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terça-feira, 18 de novembro de 2014

Uma ponte emendada

A boa notícia da semana passada foi a ida de Tião Viana (PT) aos canteiros das obras da ponte sobre o rio Madeira, em Rondônia. (Enquanto isso a ponte sobre o rio Tarauacá vai caindo a cada chuva). Enfim o Acre caminha para sair do atraso e do isolamento do restante do País. O atraso é muito mais no aspecto de tempo perdido na travessia da balsa, do que de avanços econômicos ou sociais para o Estado. Mas não se pode negar que tal obra trará frutos para a população.

Uma delas é nosso elevado custo de alimentação. O setor supermercadista culpa o alto custo da travessia de balsa como uma das causas para o preço salgado dos alimentos. Até meados de 2018 saberemos o impacto positivo da ponte em nossas vidas.

Contudo, como aqui é a política na floresta o debate ficará neste campo. A ponte sobre o rio Madeira foi uma das principais discussões na campanha eleitoral de 2014. De um lado a oposição prometia a sua construção, enquanto o governo mostrava a imagem das primeiras pilastras sendo erguidas. Dilma Rousseff (PT) nos prometeu a ponte em sua visita vapt-vupt na crise do início do ano provocada pela grande cheia.

Em campanha pelo Acre, Aécio Neves (PSDB), do alto do palanque na Baixada das Cinco Bocas (periferia de Rio Branco) disse que, se eleito, tiraria a ponte do papel. Os tucanos criticavam: O governo gasta alguns milhões num porto em Cuba, enquanto a infraestrutura do País continua precária.

Outro que também empunhou a bandeira do Madeira foi o senador eleito Gladson Cameli (PP). Ele fica numa situação complicada, pois precisará explicar ao eleitor como prometia o empenho em agilizar uma obra que já está agilizada e é realidade. Se a ponte fosse apenas um devaneio e Brasília resolvesse torna-la realidade ao longo do mandato do senador, ele certamente receberia todos os louros.

Mas a verdade é que, ao contrário dos milhões de reais das emendas pregados aos quatro ventos na campanha, Cameli não poderá se apossar eleitoralmente da ponte do rio Madeira, erguida na gestão petista onde, em tese, ele exerce oposição.

Os Vianas precisam erguer as mãos ao Planalto e agradecer a companheira Dilma por, enfim, assegurar dinheiro para a construção, tirando de seu adversário mais ameaçador qualquer possibilidade de se fortalecer ainda mais, após cair numa onda de popularidade que lhe rendeu a expressiva votação.

Mas Gladson Cameli terá outras frentes de batalha que lhe vão exigir esforços e muitos dividendos políticos. Ele assumirá o Senado num dos momentos mais acalorados do Congresso, quando a crise do “petróleo” vai causar muito barulho.

Como cabo eleitoral de seu colega de Senado Aécio Neves no Acre, Cameli precisará exercer a mesma oposição que as grandes lideranças nacionais, fiscalizando o governo e cobrando providencias. Afinal, foi para isso que o acreano fez esta escolha para o Senado. Fosse o inverso, Perpétua Almeida (PCdoB) seria hoje a senadora.

A ponte do Madeira deixa para uma outra ocasião.

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