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sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Reforço


Bombeiros do Acre capacitam 240 militares do Exército para combate a incêndios 

Militares do Exército em aula prática de combate a fogo (Foto: Assessoria CBMAC)


O Corpo de Bombeiros do Acre realiza desde a última quarta-feira, 28, curso de capacitação para 240 militares do Exército que atuarão no combate aos incêndios florestais durante o período de estiagem, que tende a se intensificar de setembro. É justamente a partir do próximo mês que os membros das Forças Armadas devem reforçar o trabalho dos bombeiros acreanos.

A ação do Exército no Acre faz parte da operação Verde Brasil, desencadeada a partir do decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) assinada pelo presidente Jair Bolsonaro na semana passada, como resposta à pressão internacional por contas das queimadas na Amazônia.

O Acre foi um dos estados da Amazônia Legal que mais chamaram a atenção por conta da explosão no número de focos de queimada em agosto. Até ontem, 2.652 focos foram registrados em todo nos 28 dias do mês.

Os municípios campeões em incêndios são Feijó, Tarauacá, Sena Madureira e Manoel Urbano. Estes são municípios com grandes extensões de floresta intacta, cuja presença do fogo pode colocar em risco toda a sua biodiversidade.

Os militares do Exército estão recebendo orientações teóricas e práticas de combate a incêndios em vegetação e áreas de floresta. Na capital, as aulas teóricas ocorrem nas dependências do 4º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS). Já o combate prático ao fogo é feito dentro do Centro Integrado de Ensino da Segurança Pública (Ciegs).

Também recebem a capacitação militares das unidades do Exército em Cruzeiro do Sul e Epitaciolândia. Após a conclusão do curso, eles retornam para as suas respectivas bases, podendo ser convocados caso ocorra a necessidade. A previsão é que o treinamento seja finalizado no sábado, 31. 

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Desmatamento em alta, floresta abaixo...

Em julho, desmatamento no Acre cresce 434%; em um ano, variação é de 257% 



Acre: de mocinho ao vilão do desmatamento na Amazônia (Foto: Fabio Pontes)


Se em anos passados o Acre passava quase despercebido na divulgação dos dados do desmatamento na Amazônia Legal, o mesmo não se pode dizer nestes últimos meses. Apesar de ainda apresentar números absolutos baixos, em termos percentuais o estado, agora, ocupa as primeiras posições.

É o caso do mais recente Boletim do Desmatamento divulgado nesta sexta-feira, 16, pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Em julho, o Acre teve desmatado 187 quilômetros quadrados de floresta nativa; no mesmo mês do ano passado, essa área foi de 35 km2 – uma variação de 434%.

O crescimento também foi registrado na comparação anual. Entre agosto de 2017 e julho de 2018, o desmatamento alcançou a marca de 104 km2; já no período de agosto de 2018 a julho último, o total de floresta destruída chegou a 371 km2 – a variação registrada pelo Imazon é de 257%.

Em números absolutos, na comparação com os outros estados da Amazônia Legal, o Acre registrou a segunda menor área desmatada. O Pará teve destruídos 1.792 km2 entre agosto do ano passado e julho último.

Ao todo, em toda a Amazônia, mais de 5.000 km2 de floresta vieram ao chão no período, incremento de 15% em cotejo com o levantamento anterior. Essa elevação na Amazônia - e em particular no Acre - ocorre em meio aos discursos do presidente da República e do governador do estado, que garantem certa sensação de impunidade a quem comete crimes ambientais.

Em discurso recente, o governador do Acre, Gladson Cameli (Progressistas), deu ordens para que produtores rurais autuados pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) não pagassem as multas. (leia o artigo As falas (não ecológicas) de Cameli)

“Quem for da zona rural, e que o seu Imac estiver multando, alguém me avise porque eu não vou permitir que venham prejudicar quem quer trabalhar. Avise-me e não pague nenhuma multa porque quem está mandando agora sou eu. Não paguem”, disse Gladson durante ato  em Sena Madureira. Semanas atrás disse que foi mal interpretado nesta fala.

