Com o petista eleito governador em 2010, Anibal assumiu a cadeira no Senado. Assumir tal posição de senador da República foi uma sorte e tanto para alguém sem nenhum carisma eleitoral, e que certamente nunca chegaria ao posto fosse depender da escolha popular. Mas a conquista do poder nem sempre depende somente das urnas, há outros mecanismos de menos sacrifícios.
Como senador, Aníbal empunhou bandeiras desconfortáveis. Uma delas foi trabalhar para travar o retorno da diferença de duas do Acre em relação a Brasília, como o povo decidiu em referendo de 2010. O senador chegou a declarar que atuaria de todas as formas para impedir o retorno do “atraso”.
Isso provocou uma enxurrada de críticas ao seu mandato. A atitude dele não era nenhuma surpresa. Como um soldado Kamikaze dentro do PT, ele é o tipo de militante que compra todas as brigas em defesa do partido e de seus líderes, independente dos custos que isso provoca.
Aníbal Diniz não foi para este embate a toa. Ele esperava como retribuição o apoio de Tião Viana para ser seu candidato ao Senado em 2014. Ele sabia que encontraria concorrentes de peso dentro do PT (Raimundo Angelim e Sibá Machado) e do PCdoB, no caso a deputada federal Perpétua Almeida.
Para conquistar o apoio dos petistas, o senador caiu de corpo e alma na disputa pela presidência do PT ano passado. Para isso virou cabo eleitoral da candidatura da tendência majoritária, a Democracia Radical (DR), que tinha o sociólogo Ermício Sena como seu nome. Comprar a briga foi um erro de Aníbal por conta de sua posição.
Como senador a postura esperada pelas demais correntes era de neutralidade, mesmo que sua opção fosse pela DR. Assim agiu o também senador Jorge Viana (PT0, que pregava a união do PT e o fim das guerras internas. Mas as tendências minoritárias reunidas em torno da Democracia Socialista (DS) foram para o embate, com o deputado Sibá Machado e deram muito trabalho.
Mas nem a camisa do referendo do fuso horário nem a campanha pela DR salvaram Aníbal Diniz da guilhotina da candidatura ao Senado. Com receio de perder o PCdoB, Tião Viana se viu obrigado a tirar o PT da disputa: o companheiro Aníbal foi sacrificado. Mas não se pode negar que ele cumpriu muito bem seu mandato-tampão.
Foi eleito pela “Veja” entre os 10 senadores mais atuantes do país. Na bancada petista obteve o direito de exercer a vice-presidência da Casa. Teve uma atuação exemplar em plenário e nas comissões. Não deixou a desejar em nada na função de um senador, nem de membro do partido do Planalto. Mas o curto mandato fará o eleitor a deixa-lo apenas na memória de um político que, um dia, teve a sorte de ocupar tão nobre função.
Lembrete: Ainda sobre o artigo abaixo “Os Camelis e os Vianas”, a cadeira que será deixada por Aníbal Diniz e ocupada por Gladson Cameli (PP) a partir de 1º de fevereiro, foi conquistada há 16 anos por um Viana: o médico Tião, que agora a repassa para um Cameli.
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