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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Tapa-buraco (e no braço)

Com sua capital de dois milhões de habitantes isolada do restante do País, o Amazonas vê a cada dia o impasse em torno da recuperação da BR-319 ganhar novos contornos. O embate mais recente foi a queda de braço entre o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). Em novembro, o órgão ambiental pediu na Justiça a suspensão das obras na rodovia pelo Dnit por considerar que não houve o devido estudo de impacto no ambiente, além das obras estarem causando sérios prejuízos em seu entorno.

Desde então o Estado assiste a um jogo de empurra-empurra entre os órgãos estaduais e federais para saber quem, de fato, terá a autonomia para a concessão das licenças ambientais. Enquanto a burocracia emperra a obra, um grupo formado pelos mais diversos segmentos da sociedade decidiu formar a Associação dos Amigos e Defensores da BR-319.

Como forma de protesto, o grupo decidiu atuar por conta própria –cansados da inércia do poder público – e foi fazer trabalhos de reparos nas precárias pontes de madeira da rodovia. Os ativistas saíram de Manaus no último sábado (9) com destino ao quilômetro 350 para recuperar pontes e desvios que estão em péssimas condições.

Ao todo, a BR-319 tem 885 quilômetros que ligam Manaus a Porto Velho; a capital de Rondônia já está conectada via terrestre com o País pela BR-364 –a mesma que vai até o extremo oeste do Acre. Ambientalistas são contra a pavimentação da estrada no Amazonas por avaliarem que ela trará grandes impactos ambientais a uma das regiões mais preservadas da Floresta Amazônica.

Já seus defensores dizem que ela é essencial para o desenvolvimento do Estado, garantindo melhor qualidade de vida para a população das cidades às suas margens, e tirando a grande Manaus do isolamento. Hoje a cidade tem nas vias fluvial e aérea suas principais fontes de abastecimento.

O governo José Melo (Pros) já apresentou como proposta a construção de túneis e cercas para garantir a proteção da fauna ao longo da rodovia, bem como intensificar a presença do Estado na região para evitar o desmatamento e ocupação irregular de terras.

Enquanto autoridades de Brasília e de Manaus não chegam ao consenso, tem sobrado à sociedade civil a tarefa de se organizar em associações para garantir o mínimo de tráfego seguro na rodovia, permitindo que carros e ônibus possam circular.

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