O chefe do Executivo tem sua linha política voltada para benefício do agronegócio – o principal mote de campanha eleitoral dele em 2018. Desde que assumiu o governo no começo de 2019, as taxas de desmatamento e de focos de queimada dispararam no Acre. (Leia artigo Acre em Chamas)

Contudo, a elevação na quantidade de floresta desmatada passou a ser observada já em 2018, último ano de governo do petista Tião Viana.  Ano passado, de acordo com o Inpe, o Acre perdeu 393 km2 de sua cobertura florestal nativa.

Resex Chico Mendes 

Outro dado que chama a atenção nos dados do Imazon é a destruição da Reserva Extrativista Chico Mendes. Tanto nos levantamentos do Imazon quanto do Inpe, a unidade ocupa as primeiras posições em desmatamento. Em julho último, o desmatamento chegou a 16 km2 dentro da Resex idealizada pelo líder seringueiro acreano.

A falência da economia extrativista e o avanço da pecuária exercida pela pressão das fazendas de boi ao redor são vistas como os indutores de destruição da unidade. Em quase 30 anos, ela já perdeu mais de 6% de sua cobertura natural, representando 63.211 hectares de mata que deu lugar ao pasto. 


Nota do governo do Acre sobre os dados do Imazon 


O Governo do Estado do Acre,  por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), desde o início de sua gestão em janeiro de 2019, sempre se pautou pelo atendimento as Leis Ambientais, num esforço para mostrar a sociedade e a todo o país de que é possível conciliar desenvolvimento econômico com preservação e utilização racional dos nossos recursos naturais. 

O dado divulgado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON) referente ao avanço do desmatamento no período de agosto de 2018 a julho de 2019, mostrou que na Amazônia Legal (área composta pelos estados do Amapá, Tocantins, Roraima, Maranhão, Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso e Pará) o desflorestamento foi de 5.054 km2, correspondendo a 15% de elevação em relação ao período anterior. 

Os dados divulgados são fundamentais como balizadores para monitoramento e implementação de políticas de comando e controle, porém é preciso que esses dados sejam avaliados dentro do contexto em que se situam. 

De acordo com o IMAZON, o Acre não está na primeira posição entre os estados que lideraram o desmatamento nesse período. Essa posição é ocupada pelo Pará (36%), seguindo de Amazonas (20%) e em seguida Rondônia e Acre (15%). Destaca-se ainda que o Acre apresentou apenas 3% de degradação no mês de julho, o menor índice da Amazônia Legal.

Diante do exposto, a atual gestão estadual restabelece a verdade, condena o desmatamento ilegal que traz prejuízos ambientais, sociais e econômicos para a população e renova seu compromisso com o desenvolvimento sustentável através de novas políticas  de desenvolvimento social e econômico que estãoestão sendo implementadas a partir desse ano.

Israel Milani

Secretário de Estado do Meio Ambiente

Riscos ambientais

Com uma semana de atraso, Cameli assina decreto de alerta ambiental no Acre 

Passada uma semana desde a elaboração do decreto de alerta ambiental pelas equipes técnicas da Secretaria de Meio Ambiente e a da Comissão Estadual de Riscos Ambientais, enfim o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), assinou a medida, publicada na edição desta sexta-feira, 16, do Diário oficial.

O alerta foi adotado após a explosão no número de focos de queimadas registrados no Acre nos primeiros dias de agosto. Ao todo, nos 10 primeiros dias do mês, 5.190 focos foram registrados pelos satélites do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 

Os dados levam em conta as imagens coletadas por todos os satélites usados pelo Inpe. Este número, portanto, pode ser superestimado, pois um mesmo foco é contabilizado por diferentes satélites, indo para a somatória final. 

