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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Petrolão na floresta

“Cidade petrolífera” do Amazonas perde quase R$ 35 milhões com crise da Petrobras 

O maior escândalos de corrupção da história da Petrobras, o petrolão (descoberto por meio da Operação Lava Jato, da Polícia Federal), tem feito os municípios brasileiros produtores de petróleo reduzirem sua arrecadação com os royalties –pagamentos ao Estado pela exploração dos recursos naturais.

As cidades da Amazônia também têm sentido este efeito. Exemplo é Coari, no Amazonas, que abriga a província petrolífera de Urucu, o maior complexo de exploração de petróleo e gás na Floresta Amazônica brasileira.

De acordo com informações da ANP (Agência Nacional de Petróleo), Coari deixou de arrecadar com royalties, entre 2014 e 2015, R$ 33,16 milhões.  Ano passado a receita chegou a R$ 56,7 milhões, contra R$ 89,8 milhões de 2014. Este é um dos piores resultados para Coari, que tem nos royalties do petróleo sua principal fonte de sobrevivência.

A queda dos investimentos realizados pela Petrobras por conta de sua perda de valor no mercado internacional, ocasionada pelos escândalos de corrupção, afeta diretamente Coari e outras 17 cidades amazonenses que se beneficiam da atividade. Ainda segundo a ANP, o Estado perdeu quase R$ 65 milhões no mesmo período avaliado.

Além de ver o caixa reduzido, Coari também convive com a demissão em massa de funcionários de empresas que não tiveram seus contratos renovados com a Petrobras. A prefeitura chegava a arrecadar quase R$ 3 milhões de ISS (Imposto Sobre Serviços) destas companhias; agora não passa de R$ 1,5 milhão.  (Com informação de A Crítica)

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Sucessão de de Energia

O Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE/AM) manteve a cassação do mandato do governador José Melo (Pros) e de seu vice Henrique Oliveira (SDD) em sessão realizada nesta segunda-feira (25).

Por cinco votos a um, os juízes aceitaram as denúncias de compra de voto que teria sido praticada pela campanha de reeleição de José Melo, A acusação foi protocolada pelo seu adversário direto à época, o hoje ministro Eduardo Braga (Minas e Energia).

A decisão tem efeito suspensivo, o que garante a permanência de Melo no governo até o julgamento de recurso pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Melo foi acusado de se beneficiar de um esquema de compra de votos com dinheiro público obtido a partir de um contrato do governo com empresa de fachada para atuar na segurança da Copa do Mundo de 2014 em Manaus.

O julgamento foi retomando este ano após cinco juízes já terem decidido pela perda do cargo do governador em sessão do último dia 16 de dezembro. A análise foi interrompida por pedido de vista do juiz Márcio Meirelles. Em seu voto nesta segunda, Meirelles afirmou não ter encontrado provas suficientes que justificassem a “pena capital da perda do mandato”.

Em 2015, a coligação liderada por Eduardo Braga, a “Renovação e Experiência”, denunciou José Melo por compra de votos e abuso de poder político. Durante o segundo turno da campanha eleitoral, a Polícia Federal apreendeu quase R$ 12 mil em um comitê de campanha de Melo, em Manaus.

Veja matéria completa na Folha de São Paulo 

sábado, 23 de janeiro de 2016

Economia sem Norte

Emprego: No Norte, Amazonas tem o pior resultado em 2015; Roraima é o menos afetado 

A crise econômica que eliminou mais de 1,5 milhão de empregos no Brasil ao longo de 2015 também afetou, sem exceção, os Estados do Norte. Os impactos mais sensíveis ocorreram no Amazonas, onde o Polo Industrial de Manaus registrou elevado número de demissões de trabalhadores. É o que aponta a pesquisa do Cadastro Geral de Empregados e Desempregado (Caged), do Ministério do Trabalho, divulgada nesta quinta-feira (21).

De janeiro a dezembro o Amazonas teve 37.033 postos de trabalho encerrados –queda de 7,89% no período. Segundo o Caged, a indústria foi o principal setor da economia amazonense a contribuir para o resultado ruim, com 27.673 demissões. Em segundo lugar na região está Rondônia. O Estado perdeu 15,8 mil vagas de emprego, redução de 6,12%.

Por lá, a construção civil foi o principal gargalo para a economia. Este mesmo segm8ento também foi o vilão para Acre, Pará, Tocantins e Roraima. Já no Amapá, o comércio puxou para baixo o desempenho. O resultado menos catastrófico foi de Roraima, que em 2015 registrou retração na geração de empregos de 0,73%, ou 384 desligamentos.

Tocantins vem logo após Roraima entre os Estados do Norte com números mais amenos: queda de 1,13%. Já de cima para baixo no ranking do desemprego na Amazônia, após Amazonas e Rondônia, seguem Amapá (-549%), Pará (4,67%) e Acre (-2,66%).

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Uma ação, uma gasolina


No município de Jordão, no Acre, isolado no meio da Floresta Amazônica, e onde comida e combustível só chegam por rio, o preço da gasolina é bem mais alto do que as ações da Petrobras na Bolsa. Em 2013, quando estive por lá, o litro não saia por menos de R$ 5 –mesmo valor de um papel da estatal sucateada pela corrupção.

Com o litro da gasolina em Rio Branco, a capital do Acre, chegando, hoje, a até R$ 3,94, em Jordão o preço deve beirar os R$ 10. Nesta foto feita por mim há dois anos, moradores da cidade disputam o “liquido precioso” que acabara de chegar após uma viagem de cinco dias rio acima.

À época, Jordão estava quase uma semana sem gasolina. Jordão figura entre os municípios nas últimas posições do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU.

