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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Os dois lados da pensão

O tema da pensão paga aos ex-governadores em todo o país voltou à tona neste último final de semana em reportagem de “O Globo”. Segundo o jornal, 104 políticos recebem pensões vitalícias por terem exercido a função de governador em seus redutos. O fato de, em algumas vezes, ficar tão somente quatro anos no poder lhes garantiu tal benefício num país cuja desigualdade econômica é seu cartão de apresentação.

Entre estas figuras estão, óbvio, o hoje senador e ex-governador Jorge Viana (PT). O vianismo representa bem a excrecência que é o pagamento de pensão para ex-governadores. Eles que antes de chegar ao Palácio Rio Branco vociferavam contra o pagamento foram os primeiros a retomá-lo no apagar das luzes do primeiro mandato de Jorge Viana, entre 1998 e 2002.

Numa manobra espúria e contando com a maioria dos deputados aliados –mais alguns “oposicionistas” – o então governador garantiu sua sobrevivência merecida fora do poder por, segundo ele, ter arriscado a vida no combate ao crime organizado. Já em 2014, seu irmão Tião Viana (PT) também fez uso de sua fidelíssima base na Assembleia Legislativa para engavetar proposta que acabava com a pensão.

Mesmo com a simpatia da sociedade, o projeto não foi suficiente para render ao seu autor, Gilberto Diniz (PTdoB), a reeleição. Aliás, a oposição sofre de constrangimento agudo ao tratar deste tema. Na campanha de Márcio Bittar (PSDB) a pensão não foi tocada em nenhum dos programas eleitorais, tampouco citado nos debates.

O motivo é o fato de um dos principais aliados do tucano ser agraciado com este presentão. Se no governo Jorge acumula a pensão mais o salário de senador, na oposição o mesmo se repete com Flaviano Melo (PMDB). (Pensão + deputado federal). Além do mais, outro importante aliado de Bittar fez parte do conluio que ajudou Jorge a retomar o pagamento às custas do pobre trabalhador acreano.

Márcio Bittar teria tudo para tirar proveito deste tema, tão repugnado pelo eleitor. Enquanto deputado estadual na década de 1990 foi o autor da emenda que exterminava o benefício. Como deputado federal fez a mesma propositura, mas que perambula pelos corredores de um Congresso dominado por pensionistas sortudos.

Mas diante do comprometimento de aliados com esta causa, ficou de mãos atadas. Ou seja, o contribuinte acreano, que todos os anos desembolsa alguns milhões para sustentar esta imoralidade, fica sem alternativa a quem recorrer para por um fim a isso. O vianismo nem sonha em ficar sem pensão –ainda dando uma parte para o companheiro Binho Marques – e a oposição se lambuza com este doce oriundo das tetas do Estado.

Se toda moeda tem dois lados, a pensão de ex-governador no Acre idem...  

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

E lá se vai 2014...

No Brasil e no Acre 2014 era visto, no campo político, como o ano das mudanças. O povo queria modificações, pois foi para isso que multidões invadiram as ruas do país em 2013. As manifestações abalaram quem estava no poder, independente do partido vermelho ou azul. Está certo que se assegurar na belíssima estrutura de poder não foi fácil para muitos, com um custo (financeiro) bem elevado.

Os marqueteiros precisaram dar um show de pirotecnia para maquiar as velhas rugas das lideranças que se apre4sentavam como o novo ou renovado, mas que no fim representam o mais do mesmo. Porém, mesmo com todo este sentimento de mudança, nada ou quase nada se alterou no espectro político brasileiro e acreano. Como já dito, a manutenção da continuidade dos mesmos grupos em alguns casos foi sufocante.

Em outros, como São Paulo, os tucanos não tiveram dificuldades em caminhar para quase 30 anos de dominação. E olha que o Estado centralizou os movimentos populares mais intensos, com confrontos violentos entre manifestantes e as forças policiais. Geraldo Alckmin (PSDB), enfrentando a pior crise de seca no Estado, nadou de braçada na Cantareira e o PT ficou com a poeira.

No plano nacional Dilma Rousseff (PT) surfava tranquila (mais do que Gabriel Medina), trabalhando para ser reeleita no primeiro turno. Aécio Neves (PSDB) não emplacava e patinava nos 19%; o neófito Eduardo Campos (PSB) era a melhor das surpresas para o eleitor, porém sem estrutura sofria com os 10%. Um trágico desastre aéreo lhe tirou a vida em 11 de agosto. O Brasil ficou abalado, comovido. Uma jovem liderança partia no meio de sua trajetória.

Para o PT restava um velho fantasma oriundo de suas fileiras: Marina Silva (PSB). A emoção em torno da morte de Campos levou a ex-senadora acreana a liderar as pesquisas. Era o fim da reeleição de Dilma e o tiro de misericórdia em Aécio. Mas Marina começou a sofrer uma série de ataques pelo petismo e pelo tucanato. Sua imagem foi arruinada e ela não sobreviveu ao peso da máquina –não foi nem para o segundo turno.

Dilma se reelegeu numa das eleições mais acirradas desde a redemocratização. Pelo Acre, Tião Viana (PT) não teve o melhor dos anos. Seus apoiadores sopravam aos quatro cantos que daria uma surra nos adversários. Falavam numa tal 90% de aprovação popular, que não resultava em transferência de votos.

