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sábado, 15 de novembro de 2014

Ambiente desfavorável

Um dos assuntos que dominaram a política acreana na semana que se passou foi a possível indicação de Jorge Viana (PT) para assumir o Ministério do Meio Ambiente no segundo mandato de Dilma Rousseff (PT).

À primeira vista o senador teria, sim, condições técnicas de ficar à frente da pasta. Afinal, o engenheiro florestal vendeu para o mundo a imagem de um governo no Acre marcado pela busca do desenvolvimento sustentável e da chamada “florestania”.

Sua atuação na área ambiental já é uma marca –não com a mesma força e respeitabilidade de sua colega Marina Silva (PSB), ministra do Meio Ambiente de Lula por seis anos. Jorge Viana pode até ter a simpatia do movimento ambientalista por sua marca no governo acreano (1999-2006). Porém, esta credibilidade ficou arranhada enquanto relator do Código Florestal em comissão do Senado, texto que não agradou ao ambientalismo nacional.

Mas, muito mais do que o aval deste segmento, um ministro do Meio Ambiente não pode desagradar aos setores mais desenvolvimentista do governo –em especial a própria chefe. Já sabemos que a queda de Marina se deu pelo embate com a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ávida pelas licenças ambientais de obras que lhe assegurariam sua vitória em 2010.

Do ponto de vista político, as chances de Viana virar ministro de uma área até certo ponto estratégica são poucas. Falta-lhe, sobretudo, isso: força política. É senador de um Estado pequeno, sem nenhuma significância eleitoral para Brasília, e como coordenador da campanha de Dilma no Acre não evitou as derrotas nos dois turnos: primeiro para Marina e depois para Aécio Neves (PSDB).

Portanto, neste aspecto as chances dele substituir Isabela Teixeira são remotas. O desprestígio do vianismo com o Planalto ficou evidente nos últimos quatro anos. Dilma só veio ao Acre em uma visita relâmpago, e Tião Viana (PT) recebido uma única vez em agenda oficial.

Agora, caso Dilma queria passar a imagem de amiga da natureza, o senador pode até ter uma chance. O sonho de Jorge Viana sempre foi ser ministro. Quando governador quase toda semana a imprensa acreana o nomeava para o primeiro escalão de Lula. Na crise do mensalão, então, não faltaram cargos para ele.

Jorge Viana é um excelente político, e não precisa desta exposição desnecessária que lhe causa desgaste. Nomeação via jornalistas não funciona. Enquanto a oportunidade de assumir um ministério não surge, o melhor mesmo é tocar o Senado e honrar o generoso salário de parlamentar e ex-governador que o cidadão lhe paga.


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