A discórdia privada

Além de crise econômica, Suframa se vê às voltas com conflito político na chefia 

Não bastassem os efeitos devastadores da crise econômica brasileira que provoca demissões em massa e o fechamento de fábricas no Polo Industrial de Manaus, agora a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) também enfrenta um embate no campo político. Desde outubro do ano passado o Ministério Público Federal (MPF) questiona a indicação da atual superintendente Rebeca Garcia para o cargo.

Ex-deputada federal, ela é membro de uma das famílias empresariais mais influentes do Amazonas, detentora do Grupo Garcia, que atua em setores que vão de telecomunicações a concessionárias de veículos. O mais recente conflito de interesse apontado pelos procuradores da República está a indicação, feita por Rebeca Garcia, de Walter Roberto Sipelli para ser o número dois na Suframa.

Dirigente do PP no Amazonas –partido pelo qual Rebeca foi deputada – Sipelli também é considerado o braço direito da família Garcia. Sua atuação nos últimos anos tem se dado sempre entre cargos de influência nos governos do Amazonas e nas empresas do grupo da atual superintendente.

Na semana passada o MPF instaurou inquérito para saber até que ponto a nomeação de Sipelli para superintendente-adjunto da Suframa não representa um conflito de interesse para a administração pública. Os procuradores enviaram questionamentos ao apadrinhado de Rebeca e às empresas do Grupo Garcia para saber qual o nível de comprometimento dele em negócios particulares.

O ápice desta queda de braço se deu na emana  passada, quando a Casa Civil da Presidência da República publicou e “despublicou” decreto com a nomeação de Roberto Sipelli para o cargo. Nos bastidores, a informação é a de que a bancada do Norte no Congresso pretendia emplacar José Nagib na função; ele já tinha ocupado o posto de superintendente de Planejamento da Suframa, porém teve que deixa-lo após acusações de más práticas na gestão.

Rebeca Garcia ameaçou deixar a Suframa caso a manutenção de seu aliado não fosse assegurada. O Planalto recuou da decisão e afirmou que a “demissão” de Sipelli tinha ocorrido por erros burocráticos no decreto publicado no “Diário Oficial da União”.  A ex-deputada veio a assumir a chefia da Suframa somente após se comprometer com o Ministério Público a romper qualquer tipo de vínculo com as empresas da família.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Caçada na floresta

TRE do Amazonas retoma julgamento para cassação de José Melo 

O Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE/AM) retomou esta semana o processo de julgamento que pode consolidar a cassação do mandato do governador José Melo (Pros) e de seu vice Henrique Oliveira (SDD).  Em sessão no último dia 16 de dezembro, a Corte já tinha definido, por cinco votos, que Melo deveria deixar o cargo pela suposta prática de compra de votos nas eleições de 2014.

O julgamento foi adiado, à época, por um pedido de vistas do juiz Márcio Meireles. Mesmo que o magistrado vote a favor de José Melo, o governador terá que recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para não ser afastado, já que a maioria dos membros do tribunal no Amazonas se manifestou pela cassação.

O processo deveria ter sido julgado nesta segunda-feira (18), mas foi adiado por conta da ausência de dois magistrados. A previsão é que o caso retorne à pauta do plenário na sexta (22) ou segunda-feira (25).

O processo contra José Melo foi protocolado pela coligação “Renovação e Experiência”, que saiu derrotada na disputa do segundo turno, liderada pelo hoje ministro Eduardo Braga (Minas e Energia). Durante as eleições em 2014, a Polícia Federal apreendeu quase R$ 12 mil em um comitê da campanha de José Melo. Segundo a polícia, o dinheiro seria usado para a compra de votos.

Outros materiais como recibos -comprovando o pagamento de benefícios em troca de votos - foram apreendidos com os coordenadores da campanha do governador reeleito. Compra de óculos e reforma de túmulos teriam sido financiados para que eleitores votassem em Melo.  

Negócios ao lado

Rondônia quer melhorar infraestrutura para reforçar relações comerciais com Bolívia 

Com seu agronegócio se desenvolvendo e se tornando um dos mais competitivos do País nos últimos anos, Rondônia quer investir na melhoria de sua infraestrutura para impulsionar as relações comerciais com um de seus principais parceiros: a Bolívia. O Estado brasileiro está na fronteira com um dos principais produtores rurais da Bolívia, o departamento de Beni.

Para melhorar esta relação bilateral, o vice-governador de Rondônia, Daniel Pereira, esteve reunido na semana passada com o diplomata e coordenador-geral de Assuntos Econômicos da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson.

No encontro foi debatido o apoio do governo federal para a construção de uma ponte entre os dois países no município de Guajará-Mirim, um dos principais entrepostos econômicos entre Rondônia e a Bolívia.

O Estado quer a infraestrutura rodoviária necessária para incrementar o intercambio comercial com os bolivianos. Rondônia está de olho, sobretudo, na importação de insumos para a produção agrícola, como os fertilizantes.

Rondônia também esta visa a construção da ferrovia transcontinental, que ligará os portos brasileiros do Atlântico aos do Pacífico no Peru. A obra será financiada pela China. Rondônia tem especial interesse no investimento pois a ferrovia será o escoadouro da produção de grãos e carne de seus municípios para o mercado asiático.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Templo Amazônico

“Não podemos adotar o discurso ‘santuarista’ de que nada pode ser tocado”, diz defensor da BR-319 

Alvo de polêmica nos últimos anos por conta dos impactos que poderia causar numa das regiões mais preservadas da Amazônia, a BR-319 –que interliga Manaus a Porto Velho – passa a ganhar atenção nas rodas de discussões dos amazonenses. Enquanto órgãos ambientais do Estado e do governo federal não se entendem sobre a concessão das licenças e a obra de recuperação da rodovia está paralisada, um grupo de jovens decidiu colocar a mão na massa e atuar por conta própria.