Todavia, estes dados servem como referência para o Corpo de Bombeiros em sua estratégia de identificar os focos que necessitam de maior atenção para uma eventual ação de combate.

Levando-se em conta apenas os números do chamado satélite de referência (que tem as informações mais precisas), foram registrados 1.790 focos entre 1º de agosto e a última quarta-feira, 14. Os números correspondem por 90% do registrado em alongo de todo o ano.

O decreto de alerta ambiental tem como consideração tanto o risco eminente de queimadas descontroladas, quanto o de desabastecimento por conta do nível crítico dos rios acreanos.

O caso mais preocupante é o rio Acre, sobretudo na capital. O manancial é a única fonte de fornecimento de água para os mais de 400 mil moradores de Rio Branco.  O rio Acre está abaixo da chamada cota de alerta máximo, que é de três metros. Na última quarta, em Rio Branco, ele registrava nível de 1,66m.



quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Alerta ao alerta

Com queimadas em alta, Cameli retarda assinatura de alerta ambiental no Acre 


Anunciado na última sexta-feira, 9, como a medida mais emergencial para enfrentar a crise ambiental e de saúde provocadas pelo elevado número de queimadas no Acre, o decreto de alerta ambiental ainda não foi publicado no Diário Oficial, sinalizando que o documento ainda não recebeu a canetada do governador Gladson Cameli (PP).

Conforme anunciado pela equipe ambiental do governo que se reuniu na semana passada, o decreto seria publicado na edição de segunda, 12, do Diário Oficial. Até esta quarta, 14, contudo, não houve a publicação.  Conforme a reportagem apurou, o documento já foi assinado e avalizado pela equipe técnica da Secretaria de Meio Ambiente, faltando apenas o aval de Cameli.

A situação ambiental do Acre é considerada crítica por conta do elevado número de foco de queimada registrado nestes primeiros dias de agosto. Com o fogo, há a consequente emissão de fumaça que afeta a saúde de milhares de acreanos, sobretudo de crianças e idosos. Hospitais e unidades básicas de saúde estão com elevado número de pessoas com problemas respiratórios. 

Ao todo, nos 10 primeiros dias de agosto, 5.190 focos de incêndio foram registrados no Acre pelos satélites do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).  Os dados levam em conta as imagens coletadas por todos os satélites usados pelo Inpe.

Este número, portanto, pode ser superestimado, pois um mesmo foco é contabilizado por diferentes satélites, indo para a somatória final.  Levando-se em conta apenas os números do chamado satélite de referência (que tem as informações mais precisas), foram registrados 1.556 focos até a última segunda (12).

Apenas estas duas semanas incompletas de agosto representam 90% do total de queimadas registradas ao logo do ano no Acre. O aumento ocorre em dois momentos estratégicos: o tempo seco provocado pela escassez de chuvas, e as declarações do governador Gladson Cameli condenando os trabalhos de fiscalização do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac).

“Quem for da zona rural, e que o seu Imac estiver multando, alguém me avise porque eu não vou permitir que venham prejudicar quem quer trabalhar. Avise-me e não pague nenhuma multa porque quem está mandando agora sou eu. Não paguem”, disse Gladson durante ato político em Sena Madureira no primeiro semestre deste ano.  A fala veio a público nos últimos dias, ganhando manchete nacional.

Os dados oficiais do governo sinalizam que as declarações de Cameli serviram como um combustível para o boom das queimadas. As propriedades privadas e os projetos de assentamento lideram o ranking de queimadas em agosto; 289 e 226 focos, respectivamente. Estas são as áreas mais problemáticas para a incidência de foco, e cujos moradores foram motivados pelo governador a fazer desdém do Imac.

As terras indígenas são as que apresentam o menor número.: 59 focos.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Cameli incendeia a floresta


Não há a menor dúvida de que o responsável pela atual crise ambiental e de saúde no Acre tem nome e sobrenome: Gladson de Lima Cameli, governador de um estado em chamas. As suas irresponsáveis palavras contra o órgão ambiental do governo, o Imac, é um dos principais incentivos para as pessoas terem a sensação de impunidade para voltar a fazer uso das queimadas em um período crítico do ano.

