Páginas

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ano novo, Judiciário de saia nova

Uma das melhores notícias que a sociedade acreana poderia receber neste fim de 2014 tão atribulado é a escolha das desembargadoras Maria Cezarinete Angelim e Denise Bonfim para comandarem o poder Judiciário nos próximos dois anos. É uma esperança de que um dos poderes mais importantes para o correto funcionamento do Estado deixe de estar no seu profundo sono, com o cidadão desamparado quando o assunto é Justiça.

Os últimos anos foram bastante turbulentos para o Tribunal de Justiça. Logo no começo da gestão Tião Viana o então presidente Adair Longuini começou uma guerra para o aumento de repasses. O conflito chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas retirado após entendimentos com o Palácio Rio Branco.

Em seguida veio a operação G7, cuja ordem de prisão dos 15 acusados partiu do gabinete de Denise Bonfim. Ao seu lado ela tinha o apoio de Cezarinete. As duas, então, passaram a sofrer uma saraivada de bombardeios de porta-vozes do governo. Foram chamadas de todos os nomes em praça pública. E um dos seus algozes era o senador em fim de carreira Aníbal Diniz (PT).

Bonfim passou a sofrer ameaças de morte, o que levou a Polícia Federal a montar um bunker em frente a sua casa, carregando até o “Barbosão”, como ficou conhecido o ônibus-delegacia da PF, numa referência ao ministro aposentado Joaquim Barbosa, responsável pela condenação dos envolvidos no mensalão.

O julgamento da operação G7 colocou todo o TJ acreano sob suspeição. Somente Bonfim e Cezarinete escaparam. Por isso ganharam o apelido de Joaquim Barbosa de saia. O caso mostrou o elevado grau de descredibilidade à qual o Judiciário estava submetido, sendo presidido por Roberto Barros, ex-procurador do Estado e indicação pessoal de Tião Viana.

Agora Cezarinete e Bonfim terão os próximos quatro anos para tentar recuperar a moral e a imagem do Judiciário. (Somam-se quatro anos pois, após Cezarinete, assume Bonfim). Os acreanos viram uma enxovalhada de denúncias contra o governo nos últimos 16 anos, mas notícias de punição foram raríssimas. Ou as acusações eram falhas, ou houve vista grossa nas sentenças.

Com o Executivo sendo o mesmo a partir de 2015 e uma Assembleia Legislativa caminhando para estar ainda mais subserviente, a única esperança do acreano, que ainda acredita no bom funcionamento do Estado democrático de direito, estará nas mãos destas duas magistradas na condução do Judiciário. Há uma luz no fim do túnel.

Faça-se a Justiça!

Nenhum comentário:

Postar um comentário