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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Imunidade e impunidade

Procurador considera “ignorância jurídica” debate de deputados acerca da imunidade

O procurador regional eleitoral no Acre, Paulo Henrique Ferreira Brito, considera “ignorância jurídica” o debate travado entre os deputados na sessão de quarta-feira, 26, quando questionaram a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de decidir pela ilegalidade de decreto legislativo que blindava os deputados do PEN, Walter Prado e Élson Santiago, de processo de corrupção eleitoral.

Segundo Paulo Henrique, o que o Ministério Público Eleitoral questionou e o TRE, por unanimidade entendeu, foi a legitimidade de um decreto aprovado em plenário que tinha como base os artigos da Constituição Estadual referentes à imunidade parlamentar. “Em momento algum tratamos da imunidade parlamentar, mas de decretos específicos que livravam alguns deputados de serem processados”, diz ele.

Paulo Henrique também afirma que os tribunais abaixo do STF têm sim a prerrogativa de decidir pela inconstitucionalidade de determinadas matérias. “Eu não entendi o motivo desta crise [dentro da Assembleia].” “Estão confundindo um ato constitucional que é a imunidade com a impunidade. A imunidade é para proteger o deputado enquanto no exercício de sua atividade”, ressalta Paulo Henrique.

Para ele, esta é uma questão que não deve ser discutida no âmbito político, “é uma questão técnica”. Paulo Henrique afirma que tanto o pedido do MPE quanto a decisão da Corte estão embasados em várias jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e de outros TREs.

Aproveitando-se dessa blindagem corporativa, o presidente da Aleac, Élson Santiago, tem um processo por compra de votos que se arrasta há 15 anos. A ação contra Walter Prado deu início em 2010. Com a decisão do TRE, agora os processos serão retomados e seguirão os trâmites comuns. Em caso de condenação há previsão até de prisões. Apesar de negar, Walter Prado já tem uma sentença por inelegibilidade por três anos.

Na Aleac a opinião é divergente. “Caberá a eles [instâncias iniciais], se considerarem que uma matéria da Assembleia Legislativa, no caso um decreto oriundo de um artigo constitucional, é ilegal acionar o Supremo Tribunal Federal propondo a inconstitucionalidade de nosso decreto”, diz o líder do governo na Casa, Moisés Diniz (PCdoB).

Para o governista, decisões como a do TRE fragilizam a democracia e criam instabilidade nas instituições do Estado. “Quando isso ocorre o melhor caminho é o nosso tribunal constitucional, que é o STF.” Procurado pela reportagem, o TRE informou que não se manifestará sobre a polêmica, e que a sentença da Corte já expressa seu posicionamento.

Já a assessoria da Aleac declarou que a procuradoria jurídica entrará com recurso para fazer valer o decreto aprovado pelos deputados.           

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Preso careca e povo sem xampu



Depois de Bocalom e Marcus Alexandre, não se fala mais nada nas rodas políticas a não ser a cabeça raspada dos auxiliares do prefeito Raimundo Pinheiro, o Dindin (PSDB), presos com a boca na botija –e a mão no dinheiro. Eles foram presos em flagrante com R$ 21 mil que, segundo a polícia, teriam sido desviados dos cofres da prefeitura de Feijó. 

Ao serem colocados no xilindró tiveram as cabeças raspadas pelos agentes penitenciários. O caso causou revolta e indignação diante desta tão gravíssima violação dos direitos humanos. Na minha irônica opinião, seria o caso de chamar a ONU e a Organização dos Estados Americanos parta apurar essa violação. 

Todos os dias dezenas de pobres dão entrada nos presídios do Acre e passam por humilhações bem piores. Lá dentro são violentados e submetidos a verdadeiras violações aos direitos humanos. Como diz o deputado comunista Moisés Diniz, quando prendem um bacana a coisa é diferente. 

Não estou defendendo a ação dos agentes ou dizendo que os acusados mereciam ficar com a cabeça pelada. Mas estão querendo usar este fato para esconder outro. Eles foram presos por um crime grave, desvio de dinheiro, e com as provas em poder da polícia. Dinheiro público surrupiado da prefeitura de um dos municípios mais pobres do Estado –se é que há algum mais rico que o outro. 

Houve um crime, a prisão foi em flagrante. A prova existe. Não é porque tiveram as cabeças raspadas que iremos colocar panos quentes numa falcatrua maior. Enquanto eles estão sem cabelo –mas que breve vai crescer – muitos pobres em Feijó não têm um real para comprar um xampu –aliás, não dispõem de água encanada, rede de esgoto, asfalto...

Sabem por quê? O dinheiro foi desviado.

Fé no voto

Religião e política
Edinei Muniz*


O Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno, afirmou no dia 14 do mês em curso, em entrevista concedida ao jornal Estadão, que "não se pode instrumentalizar a religião para angariar votos". O cardeal disse ainda que "no mundo democrático não cabe à igreja assumir papel político-partidário".

A Constituição brasileira de 1824 estabelecia em seu artigo 5º:. “A religião Católica Apostólica Romana continuará a ser a Religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior do templo”.