O Acre voltou a registrar níveis recordes de focos de queimada (leia post abaixo). Nestes primeiros dias de agosto, os dados são assustadores, quando comparados com anos e meses anteriores. A consequência são milhares de pessoas - em especial crianças e idoso - abarrotando nossos já caóticos hospitais públicos por problemas respiratórios.

Na natureza, a fauna e a flora são destruídas. Imagens de animais mortos por conta do fogo são horripilantes. Aquela área de floresta destruída pelas chamas levará centenas (talvez milhares) de anos para se recompor.

O que o governo Gladson Cameli tem feito? Nada. Sua reação é patética. Ao invés de reconhecer o seu erro e pedir desculpas pelo o que falou, o governador afirmou que sua fala sobre o Imac foi mal interpretada e distorcida pelos opositores. Uma argumentação chula e que não convence a ninguém; contra fatos não há argumentos.

Na semana passada, as autoridades ambientais se reuniram e descobriram o óbvio: a situação ambiental está crítica. Prometeram adotar medidas, entre elas decretar situação de alerta ambiental, como noticiado pela agência estatal de notícias. Falaram que o decreto seria publicado na segunda-feira, 12 de agosto.

Nem na edição de ontem nem da de hoje (13) o Diário Oficial traz a medida. Gladson Cameli sabe que assinar o decreto é um atestado de culpa pelo seu crime ambiental. Sim, a fala do governador contra uma instituição do governo, o Imac, é criminosa, pois se caracteriza como improbidade administrativa e prevaricação, passível de processo.

Ao invés de defender, proteger e fortalecer os organismos de governo, o chefe do Executivo vai em sentido contrário. A consequência salta aos nossos olhos e pulmões. O que antes ficava só em estatísticas e gráficos, agora é sensível. Além da vergonha de estarmos nas primeiras posições quando o assunto é desmatamento e fogo na floresta, ainda temos nossa saúde impactada por um governo irresponsável e omisso.     

domingo, 11 de agosto de 2019

Acre em chamas (Alerta Ambiental)

Nos 10 dias de agosto, Acre registra mais de 5 mil focos de incêndio; governo decreta alerta ambiental 


Municípios mais bem preservados do Acre são os maiores impactados pelo fogo (Foto: Fabio Pontes)


Com a intensificação do período de seca na porção sudoeste da Amazônia - quando as chuvas ficam escassas, a umidade relativa do ar em níveis de deserto e temperaturas elevadas - o fogo encontra o ambiente perfeito para proliferar. São nestes meses do chamado “verão amazônico” que os produtores rurais aproveitam para realizar queimadas e, assim, deixar seus roçados “limpos” para o próximo plantio.

O problema é que muitas destas queimadas saem do controle, entram na floresta e causam impactos irreversíveis ao ambiente. A saúde humana também é afetada com a piora do ar respirado, já que a fumaça toma de conta das zonas rural e urbana.

Apenas nestes primeiros 10 dias de agosto, 5.190 focos de incêndio foram registrados no Acre pelos satélites do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A capital Rio Branco lidera o ranking entre os 22 municípios acreanos: 727 focos.

Logo em seguida estão os municípios dos Vales do Purus e Tarauacá/Envira, região que concentra as áreas mais bem preservadas de Floresta Amazônica do Acre. Nestes 10 dias de agosto, Feijó registrou 671 queimadas, seguido por Sena Madureira (672), Tarauacá (571) e Manoel Urbano (443).

Os números destes primeiros dias de agosto superam todo o acumulado de julho; mês passado, o Inpe detectou 1410 focos no Acre. Os dados também impressionam quando se compara com os 10 primeiros dias de agosto do ano passado: 440; aumento superior a 1000%.

