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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Tucanato manauara

Depois de uma disputa acirrada e sair vitorioso pela prefeitura de Manaus, o tucano Arthur Virgílio Neto caminha –quase quatro anos depois - para uma nova queda de braço pela maior e mais rica cidade da Amazônia. Seu adversário não será só a crise financeira que compromete a gestão de prefeitos de Norte a Sul do País, e impede os atuais prefeitos de tirar do papel grande parte de suas promessas eleitorais de 2012.

Uma sucessão marcada por um grande número de candidatos -que contribui para a divisão dos votos – e a indefinição do futuro político do Amazonas com a cassação do mandato do governador José Melo (Pros) criam um cenário incerto no tabuleiro manauara. Até o momento, ao menos 13 nomes sinalizaram a intenção de disputar o cargo ocupado por Virgílio.

O tucano ganhou notoriedade nacional após ser uma das principais lideranças da oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Como consequência, ele teve sua reeleição para o Senado, em 2010, “sabotada” por toda a estrutura do governo federal no Amazonas, o que assegurou a vitória do hoje ministro Eduardo Braga (Minas e Energia), e de Vanessa Grazziotin (PCdoB).

E foi com Vanessa que o tucano travou o duelo pelo comando de Manaus. A senadora comunista teve com seus cabos eleitorais as figuras do ex-presidente Lula e sua sucessora, Dilma Rousseff. À época, a dupla petista ainda desfrutava de muito prestígio no Amazonas; prova disso são os resultados das disputas presidenciais mais recentes, com o PT obtendo vitórias acachapantes sobre os adversários tucanos. Mas essa lua-de-mel parece ter chegado ao fim com a atual crise econômica que vem ocasionando demissões em massa no polo industrial de Manaus.

Membro de uma família política tradicional do Amazonas e ex-prefeito de Manaus, o retorno de Virgílio à prefeitura, em 2012, é apontado pelos manauaras como uma compensação pela derrota ao Senado em 2010. Aliado do governador José Melo (Pros), o tucano tem conseguido realizar uma boa gestão numa metrópole que, como qualquer grande cidade brasileira, enfrenta inúmeros problemas.

Apesar de ser adversário da presidente Dilma, Arthur Virgílio tem usado de sua formação acadêmica como diplomata para manter uma boa relação com Brasília e, assim, assegurar recursos para sua gestão. Mesmo com Manaus tendo um orçamento equivalente ao de Estados como Acre, Roraima e Amapá, Virgílio precisou de ajuda federal para assegurar a execução de obras e investimentos.

À primeira vista o tucano não terá adversários duros que coloquem em risco sua reeleição. Para analistas políticos locais, a única certeza é que haverá, sim, segundo turno –só não se sabe com quem. Jornalistas comentam que Vanessa Grazziotin enfrenta um desgaste político por questões regionais, mais o fado de integrar a base da impopular presidente Dilma.

Nomes potenciais que poriam em risco a reeleição tucana são de Eduardo Braga e do senador e ex-governador Omar Aziz (PSD). Em 2016, a política no Amazonas tem incertezas diante do futuro de José Melo, que teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral por corrupção nas eleições de 2014.

O caso será analisado pelo Tribunal Superior Eleitoral, que decidirá se mantém ou revoga a decisão do TRE. Em caso de manutenção do veredicto ficará outra questão: haverá uma nova eleição ou o segundo colocado, Eduardo Braga, assume o governo?

Já Omar Aziz não tem seu nome cogitado entre os possíveis candidatos. Ele ainda está esquentando sua cadeira no Senado obtida na eleição de 2014, após sair do governo como um dos gestores mais bem avaliados do Estado.

As incertezas políticas neste ano que começa não pairam somente sobre o Amazonas com seu governador cassado. A indefinição sobre o impeachment da presidente Dilma também é uma incógnita, o que torna prematuro qualquer prognóstico sobre como o eleitor se comportará em outubro. Até lá serão somente muitas especulações, além de bastante água a passar por debaixo da ponte do majestoso rio Negro.

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