Contudo, a atual Constituição não repete tal disposição, nem institui qualquer outra religião como sendo a oficial do Estado. Ademais estabeleceu em seu artigo 19, inciso I, o seguinte: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.”

Com fulcro nesta disposição, o Estado brasileiro é caracterizado como laico, palavra que, conforme o dicionário Aurélio, é sinônimo de leigo e antônimo de clérigo (sacerdote católico), pessoa que faz parte da própria estrutura da Igreja.

Neste conceito, Estado leigo se difere de Estado religioso, no qual a religião faz parte da própria constituição do Estado. São exemplos de Estados religiosos o Vaticano, os Estados islâmicos e as vizinhas Argentina e Bolívia, em cujas constituições dispõem, respectivamente: “Art. 2. El Gobierno Federal sostiene el culto Católico Apostólico Romano” – “Art. 3. Religion Oficial – El Estado reconoce y sostiene la religion Católica Apostólica y Romana. Garantiza el ejercício público de todo otro culto. Las relaciones con la Iglesia Católica se regirán mediante concordados y acuerdos entre el Estado Boliviano y la Santa Sede.”

O programa eleitoral da Frente Popular de Rio Branco, exibido ontem, dia 24, sem necessidade de citarmos os nomes das religiosas envolvidas, até por uma questão de respeito, eis que são pessoas da mais alta autoridade moral – e provavelmente ignoram que estejam sendo manejadas politicamente para fins nada republicanos ou até mesmo cristãos – na fala das irmãs Servas de Maria, simplesmente as levou a desconsiderar posições superiores assumidas pela Igreja de Roma.

Só para reforçar, vejamos outra passagem da fala do Presidente da CNBB, superior das irmãs Servas de Maria: "A posição da Igreja Católica, enquanto instituição, é de que não deve assumir nenhuma posição político-partidária. O papa Bento 16, numa de suas encíclicas, Deus É Amor, foi muito claro ao dizer que a Igreja não pode nem deve tomar nas suas mãos a batalha política. Isso é próprio dos políticos, dos leigos. A Igreja não pode ter pretensões de poder."

Eis uma pequena passagem da Encíclica Deus é Amor, de Bento XVI:

“A atividade caritativa cristã deve ser independente dos partidos e das ideologias. O programa do cristão – o programa do Bom Samaritano, o programa de Jesus – é “um coração que vê”. Este coração vê onde há necessidade de amor e atua em consequência”.

Ora, convenhamos, o papel que cabe, no espaço de discussão democrática, aos políticos e aos religiosos não é o mesmo. Ao contrário, o papel da igreja deve, salvo melhor juízo, restringir-se à função de orientar o eleitor.

Com efeito, qualquer tentativa destas [igrejas] de assumirem papel de protagonistas no campo político, ofendem o caráter laico do próprio Estado Democrático de Direito. Enfim: as igrejas devem apoiar tudo que diz respeito ao bem da sociedade, independente de partido ou opinião política.

Deste modo, a Igreja Católica do Acre deveria consumir suas energias espirituais com orientações para o voto consciente, contra o balcão de negócios eleitorais e contra a corrupção eleitoral de toda ordem, estimulando a união e a solidariedade, como simples mediadora, e não, jamais - seja em nome de Jesus ou de Maria de Nazaré, ou de qualquer santo ou líder espiritual - como protagonista, posto que tal ativismo exacerbado em prol de certas candidaturas ofendem os conceitos mais simples da ética cristã e do Estado Democrático de Direito.

Edinei Muniz é advogado e professor.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Te gusta?

Uma pesquisa divulgada pelo jornal peruano "La República" aponta o cebiche (ou ceviche ao gosto do linguista) como o prato preferido do país. Tendo como ingrediente principal o peixe cru, ele é um prato delicioso e aprazível de comer. Não só o cebiche, mas muitos pratos da gastronomia peruana parecem ter sido preparados pelos deuses incas - com uma Inca Cola então... 

Veja a matéria

Cada vez que un peruano se refiere a su gastronomía infla el pecho y se siente contento de su comida, los sabores, las tradiciones, y todo lo que conlleva esta riqueza sociocultural que genera el boom gastronómico que se vive en el país.

Según la última encuesta nacional urbana elaborada por la empresa GFK a 1.450 ciudadanos, el 90% de peruanos respondió sentirse orgulloso de su comida. Es más, este gran afecto se acentúa en el sur del país, donde prefieren platos como el rocoto relleno, la pachamanca o el cuy chactado.

Aunque, el famoso cebiche fue considerado como el plato bandera por el 68% de entrevistados, dejando atrás a la pachamanca (5%), cuy chactado (5%) y el arroz con pollo (4%).

Gabriel Calderón, antropólogo de la Pontifica Universidad Católica del Perú, destaca que la comida genera una rica diversidad en el país, ya que crea matices diferenciadores que se convierten en elementos de referencia para personas que han nacido en distintos pueblos.

"Desde hace varios años las regiones tenían un sentimiento especial con su gastronomía, porque su identidad se valoriza. Hay que recordar que existe una política de estado de promocionar la comida peruana dentro del paquete turístico, ya que evidentemente el paladar del turista extranjero se ha beneficiado con los potajes que cada región ofrece", comenta.