O alarmante crescimento nos focos de queimada no Acre vem acompanhado do de desmatamento. De acordo com o último boletim do desmatamento elaborado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o total de área de floresta nativa destruída, em junho de 2019, cresceu 300% quando comparado com junho de 2018.

Ambos os crescimentos ocorrem no novo momento do governo acreano, com o governador Gladson Cameli (Progressistas) defendendo o agronegócio como principal motor de desenvolvimento do estado, além de fazer críticas às políticas ambientais. O governador defendeu que agricultores multados pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) não paguem as multas aplicadas pelo órgão.

“Quem for da zona rural, e que o seu Imac estiver multando, alguém me avise porque eu não vou permitir que venham prejudicar quem quer trabalhar. Avise-me e não pague nenhuma multa porque quem está mandando agora sou eu. Não paguem”, disse Gladson durante ato político em Sena Madureira no primeiro semestre deste ano.

O Imac é, justamente, o órgão do estado responsável por fiscalizar e aplicar multas a quem faça o uso do fogo em áreas além do permitido.

Diante da gravidade da situação das queimadas, o governo já decretou situação de alerta ambiental no Acre. O decreto deverá ser publicado na edição de segunda-feira (12) do Diário Oficial. A Secretaria de Meio Ambiente ficará responsável por elaborar um plano de ação para conter o avanço das queimadas. 

sábado, 10 de agosto de 2019

O dinheiro virou fumaça

Alemanha decide cortar verbas para a Amazônia: medida pode afetar Acre 

A decisão do governo da Alemanha de não mais enviar recursos para projetos na Amazônia por conta do crescimento recorde do desmatamento poderá ter reflexos diretos no Acre. 

Os alemães são os principais financiadores das políticas acreanas de pagamento por redução do desmembramento e degradação da floresta, o Redd+. Até 2021, o Acre poderia receber R$ 130 milhões do governo alemão por meio de seu banco de fomento KFW. 

Conforme previsto em contrato, a condicionante para o estado receber estes recursos seria não ultrapassar o limite anual de 434 km2 de desmatamento. Hoje o Acre tem as taxas mais elevadas da região e, para especialistas, passará este teto ante o ritmo crescente de destruição da floresta. 

Em 2018, ainda nos governos petistas e suas políticas ambientais mais rigorosas, o Acre registrou - segundo o Inpe - 393 km2 de desmatamento, chegando bem perto do limite. 
A decisão de não mais financiar projetos na Amazônia foi anunciado neste sábado, 10, pelo Ministério do Meio Ambiente da Alemanha. 

Entenda mais sobre a questão no artigo Sem floresta, sem dinheiro 
Entre 2012 e 2017, o Acre já tinha recebido € 25 milhões (R$ 105 milhões) por seu desmatamento ter ficado abaixo do teto estabelecido. 

Sem estes recursos, vários projetos correm o risco de parar no Acre, incluindo o pagamento de subsídios para a produção de borracha, visto como o último mecanismo para garantir algum fôlego à economia extrativista.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

As falas (não ecológicas) de Cameli

Em reunião com procuradores, Gladson diz que foi mal interpretado em fala sobre Imac 


O governador do Acre, Gladson Cameli (Progressistas), reuniu-se essa semana com os procuradores da República que atuam na área ambiental para falar sobre quais medidas sua gestão adota para o controle do elevado desmatamento registrado desde o ano passado no estado.

De acordo com o último boletim do desmatamento elaborado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o total de área de floresta nativa destruída, em junho de 2019, cresceu 300% quando comparado com junho de 2018. Entre os estados da Amazônia Legal, o Acre foi o único a registrar aumento na taxa nesta comparação.

Em junho do ano passado, o Acre teve 10 km2 de floresta desmatada - o equivalente a 1.000 campos de futebol.  Agora, no último mês, 40 km2 de mata foram devastadas no estado, que ainda tem uma das maiores coberturas florestais do país; ou seja, 4.000 campos de futebol do que antes era floresta viraram áreas abertas.

