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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Hegemonia ameaçada

Para evitar contaminação, Dilma quer distância do grupo político dos Vianas no PT 

Vendo as bases de seu governo estremecidas por conta da operação Lava-Jato, a presidente Dilma Rousseff tem adotado medidas para assegurar os menores danos possíveis à sua imagem, já não tem bem avaliada após uma acirradíssima disputa eleitoral. E uma das estratégias para evitar a “contaminação” é ficar a metros de distância dos líderes dos partidos envolvidos no petróleo.

Nem mesmo o seu PT escapará da possível nova “faxina ética” de Dilma na montagem da equipe do segundo mandato. E as forças hegemônicas dentro da legenda tendem a ser as mais castigadas na perda de espaço, sobretudo a centralizadora Construindo um Novo Brasil (CNB), que tem entre seus quadros o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Costumada a pintar e a bordar no governo e na estrutura partidária, a CNB se vê às voltas de perda de poderio político. No Acre, que completará 20 anos de governo petista em 2018, os irmãos Tião e Jorge Viana são os símbolos maiores da CNB, reunidos em torno da tendência Democracia Radical, detentora do comando partidário.

Se para o vianismo já estava complicado furar os bloqueios e ter acesso direto ao Palácio do Planalto depois do 7 x 1 de Aécio Neves em Dilma, com os petistas de alas minoritárias (tão judiadas pela CNB) sendo os assessores mais próximos de Dilma, agora que a situação ficará mais complicada. Não que ela dará as costas para o governo de Tião, apenas manterá a mesma relação institucional à distância dos últimos quatro anos.

O motivo para o Planalto querer o afastamento da CNB é simples: grande parte de sua bancada eleita recebeu algum tipo de benefício das empreiteiras envolvidas na operação da Polícia Federal.

Como não quer mais ver sua gestão envolta em casos de corrupção, a presidente busca a aproximação de petistas das tendências mais puritanas, cujos líderes foram eleitos sem a ajuda da Lava-Jato.  Entre elas está a Democracia Socialista (DS), que no Acre não lota uma Kombi, mas que em 2013 deu muita dor de cabeça aos Vianas no processo eleitoral interno.

A expectativa é que a DS fique com um dos ministérios mais importantes, a Secretaria Geral da Presidência, responsável pelas relações do governo com um amplo leque de movimentos populares em todo o País. Sai Gilberto Carvalho, da CNB, e entra Miguel Rossetto, da DS.

Como se pode ver, os impactos políticos de um escândalo de corrupção não se restringem somente aos redutos de onde se concentram, mas afeta toda a estrutura. O pobre e pequeno Acre não poderia ficar incólume a todos os tremores do petrolão.

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