(Texto completo)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O 15 sempre atrasado

O discurso do PMDB de recorrer à xenofobia para salvar a candidatura de Fernando Melo se mostra atrasado e arcaico –tanto quanto o histórico do próprio partido no Acre. Usar na campanha eleitoral um discurso contra os não rio-branquenses é um tiro no pé para uma cidade que tem 30% de sua população formada por pessoas não nascidas aqui. Temos rio-branquenses de coração vindos de várias partes do Estado, do Brasil e do mundo.

O xenofobismo é o mesmo que racismo, responsável pelo surgimento de fanáticos como Adolf Hitler na Alemanha. Ir de contra aos acreanos não nascidos por estas bandas é ignorância para um Estado formado em sua essência por não acreanos. Quem ocupou o Acre no fim do século 19 foram os nordestinos. O líder da primeira Revolução Acreana, que fundou a República Independente do Acre, foi um espanhol; Galvez.

O libertador do Acre das mãos bolivianas foi um gaúcho, José Plácido de Castro. O primeiro governador eleito é um carioca: José Augusto de Araújo. O Acre é um mistura de cores, caras e culturas. Somos a cara do Brasil: temos índios, negros, brancos, caboclos, bolivianos, peruanos, árabes...

E agora teremos os haitianos

Foi graças a esse caldeirão de raças e etnias que nos fizemos grande. O bairrismo se confronta com o progresso e o desenvolvimento. O futuro prefeito pode ser paulista, paranaense, amazonense, cearense, goiano, gaúcho, baiano. O importante é que tenha compromisso com a cidade e seu habitantes, tire a cidade do nosso atraso histórico.

Enquanto isso, continuaremos com nossas portas abertas para receber todos os povos, línguas e cores. O Acre é isso.

domingo, 23 de setembro de 2012

Do povo

Este é um bom documentário disponível na Televisión América Latina mostrando o processo de nacionalização das riquezas naturais da Bolívia. Como elas eram exploradas pelas multinacionais –que abocanhavam quase 100% dos lucros e deixava o povo na miséria – e como passou a ser após a eleição do cocaleiro e indígena Evo Morales.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O preço da honra


O líder do PSDB na Assembleia Legislativa do Acre, Wherles Rocha (PSDB), recebeu nesta quarta-feira (19) a notificação da 5º Vara Cível da Comarca de Rio Branco com relação a processo movido pelo governador Tião Viana (PT) contra ele. Na ação de reparação por danos morais por injúria e difamação, o governador pede o fim da imunidade parlamentar de Rocha e o pagamento de R$ 26 mil. “Parece que a honra do governador vale R$ 26 mil”, afirma Rocha.

O processo, que tinha sido anunciado pelo governador Tião Viana, foi movido por Rocha ter, segundo o petista, o chamado de “mariquinha” durante a sessão do dia 7 de agosto. O governador entendeu o adjetivo com a conotação sexual. Rocha nega, e afirma que “mariquinha” ocorreu pelo fato de Tião Viana se deixar levar por conversas plantadas por deputados da base em seu gabinete.

“Já adotei todas as medidas judiciais que me competem num mundo civilizado e democrático e acionei o meu advogado para responder a essa agressão com todos os direitos que me competem como pai de família, esposo e cidadão acreano”, disse o governador em agosto. (Veja mais)

“Em momento algum eu me referi à opção sexual do governador, até porque não tenho nada a ver com isso”, se defendeu Rocha. O debate da opção sexual de Tião Viana na tribuna provocou a repreensão pelo presidente da Casa, Élson Santiago (PEN), que assegurou a masculinidade do governador acreano.  

Leia também

Sexualidade de governador do Acre é debatida na Assembleia  

Nosso primeiro mundo

Tom Zé saiu encantado do Acre. Não mediu esforços em elogiar o Estado, exagerou até na dose. Disse que o Acre é um país de primeiro mundo. Quem dera se fosse pelo menos de terceiro mundo. Tom Zé, coitado, só ficou no centro da cidade, embelezado justamente para enganar quem passa por aqui, para inglês, paulista, carioca, gaúcho e baiano verem.

O cantor não pode ir aos bairros. Não precisava nem ir muito longe. Eu aqui na Vila Ivonete, por exemplo, tenho que quase diariamente em minhas pernadas para casa passar em frente a um esgoto a céu aberto. Se não estou enganado, no primeiro mundo esgoto a céu aberto é lenda.

Por aqui é real e faz parte do cotidiano de boa parte da população. Quem sabe na próxima vez que vier ao Acre Tom Zé tire um tempinho para conhecer mais a fundo Rio Branco. 




terça-feira, 18 de setembro de 2012

De vilão a vítima -e vice-versa

A campanha de Marcus Alexandre (PT) decidiu centralizar a propaganda eleitoral nestas últimas semanas antes do primeiro turno em ataques ao adversário Tião Bocalom (PSDB), mesmo com a última pesquisa Ibope mostrando o petista um ponto à frente do tucano. Após pouco explorar a imagem do governador Tião Viana e do senador Jorge Viana, os marqueteiros da Frente Popular mantém programas de desconstrução da imagem de Bocalom.