Essa curva ascendente no Acre - que registrava as taxas mais baixas dentro da região - preocupa as autoridades ambientais. Os discursos do governo federal e estadual contra a política ambiental são vistos como um incentivo para a derrubada de áreas de floresta.

Um dos principais temas tratados na reunião foi o discurso do governador Gladson Cameli no qual ele desautoriza pessoas que tenham sido autuadas pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) a pagar as multas.

“Quem for da zona rural, e que o seu Imac estiver multando, alguém me avise porque eu não vou permitir que venham prejudicar quem quer trabalhar. Avise-me e não pague nenhuma multa porque quem está mandando agora sou eu. Não paguem”, disse Gladson durante ato político em Sena Madureira no primeiro semestre deste ano.

As declarações ganharam a repercussão nacional e foram vistas como um incentivo a práticas de crimes ambientais. Aos procuradores da República, Gladson disse que sua fala foi mal interpretada e distorcida por seus opositores, afirmando ser contra o desmatamento.

“Como eu poderia agir contra a legislação se eu mesmo ajudei a aprovar o novo Código Florestal quando ainda era senador? Sabemos que é possível plantar soja, milho e café, por exemplo, sem precisar derrubar uma árvore. Temos que aproveitar as áreas que já estão abertas e utilizar a tecnologia a nosso favor para aumentar a nossa produção”, disse ele. 

“Muito importante o engajamento do governador nesta preocupação na atuação do combate ao crime e ilícitos ambientais porque o Estado tem que passar uma mensagem forte de combate aos crimes ambientais e o governador deixou muito claro que o Estado vai nos auxiliar nessa ação”, avaliou o procurador Joel Bogo. 

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Anistia ambiental

Governo trocará pagamento de multas do Imac por recuperação de áreas desmatadas 


O governo Gladson Cameli (Progressistas) encontrou como opção para não obrigar os produtores rurais a pagar as multas aplicadas pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) a adesão deles ao Programa de Regularização Ambiental (PRA).

Desta forma, ao invés de serem penalizados monetariamente, os produtores rurais terão apenas que recuperar as áreas desmatadas dentro da reserva legal por meio de reflorestamento, conciliando com o sistema agroflorestal. O prazo para recuperação dos danos ambientais causados é de 20 anos.

A anistia monetária vem após a publicação de reportagem de um vídeo em que o governador Gladson Cameli orienta as pessoas autuadas pelo Imac a não pagar as multas, e que ele próprio anularia os autos de infração.

O Imac esteve na mira do atual governador acreano desde a campanha do ano passado. Ele prometia anistiar as multas aplicadas. Para ele, as ações de fiscalização dos agentes era um entrave para o desenvolvimento econômico do estado, com destaque para o agronegócio – a sua principal bandeira eleitoral. 

Após a repercussão negativa das declarações - expostas na imprensa nacional - o governador adotou um tom mais ameno durante seu discurso de lançamento do programa de regularização das pessoas autuadas pelo instituto. O evento aconteceu no último sábado, 3, durante a Expoacre.

“Quero criar oportunidades, regularizar a situação das famílias, incentivar para que possam trabalhar na legalidade e cumprir com as leis ambientais. Foi uma promessa que fiz ainda em campanha e pedi para que esperassem pra pagar suas multas, pois eu ia lançar o Plano de Regularização e beneficiar nossos produtores rurais”, disse o governador.

Ao todo, o programa pretende beneficiar todas as multas aplicadas entre 2012 e 2018, totalizando 6.000 infrações. Nesta primeira fase, o programa abrange 600 produtores rurais. 

Ao aderir ao programa, os produtores passam a ficar com a ficha-limpa diante do órgão ambiental do estado, voltando a ter acesso a linhas de crédito para o financiamento de novos investimentos dentro de suas propriedades.