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sexta-feira, 11 de julho de 2014

A alquimia de Jorge Viana

Depois de ser escolhido por sabe-se lá quem para ser o coordenador da campanha de Dilma Rousseff no Acre, o senador Jorge Viana (PT), que prefere nunca deixar de ser lembrado como vice-presidente do Senado, deu sua primeira tacada para evitar o vexame de 2010 na disputa presidencial, quando a candidata petista levou um chocolate (igual o 7 a 1 de Brasil e Alemanha) de José Serra (PSDB).

Num gesto considerado audacioso, Jorge Viana afirma que vai trabalhar para atrair os partidos da base de Dilma em Brasília, mas que no Acre fazem oposição ao PT e estarão no palanque de Aécio Neves (PSDB). Entre estes partidos está o PMDB do vice Michel Temer. No Acre é notório que os peemedebistas há 16 anos fazem oposição ao petismo e sempre estiveram em palanques opostos ao do partido no plano nacional.

Apesar desta postura, há a informação de que, na votação para definir os rumos do partido este ano, os convencionais acreanos votaram pelo apoio a Dilma. Outra sigla em encrencas é o PP do candidato ao Senado Gladson Cameli. Oposição no Acre e sempre declarando apoio a Aécio Neves, Cameli se depara com o PP num cabo de guerra para decidir como se comporta em 2014: se com Dilma, Aécio ou neutro.

Ainda nesta lista aparecem PR e PSD. O PR acreano mais parece um templo evangélico, e será difícil os religiosos apoiarem Dilma com os ideais liberalizantes do PT (casamento gay, descriminalização da maconha e aborto). Mas como na política se vê de tudo, milagres acontecem a cada minuto.

O PSD do senador Sérgio Petecão é mais maleável. Porém, por conta da liderança de um senador da República no Acre e com o perfil de sua militância, é difícil ver a militância “pesedista” levantando a bandeira de Dilma ou do PT. Isso não cabe somente ao PSD, mas inclui PP, PMDB e PR.

A militância destas legendas há tempos caminha no campo da oposição e sofre com os ataques frequentes oriundos da Frente Popular, comandada por Jorge Viana. O petista pode até aplacar os ânimos dos dirigentes dos partidos de dupla face (oposição aqui, base lá), mas será difícil levar o conjunto da obra.

O mais provável nesta ocasião é Jorge Viana convencer os presidentes a não se empenharem na campanha de Aécio Neves, fazer um corpo-mole. É para isso que o eleitor precisa estar atento, se de fato o senador petista logrou êxito em sua tentativa e que tipo de acordos foram feitos por cima nos partidos camaleões.  

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