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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O curriculum vital

A cada eleição que perde, a oposição diz que a bola bateu na trave. A metáfora futebolística à Lula tem muito a ver com os placares apertados de cada pleito, sobretudo a partir de 2010. A leitura é simples: a sociedade acreana encontra-se extremamente dividida e insatisfeita com o atual grupo político no poder. Não fosse isso, certamente o PT não enfrentaria o mínimo esforço, recorrendo a tudo e a todos, para permanecer no Palácio Rio Branco.

Mas a salvação do petismo está justamente na oposição. Como bem disse certa feita o senador Jorge Viana (PT), “a nossa sorte é que a oposição é um desastre”. Falta-lhe o básico da qualificação que transmita ao eleitor a segurança necessária para a transição de partidos no governo. E é justamente esta desconfiança que leva o eleitorado a continuar com o PT, seguindo a máxima do “ruim com eles, pior sem”.

Para muitos, Márcio Bittar (PSDB) poderia ser o diferencial para derrotar Tião Viana (PT). Contudo, o governador partiu para os debates na desconstrução de seu adversário como não preparado para sucedê-lo. As “pegadinhas” do petista contra o tucano nos debates do segundo turno parecem ter contribuído para a reeleição de Viana. Deixar de responder a questões como Enafron ou planos para os municípios do Alto Acre foram ruim para Bittar.

E isso leva à questão: quem enfrentará o petismo na eleição de 2018? (Muito se engana quem avaliar que o partido chegará aos frangalhos após duas décadas de poder). Fala-se em Gladson Cameli (PP), mas é mais um a entrar no rol dos não devidamente aprumado para um debate macro de governança do Acre. Ainda lhe falta muita qualificação para um debate político mais amplo sobre as questões do Estado.

É óbvio que daqui quatro anos ele pode estar bem diferente. Seu próprio mandato no Senado o ajudará a encontrar a devida maturidade e habilidade necessárias para, de fato, conquistar do eleitor uma segurança técnica, para colocar os rumos do Acre em outras mãos. Porém, isso não dependerá só da convivência no Senado; um grande esforço será necessário de sua parte para esta evolução.

Mais uma vez a população deu o recado à oposição: sem segurança não há como mudar. Fazer uma campanha de amadorismos, fazendo apostas no “talvez” ou no “vai que cola” nunca deu certo. Na era da nossa conexão em rede, temos pessoas cada vez mais exigentes e críticas. Subestimar a inteligência não dá certo. Para quem leu, viu que Márcio Bittar até tinha um plano de governo robusto, mas deixar de dialogar com o eleitor sem ter um programa de governo como base levará os adversários do PT sempre ao fiasco.

E isso independe da distribuição de sorrisos e beijos para a galera.

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