Uma das principais estratégias é “desmentir” as reportagens produzidas no programa do PSDB. Personagens das matérias de Bocalom são “convidados” a mudar as declarações. Marcus Alexandre ontem voltou ao Santa Quitéria, bairro explorado pelos tucanos como exemplo das “obras eleitoreiras” do Ruas do Povo. A família que mostrou sua casa afetada pela forte chuva do dia 18 de agosto afirmou que teve a imagem usada indevidamente na propaganda eleitoral e declarou voto a Marcus Alexandre.

O PT, que teve seus programas iniciais marcados pela apresentação de propostas e do plano de governo, optou por um novo tom na reta final. A apresentação das proposições está mais restrita. O nome Bocalom que antes era evitado agora é repetido exaustivamente. Marcus Alexandre perdeu espaço para os apresentadores mirarem Bocalom, desqualificando a gestão de 10 anos dele à frente de Acrelândia  

Já na propaganda eleitoral do PSDB o papel foi revertido. De vilão aos poucos Bocalom vai sendo transformado em “vítima” do PT. Os últimos programas foram pautados na apresentação de propostas.

A ausência de propostas sempre foi, justamente, a maior crítica dos petistas. Mas o tom duro de críticas não foi poupado. As proposições surgem sempre depois de apresentadas as deficiências da gestão municipal. Os tucanos também deixaram de lado os disparos contra Tião Viana, focando no prefeito Raimundo Angelim.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

E a transparência?

Lei de Acesso completa quatro meses e Aleac continua sem Portal da Transparência

A Lei de Acesso à Informação (LAI) completou neste domingo (16) quatro meses vigorando em todo o país. Considerada um dos maiores avanços na administração pública, a LAI torna a transparência obrigatória em todas as esferas de poder. No Acre, a Assembleia Legislativa continua a desrespeitar a legislação. Até hoje a Aleac não possui um Portal da Transparência onde o cidadão encontre informações sobre a execução do Orçamento da Casa.

No dia 25 de maio, em meio a pressões da imprensa e do Ministério Público Especial de Contas, o presidente da Casa, Élson Santiago (PEN), anunciou que em até 30 dias o portal seria lançado. Na próxima semana serão mais quatro meses de promessa não cumprida. À época a presidência informou que uma empresa de Curitiba foi contratada para montar o site.

Em maio o procurador de Contas João Izidro de Melo Neto deu início ao trabalho de varredura da verba de gabinete de cada um dos 24 deputados. A atitude provocou o início de uma crise dentro do parlamento. Os gastos com a verba de gabinete ficam trancados a sete chaves, sem acesso pelo contribuinte. Izidro chegou a levantar suspeitas do uso ilegal deste recurso.

A Assembleia Legislativa do Acre é a única do país a não possuir um Portal da Transparência. Procurado pelo blog, o presidente Élson Santiago preferiu não informar quando o Portal da Transparência, se esquivando dizendo que o trabalho do jornalista de cobrança é uma “sacanagem”.

Como jornalista acreano tenho cobrado há tempo a transparência na Assembleia Legislativa do Acre.  A forma hostil como Élson Santiago trata da transparência leva aos questionamentos: Há algo a esconder do cidadão? Por que as contas da Casa do Povo não estão disponíveis?

Caça às bruxas

No Acre para ser considerado inimigo do governo petista não é necessário somente ser um político ou jornalista de oposição. Basta contrariar qualquer interesse do petismo para você entrar no Livro Negro do Palácio Rio Branco. Esta é a conclusão a que chego após uma rápida conversa na Praça da Revolução com Davi Friale, o homem do tempo no Acre.

Graças às suas previsões sabemos quando vai fazer frio no Acre, quando vai chover ou quando um forte temporal atingirá estas bandas para estragar desfiles de 7 de Setembro ou deixar o Ruas do Povo encharcado.  

As previsões meteorológicas de Friale –o El Brujo como chama Silvio Martinello – não são bem vistas pelo governo. Os governistas de plantão as classificam como sensacionalistas e que causam o pânico na
população. Por essas e outras ele é considerado como um subversivo no quartel do PT. A verdade no Acre está censurada não só no âmbito do noticiário político ou dos reclames da população.

Parece que mais alguns dias até a previsão do tempo vai ter que passar pelo crivo dos senhores da Comunicação. 

Friale avisou: O meteorologista tinha alertado o governo sobre a chuva no desfile de 7 de Setembro. Não ouviram e deu no que deu: entrou água.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Mulheraço 65



O PT reuniu a mulherada ontem na avenida. Não para expor peitos e bumbuns, mas para soltarem seu grito de liberdade e igualdade. Os petistas enalteceram o evento para destacar a importância das mulheres na política. Com uma mulher na presidência da República, nada melhor para a candidatura masculina de Marcus Alexandre ganhar o voto delas.

