Páginas

sábado, 22 de novembro de 2014

Um parlamento aos frangalhos

Há tempos eu não visitava a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), mesmo sendo repórter de política. A péssima legislatura que para nossa sorte acaba em janeiro, afastou o interesse de qualquer cidadão que gosta de política de acompanhar os debates. Mas na semana passada, de bobeira pelo centro, decidi ir ao Parlamento para rever os companheiros e tomar uma água –produto que sobra aos montes, fazendo inveja aos moradores de São Paulo.

Lá chegando dou de cara com os dois elevadores interditados por defeito. Não que eu fizesse questão de usá-lo, pois prefiro subir e descer escadas para manter a forma (esquelética). Na sala de imprensa o frigobar sempre com fartura de água mineral, dei de cara com o nada. Mas o fato maior não é o elevador quebrado ou a vida de paulistano por um dia de quem trabalha pela Casa.

Estes dois casos externam o estado decrépito em que a Aleac entrou nesta reta final de mandato. Há relatos de atraso no pagamento de férias dos servidores –pelo menos dos comissionados –, e tantos outros desmandos cometidos pela Mesa Diretora e pelos deputados em seus gabinetes.

Após receber uma herança bendita de Edvaldo Magalhães (PCdoB), Élson Santiago (PEN) e sua desastrada administração deixará uma herança maldita para o seu sucessor. A crise da Assembleia estourou após quatro anos de muita incompetência da atual Mesa, usando a estrutura do Parlamento apenas para um autobenefício político-eleitoral.

A falência da gestão Santiago foi refletida com a sua derrota nas urnas em outubro, após 28 anos de um mandato inútil para o contribuinte acreano. O maior desrespeito cometido foi a falta de transparência com o gasto dos quase R$ 200 milhões de Orçamento. Como jornalista cobrava com frequência a criação do Portal da Transparência. Desde 2012 a Aleac descumpre a moderna Lei de Acesso à Informação (LAI).

O Ministério Público chegou a impetrar ação civil contra o Legislativo, mas até hoje a transparência não é a realidade, e o contribuinte fica impedido de abrir a caixa-preta dos recursos públicos executados pelo Parlamento. O acreano continua a não saber como, quanto e onde cada deputado está gastando sua verba de gabinete.

A falência moral e ética da Assembleia Legislativa foi rejeitada pelo eleitor por meio da renovação massiva dos deputados na eleição desse ano. É difícil saber como esta nova legislatura vai se comportar, sobretudo a Mesa Diretora. Há a perspectiva do atual primeiro-secretário, Ney Amorim (PT), assumir de direito a presidência, já que hoje, segundo os bastidores, é ele quem dá as cartas. E ele contribuiu e muito para o Parlamento chegar ao atual ponto.

A robusta (e ponha robusta e cara) campanha de Amorim que lhe rendeu 10 mil votos o gabarita a pleitear a substituir Santiago. Se esta for a tendência, infelizmente não há perspectivas de melhorias para a “casa do povo” melhorar, honrando cada centavo pago pelo acreano para lhe representar e defender. Contudo, a Aleac continuará como uma subsecretaria do Palácio Rio Branco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário