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segunda-feira, 14 de julho de 2014

Viva Chico


 No início de maio visitei o Parque Nacional da Serra do Divisor, localizado no município de Mâncio Lima (AC). A reserva está localizada bem na fronteira entre o Brasil e o Peru, sendo a Serra do Divisor o ponto de divisão entre os dois países. Detentora de uma das maiores biodiversidades do Planeta, a área também abriga centenas de famílias ribeirinhas.

Na teoria elas não poderiam estar ali por se tratar de um parque, mas como a grande maioria lá já morava antes da transformação da região numa área de proteção, elas permaneceram e aumentaram Sem poder explorar muito as terras, elas vivem à própria sorte e desamparadas pelo poder público.

Mesmo num lugar distante onde o único acesso são horas e até dias de viagem nas embarcações, a pecuária se faz presente em muitas localidades.

A única presença do Estado ali é por meio do Instituto Chico Mendes. Criado na gestão de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente, o órgão é acusado pelos moradores de fazer “terrorismo” para manter a integridade da área.

Neste vídeo, o morador José Maria Rebouças diz que os fiscais fazem abordagens de forma intimidadora e aplicam multas que chegam a até R$ 200 mil. No parque há uma base do Ibama abandonada usada tão somente como abrigo por “poderosos” para tomar cerveja aos feriadões.


Veja o vídeo 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

A alquimia de Jorge Viana

Depois de ser escolhido por sabe-se lá quem para ser o coordenador da campanha de Dilma Rousseff no Acre, o senador Jorge Viana (PT), que prefere nunca deixar de ser lembrado como vice-presidente do Senado, deu sua primeira tacada para evitar o vexame de 2010 na disputa presidencial, quando a candidata petista levou um chocolate (igual o 7 a 1 de Brasil e Alemanha) de José Serra (PSDB).

Num gesto considerado audacioso, Jorge Viana afirma que vai trabalhar para atrair os partidos da base de Dilma em Brasília, mas que no Acre fazem oposição ao PT e estarão no palanque de Aécio Neves (PSDB). Entre estes partidos está o PMDB do vice Michel Temer. No Acre é notório que os peemedebistas há 16 anos fazem oposição ao petismo e sempre estiveram em palanques opostos ao do partido no plano nacional.

Apesar desta postura, há a informação de que, na votação para definir os rumos do partido este ano, os convencionais acreanos votaram pelo apoio a Dilma. Outra sigla em encrencas é o PP do candidato ao Senado Gladson Cameli. Oposição no Acre e sempre declarando apoio a Aécio Neves, Cameli se depara com o PP num cabo de guerra para decidir como se comporta em 2014: se com Dilma, Aécio ou neutro.

Ainda nesta lista aparecem PR e PSD. O PR acreano mais parece um templo evangélico, e será difícil os religiosos apoiarem Dilma com os ideais liberalizantes do PT (casamento gay, descriminalização da maconha e aborto). Mas como na política se vê de tudo, milagres acontecem a cada minuto.

O PSD do senador Sérgio Petecão é mais maleável. Porém, por conta da liderança de um senador da República no Acre e com o perfil de sua militância, é difícil ver a militância “pesedista” levantando a bandeira de Dilma ou do PT. Isso não cabe somente ao PSD, mas inclui PP, PMDB e PR.

A militância destas legendas há tempos caminha no campo da oposição e sofre com os ataques frequentes oriundos da Frente Popular, comandada por Jorge Viana. O petista pode até aplacar os ânimos dos dirigentes dos partidos de dupla face (oposição aqui, base lá), mas será difícil levar o conjunto da obra.

O mais provável nesta ocasião é Jorge Viana convencer os presidentes a não se empenharem na campanha de Aécio Neves, fazer um corpo-mole. É para isso que o eleitor precisa estar atento, se de fato o senador petista logrou êxito em sua tentativa e que tipo de acordos foram feitos por cima nos partidos camaleões.  

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Esperteza eleitoral

Se antes os governistas não mediam esforços em criticar o candidato ao Senado Gladson Cameli (PP) por explorar seu bom desempenho na liberação de recursos das chamadas emendas parlamentares aos municípios acreanos, agora a trupe palaciana quer fazer frente ao oposicionista. Desde a semana passada o senador Jorge Viana (PT) vem sendo apresentado como o pai da criança na liberação de R$ 70 milhões para obras de mobilidade urbana de Rio Branco.

Logo ele que semanas atrás criticava Gladson Cameli por, segundo o petista, apossar-se das emendas, quando se tratam de recursos federais. É evidente que o parlamentar não é dono dos recursos, cabe tão somente à canetada da presidente da República liberar ou não a verba.

Mas aqui cabe uma ressalva: Dilma só liberou tais recursos após o vexame de ter cancelado sua visita ao Acre no último dia 29. Para amansar o ego Vianista, recebeu os companheiros acreanos no Palácio do Planalto e, para ficar bem na foto, decidiu nos enviar verbas para estas bandas.