Ver o PT falar em participação feminina na vida política acreana é mais uma falácia. O partido não permitiu que uma mulher fosse a candidata da Frente Popular para disputar a Prefeitura de Rio Branco. De forma deselegante e traidora, passaram a perna em Perpétua Almeida, do PC do B, e a impediram de ser a prefeita da cidade em detrimento do nome apoiado pela clero petista.

No PT o que vale é a política da calça jeans. As mulheres não têm vez. Perpétua Almeida não foi a única a levar rasteira dentro do grupo. As próprias companheiras do partido foram colocadas de escanteio. Vide o caso de Naluh Gouveia, Marina Silva e Francisca Marinheiro.

A ex-deputada Naluh Gouveia ganhou como consolo o cargo de conselheira do Tribunal de Contas do Estado. Seu sonho é ser prefeita de Rio Branco. Marina Silva nós já conhecemos. Foi quase que expulsa do Acre. Francisca Marinheiro está na geladeira.

O PT é o partido do “faça o que eu digo, esqueça o que eu faço”.

Paga, eleitoreira e ruim

Passados mais de 20 dias da propaganda eleitoral obrigatória, a leitura que se pode fazer da disputa em Rio Branco é: nada é tão ruim que não possa piorar. Sobra baixaria, farpas e desrespeito ao eleitor. Faltam propostas e o mínimo de respeito à inteligência do cidadão –neste ano a coisa está tão preta que nem promessas existem mais. A regra é a do pescoço para baixo é canela.

Engana-se quem acha que tudo isso sai de graça para o contribuinte. É caro, e muito caro. São milhões de reais que o governo deixa de arrecadar das emissoras como forma de “incentivo” para jogarem este péssimo produto em nossas casas. Os principais candidatos a prefeito de Rio Branco se esqueceram que estão tratando do futuro de uma das cidades mais problemáticas em infraestrutura e de inclusão social e econômica do país.

Trocaram o campo das proposições para o da baixaria. Analisemos a questão. De um lado Tião Bocalom (PSDB) está desde o início com o foco em ataques ao PT. Esqueceu que a eleição é municipal e mira no clã Viana. Parece que Raimundo Angelim não existe neste jogo todo. É incompreensível esta estratégia para um candidato que saiu na frente.

O que interessa ao concorrente detentor de até 20% de vantagem atacar e atacar quem vinha logo atrás? Num jogo perigoso coloca a religião dentro de um espaço que deve ser laico. Os aiatolás tucanos vão à tela da TV fazer disparos contra casamento gay e aborto. O que tem a ver isso com uma disputa de prefeitura? Ao invés de apresentar propostas para o eleitor o PSDB da Floresta fica num jogo medíocre para ver qual dos candidatos vai para o céu ou o inferno.

Os tucanos da Floresta mostram tanto amadorismo com esta postura que se confrontam com bandeiras “modernas” do partido. Sua principal estrela, o ex-presidente FHC, é defensor da liberação da maconha. Até hoje o eleitor de Bocalom não viu uma proposta detalhada de como seus projetos serão executados.

Apresentado como o novo, mas representando o velho grupo político que está há 13 anos no poder, Marcus Alexandre começou bem. Vestindo o amarelinho tenta desvencilhar-se do Vianismo. Carrega nas costas processos e investigações herdadas de companheiros que passaram pela administração do Deracre. Não é o novo, representa o velho.

Sua campanha perdeu o rumo. Fica atacando Tião Bocalom e se esquece de apresentar melhor seu plano de governo elaborado com a ajuda de 2.000 felizes pessoas. A campanha vai com os pés no chão do Ruas do Povo esburacado e já na lama. Não representa o novo, mas a continuidade. Sabemos que ele pode até ter as melhores atribuições, mas chegando ao poder terá seu trabalho controlado pelos chefes do PT.

Fernando Melo (PMDB) até agora não disse para quê veio. Fala num tal cuidar do que tá bom e arrumar o que tá mal feito. Para quem saiu do PT ontem fica até ruim fazer críticas duras aos ex-companheiros; deixa com o Calixto.   

A campanha está ruim. O eleitor está perdendo todas. Que venha logo sete de outubro e o povo exerça sua soberania na urna. Que essa baixaria acabe de uma vez por todas e voltemos a assistir à novela no horário nobre, que fica tão pobre com nossos candidatos.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Não pise no meu calo

Os petistas acreanos estão em festa com a indicação de Anibal Diniz para a vice-presidência do Senado. Ele que assumiu a cadeira na mais importante Casa legislativa sem receber um único voto ficará lado a lado com José Sarney (PMDB-AP). Anibal precisa ter cuidado.

O último acreano que ocupou a cadeira de vice-presidente – o titular de sua vaga Tião Viana (PT) – tentou comprar briga com a velha raposa Sarney; se deu mal. Sarney logo, logo mandou soltar na imprensa alguns incômodos para o hoje governador do Acre. A principal delas, o empréstimo de um telefone do Senado à filha de Tião para um passeio pelo México.

Fica o recado ao jornalista Anibal Diniz: não vai se meter com essa gente graúda da política de Brasília. Meus desejos de boa sorte no cargo e que honre o nome de nosso Estado. 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O melhor lugar pra se viver!