A oposição, bem a oposição...

Continuava em seu tradicional confronto de egos. Tião Bocalom (DEM), patrocinado pelo senador Sérgio Petecão (PSD), deixou o PSDB por não aceitar a candidatura de Márcio Bittar (PSDB) ao governo. Seus auxiliares mais próximos plantaram em sua cabeça que o governador em 2015 seria ele. Falavam numa onda “Bocalina”, que ninguém o derrotaria.

Acreditando nisso, e numa relação azedada e de tolerância com Bittar, tomou de assalto o Democratas, foi para a disputa e ficou do tamanho que lhe é peculiar. Foi obrigado a fazer campanha para Bittar. Mesmo tendo a maior aliança de partidos de oposição, o tucano não conseguia desbancar a máquina petista.

Um dos principais pecados de sua campanha foi o marketing. A importação do marqueteiro e da cabeça pensante da campanha não falavam a linguagem do telespectador. O eleitor acreano com seu bairrismo não se identificava com ela. Havia a apresentação de propostas, programas e projetos, mas faltava o quê da definição.

Tião Viana tinha uma estrutura de governo e partidárias organizadas e muito pesadas. Sua vantagem econômica o favorecia na cooptação de lideranças da oposição insatisfeitas no ninho tucano.

Além do mais, alguns bicos tucanos falam em abandono do senador eleito Gladson Cameli (PP) na campanha de Bittar na reta final. Há o relato de pressões do vianismo sobre a família Cameli, já que o apoio da jovem liderança estava favorecendo e muito a oposição,  provocando a eminente vitória de Bittar.

Porém não se pode negar o empenho de Gladson nesta empreitada. Assumiu para si a coordenação no Juruá e nas regiões de Tarauacá e Feijó, o que não impediu a expressiva votação do petista Viana nelas. O fato é que teoricamente a oposição ganhou mais um senador. E esta posição Gladson precisará comprovar ao longo do mandato.

Ficar só correndo atrás de solucionar o problema da nossa conexão com a OI ou a Vivo, e se vangloriar de destinar emendas às prefeituras não está à altura de um mandato no Senado Federal.

O eleitor espera ter posições mais claras de Gladson, já que em 2015 a crise do “petrolão” se desenvolverá com mais intensidade. Com seu partido, o PP, envolvido até o pescoço no episódio, é de se esperar uma atuação dele em defesa da ética e no combate aos desmandos na coisa pública.

Talvez a eleição de Gladson tenha sido a que melhor representou o sentimento de mudança do cidadão, e ele precisa atender a esta expectativa. Se assim não for, ficará como mais um eleito apenas pela oposição para atender a um interesse pessoal, e depois jogar no lixo o que vendeu para o eleitor.

Está certo que sua campanha se deu em cima de frases de efeito montadas pelo marketing, onde não sabíamos se era um candidato de oposição ou situação. Mas por estar no campo oposicionista o eleitor votou nele para não dar tantas forças ao grupo no governo.

Este foi 2014 em nossa política: tudo como dantes no quartel de Arantes. O status quo tremeu mas não caiu. O governo fazendo com maestria o uso da máquina num Estado pobre e altamente dependente da economia do contracheque, e a oposição desperdiçando, outra vez mais, o elevado sentimento de mudança do eleitor, que se vê frustrado e obrigado a manter tudo isso que está aí...



sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

NOTA OFICIAL


Governador Tião Viana (PT) manifesta-se por meio de nota sobre seu possível beneficiamento no esquema do "petrolão", conforme publicado nesta sexta pelo "O Estado de São Paulo". 

Leia o documento: 

Repudio, definitivamente, a tentativa de vinculação do meu nome com qualquer atividade do senhor Paulo Roberto Costa, que não conheço, nunca recebi e tampouco procurei.

Em 12 anos de mandato no Senado Federal, trabalhei de forma determinada pela transparência nas atividades de todas as esferas e níveis do Poder Público. Apoiei, votei e fiz o combate à corrupção, inclusive nas mais rigorosas CPIs do período - a princípio como senador de oposição ao governo tucano e depois, na base do governo do PT.

No Governo do Acre, guardo a transparência, a probidade e o combate à corrupção como valores absolutos. A campanha de minha reeleição, como todas as outras que fiz, atém-se a despesas declaradas e custeadas por recursos e doações legais, todas com contas aprovadas na Justiça Eleitoral.

Médico e professor universitário, tenho padrão de vida condizente com minha condição profissional. A política me faz corresponder aos sonhos de transformação social, de cidadania e de justiça que minha geração desperta para o Acre e o Brasil.

De material, nada me acrescenta, e é assim que deve ser. Minha honra pessoal é meu maior patrimônio, e por isso tratarei na Justiça qualquer assunto que venha comprometer minha idoneidade, a exemplo do caso em questão. Todas as vezes que me atacaram, revelou-se que fui alvo de elementos vinculados à politicagem, corrupção ou extorsão. Asseguro que agora não é diferente.