(O cancelamento da agenda de Dilma deixou o governador Tião Viana tão contrariado que ele nem foi para o encontro palaciano)

É inegável o empenho de Cameli em bater à porta dos ministérios em Brasília em busca da liberação de recursos, enquanto os parlamentares da base de Tião Viana (PT) fazem vista grossa à grotesca política da Frente Popular de boicotar as prefeituras administradas por partidos de oposição, deixando a população à revelia.

Como os prefeitos reconhecem, e aqui estão inclusos os da Frente Popular, não fossem as emendas dos parlamentares de oposição, as prefeituras não teriam um real para pintar um meio-fio com cal. E neste empenho Cameli tem sido referência, e esta imagem de boa atuação na liberação de dinheiro para o Acre já colou entre os eleitores.

Percebendo isso, Jorge Viana quer tirar do progressista a boa reputação. Parece difícil a esta altura do campeonato ele tentar reverter o quadro, logo ele que tanto criticou um deputado no exercício de sua função. A sociedade precisa perguntar a Jorge Viana como ele está aplicando os R$ 15 milhões de emendas a que tem direito todos os anos.

Está destinando tudo para o governo do irmão, enquanto os municípios passam pela pior crise dos últimos anos? O senador deveria andar mais pelo interior do Acre e ver que R$ 70 milhões resolveriam muitos problemas nas comunidades, ao invés de se aplicar só em obras para duplicação de ruas que, passadas as eleições, vão ser interrompidas até o próximo pleito.

O eleitor acreano não suporta mais demagogias e sabe quem é quem neste jogo, sabe quem de fato está empenhado com seu mandato para ajudar quem mais necessita. O eleitor fará o sábio julgamento no próximo dia 5 de outubro.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Mineiraço da Adidas

A alemã Adidas é a fornecedora oficial do uniforme da maior torcida do Planeta, a do Flamengo. Dizem que, para ter este feito, a empresa pagou alguns milhões de dólares para o clube carioca e, assim, ter em suas mãos uma grande massa de consumidores da marca Flamengo. Também responsável pelos uniformes da seleção de seu país, a Adidas decidiu homenagear a nação rubro-negra na camisa número dois do time alemão.

O objetivo é um só: atrair a simpatia dos torcedores brasileiros. Os alemães vieram para o Brasil com uma única meta: levantar pela quarta vez a Taça do Mundo, nem que para isso tenham que passar pelos donos da casa. O confronto Brasil e Alemanha não foi na final, mas na semi; portanto só um deles estará domingo no Maracanã (reduto flamenguista) disputando o título.

Segundo alguns jornais, a Alemanha jogará com o uniforme rubro-negro nesta terça. No fim de semana a confederação alemã de futebol divulgou vídeo em que uma das estrelas do time aparece usando a terceira blusa do Flamengo, bem parecida com o uniforme do país europeu –uma coincidência bem à Adidas.


Os alemães sonhavam com um segundo “maracanaço”, mas com a ajuda do marketing da Adidas vão em busca do “mineiraço”. Será que eles terão toda esta força diante de um estádio todo com o Brasil? Será que o uniforme rubro-negro dará sorte a eles? Vamos esperar a partida.   





sábado, 5 de julho de 2014

As diferenças republicanas

Causou surpresa na semana passada a informação de que o governo vai desativar no período eleitoral o seu principal portal de notícias, a Agência de Notícias do Acre. Nunca antes na história deste Estado se viu algo parecido.

Criada no bom governo Binho Marques –um gestor que deixa saudades nos acreanos – a agência tinha como objetivo ser a plataforma do governo para a produção e distribuição de conteúdo jornalístico de suas realizações.

E aqui temos de reconhecer, esta mesma linha foi mantida com Tião Viana –em alguns casos tentaram usá-la para questões partidárias do governador. Mas as críticas recolocaram a agência nos trilhos. Agora o contribuinte acreano que arca com uma estrutura pesada do sistema público de comunicação fica abismado com a decisão de retirar o site no período eleitoral.

Esta decisão só revela uma coisa: a total incompetência dos gestores da Comunicação do governo Tião Viana em separar o público do partidário. Por acaso toda estrutura do governo vai deixar de funcionar no período eleitoral? (Sim, vai!) Todos os servidores públicos estarão a disposição da campanha de Tião Viana?  (Em grande parte sim!)

Será que os gestores estarão tão empenhados na tentativa de permanecer no poder que não terão tempo de cuidar de um simples portal de notícias? O cidadão acreano não terá direito de saber o que o governo está fazendo nos quatro meses de campanha? (Somo quatro com o segundo turno).

Com a imprensa acéfala, o eleitor corre o risco de ficar às cegas neste período de eleição sem saber como o nosso grande arrecadador de impostos está nos trazendo de volta os investimentos. Não haverá a oportunidade do cidadão também fiscalizar as ações dos governantes.

A imprensa acreana não tem condições de realizar este trabalho que é seu dever por ser sufocada pelo governo petista nos últimos 16 anos. Ou seja, o eleitor perdeu sua capacidade da livre expressão, sem a interferência estatal. Com a única fonte de notícias oficialescas do governo fora do ar, aí que tudo tende a piorar.

Tempos sombrios o Acre está vivendo em sua vida republicana...