

Tais ações aos poucos vinham redimindo o petismo e o Vianismo, mas em maio, com a operação G7, tudo veio por água abaixo. A prisão de seus secretários, empresários que a cada dois anos abasteciam os cofres petistas com doações, e o sobrinho acusados de desvio de verbas públicas levou o Palácio Rio Branco a uma reação desesperadora jamais vista –digna do mais puro amadorismo político.

Tião Viana tomou as graças de advogado dos acusados. Os poderes foram todos atacados em praça pública. Em junho mais de 20 mil acreanos foram às ruas numa demonstração de insatisfação com o governo. O governo parecia estar na lona. Mas o tempo passou, a fúria popular se abrandou –ao menos publicamente -, o governo diminuiu seu ritmo de erros sucessivos.

Após tantas trapalhadas parece que enfim Tião Viana conseguiu colocar o governo no eixo. Ele é hoje o principal condutor político do processo eleitoral de 2014 e entra como candidato favorito. Tudo pode acontecer até outubro.

A perspectiva é que o Ministério Público Federal denuncie os acusados da G7 ainda neste primeiro trimestre. Os governistas podem voltar a sentir baques –e a oposição sonhar com um novo desgaste.

Tião Viana tem como grande desafio manter este mesmo ritmo desde meados de setembro. Evitar declarações estapafúrdias e brigas desnecessárias com setores da sociedade, em especial a pequena parte da imprensa que ainda resiste ao sufocamento do setor realizado pelo seu próprio governo.

Se ele assim permanecer, a economia do país não passar por novos solavancos e nenhuma outra bomba estourar, as chances de reeleição são altas. Ao Palácio Rio Branco resta torcer (também) para a oposição sair dividida –o que não requer muito esforço.      

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O mais do mesmo

O petista Marcus Alexandre completa neste primeiro dia de 2014 um ano à frente da prefeitura de Rio Branco. Eleito com a promessa de fazer o novo, continua no mais do mesmo. Rio Branco permanece com seus problemas de sempre, mas sempre se agravando. O transporte público continua uma porcaria, os buracos tomam de conta das ruas, e o lixo das calçadas. A periferia –como de costume –abandonada.

Marcus Alexandre está de mãos atadas. As prefeituras não têm recursos, e para piorar sua situação precisou transformar o poder municipal num cabide de emprego para acomodar todos os aliados cooptados a apoiá-lo no segundo turno. Para fazer o velho jogo do poder pelo poder, ele se rendeu às retrógradas práticas políticas do toma lá dá cá.

Marcus Alexandre é uma pessoa forçada. Não se pode negar seu empenho em tentar mostrar algo e prestar satisfação ao morador da capital. Não se sabe se é dele o estilo de passar a imagem de um político popular (ao almoçar no mercado, andar pelo terminal, tomar café com os garis), ou se tudo não passa de uma ampla jogada de marketing, ele mesmo fruto de uma montagem de última hora ante a falta de nomes dentro do PT que pudessem satisfazer a vontade do Vianismo para manter o domínio na capital.

Não à toa Marcus Alexandre tem índice recorde de aprovação entre os rio-branquenses. Ele pode até não fazer nada pela cidade ante a limitação do caixa com o pagamento do salário dos aliados, mas mostra disposição em solucionar o problema das pessoas. Sua influência política será testada agora em 2014. Ele pode ser o fiel da balança para diminuir a rejeição ao cansaço do PT no poder.

Tomara ele não esquecer as funções de prefeito para se dedicar unicamente à campanha de seu patrão e criador, o governador Tião Viana. O desafio de Alexandre nos próximos três anos é fazer valer de fato o “novo” prometido em 2012. Até agora tudo está como dantes. Pintar o meio-fio com cal e aparar a grama das rotatórias não é o suficiente. Rio Branco tem desafios gigantescos e que precisam ser resolvidos muito mais com eficiência na gestão dos recursos públicos do que com as entediantes matérias de sua assessoria de imprensa e as propagandas da Cia de Selva.