Tião Viana
Governador do Estado do Acre

O “petrolão” atravessou o Madeira


Nunca antes em sua história recente o Acre se viu envolvido em tantos escândalos de corrupção na administração pública, num período de tempo tão curto. O primeiro mandato de Tião Viana caminha para se encerrar como um dos mais maculados por suposto envolvimento de seus membros em escândalos de desvio de conduta –e também de verbas.

Se antes a operação G7 não atingia a figura do governador tão diretamente –com um parente preso e ligações telefônicas suas com os indiciados – agora a população fica estarrecida ao ver o nome de seu líder reeleito no maior escândalo de roubo dentro da Petrobras, o “petrolão”.

A reportagem de “O Estado de S Paulo” revelando o até então desconhecido nome de Tião na lista de políticos beneficiados com o pagamento de propinas e a formação de caixa 2 abala as estruturas da política acreana e nacional neste último suspirar de 2014.

O caso vem à tona quando o caso G7 ainda fica mais no campo da dúvida do que da certeza. Até o momento o Ministério Público ofereceu denúncia apenas contra o sobrinho de Tião e outras pessoas acusadas de desviar recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). Já a questão de supostos desvios pelas empreiteiras do “Ruas do Povo” permanece coberta por nuvens carregadas.

Mas ambos os casos revelam a possível proximidade do governador com estas que se configuram como uma das principais beneficiárias de contratos com o poder público: as empreiteiras. E nesta relação vez ou outra surgem denúncias de corrupção.

O nome de Tião Viana constar na lista de delação premiada de Paulo Roberto Costa é gravíssimo e merece explicações ao cidadão. Já se sabe de que forma Viana teria sido beneficiado pelo esquema. Em seus 12 anos como senador ele obteve influência o suficiente para estar na mira dos operadores de troca de favores entre homens públicos de força política e uma parte do setor privado inescrupuloso.

E como revela a reportagem, baseada no depoimento do ex-diretor da Petrobras, ele aceitou participar desta troc . O petista tem tido discursos exemplares de defesa da ética e da lisura na administração estatal, arvora-se como um combatente intransigente da corrupção. Mas sua reação à G7 e o nome envolvido no “petrolão” colocam em xeque suas atitudes, entre o que sai de sua boca e as práticas.


Os acreanos precisam de declarações urgentes de seu líder maior. Afinal, fica a questão: teria este suposto benefício recebido pelo governador das empreiteiras da Lava Jato influenciado os resultados na eleição e reeleição de Tião Viana? Teria sido o processo democrático eleitoral corrompido com dinheiro desviado da Petrobras? Até que ponto a vontade do eleitor ficou descontaminada deste esquema?

O Acre já enfrenta eleições totalmente desconfiguradas do princípio da igualdade de disputa, com o governo fazendo o uso e abuso da estrutura do Estado, além de arrecadar bem mais junto ao empresariado. Já a oposição fica cortando o almoço para sobrar a janta.

Não bastassem estes fatores “naturais” agora há a denúncia de envio de dinheiro do “petrolão” para beneficiar determinadas candidaturas, ou outro uso qualquer. Não que a oposição fique imaculada, pois o PSDB, PMDB e PP também receberam doações destas mesmas empreiteiras da Lava Jato.

Como neste jogo não há santos, o importante mesmo agora é o cidadão acreano ter respostas do Palácio Rio Branco quanto ao seu suposto envolvimento com o “petrolão”. E também ao Ministério Público começar um pente-fino para saber como tal esquema teria operado em solo florestano.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Uma teocracia na floresta

Já há algum tempo venho escrevendo aqui no blog sobe a relação nada salutar entre lideranças evangélicas do Acre e a política –seja com o governo ou com a oposição. Aqui não se trata da política em seu conceito mais amplo. Como lidam diretamente com seres humanos e não seres espirituais, pastores e padres precisam dela para conciliar conflitos e evitar a dispersão do rebanho.
 
Mas a junção da religião se dá com a política eleitoreira, da troca de favores, do toma lá dá cá. Maior prova disso se deu agora na composição do segundo mandato de Tião Viana (PT). O mais absurdo dos casos foi a nomeação de um pastor para a direção do principal hospital da capital, o Pronto Socorro de Rio Branco.
 
Tal atitude se constitui um pecado não só ao princípio da eficiência na administração pública, mas uma afronta aos Céus. Afinal, qual a experiência deste cidadão em gestão hospitalar? Talvez um diploma? Ou será a razão da ciência no tratamento dos doentes será trocada por uma sessão de orações? 

Talvez este seja visto pelo governo como a solução para todos os problemas da saúde pública. Tal gesto mostra que o apoio destas lideranças religiosas não se dá de graça e nem pela Graça, por simpatia àquele político ou por gostar de seu programa partidário. 

Colocar o rebanho como cabos eleitorais de candidato A ou B tem um custo. No caso do governo Tião Viana é acomodar bem os pastores ou as suas indicações. O PT, que é um partido de “esquerda” se vê obrigado a cada dia a ceder as bandeiras liberalizantes, como casamento gay, descriminalização da maconha e aborto para não perder apoio destes homens de fé. 

Mais pior do que isso, já que o petismo há tempos se desfez de suas ideias esquerdistas mais radicais para chegar ao Planalto, é o balcão de negócios em que se transformou a estrutura do governo para acomodar pastores, bispos, missionários, diáconos que não fazem a mínima questão de fazer valer o ensinamento de seu líder maior, Jesus Cristo, que já dizia: A César o que é de Cesar, a Deus o que é de Deus. 