Professor de informática e um dos líderes do movimento de defesa da BR-319, André Marsílio, 30, afirma que as 15 unidades de conservação localizadas ao longo dos mais de 800 quilômetros da rodovia são a garantia de proteção das áreas de floresta no entorno. Segundo ele, os impactos que deveriam acontecer já ocorreram durante a década de 1970, quando a estrada foi construída pela ditadura militar (1964-1985).

Marsílio concedeu a seguinte entrevista ao blog

Blog Nas últimas décadas o Amazonas tem convivido com o debate sobre a recuperação da BR-319, única via de interligação rodoviária de Manaus com o restante do País. Quais as consequências deste isolamento para os dois milhões de habitantes da cidade?

Marsílio: As consequências são enormes. A economia da capital Manaus, dos municípios que estão ligados pela BR-319, deixa de arrecadar muito dinheiro com o turismo, escoamento da produção. O isolamento de comunidades que precisam ser repatriadas ao Brasil para ser cidadãos de verdade, isto tem consequências gravíssimas para o desenvolvimento da região.

Os críticos afirmam não haver necessidade de Manaus contar com a BR-319 pavimentada por a cidade conseguir manter seu abastecimento via fluvial, além da estrada não apresentar viabilidade logística. Você concorda com esta tese?

Não concordo. Primeiro que a BR-319 tem estudos e mais estudos sobre sua trafegabilidade, inclusive de caminhões e contêineres que não deixaram de utilizar os meios fluviais para a logística, por exemplo, do Polo industrial de Manaus. Os órgãos competentes podem e devem regular o trafego da rodovia da melhor maneira possível para o desenvolvimento da região junto com a sociedade civil organizada.

Outro ponto criticado seria o “desastre ambiental” que uma rodovia ligando Manaus a Porto Velho provocaria numa das áreas mais preservadas da Amazônia. Ambientalistas dizem que a rodovia contribuiria para o aumento do desmatamento e a ocupação irregular de terras. Como o Amazonas pode lidar com esta situação?

Primeiro que os impactos já foram lá na década de 70, quando foi inaugurada a BR-319. Existe, por determinação do Ibama, mais de 15 unidades de conservação para preservar a floresta nesta área. Não podemos adotar o discurso “santuarista” de que nada pode ser tocado. O Exército, junto com a Polícia Rodoviária Federal e o Dnit, já tem estudos de como eles vão trabalhar com a BR-319 trafegável. Podemos conter, inclusive, os madeireiros que avançam na floresta por justamente o poder publico não ter condições de acompanhar por meio terrestre estes problemas.

Quais seriam os impactos sociais e econômicos para o Amazonas com a interligação rodoviária de Manaus com as demais regiões do Brasil? Você acredita que haveria uma redução no custo de vida? Haveria uma melhora na qualidade de vida da população?

Os impactos sociais seriam enormes. O
 Amazonas poderia entrar de vez na rota turística do mundo. A produção do Estado teria outra forma de sair pelo meio terrestre, como verduras e frutas dos pequenos e médios produtores. A qualidade de vida iria aumentar e muito. Hoje, a população de diversos municípios tem dificuldades de acesso aos direitos fundamentais garantidos pela nossa Constituição, como ter acesso à Educação e Saúde.

Qual será o papel da associação que você integra nesta queda de braço entre os órgãos ambientais do Amazonas e do governo federal para definir de quem é a responsabilidade pela concessão das licenças da obra?

Nosso objetivo principal será lutar pela pavimentação da BR-319. Nossa associação também terá um papel primordial na luta para coibir os grandes latifundiários de ocupar as margens da BR-319, e lutar pelo não desflorestamento de toda a sua extensão até Porto Velho. Iremos fazer campanhas e ações sociais para que as comunidades sejam agentes de fiscalização da nossa floresta e do cuidado como a nossa rodovia.

Você acha que será possível, um dia, acontecer uma viagem de ônibus de Manaus para São Paulo ou Brasília, por exemplo, numa rodovia em perfeitas condições?


Nesta Operação Beija-Flor conseguimos colher diversos depoimentos de pessoas que estavam trafegando pela BR-319. Dois deles me chamaram a atenção. Um foi de uma família de Roraima que estava voltando da Argentina de carro e outro foi uma família do Paraná que saiu de Curitiba e foi conhecer as cachoeiras de Presidente Figueiredo, no interior do Estado do Amazonas. Isto mostra que a BR-319, apesar das dificuldades encontradas, está trafegável e muita gente a utilizando parta o turismo.

Resgate

Amazonas inicia buscas por grupo desaparecido na floresta

As forças de Segurança Pública do Amazonas com o apoio do Exército iniciam nesta segunda-feira (18) os trabalhos de buscas de um grupo formado por nove pessoas que está desaparecido desde novembro em uma reserva biológica no município de Presidente Figueiredo (distante 165 km de Manaus).

Segundo a Polícia Civil, os homens teriam entrado na mata para a prática ilegal do garimpo. Os policiais levam em consideração duas hipóteses nas investigações: uma perda na localização por falta de experiência na mata, ou conflitos com outros grupos de garimpeiros, já que a área é uma das mais ricas em metais preciosos.

No sábado (16), integrantes da Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Exército se reuniram no Comando Militar da Amazônia para definir as estratégias de buscas do grupo. De acordo com informações de familiares dos desaparecidos, eles saíram de casa no dia oito de novembro, mas o registro do desaparecimento só foi feito dia 15.

