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sábado, 1 de novembro de 2014

Um senador para as recordações

O jornalista Aníbal Diniz sempre foi um militante aguerrido dentro das fileiras do Partido dos Trabalhadores (PT). Sua militância se deu desde os tempos de fundação da legenda no Acre. Foi secretário de Comunicação nos governos Jorge Viana (1999-2006) e Binho Marques (2007-2010). Como prêmio à sua fidelidade ao projeto partidário, foi agraciado como o primeiro-suplente do senador Tião Viana (PT), em 2006.

Com o petista eleito governador em 2010, Anibal assumiu a cadeira no Senado. Assumir tal posição de senador da República foi uma sorte e tanto para alguém sem nenhum carisma eleitoral, e que certamente nunca chegaria ao posto fosse depender da escolha popular. Mas a conquista do poder nem sempre depende somente das urnas, há outros mecanismos de menos sacrifícios.

Como senador, Aníbal empunhou bandeiras desconfortáveis. Uma delas foi trabalhar para travar o retorno da diferença de duas do Acre em relação a Brasília, como o povo decidiu em referendo de 2010. O senador chegou a declarar que atuaria de todas as formas para impedir o retorno do “atraso”.

Isso provocou uma enxurrada de críticas ao seu mandato. A atitude dele não era nenhuma surpresa. Como um soldado Kamikaze dentro do PT, ele é o tipo de militante que compra todas as brigas em defesa do partido e de seus líderes, independente dos custos que isso provoca.

Aníbal Diniz não foi para este embate a toa. Ele esperava como retribuição o apoio de Tião Viana para ser seu candidato ao Senado em 2014. Ele sabia que encontraria concorrentes de peso dentro do PT (Raimundo Angelim e Sibá Machado) e do PCdoB, no caso a deputada federal Perpétua Almeida.

Para conquistar o apoio dos petistas, o senador caiu de corpo e alma na disputa pela presidência do PT ano passado. Para isso virou cabo eleitoral da candidatura da tendência majoritária, a Democracia Radical (DR), que tinha o sociólogo Ermício Sena como seu nome. Comprar a briga foi um erro de Aníbal por conta de sua posição.

Como senador a postura esperada pelas demais correntes era de neutralidade, mesmo que sua opção fosse pela DR. Assim agiu o também senador Jorge Viana (PT0, que pregava a união do PT e o fim das guerras internas. Mas as tendências minoritárias reunidas em torno da Democracia Socialista (DS) foram para o embate, com o deputado Sibá Machado e deram muito trabalho.

Mas nem a camisa do referendo do fuso horário nem a campanha pela DR salvaram Aníbal Diniz da guilhotina da candidatura ao Senado. Com receio de perder o PCdoB, Tião Viana se viu obrigado a tirar o PT da disputa: o companheiro Aníbal foi sacrificado. Mas não se pode negar que ele cumpriu muito bem seu mandato-tampão.

Foi eleito pela “Veja” entre os 10 senadores mais atuantes do país. Na bancada petista obteve o direito de exercer a vice-presidência da Casa. Teve uma atuação exemplar em plenário e nas comissões. Não deixou a desejar em nada na função de um senador, nem de membro do partido do Planalto. Mas o curto mandato fará o eleitor a deixa-lo apenas na memória de um político que, um dia, teve a sorte de ocupar tão nobre função.

Lembrete: Ainda sobre o artigo abaixo “Os Camelis e os Vianas”, a cadeira que será deixada por Aníbal Diniz e ocupada por Gladson Cameli (PP) a partir de 1º de fevereiro, foi conquistada há 16 anos por um Viana: o médico Tião, que agora a repassa para um Cameli.  

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