Para eles está valendo mesmo só se entregar a César. Afinal, o Estado é o paraíso.  

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O velho no novo

Ao olhar a lista de secretários para o segundo mandato de Tião Viana (PT) percebe-se a crueldade praticada pelo tempo –sobretudo na política. Neste campo, quanto mais o tempo passa, mais a liderança precisa se agarrar ao que há de mais velho e retrógrado para se sustentar. Já perto de completar 20 anos no poder, o petismo acreano sabe bem o que é isso. Enfrentando eleições a cada pleito mais acirradas, o partido recorre ao loteamento de cargos públicos entre os mais diversos segmentos sociais; até mesmo aliar-se ao que antes era considerado a escória da humanidade.

Alguns dos escolhidos por Tião Viana representam bem esta velha e nova prática. Não há nomes novos, somente algumas mudanças de posição. Aqueles que podem ser tidos como novidade na verdade sempre estiveram operando no mundo longe dos holofotes da opinião pública. O cidadão não poderia esperar uma reviravolta de 360 graus no primeiro escalão do governo.

Talvez o anúncio mais ilustre tenha sido de Francisco Nepomuceno, El Carioca, para a secretaria de Relações Institucionais. Ele apenas assumirá de fato o que vinha fazendo de direito. Desde 1999 ele é o responsável pela condução de todas as relações políticas do Palácio Rio Branco com os movimentos sociais e as demais instituições do Estado. Os sindicalistas mais antigos os conhecem bem.

Sempre foi o homem forte dos governos petistas e comanda com maestria o PT. Gabriel Gelpeck sair do desconhecido mundo do segundo escalão é uma recompensa por ter deixado o PSB de joelhos para o PT no primeiro e segundo turno, com a campanha da presidenciável Marina Silva (PSB) quase que ao deus-dará.  Gelpeck é um técnico competente e bem preparado para assumir uma secretaria.

Pode ser que sua nomeação seja a única que levou em conta o fator político mais competência. O resto é tudo a pura acomodação. Fico a me questionar o que um policial federal fará numa secretaria de Habitação. Tomara que pelo menos Jamyl Asfury, como bom agente da lei, contenha a sangria das denúncias de corrupção reveladas na Habitação por meio da operação G7, realizada pela....Polícia Federal.

O fiel PCdoB ficou tão pequeno quanto o seu resultado nas urnas. Se antes Edvaldo Magalhães comandava a pasta mais poderosa da gestão petista, agora terá que se contentar em fiscalizar as obras do Ruas do Povo. O último chefe do setor que tinha pretensões políticas com o programa de pavimentação acabou ficando 40 dias preso pela PF.

Edvaldo tem uma tarefa nada fácil: primeiro é combater a execução de obras de péssima qualidade, e segurar o ímpeto de empreiteiros por contratos e mais contratos –cujas obras feitas se vão com as primeiras chuvas. Eleitoralmente o comunista pode sair fortalecido pelos impactos destes investimentos em saneamento e asfalto, mas precisará de toda ferocidade stalinista para enfrentar velhos vícios no Depasa.

A missão do primeiro escalão do ”novo” governo de Tião é não repetir os erros do anterior. Muitos secretários se achavam mais importantes do que o próprio governador. Mostrar serviço para o cidadão e não só o chefe é o maior dos desafios. S assim tivessem agido o time velho, Tião não teria uma reeleição tão apertadíssima.

Outro desejo é que o próprio governador não patrocine a maléfica ideia de que seus secretários usem toda a estrutura de suas pastas para assegurarem vitórias nas urnas em 2018. Nos 12 anos de governo Jorge Viana e Binho Marques esta sempre foi uma prática rejeitada. Misturar a administração pública com interesses eleitoreiros não é a melhor das gestões republicanas, há sempre o abuso de poder.

A prova? Dos três secretários de Tião Viana candidatos em 2014, dois se elegeram. O terceiro por muito pouco também conseguia uma cadeira no Parlamento. Que a partir de agora as secretarias sejam geridas não com vistas às eleições de 2018, porém objetivando sempre a busca de resultados por serviços públicos de excelência para quem de fato é o patrão: o contribuinte.
 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Limpeza à jato

O Acre não tem petróleo, apesar de Tião Viana (PT) ter leiloado uma bacia no Vale do Juruá para ser explorada após o próximo Big Bang. Não temos mar nem plataformas de exploração a retirar o ouro negro a milhares de metros de profundidade de nosso oceano verde. Mas mesmo longe do fantástico e corrupto mundo da indústria petrolífera, nossa ilha amazônica não ficou incólume aos efeitos do petrolão, esquema de desvio de dinheiro público dos cofres da Petrobras para beneficiar políticos do PT, PMDB, PP, PSDB e lá se vão tantos pês.

Nada mais normal do que o silêncio ensurdecedor das principais lideranças nacionais tucanas na repercussão da operação Lava Jato. Por mais que o governo Dilma e seu partido estejam comprometidos até o pescoço, a oposição está de mãos atadas e não pode tirar nenhum proveito político da situação, nem mesmo o início de um Fora Dilma.

A razão para isso é simples: as empreiteiras acusadas de integrar o esquema são as principais financiadoras das campanhas eleitorais desde que o Brasil é Brasil. E colocam dinheiro em todos os partidos, seja governo ou oposição. Investir na base aliada é a garantia de manutenção de seus negócios; na oposição, também.

É a chamada divida de gratidão. Como nossas campanhas milionárias não se fazem sem muito dinheiro, é natural que ele saia de algum lugar. E como se vê todos os dias no noticiário, o “petrolão” era o caminho da fartura. Esta dinheirama abastecia não só os comitês nacionais, mas também os Estados.

Com PT e PSDB sendo beneficiados e os dois protagonizando as disputas no Brasil e no Acre, era natural que estas doações por aqui desembarcassem. As notícias mais recentes, conforme as prestações de contas junto ao TSE, apontam as campanhas de Tião Viana (PT) e Márcio Bittar (PSDB) sendo financiadas pelas empresas da Lava Jato.

Nem mesmo Tião Bocalom com seu Democratas escapou. Como se vê, a indústria da corrupção não escolhe raça, cor ou ideologia partidária; vai da esquerda à direita, até ao centro. O caso colocou todos os políticos numa saia-justa, sem a condição de um apontar o dedo na cara do outro. Além disso, o país passou a conhecer como funciona o verdadeiro submundo do financiamento eleitoral.

E a péssima notícia é a de que tudo ficará como está, sem nenhuma alteração. A reforma política será tema de farpas da próxima eleição, com as empreiteiras jorrando dinheiro nos caixas partidários. Enquanto houver petróleo sendo retirado das profundezas do litoral brasileiro –e até da insustentável Amazônia – haverá a corrupção em nosso sistema político. 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A eleição passou, a oposição tomou Doril

Como todo encerrar de eleições, a derrota ou a vitória nas urnas leva a oposição no Acre a desaparecer do mapa político. A dor de cotovelo é tão grande que nem tempo para um diálogo mais amplo com o eleitor fica impossível. Mesmo com toda esta falta de habilidade, o eleitor tem sido generoso com a oposição e arisco com o petismo. Mas o descompromisso das lideranças oposicionistas, que só pensam em fazer política em época eleitoral, leva o PT a se manter no poder, mesmo que a duras penas.

O partido dos irmãos Viana sabe fazer política com maestria todo dia e o dia todo. Sua atuação não se dá só em período de busca pelo voto. No sábado (13) realizará plenária para avaliar as eleições deste ano. Alguém viu algo parecido por parte do PSDB? O petismo tem a preocupação na formação política de seus filiados. Seus militantes (nem todos) não são amadores em discussão do tema, sabem o mínimo da ciência política.

O PMDB tem a fundação Ulysses Guimarães, o PSDB a fundação Teotônio Vilela. Ambas levam os nomes de duas figuras importantes de nossa política, mas no Acre estas fundações de nada servem. Os partidos oposicionistas são muito mais espaços para picuinhas pessoais do que reservado para o debate macropolítico acreano. A oposição parte mais para a politicagem do que a política na sua definição mais ampla.

O PSDB é o principal partido de oposição, mas não se vê uma atitude tucana de discussão ou formação para qualificar seu quadro. Isso leva seus filiados a terem mais uma militância por conveniência, ou só pelo antipetismo, do que por um pragmatismo socialdemocrata. Para alguns, esta identificação pode parecer bobagem (se para líderes da oposição plano de governo é besteira), mas é esta a diferença que leva o petista a entrar em guerra pela estrelinha vermelha –mesmo que a maioria esteja só defendendo seus cargos.

A oposição não pode ficar neste erro histórico. Os partidos precisam assumir seu papel social de chamar a sociedade para a reflexão e participação política. Os diretórios tucanos, peemedebistas ou pepesistas precisam se transformar em escolas de formação de cidadãos crítico, debater de forma periódica os problemas do Acre e apontar soluções.

Formar um exército qualificado para o embate. Dar as caras só em ano de eleição e ficar em tiroteio de egos para saber quem será quem na urna deixará a oposição em seu eterno descrédito, e o petismo reinando no Acre pelos próximos 20, 40, 60....anos.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O eterno caos aéreo acreano

A medida sugerida pelo senador Jorge Viana (PT) para que novas empresas aéreas ofereçam voos para o Acre é um alento em meio ao eterno caos aéreo a que os acreanos estão submetidos 365 dias. Nossos problemas vão desde a falta de um aeroporto de vergonha na capital, até as tarifas estratosféricas cobradas pelas companhias. Quando não é a pista fechada para operações, os preços das passagens deixam o trabalhador sem nunca desfrutar de um céu de brigadeiro.

Muito mais do que cobrar novos voos para o Acre –o que é essencial já que a concorrência beneficia o consumidor – o senador e toda a bancada federal precisam estar atentos a outros problemas. De nada adianta ofertar opções, colocar mais passageiros no aeroporto, se o mesmo não oferece a mínima garantia de bem-estar e segurança.

(Confesso a vocês: tenho mais receio de pousar num Airbus na pista de Rio Branco do que num bimotor em Santa Rosa do Purus).