Os homens entraram na Reserva Biológica Uatumã, em Presidente Figueiredo, uma área onde toda e qualquer tipo de atividade é proibida, mas que convive com a invasão de garimpeiros em busca de ouro e outros metais de valor.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Paliativo médico

Governador do Amazonas fala em “sabotagem” no sistema público de Saúde 

José Melo diz que sistema de Saúde amazonense está sobrecarregado com atendimento a pacientes de Estados vizinhos como Acre e Roraima 


O governador do Amazonas, José Melo (Pros), informou nesta segunda-feira (11) que o serviço de inteligência da Secretaria de Segurança Pública vai investigar possíveis sabotagens ocorridas nos principais hospitais públicos de Manaus. A investigação, segundo ele, se faz necessária pelas constantes ocorrências de equipamentos hospitalares quebrados e fora de uso. Melo comentou achar estranho que aparelhos de alta tecnologia e recém-comprados apresentarem falhas com pouco tempo de uso.

Desde o final de 2015 parte dos servidores da Saúde fazem protestos denunciando o que consideram o “caos” na rede pública. O movimento tem como um de seus líderes o Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam).

“Abrimos uma sindicância para investigar isso [equipamentos com defeitos], porque isso não é comum. De repente os aparelhos vivem queimando toda hora, aí vem uma linha de críticas aos hospitais, mas o serviço de inteligência da Secretaria de Segurança Pública está investigando tudo isso”, declarou o governador.

Em dezembro o governo amazonense negou qualquer “caos” no sistema público de Saúde. José Melo afirma que, mesmo com a queda de receitas e repasses federais, “o Amazonas tem o melhor sistema de Saúde pública do Brasil”. O problema, diz o governador, está na sobrecarga de atendimentos.

De acordo com ele, além de ter que atender toda a população local, os hospitais de Manaus ficam sobrecarregados com pacientes dos Estados vizinhos, como Acre, Roraima e Pará.

“Os nossos irmãos vizinhos do Acre, Rondônia, Roraima e do sul do Pará vêm para o Amazonas, porque aqui nós temos unidades especializadas para fazer um tratamento especializado”, afirmou ele, durante evento de inauguração de um Centro de Direitos Humanos em Manaus.

O governador ainda negou denúncias de atrasos nos salários dos servidores, afirmando que o Estado tem repassado todos os recursos para as empresas terceirizadas responsáveis pelo gerenciamento de pessoal dos hospitais. Melo afirma que, se há atrasos, a responsabilidade é das empresas.  

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Tapa-buraco (e no braço)

Com sua capital de dois milhões de habitantes isolada do restante do País, o Amazonas vê a cada dia o impasse em torno da recuperação da BR-319 ganhar novos contornos. O embate mais recente foi a queda de braço entre o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). Em novembro, o órgão ambiental pediu na Justiça a suspensão das obras na rodovia pelo Dnit por considerar que não houve o devido estudo de impacto no ambiente, além das obras estarem causando sérios prejuízos em seu entorno.

Desde então o Estado assiste a um jogo de empurra-empurra entre os órgãos estaduais e federais para saber quem, de fato, terá a autonomia para a concessão das licenças ambientais. Enquanto a burocracia emperra a obra, um grupo formado pelos mais diversos segmentos da sociedade decidiu formar a Associação dos Amigos e Defensores da BR-319.

Como forma de protesto, o grupo decidiu atuar por conta própria –cansados da inércia do poder público – e foi fazer trabalhos de reparos nas precárias pontes de madeira da rodovia. Os ativistas saíram de Manaus no último sábado (9) com destino ao quilômetro 350 para recuperar pontes e desvios que estão em péssimas condições.

Ao todo, a BR-319 tem 885 quilômetros que ligam Manaus a Porto Velho; a capital de Rondônia já está conectada via terrestre com o País pela BR-364 –a mesma que vai até o extremo oeste do Acre. Ambientalistas são contra a pavimentação da estrada no Amazonas por avaliarem que ela trará grandes impactos ambientais a uma das regiões mais preservadas da Floresta Amazônica.

Já seus defensores dizem que ela é essencial para o desenvolvimento do Estado, garantindo melhor qualidade de vida para a população das cidades às suas margens, e tirando a grande Manaus do isolamento. Hoje a cidade tem nas vias fluvial e aérea suas principais fontes de abastecimento.

O governo José Melo (Pros) já apresentou como proposta a construção de túneis e cercas para garantir a proteção da fauna ao longo da rodovia, bem como intensificar a presença do Estado na região para evitar o desmatamento e ocupação irregular de terras.

Enquanto autoridades de Brasília e de Manaus não chegam ao consenso, tem sobrado à sociedade civil a tarefa de se organizar em associações para garantir o mínimo de tráfego seguro na rodovia, permitindo que carros e ônibus possam circular.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O buraco e o rombo (parte 2)

Desde que o Acre é Acre a construção da BR-364 entre Sena Madureira e Cruzeiro do Sul vem sendo motivo de muita polêmica e escândalos tão inacabáveis quanto seus mais de 600 km de muito descaso. O mais recente são as imagens de causar indignação em qualquer cidadão pagador de seus impostos: uma rodovia que custou alguns bilhões de reais já não servir para quase nada.

A cratera aberta neste último final de semana* é um entre infinitos problemas. Em muitos pontos o asfalto já sumiu, ficando apenas atoleiros. Aliás, asfalto nunca houve na BR-364. As fotos mostram somente uma leve camada de uma substância escura jogada sobre a tabatinga da região; (Pois no dia em que aquilo for asfalto, a engenharia precisa mudar a definição de “asfalto)”.

Os governos petistas vêm culpando, desde 1999, as características do solo amazônico e as chuvas para culpar este desrespeito no trato com o dinheiro público. Por sua vez, MPF, PF e TCU sempre mostravam outros problemas: corrupção, sub e superfaturamento e obras executadas fora dos padrões normais de qualquer rodovia.