A imagem acima circula pelas redes sociais. Considero-a uma verdadeira afronta, um absurdo. Em tempos de falar em juventude, em o novo, a frase não combina. Vejamos: O novo prefeito de Rio Branco vai ser o novo. É jovem, tem disposição para trabalhar e transformar Rio Branco no Jardim do Éden.

Saiu do interior de São Paulo e veio melhorar suas condições de vida por aqui –e como melhorou, enquanto a maioria dos jovens...

O novo do novo veio para o Acre, nunca tinha pisado num avião –muito menos no Acre. Não sabia o que era a taxa de excesso das companhias aéreas. Determinado, não largou seus livros. Aqui arrumou um bom emprego nas tetas do Estado, vai virar prefeito e fingir que fará algo.

Como pode o Acre ser o pior lugar para a juventude viver? Essa oposição tem cada uma! 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Chuta que é macumba


Estamos a menos de 30 dias das eleições para prefeito de Rio Branco. Apesar do tempo tão curto, o que prevalece na cabeça do eleitor é muita confusão. Até hoje não temos uma pesquisa de intenção de voto confiável. Ninguém sabe na verdade como está a disputa. Ao que tudo indica Tião Bocalom (PSDB) continua na frente. Fosse o candidato petista Marcus Alexandre (PT) na dianteira o cenário seria bem outro.

Todos os dias seriam manchetes e mais manchetes nos jornais progoverno. Nós que acompanhamos a cobertura política estamos às cegas. Os números que nos passam de ambos os lados são inconfiáveis. Toda vez que somos questionados pelas pessoas nas ruas não sabemos o que dizer. O que ouvimos é o lógico: ninguém engoliu a pesquisa Ibope.

Quem está na frente? Não sabemos. Qual a vantagem do primeiro para o segundo? É desconhecida. É lamentável a que ponto chegou a democracia acreana, presa aos interesses de um governo que se comporta de forma antidemocrática. O medo de desagradar ao dono do cofre impede os veículos de comunicação de exercer seu pleno dever de informar com liberdade.

Quem mais perde não é o jornalista, mas o cidadão que fica desamparado. A oposição, por seu lado, se mostra incompetente e amadora num jogo em que se exige muito profissionalismo. Se levarem esta eleição vai ser muito mais por vontade do povo do que por competência ou merecimento. Bocalom pode fazer o gol ou jogar no rumo da arquibancada.

Bocalom, como na foto acima, pode estar na boca do gol. Cabe a ele colocar a bola no fundo da rede ou mandá-la para um passeio no espaço sideral. Será o pé dele como o de Romário ou de Roberto Baggio no final da Copa de 1994? 




Foto de Gabriel de Angelis

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Brava gente brasileira

Terra sem homem para homens sem terra. Este foi o clichê usado pelo militares para justificar a ocupação predatória da Amazônia nas décadas de 1970 e 1980. Passadas algumas décadas, a frase que melhor definiria a situação fundiária na Amazônia é: Poucos com muitas terras e muitos sem um pedaço de terra. A política dos militares alimentada pelos governos civis fomentou uma política devastadora, permitindo a superconcentração de terras nas mãos de um pequeno grupo.

A foto acima é de um acampamento montado numa fazenda às margens da BR-364, em Acrelândia. Famílias marcam seus territórios com o uso de barracas construídas com lonas –cenas já enraizadas no nosso imaginário quando o assunto é invasão de terra. A área era um antigo seringal, o que formava todo o antigo território acreano. Os seringueiros foram expulsos, a floresta deu lugar ao pasto e a riqueza ficou nas mãos dos “paulistas”.

O cenário é o mesmo ao longo de toda a BR-364 e 317. Extensas fazendas de perder de vista usadas somente para colocar boi, enquanto importamos até o tomate para comer. A política fundiária do Acre foi (e é) um desastre, sempre com a omissão do Estado –tanto o local quanto o federal. São milhares de hectares com uma só pessoa, enquanto muitos precisam viver em condições subumanas nas invasões.

Será que enfim a CUT do PT abriu os olhos e decidiu agir? Será esta uma manobra apoiada pelo governo para depois chegar às terras do candidato Tião Bocalom (PSDB) e fazer uso político da questão fundiária? Torço para que não, e que enfim um amplo debate possa ser realizado em torno deste nó na garganta do Acre.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A navalha do cartão

Se você precisar fazer uma compra pela internet, nunca compre com o cartão Submarino, da operadora Cetelem. Os juros cobrados são uma verdadeira afronta ao bolso do trabalhador brasileiro, um assalto, um caso de polícia.

Os encargos –esta palavra bonitinha para justificarem o roubo – deixam você numa bola de neve, como eu estou agora. E aqui estou fazendo esta denúncia e alerta para você não cair nessa armadilha. Em dois meses seguidos já paguei R$ 800 e mesmo assim a cada mês a fatura não para de aumentar. Agora está em R$ 1.292.14. Eu posso pagar amanhã mais R$ 400 e em outubro a fatura virá já quase em R$ 1.500.