Os balcões de check-in são escassos, o que forma uma fila gigantesca e a perda de tempo. A pista nem se fala. Pousar em Rio Branco é a mesma sensação de desembarcar na Lua tantas as irregularidades de um asfalto ruim. Como jornalista produzi reportagens mostrando que o solo daquela região é impróprio para suportar uma pista de pouso e decolagem, mas mesmo assim a obra foi feita lá.

Quem já esteve na boa Cruzeiro do Sul vê a clara diferença. A pista é um tapete. O terminal de passageiros humilha o da capital. Um aeroporto que não deixa a desejar em nada. Já por aqui passageiros de três diferentes voos precisam dividir o mesmo “portão” de embarque.

Na hora de apanhar as bagagens é outro sufoco num empurra-empurra e cotoveladas. Fora os funcionários da Gol que fazem questão de checar se você não está levando a mala de outro.

O aeroporto vez ou outra passa por reformas e ninguém vê melhorias. Alguns milhões já foram gastos, porém nada de concreto. O mais correto seria a sua completa demolição e a construção de um novo, à altura de uma capital de Estado. Muito mais do que um luxo, o transporte aéreo para um Estado distante como o Acre é questão de sobrevivência. E nossos representantes eleitos pelo voto estarem alertas a isso é uma obrigação.

Eles precisam combater os pontos mais grotescos: o descaso do governo federal com nossa infraestrutura aeroportuária (capital e cidades isoladas), e o assalto realizado pelas empresas do setor na hora de vender os bilhetes. Combater estes problemas levará o morador do Acre a quem sabe, um dia, a sair da sua eterna ilha do isolamento .

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

As águas que não se foram

Os acreanos, coitados, nem bem saíram do pesadelo da grande cheia do rio Madeira no primeiro trimestre do ano e já se veem às voltas de uma nova crise de desabastecimento. Mesmo com todas as mais brilhantes mentes científicas a serviço do governo dizendo que um transbordamento igual ao último só daqui a 100 anos, o fato é que as águas estão a poucos metros de, novamente, invadir a BR-364, deixando o Acre isolado do restante do país.

Uma nova crise é eminente. Precavidos, os empresários já preparam o estoque de alimentos para não sofrerem prejuízos –sendo que muitos ainda pagam a conta de março. A continuar neste ritmo, até as famílias vão se precaver, preparando-se para mais uma vez passar a madrugada em postos de gasolina, e pagando numa botija de gás preço de ouro.

Não sou um expertise no assunto, mas a impressão que fica é a de que as usinas do Madeira têm sim influência neste novo comportamento do rio. Quem mora em Porto Velho diz que, na verdade, as águas da cheia nem vazão tiveram, o que explica o elevado nível em que se encontra para o mês de dezembro. O pior é que as chuvas na Amazônia ocidental estão só no começo.

Como o rio não voltou ao seu leito normal, com grandes regiões ainda inundadas, a tendência é a expansão deste volume para outras áreas, incluindo a BR-364, única via de ligação do Acre com o Brasil. Pode ser que o inverno amazônico deste início de 2015 não seja tão rigoroso quanto o passado.

Pelo menos aqui no Acre temos presenciado um inverno seco e muito quente –ao menos no meu bairro. O maior susto foi do rio Tarauacá, mas logo voltou a adormecer. Os movimentos da natureza são imprevisíveis, apesar de alguns dizerem o contrário. E nós precisamos nos adaptar às mudanças e suas  consequências.

Uma das medidas seria elevar o nível da rodovia que ficou submerso. Passado quase um ano nem mesmo a recuperação do asfalto foi tida como prioridade, ficando meses e meses na terra batida. A construção da ponte sobre o Madeira na região do Abnã terá que levar em conta estes fenômenos, ou caso contrário ficará inutilizada nas cheias.

O governo Dilma precisa recompensar Acre e Rondônia pelos impactos causados por hidrelétricas feitas para suprir a demanda energética do Sul maravilha, enquanto os amazônidas se veem submersos por um rio transfigurado pela engenharia humana. O que não pode novamente é o centro da capital de um Estado ficar alagado, nem outro Estado faltando os alimentos mais básicos na mesa das famílias.

O território brasileiro há séculos deixou de ser somente uma faixa litorânea definida pelo Tratado de Tordesilhas. Pensar a nação em todo o conjunto de sua múltipla diversidade é o dever de qualquer governante a ocupar o Palácio do Planalto.    

sábado, 6 de dezembro de 2014

As diferenças no chão

A recuperação da BR-364 entre Rio Branco e Sena Madureira, mais o trecho urbano da rodovia que compreende a chamada Via Verde, explicitou aos moradores da capital e interior as diferenças de obras executadas pelo governo do Acre e pelo governo federal, isso sendo ambos do mesmo partido.

Elogios não faltam à nova rodovia. O asfalto é um tapete, garantindo conforto e segurança para motoristas e passageiros. Aqueles que estavam acostumados só a desviar os carros dos buracos a cada metro nas ruas da cidade, aproveitam o tapete para explorar a potência do motor de seus possantes –o problema é quando há um radar da PRF.