Nenhum acreano precisa ser engenheiro para saber que esta é uma obra de quinta qualidade. E culpar o ambiente é uma desculpa que não se engole mais. Em tempos de engenharia moderna –quando se erguem arranha-céus até no meio do Golfo Pérsico para os sheiks árabes torrarem seus petrodólares – construir uma rodovia na Amazônia não é das tarefas mais difíceis.

Se não houver o problema da corrupção, faz-se a BR-364 até sobre os topos das samaúmas. O acreano não é mais tolo de engolir o palavrório oficial de que as chuvas e os solo são os vilões, quando há obras de engenharia em lugares bem mais inóspitos.

As cenas mais recentes de destruição da rodovia após bilhões de reais ali torrados revoltam e exigem uma atuação imediata das autoridades federais, em especial Ministério Público e Tribunal de Contas da União.

Por mais que agora a obra seja transferida para o governo federal por meio do Dnit, é preciso apurar as responsabilidades do que foi feito (ou não foi feito) até aqui. É intolerável que os culpados por este crime contra o erário fiquem impunes. E aqui fica a pergunta do papel da oposição neste momento. Muito mais do que oba-oba e frases montadas, o eleitor espera deles uma atuação firme neste caso.

A construção da BR-364 nestes 16 anos é um escândalo político das mesmas proporções de “petrolão” e “mensalão” para nós aqui em nosso seringal, pois são bilhões de reais levados pela chuva e pela tabatinga. E assim como estes casos de corrupção nacional, é de se questionar se alguém, algum dia, será punido pela atrocidade contra os acreanos do interior, e a BR-364 que leva ao nada.

*Este artigo foi publicado, originalmente, no dia 20 de abril de 2015. Como o leitor pode ter percebido, escrever sobre falcatruas na BR-364, no Acre, tornou-se atemporal. A roubalheira de 10 anos atrás é a mesma neste início de 2016. Já a foto publicada agora é do mais recente buraco surgido próximo ao município de Sena Madureira na tarde desta segunda. E assim caminha a humanidade acreana –quer dizer, isso se não houver um pequeno buraco desta proporção no meio do caminho.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

El Chapo

México inicia processo de extradição de El Chapo para os Estados Unidos

Da Agência Lusa

As autoridades mexicanas anunciaram o início do processo de extradição do narcotraficante Joaquín "El Chapo" Guzmán para os Estados Unidos, após ter sido capturado na sexta-feira em Sinaloa, no México.

A Procuradoria-Geral da República do México explicou, em um comunicado, que não há impedimento para concretizar a extradição emitida contra Guzmán, na sequência da fuga, ocorrida em 11 de julho do ano passado, de uma prisão de segurança máxima no México.

As autoridades mexicanas tinham transferido na sexta-feira Joaquín “El Chapo” Guzmán à prisão de alta segurança de Altiplano, de onde ele conseguiu escapar por um túnel com 1,5 quilômetros ligado à uma casa situada fora do perímetro do estabelecimento prisional.

Considerado um dos principais líderes de cartéis de tráfico de droga do mundo, El Chapo traficou bilhões de euros em drogas para os Estados Unidos, que pede a sua extradição.

"El Chapo" é procurado pelos Estados Unidos por várias acusações, incluindo tráfico de cocaína e lavagem de dinheiro.

A cadeia de Altiplano, localizada a cerca de 90 quilômetros da capital mexicana, volta a ser o local de detenção de Joaquín Guzmán, que fugiu por duas vezes do local em 14 anos.

Uma das informações que levou à detenção do narcotraficante veio de diligências feitas pelo próprio para gravar um filme autobiográfico, tento contatado atores e produtores para concretizar o projeto.

Encontro

A revista Rolling Stone revelou, ontem (9), que “El Chapo”, recapturado após quase seis meses em fuga, encontrou-se secretamente com o ator norte-americano Sean Penn e gravou uma entrevista antes de voltar a ser preso.

O artigo foi publicado pela revista norte-americana um dia depois do anúncio da recaptura do traficante de droga, na sequência de uma operação militar em Los Machis, cidade costeira no estado mexicano de Sinaloa.

Segundo a Rolling Stone, meses antes da captura de “El Chapo”, Sean Penn viajou secretamente para a selva mexicana para se encontrar com o traficante e, após o encontro, foi acordada uma entrevista a ser realizada posteriormente. Contudo, no final, acabou por ser impossível fazê-la pessoalmente, mas Sean Penn enviou as perguntas e “El Chapo” concordou gravar as respostas em vídeo.

Pouco mais de dois minutos retirados da entrevista exclusiva podem ser vistos no portal da Rolling Stone. A revista acredita que se trata da primeira entrevista concedida pelo traficante.

Entretanto, fonte oficial mexicana disse à agência noticiosa francesa AFP, sob a condição de anonimato, que as autoridades sabiam do encontro entre os dois, em outubro, o que levou à recaptura.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Hora do Carapanã

O que foi destaque na imprensa da Amazônia nesta sexta 

Acre?Contilnet 

Governo do Acre convoca sessão extra para rediscutir refinanciamento de empréstimos


Amapá/G1

Cerca de 80% das escolas públicas do Amapá encerram aulas em janeiro


Amazonas/A Crítica 

Em 2015, Amazonas registra mais apreensão de drogas do que a somatória da última década


Pará/Jornal Amazônia 



Rondônia/Diário da Amazônia 



Roraima/G1 

Do Guri a Tucuruí

Os moradores de Roraima têm convivido, desde meados do ano passado, com inúmeros apagões de energia. A interrupção no serviço causa grandes transtornos à população de Boa Vista e os demais municípios que são abastecidos com energia gerada na Venezuela. “Isolado” no extremo Norte do Brasil, Roraima depende da eletricidade produzida pelo país vizinho para não ficar às escuras.

A posição geográfica impede o Estado de se integrar ao Sistema Interligado Nacional (SIN), o grande emaranhado de cabos e torres da matriz energética brasileira, que conecta o Brasil de um extremo a outro na geração e distribuição de energia. O problema é que entre estes extremos de um País com dimensões continentais há sempre desa
fios.

No caso de Roraima, ele se chama Floresta Amazônica. O problema do fornecimento da energia da Venezuela, segundo especialistas, não ocorre no quesito geração, mas distribuição. Em um simpósio realizado esta semana em Boa Vista, foi apontado que as constantes quedas ocorrem por falta de manutenção dos cabos dos linhão de Guri, que abastece o Estado com eletricidade venezuelana.

Segundo um dos participantes, os cabos já estão desgastados com o tempo (foram instalados em 2001), e não suportam mais a transmissão. O Brasil chegou a repassar dinheiro para a Venezuela fazer a troca destes cabos, até hoje, porém, nada foi feito.

Para acabar com esta dependência, Roraima quer estar, até 2018, interligado ao SIN. Para isso o governo brasileiro vai tirar do papel o projeto de ampliação do Linhão de Tucuruí, uma extensão de 1.800 quilômetros de cabos e torres que leva energia da usina hidrelétrica de Tucuruí (no Pará) para cidades do Amapá e Amazonas, sobretudo Manaus.

Da capital do Amazonas a Boa vista são mais 800 quilômetros de linhão. Ao contrário do trajeto inicial, quando o linhão exigiu a aplicação das mais modernas práticas de engenharia por conta das dificuldades impostas pela floresta, esta fase encontrará menos obstáculos. No percurso Tucuruí/Manaus foram instaladas, por exemplo, torres com até 280 metros de altura -40 a menos que a Torre Eiffel.

O principal gigante para o linhão de Tucuruí chegar até Roraima será o debate ambiental. Não fosse esta questão, Roraima já deveria estar conectado ao SIN desde 2015. Um dos entraves para a obra é a quantidade de terras indígenas no Estado, que chegam a representar quase metade do território.

Se a crise econômica permitir a liberação dos recursos e os índios autorizarem a instalação das torres em suas terras, Roraima vai deixar Guri para trás, saindo de seu isolamento energético e se livrando, em parte, dos famigerados “apagões” dos quais os Estados do SIN também não estão imunes.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Hora do carapanã

O que foi destaque na imprensa da Amazônia nesta quinta

Acre/Contilnet 

Em dois dias, rio Madeira sobe 25 cm e ameaça interditar a BR-364; cota de alerta é de 17,33

Amapá/G1

Justiça obriga ex-deputado a devolver R$ 257 mil; é o sétimo condenado


Amazonas/G1

Médicos protestam contra falta de estrutura em hospital de Manaus


Pará/G1 

Empresa é condenada por prática de irregular de jornada de trabalho, no PA


Rondônia/G1
Prefeitura de Ariquemes, RO, cancela carnaval pelo terceiro ano seguido


Roraima/Folha de Boa Vista 

Escolas da rede pública estadual têm quatro calendários para este ano

Tucanato manauara

Depois de uma disputa acirrada e sair vitorioso pela prefeitura de Manaus, o tucano Arthur Virgílio Neto caminha –quase quatro anos depois - para uma nova queda de braço pela maior e mais rica cidade da Amazônia. Seu adversário não será só a crise financeira que compromete a gestão de prefeitos de Norte a Sul do País, e impede os atuais prefeitos de tirar do papel grande parte de suas promessas eleitorais de 2012.

Uma sucessão marcada por um grande número de candidatos -que contribui para a divisão dos votos – e a indefinição do futuro político do Amazonas com a cassação do mandato do governador José Melo (Pros) criam um cenário incerto no tabuleiro manauara. Até o momento, ao menos 13 nomes sinalizaram a intenção de disputar o cargo ocupado por Virgílio.

O tucano ganhou notoriedade nacional após ser uma das principais lideranças da oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Como consequência, ele teve sua reeleição para o Senado, em 2010, “sabotada” por toda a estrutura do governo federal no Amazonas, o que assegurou a vitória do hoje ministro Eduardo Braga (Minas e Energia), e de Vanessa Grazziotin (PCdoB).

E foi com Vanessa que o tucano travou o duelo pelo comando de Manaus. A senadora comunista teve com seus cabos eleitorais as figuras do ex-presidente Lula e sua sucessora, Dilma Rousseff. À época, a dupla petista ainda desfrutava de muito prestígio no Amazonas; prova disso são os resultados das disputas presidenciais mais recentes, com o PT obtendo vitórias acachapantes sobre os adversários tucanos. Mas essa lua-de-mel parece ter chegado ao fim com a atual crise econômica que vem ocasionando demissões em massa no polo industrial de Manaus.

Membro de uma família política tradicional do Amazonas e ex-prefeito de Manaus, o retorno de Virgílio à prefeitura, em 2012, é apontado pelos manauaras como uma compensação pela derrota ao Senado em 2010. Aliado do governador José Melo (Pros), o tucano tem conseguido realizar uma boa gestão numa metrópole que, como qualquer grande cidade brasileira, enfrenta inúmeros problemas.

Apesar de ser adversário da presidente Dilma, Arthur Virgílio tem usado de sua formação acadêmica como diplomata para manter uma boa relação com Brasília e, assim, assegurar recursos para sua gestão. Mesmo com Manaus tendo um orçamento equivalente ao de Estados como Acre, Roraima e Amapá, Virgílio precisou de ajuda federal para assegurar a execução de obras e investimentos.

À primeira vista o tucano não terá adversários duros que coloquem em risco sua reeleição. Para analistas políticos locais, a única certeza é que haverá, sim, segundo turno –só não se sabe com quem. Jornalistas comentam que Vanessa Grazziotin enfrenta um desgaste político por questões regionais, mais o fado de integrar a base da impopular presidente Dilma.

Nomes potenciais que poriam em risco a reeleição tucana são de Eduardo Braga e do senador e ex-governador Omar Aziz (PSD). Em 2016, a política no Amazonas tem incertezas diante do futuro de José Melo, que teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral por corrupção nas eleições de 2014.

O caso será analisado pelo Tribunal Superior Eleitoral, que decidirá se mantém ou revoga a decisão do TRE. Em caso de manutenção do veredicto ficará outra questão: haverá uma nova eleição ou o segundo colocado, Eduardo Braga, assume o governo?

Já Omar Aziz não tem seu nome cogitado entre os possíveis candidatos. Ele ainda está esquentando sua cadeira no Senado obtida na eleição de 2014, após sair do governo como um dos gestores mais bem avaliados do Estado.

As incertezas políticas neste ano que começa não pairam somente sobre o Amazonas com seu governador cassado. A indefinição sobre o impeachment da presidente Dilma também é uma incógnita, o que torna prematuro qualquer prognóstico sobre como o eleitor se comportará em outubro. Até lá serão somente muitas especulações, além de bastante água a passar por debaixo da ponte do majestoso rio Negro.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Hora do carapanã

O que foi destaque na imprensa da floresta


Acre/Contilnet Notícias 

Vídeo: BR-364, que custou R$ 2 bilhões, deve ser reconstruída, afirma superintendente do Dnit

Amazonas/G1

Amazonas encerra 2015 com perdas de aproximadamente R$ 1,5 bi na receita





Rondônia/ Diário da Amazônia 



A fatura do de graça

Manaus isenta consumidores de taxa de estacionamento em shoppings 

Os consumidores dos shoppings de Manaus que comprovarem, por meio de notas fiscais, gastos superiores a 10 vezes o valor da taxa de estacionamento estão livres da cobrança. É o que determina a Lei Municipal 417/2015, que entrou em vigor esta semana. Bem recebida pelos usuários, a norma é alvo de questionamento por partes dos shoppings, que a consideram inconstitucional.

A nova lei tem sido motivo de polêmica, e levou os Procons do Estado e da prefeitura a fiscalizarem em campo o seu cumprimento. A taxa média cobrada pela hora estacionada nestes estabelecimentos em Manaus é de R$ 6.

De acordo com o Procon, o descumprimento da legislação pode implicar no pagamento de multas que variam entre R$ 200 e R$ 3 milhões.

“Queremos que haja o cumprimento, caso contrário, vamos multar a primeira vez, a segunda vez ou mandar subir as cancelas, e até cassar o alvará temporariamente”, diz o diretor do Procon/Manaus,  Alessandro Cohen.

A direção dos shoppings alega que a nova lei é inconstitucional, pois assuntos deste natureza são de legislação exclusiva da União. Os empreendimentos também afirmam que a lei não esclarece de que forma o benefício será concedido, se o que vale é uma nota fiscal única no valor de R$ 60 ou 10 notas de R$ 6.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Debates 2016

Por Cacá Araújo* 

No final de 2015, o caro e competente jornalista Fábio Pontes, na coluna "Política na Floresta" da Contilnet, publicou uma curiosa análise sobre posições políticas que o senador Jorge Viana tomou no decorrer do fatídico ano. Ano em que mataram a política, enquanto expressão de diálogo entre contrários.

Sei que o Fábio tem seus artigos motivados pela crítica ao projeto político da FPA nesses últimos anos. Embora admita sua qualidade, tenho discordado de boa parte deles.

No seu último artigo "Um fim quase trágico para Jorge Viana?", vou ater-me ao título e à sua resposta ao mesmo, quando concluiu: "Mas o ano acabou trágico para o parlamentar".

Primeiro, gostaria de refletir sobre a conjuntura política atual. Até porque, se há uma unanimidade é a de que 2015 foi tragado pelo resultado eleitoral de 2014. Portanto, esse foi o ano que não existiu.

Acredito que a grande falta deste ano foi de lideranças capazes de promover o diálogo entre as diferentes forças políticas, com credibilidade. Confiança e diálogo, matéria-prima escassa nos dias atuais. Soma-se a isso o descrédito da política, dos políticos e dos partidos. Pois, se mostraram incapazes de encontrar saídas pensando no País. Só conseguiram passar para as pessoas que cuidam mais de seus próprios umbigos do que dos interesses da população. Ficaram na guerra do olho por olho. Penso que terminam 2015 com olhar turvo, comprometendo a realidade dos fatos.

A militância petista mais ativa perdeu tempo batendo boca de forma estéril (uma maneira, a meu ver, de não querer ver) com os 30% dos conservadores que nunca aceitaram o PT no poder. Por outro lado, deixaram de dialogar com os 40% de simpatizantes que votaram no partido, garantindo a vitória da presidente Dilma Rousseff (no segundo turno), que estão perplexos com a falta de explicações convincentes sobre o mar de corrupção que atinge a todos. Sem falar de parte significativa dos militantes indignados, ou silenciosos, esperando saber qual o rumo que o partido irá tomar para decidir o seu próprio caminho, assunto este que caberá um amplo debate.

Nesse sentido entendo que o Fábio não percebeu que Jorge Viana é um dos raros políticos que sai dessa curva.

