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sexta-feira, 9 de agosto de 2019

As falas (não ecológicas) de Cameli

Em reunião com procuradores, Gladson diz que foi mal interpretado em fala sobre Imac 


O governador do Acre, Gladson Cameli (Progressistas), reuniu-se essa semana com os procuradores da República que atuam na área ambiental para falar sobre quais medidas sua gestão adota para o controle do elevado desmatamento registrado desde o ano passado no estado.

De acordo com o último boletim do desmatamento elaborado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o total de área de floresta nativa destruída, em junho de 2019, cresceu 300% quando comparado com junho de 2018. Entre os estados da Amazônia Legal, o Acre foi o único a registrar aumento na taxa nesta comparação.

Em junho do ano passado, o Acre teve 10 km2 de floresta desmatada - o equivalente a 1.000 campos de futebol.  Agora, no último mês, 40 km2 de mata foram devastadas no estado, que ainda tem uma das maiores coberturas florestais do país; ou seja, 4.000 campos de futebol do que antes era floresta viraram áreas abertas.

Essa curva ascendente no Acre - que registrava as taxas mais baixas dentro da região - preocupa as autoridades ambientais. Os discursos do governo federal e estadual contra a política ambiental são vistos como um incentivo para a derrubada de áreas de floresta.

Um dos principais temas tratados na reunião foi o discurso do governador Gladson Cameli no qual ele desautoriza pessoas que tenham sido autuadas pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) a pagar as multas.

“Quem for da zona rural, e que o seu Imac estiver multando, alguém me avise porque eu não vou permitir que venham prejudicar quem quer trabalhar. Avise-me e não pague nenhuma multa porque quem está mandando agora sou eu. Não paguem”, disse Gladson durante ato político em Sena Madureira no primeiro semestre deste ano.

As declarações ganharam a repercussão nacional e foram vistas como um incentivo a práticas de crimes ambientais. Aos procuradores da República, Gladson disse que sua fala foi mal interpretada e distorcida por seus opositores, afirmando ser contra o desmatamento.

“Como eu poderia agir contra a legislação se eu mesmo ajudei a aprovar o novo Código Florestal quando ainda era senador? Sabemos que é possível plantar soja, milho e café, por exemplo, sem precisar derrubar uma árvore. Temos que aproveitar as áreas que já estão abertas e utilizar a tecnologia a nosso favor para aumentar a nossa produção”, disse ele. 

“Muito importante o engajamento do governador nesta preocupação na atuação do combate ao crime e ilícitos ambientais porque o Estado tem que passar uma mensagem forte de combate aos crimes ambientais e o governador deixou muito claro que o Estado vai nos auxiliar nessa ação”, avaliou o procurador Joel Bogo. 

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