Esta obra foi toda executada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte Terrestre (DNIT) – o nome é grande que falta até ar na última palavra. Ela se constituiu em tirar todo o protótipo de asfalto usado pelo governo estadual nestes últimos anos e colocar  uma camada nova, livre de impurezas.

Não houve tapa-buraco ou recapeamento. Houve a retirada concreta do material antigo e de péssima qualidade. A qualidade da nova BR salta aos olhos. Quem costuma trafegar por este trecho se lembra bem como era antes. Os mais de 170 km até Sena Madureira, então, nem se falam.

Trafegar pela Via Verde ou nos trechos entre a Ufac e o aeroporto dá ao motorista o sonho de que todas as ruas da cidade deveriam ter o mesmo respeito para com o contribuinte. Basta sair da rodovia para o condutor se deparar com a primeira cratera, esbravejando palavrões contra tudo e todos.

O fato político desta obra é a evidente diferença de quando o serviço público é executado com responsabilidade. Como órgão federal, o DNIT preza por cada centavo aplicado, pois terá  rígidos órgãos de controle em seu calcanhar caso algo saia fora do estabelecido em contrato. Por isso cobra das empreiteiras o que lhes é de dever: aplicar corretamente a verba do Erário.

Como no Acre vivemos numa bagunça institucional, com os Poderes desfigurados e com quem deveria fiscalizar e denúncia indiferente a tudo, a prática do zelo não é levada a sério.

Em Rio Branco temos ruas de péssima qualidade. O asfalto mais parece farinha, que se decompõe a cada sereno. Muitas destas crateras colocam em risco a segurança não somente de quem tem veículos, mas de toda a comunidade. Sem perceber, ao desviar de um buraco, o condutor pode atingir do ciclista ao pedestre.

Fica a pergunta: Por que governos do mesmo partido oferecem serviços tão distintos? Por que Dilma faz um asfalto de qualidade e Tião Viana e Marcus Alexandre, juntos, não conseguem manter uma via num remoto bairro da cidade em boas condições de trafegabilidade?. Há algum erro aí. Estão economizando dinheiro ou ele está seguindo outro rumo?

As respostas para estas perguntas deixo para o leitor enquanto estiver dirigindo seu veículo –mas cuidado com o buraco à frente.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Que venha a zona azul

Enfim a zona azul de Rio Branco saiu do papel. Como jornalista, desde a gestão Raimundo Angelim (2005-20112) cobrava a implementação deste mecanismo de rodízio de estacionamento na capital acreana. A medida, lógico, numa cidade onde o motorista prefere estacionar num local proibido e ser multado a pagar R$ 3 num estacionamento privado causaria muita antipatia.

Por conta disso a prefeitura vinha adiando a cada eleição que se aproximava a zona azul. Alegava embates judiciais entre as empresas do setor para o retardamento. Mas nos bastidores o que prevalecia mesmo era a questão eleitoral. Prestes a já entrar em operação, o sistema é alvo de muitas críticas e, segundo notícias, até de vandalismo.

O poder municipal não pode se intimidar com estas atitudes. Populismo é uma das marcas da gestão Marcos Alexandre (PT), mas encarar a problemática do trânsito de Rio Branco requer abrir mão de qualquer fisiologismo eleitoreiro. A zona azul é essencial para acabar com a farra da privatização dos espaços públicos da região central.

Muitos condutores, sobretudo os que trabalham no entorno, “compram” suas vagas nas ruas e lá deixam os veículos o dia todo. O cidadão que necessita resolver uma simples questão nos órgãos, bancos ou fazer compras não encontra nunca um lugar desocupado, pois o que deveria ser público foi tornado propriedade exclusiva.

A zona azul não é um bicho de sete cabeças, é adotada em qualquer cidade do mundo onde haja o mínimo de preocupação em assegurar o direito para todos. A prefeitura se encontrará com um desafio, pois o mecanismo obrigará (pela dor do bolso) os condutores a deixar seus carros em casa, e usar os ônibus para trabalhar.

Neste caso já houve um golpe no aumento absurdo da tarifa, que, como disse em artigo abaixo, era necessário para as empresas recomporem os prejuízos da passagem a R$ 1 para estudantes. O município agora precisará ofertar um serviço de transporte público de eficácia, já que a tendência é o aumento de passageiros, obrigados a deixar o carro na garagem.

A zona azul é uma medida necessária para uma cidade entupida de veículos. Espaço público é do público, e não individual. É necessário assegurar direitos iguais para todos. Quem não gostar da medida, que procure uma carona nestas espaçonaves que estão pousando em vários cometas, e viva bem longe do dito mundo civilizado. Danificar o patrimônio é que não é civilização.  

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Um belo conto de Natal

Era uma vez uma cidadezinha no meio da floresta. Lá o povo gostava muito de vermelho. Era vermelho pra lá, vermelho pra cá. Neste reino encantado da florestania havia dois irmãos, que pintavam e bordavam na distribuição de presentes no Natal. Eles reinaram por longos e longos anos, até que um dia o povo estava ficando cansado. Percebendo a rebeldia e a ingratidão da pequena comunidade, os irmãos decidiram fazer o sucessor, ,as que não colocasse tanto em risco a alegria e a felicidade do reinado.