É conhecido por todo o Acre como o governador que resgatou o orgulho acreano. Ainda mais, todos reconhecem que as instituições acreanas estavam seriamente afetadas pela ação do crime organizado no Acre, sob comando do ex-coronel Hildebrando Pascoal e comparsas. Jorge deu o exemplo claro da importância de instituições fortes, capazes de garantir o Estado de Direito e a consolidação da nossa democracia.

Para ser justo, é preciso atribuir à liderança do então governador Jorge Viana a capacidade de engendrar uma aliança entre PT e PSDB. Articulando, com o ex-presidente Fernando Henrique e o ex- presidente Lula, uma aliança que só foi permitida no Acre. Uma vez que, tanto o PT quanto o PSDB, tinham proibido a seus diretórios regionais qualquer aliança entre os dois partidos. A meu ver, tanto um quanto o outro, movidos pela disputa em São Paulo, condicionaram ao restante do País a mesma disputa paulista. Se as lideranças dos demais Estados tivessem rompido esse monopólio político talvez a história hoje fosse outra (mas essa análise fica para depois).

Portanto, se tem uma característica na vida política do senador Jorge Viana, é o diálogo e o compromisso com o Estado de Direito e a Constituição, institutos fundamentais para o exercício e garantia da plena democracia.

Membros do STF, em posse da gravação da conversa do Delcídio com o filho de Nestor Cerveró, em que o senador pretensamente usaria de sua influência com membros do Supremo para "facilitar" a vida do ex-diretor da Petrobras, se viram na encruzilhada de ver a suspeição de seus atos. Reagiram de forma para manter sua legitimidade, atropelar a Constituição e - com provas ilegais, embora não reste nenhuma dúvida sobre o mau-caráter do senador Delcídio - prendê-lo em pleno exército de suas funções parlamentares. Um poder atropelando o outro. Caso nunca antes ocorrido em tal magnitude.

A posição do vice-presidente Senado não poderia permitir tal acinte, em que pese a gravidade do caso Delcídio, pois ele tem direitos constitucionais. Isto não invalida sua posterior prisão e cassação dentro do rito legal. Neste caso, o voto por sua cassação será devidamente dado pelo senador Jorge Viana.
O compromisso com o futuro, pautado no princípio do Estado de Direito, não pode estar à mercê da comodidade do momento. Além disso, é da natureza política do senador, como já ressaltamos acima, o fortalecimento das instituições.

Portanto, caro Fábio, perante o descrédito na política, não é possível sucumbir à tentação de decisões fáceis, que satisfazem as emoções do presente, sem a devida racionalidade. Jorge Viana preferiu se manter fiel aos seus princípios, pois sabe que, no decorrer do tempo, o julgamento sereno virá e será mais um motivo para a valorização da boa política.

Cacá Araújo  é advogado e assessor político do senador Jorge Viana

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

2015, o ano que não acabou

Ano novo, crise velha. Assim podemos definir este começo de 2016 para nós, brasileiros. Se 1968 foi o ano que não acabou, 2015 também pode seguir o mesmo destino. Muitos dos problemas do ano velho vão se arrastar para este que nasce, sendo mais do que necessário resolvê-los até 31 de dezembro –só não se sabe se de 2016, 2017, 2018...

O Brasil ainda precisa resolver muitos de suas encrencas gestadas lá em 2015. As principais, óbvio, são a operação Lava Jato e a economia em recessão. No campo político o País deve se livrar o mais rápido possível de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara, e definir se tira ou mantém Dilma Rousseff no Planalto.

A questão do impeachment é mais urgente do que a iminente cassação de Cunha. O processo de deposição de Dilma não pode se arrastar por mais tempo por conta dos efeitos danosos para a economia que, como sempre, castiga os mais pobres. A fuga dos investidores e a queda dos investimentos externos empurram o Brasil para o buraco.

À primeira vista não há perspectivas de melhoras com o novo-velho ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Afinal, será Dilma e não ele quem definirá os rumos da economia. Foi assim no primeiro mandato com Guido Mantega; a consequência de Dilma como gerente da Fazenda é a tragédia da inflação que deixa qualquer brasileiro à beira de um infarto ao ir ao supermercado.

Mas nem tudo será só tragédia para os brasileiros neste ano novo. Ainda há razões para se manter a esperança em instituições sólidas e de credibilidade, como Polícia Federal, Procuradoria da República e nossa Corte maior, o Supremo Tribunal Federal (STF).

Em 2016 o Brasil terá a oportunidade de passar a limpo seu triste histórico de corrupção. Será o ano de a Justiça julgar e condenar de uma vez por todas aqueles que por muitos anos se lambuzaram na lama da corrupção, desviando bilhões de reais dos cofres públicos. E não se trata da corrupção somente no setor público, mas também no privado.

Para alento da nação, nem tudo está perdido. Diante da atuação rígida –com base nos princípios legais – dos membros da Polícia Federal, MPF e Judiciário é possível acreditar que um dia seremos, de fato, uma nação séria. Também teremos a oportunidade de fazer Justiça com os próprios dedos, pois será com eles que daremos nosso recado nas urnas em outubro, nas eleições municipais.

Precisamos também fazer nosso dever de casa. A corrupção começa na ponta; a escolha errada de um candidato a prefeito e/ou vereador trazem consequências tão graves quanto a que vemos hoje com a Lava Jato. Um prefeito corrupto desvia dinheiro que seria usado para a manutenção das ruas, melhoramento do sistema de saneamento básico, da escola e do posto de saúde.

As previsões para o Brasil não são das melhores por parte dos gurus da economia. Mas como somos brasileiros e não desistimos nunca, é possível manter uma centelha de esperança para construirmos um País melhor para nós e a próximas gerações.

Um brinde ao 2016 com as digitais de 2015