A minha alternativa será recorrer à Justiça para solucionar este caso de polícia. Fica aqui meu alerta: nunca use os cartões Submarino, ou Aura da Cetelem, para fazer compras. Se receber alguma proposta para adquiri-los rejeite no mesmo instante.

Ainda vem a presidente Dilma Rousseff com medidas de estímulo ao consumo. Com essas quadrilhas operando o crédito no Brasil ficamos é desestimulados.

Quem avisa amigo é!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Fidelidade a quatro patas

Hoje acordei cedo, sem energia e com o barulho das sirenes do Corpo de Bombeiros. A movimentação intensa de carros na minha rua me chamou a atenção. Fui ver o que era. Tratava-se do incêndio que consumiu toda uma borracharia e depósito de pneus bem perto da minha casa. Com a máquina fotográfica em mãos fiz algumas fotografias e vídeos para a TV Gazeta.

Tive a sorte de tirar esta bela e ao mesmo tempo triste foto. O dono da antiga borracharia, o senhor Carlos Alberto, olha desolado a destruição causada pelo fogo. Na sua mente calculava o prejuízo e tentava prever como seria dali em diante sua vida

Aos seus pés o fiel vira-lata não tinha a mínima noção do que ocorria, mas lá estava à espera da atenção de seu dono, nem que fosse um cafuné ou um simples “passa pra lá vira-lata”. O retrato da fidelidade do amigo de quatro patas, que é fiel na doença e na saúde, na riqueza e na pobreza.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Às 15h em ponto

Valeu a pena esperar. Enfim, depois de quase dois anos, a presidente (a) Dilma Rousseff vai receber seus companheiros de partido do Acre. Ela que deu tantos pulos no Amazonas e alguns em Rondônia ainda não tinha se encontrado com os companheiros da floresta. Como mostra a imagem acima, não há dúvidas. Às 15h em ponto o governador Tião Viana será recebido no Palácio do Planalto.

Segundo a estatal Agência de Notícias do Acre, ele estará acompanhado dos senadores Jorge Viana e Anibal Diniz, militantes do PT. Uma certeza pode-se ter deste encontro: Dilma vai cobrar explicações quanto à qualidade da BR-364, que nem tem um ano de inauguração e já se decompõe a cada caminhão e carro que passam.

O governador, óbvio, colocará a culpa no solo e clima da região. Mas é claro que a qualidade da obra também contribui. Quem passou pela rodovia este final de semana relatou que a camada de asfalto não supera os cinco centímetros –cinco seria exagero. Dilma já sabe que a BR-364 precisa de reconstrução.

Veja o que ela disse em sua coluna Conversa com a Presidenta: “As construtoras são obrigadas por lei a entregar as obras com a qualidade especificada no contrato. Quando o trabalho é mal executado, Vanessa, as empresas são obrigadas a corrigir as falhas, como ocorreu, por exemplo, com a BR-174-RR, com a BR-101-Nordeste, e agora com a BR-364-AC, que está sendo refeita.”.

Mas vamos torcer para que nada estrague este encontro, muitas fotos sejam tiradas e o governador retorne de Brasília com a mala cheia de novidades e promessas de Dilma para o Acre, que deu vitória a José Serra (PSDB) em 2010.

Protegido contra Evo

Embaixada adapta espaço para senador

Representação do Brasil em La Paz transforma cômodo em moradia de Roger Pinto, abrigado há quase cem dias no local


FELIPE LUCHETE -Folha de S Paulo
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ


Em uma das principais avenidas da capital boliviana, o senador direitista Roger Pinto Molina, 52, vive recluso em uma sala de 20 m2, que serve de moradia e escritório. Nesta semana, o líder da oposição ao presidente Evo Morales no Senado completa cem dias de refúgio na embaixada brasileira em La Paz.

Sua chegada, em 28 de maio, surpreendeu o governo brasileiro. Acompanhado de duas senadoras e um deputado, Pinto pediu, naquela segunda-feira, uma reunião de última hora com o embaixador Marcel Biato. No encontro, ele entregou a solicitação de asilo político a Biato e uma carta endereçada à presidente Dilma Rousseff. Pinto alega ser alvo de perseguição política desde que denunciou o envolvimento de autoridades bolivianas com o narcotráfico.

O Brasil confirmou o asilo 11 dias depois, mas a Bolívia desde então nega o salvo-conduto para que ele possa deixar a embaixada e embarcar rumo ao Brasil.

ROTINA

Enquanto dura o impasse, Pinto vive em um espaço adaptado para ele no primeiro andar da embaixada, nos fundos, longe da movimentação de funcionários. Para chegar à sala, é preciso atravessar uma porta fechada a senha, identificar-se com fuzileiros navais e percorrer um corredor.

A embaixada não autorizou a entrada da Folha na sala, sob a justificativa de que isso prejudicaria a situação do senador. Até meados de agosto, Pinto ocupava dois cômodos separados, na parte da frente da embaixada, com vista para a avenida Arce, no centro de La Paz. Teve de ser transferido quando chegaram novos funcionários.