Este novo papai-noel tinha que vir de cara nova, ser um jovem, e com roupa nova, pois o vermelho já não satisfazia a gentalha –quer dizer, os cidadãos. O novo e bom jovenzinho chegou com seu trenó do vilarejo de Ribeirão Preto, a milhas e milhas de distância, na terra da Tucanolândia. A cada eleição ele se vestia de amarelo para iludir os súditos, mas depois se revestia do vermelho.

Tucanolândia era uma terra do mal, onde os moradores do reinado da floresta jamais poderiam conhecer. Tucanos malvados voavam dia e noite para tirar as moedas do povo; até a água lhes foi tirada –quanta maldade.

Certo dia o novo e velho bom papai-noel trouxe um belíssimo presente de grego para seus súditos: o aumento da passagem das carruagens sucateadas que eles usavam para trabalhar nas repartições públicas do império. Foi a partir daí que o povo passou a ver quem de fato era este ilustre papai-noel.

Mundo real 
Contos de fada à parte, esta é a realidade dos rio-branquenses neste final de ano. Até o fim do segundo turno todos foram bonzinhos, depois o lobo mau foi solto. O aumento da passagem de ônibus é uma excrecência. Quem depende do sistema de transporte público sabe que ele é uma porcaria e ineficiente.

Nada contra reajustes, pois no mundo capitalista são necessários para cobrir a inflação fora de controle adotada pelo governo Dilma. Tudo subiu: combustível, peças de reposição, etc. E logo mais os trabalhadores do setor vão às ruas pedir o justo aumento de salário para tentar cobrir as perdas de uma economia inflacionada.

Agora, sair de R$ 2,40 para R$ 2,90 é uma afronta jamais vista. Porém ela tem justificativa. Para aplacar o descontentamento da juventude, o principal segmento eleitoral a assegurar a sobrevivência do petismo no Acre, o prefeito Marcus Alexandre (PT) congelou as tarifas em R$ 1 para os estudantes.

Como não existe almoço grátis, alguém teria que pagar a conta deste benefício, pois alguém saiu perdendo: as empresas. Para se recuperar dos prejuízos, elas agora precisam do reajuste. E quem vai pagar? Os trabalhadores não estudantes.  É a velha lógica mercantilista de que, se for conceder para alguém, é preciso tirar de outrem. Ou seja, o trabalhador pagará o pato de a prefeitura fazer populismo com a juventude.

Pagar quase R$ 3 para andar em latas velhas, sempre lotadas e atrasadas não é nada justo. (Quem não se lembra de Marcus Alexandre, na campanha de 2012. afirmando que o preço da tarifa era justo?).

Ao fim das contas, o papai-noel não foi nada legal com os moradores de Rio Branco neste fim de ano.
       

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ano novo, Judiciário de saia nova

Uma das melhores notícias que a sociedade acreana poderia receber neste fim de 2014 tão atribulado é a escolha das desembargadoras Maria Cezarinete Angelim e Denise Bonfim para comandarem o poder Judiciário nos próximos dois anos. É uma esperança de que um dos poderes mais importantes para o correto funcionamento do Estado deixe de estar no seu profundo sono, com o cidadão desamparado quando o assunto é Justiça.

Os últimos anos foram bastante turbulentos para o Tribunal de Justiça. Logo no começo da gestão Tião Viana o então presidente Adair Longuini começou uma guerra para o aumento de repasses. O conflito chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas retirado após entendimentos com o Palácio Rio Branco.

Em seguida veio a operação G7, cuja ordem de prisão dos 15 acusados partiu do gabinete de Denise Bonfim. Ao seu lado ela tinha o apoio de Cezarinete. As duas, então, passaram a sofrer uma saraivada de bombardeios de porta-vozes do governo. Foram chamadas de todos os nomes em praça pública. E um dos seus algozes era o senador em fim de carreira Aníbal Diniz (PT).

Bonfim passou a sofrer ameaças de morte, o que levou a Polícia Federal a montar um bunker em frente a sua casa, carregando até o “Barbosão”, como ficou conhecido o ônibus-delegacia da PF, numa referência ao ministro aposentado Joaquim Barbosa, responsável pela condenação dos envolvidos no mensalão.

O julgamento da operação G7 colocou todo o TJ acreano sob suspeição. Somente Bonfim e Cezarinete escaparam. Por isso ganharam o apelido de Joaquim Barbosa de saia. O caso mostrou o elevado grau de descredibilidade à qual o Judiciário estava submetido, sendo presidido por Roberto Barros, ex-procurador do Estado e indicação pessoal de Tião Viana.

Agora Cezarinete e Bonfim terão os próximos quatro anos para tentar recuperar a moral e a imagem do Judiciário. (Somam-se quatro anos pois, após Cezarinete, assume Bonfim). Os acreanos viram uma enxovalhada de denúncias contra o governo nos últimos 16 anos, mas notícias de punição foram raríssimas. Ou as acusações eram falhas, ou houve vista grossa nas sentenças.

Com o Executivo sendo o mesmo a partir de 2015 e uma Assembleia Legislativa caminhando para estar ainda mais subserviente, a única esperança do acreano, que ainda acredita no bom funcionamento do Estado democrático de direito, estará nas mãos destas duas magistradas na condução do Judiciário. Há uma luz no fim do túnel.

Faça-se a Justiça!