Ele recebe visitas de amigos e de uma filha todos os dias. Tem televisão, notebook, tablet, cama, frigobar e se exercita em uma bicicleta ergométrica, no corredor. Evangélico, lê a Bíblia e os livros "Guia Politicamente Incorreto da América Latina" e "El Sueño del Libertador", sobre o ativista peruano Raúl Haya de la Torre, que ficou cinco anos na embaixada da Colômbia (1949-54) em Lima.

Também conversa pela internet com a mulher, uma filha, dois netos e a sogra, que se mudaram para o Acre. Eles deixaram Cobija, cidade do departamento (Estado) de Pando, logo depois de Pinto ir para a embaixada. Pessoas próximas dizem que os parentes sofreram ameaças e temeram ser usados como moeda de troca para a saída do senador da embaixada.

A filha mais nova, que vive em La Paz, disse que o pai já recebeu mensagens ameaçadoras descrevendo onde e com quem ela está. Denise Pinto, 22, estudante de direito, vai e volta levando roupas e comida. A embaixada fornece as refeições, mas o senador, diz a filha, "adora" que ela leve "churrasco e farofa com bacon".

Denise diz que as acusações contra o pai são invenção do governo. Há processos por suspeita de desacato a autoridades, derrubada de uma árvore e assassinato -segundo a filha, a acusação não diz quem é o morto. Ao menos três processos por desacato são consequência de denúncias do senador sobre o tráfico de drogas, diz o deputado federal Adrián Oliva, do mesmo partido.

Oliva diz que o presidente recebeu em 2010 documentos relatando supostos crimes envolvendo a cúpula do governo, mas só anunciou que iria investigá-los após o refúgio de Pinto ganhar destaque internacionalmente.
Para o deputado federal Luis Felipe Dorado, chefe da bancada da Convergência Nacional, o governo tem um discurso contraditório: embora não libere o salvo-conduto a Pinto, anunciou apoio ao Equador, que concedeu asilo político a Julian Assange.

O fundador do WikiLeaks está desde junho na embaixada do país em Londres.

NEGATIVA


A Bolívia justifica a negativa ao salvo-conduto dizendo que o senador da Convergência Nacional (cuja bancada tem 47 das 167 cadeiras do Congresso) responde a mais de 20 processos judiciais.

A concessão de asilo foi criticada pelo próprio Evo Morales. Em julho passado, causaram mal-estar no Itamaraty declarações da ministra das Comunicações boliviana, Amanda Dávila, que acusou o embaixador brasileiro de fazer pressões pró-libertação.

A situação está empacada. A embaixada avalia que resta apenas aguardar um recuo do governo boliviano. Políticos da oposição ouvidos pela reportagem apostam que isso ocorrerá com ajuda de pressão internacional.

Dorado cobra posição mais firme do Brasil.
"O país tem que fazer respeitar sua soberania."
A Folha tentou ouvir o governo boliviano, mas não teve resposta aos pedidos de entrevista.

sábado, 1 de setembro de 2012

Dilma faz beicinho para Jorge

O cabo de guerra do Código Florestal não coloca em lados opostos somente ambientalistas e ruralistas. Na semana que passou a votação da medida provisória enviada pelo governo ao Congresso para recompensar o estrago feito pela bancada ruralista na Câmara criou um mal-estar na própria base governista. Enquanto a assessoria do senador Jorge Viana (PT) o colocava na imprensa local como o herói da votação na comissão mista, em Brasília Dilma Rousseff soltava fumaça.

Apontado como o grande alfaiate da costura política que possibilitou a alteração da MP, Jorge Viana e seu colega Luiz Henrique (PMDB-SC) receberam a reprovação do Planalto. O descontentamento do governo foi flagrado nos bilhetes da presidente Dilma para suas ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente).

Em resumo a presidente queria saber: Que negócio é esse de fazerem acordo sem o meu conhecimento? As ministras tentaram encontrar alguma desculpa para não levarem mais broncas da chefe. Não adiantou e Dilma determinou: a MP deve ser votada no Senado da forma como o governo enviou.

Logo depois a ministra do Meio Ambiente considerou o acordo costurado por Jorge Viana um “retrocesso”. Já Jorge Viana, para justificar, afirmou que a votação na comissão foi o “acordo possível”. Mostrando não ter gostado da bronca de Dilma, ele escreveu no Twitter:

“Nem tudo o que se vota no Congresso é por ordem ou acordo do governo. Votação da Medida Provisória é prerrogativa do Congresso. Evitou-se um desastre.”.

A briga é por conta da “escadinha”, como o governo passou a chamar os limites de recuperação das margens de rios nas propriedades rurais. Dilma quer que a recuperação ocorra conforme o tamanho de cada terra: o pequeno recupera menos, o médio um pouco e o grande mais.

O texto original previa a recuperação de 20 metros de cada margem em propriedade de 4 a 10 módulos fiscais com rios de até 10 metros. Em imóveis com mais de 10 módulos a área recuperada deveria ser de 30 metros. Com o acordo firmado por Jorge e Luiz Henrique, propriedades de 4 a 15 módulos precisam recuperar, no mínimo, 15 metros. Ou seja, acabou-se com a diferenciação entre pequenos e grandes produtores rurais. ão entre pequenos e grandes produtores rurais.