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sábado, 20 de outubro de 2018

Amazônia à direita

Encerrada a votação do último dia 7 de outubro e a aproximação do fim do segundo turno, que como apontam todas as pesquisas divulgadas até aqui, consagrará a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República, a luz vermelha sobre a sobrevivência da Floresta Amazônica nos próximos anos já está acesa.

O discurso antiambiental do capitão do Exército é reforçado pelos governadores eleitos ou dos candidatos que ainda estão na busca de votos dos eleitores no Norte do país. A grande maioria teve como discurso o desenvolvimento econômico a partir de bases que, se não aplicadas com critérios de sustentabilidade, tendem a causar grandes danos à maior floresta tropical do mundo.

Aqui pelo Acre, por exemplo, o governador eleito Gladson Cameli (PP) teve como uma de suas principais bandeiras de campanha fortalecer o agronegócio, sendo a plantação de soja vista como a grande redentora da economia acreana. O mesmo discurso foi adotado pelo candidato do PT, Marcus Alexandre, que tinha em seu plano de governo até afrouxar as regras de licenciamento ambiental para ganhar o apoio do setor rural.

A postura ambiental dos próximos governos regionais na Amazônia Legal vai depender, sobretudo, da adotada por quem estiver na cadeira de presidente do Brasil. Bolsonaro já deu declarações claras de que em uma eventual gestão sua, a política ambiental será desmantelada.

Sua principal proposta para o setor é acabar com o Ministério do Meio Ambiente, transformando-o numa espécie de secretaria subordinada ao Ministério da Agricultura - seria como entregar o galinheiro aos cuidados da raposa. O candidato do PSL é apoiado em massa pela bancada ruralista no Congresso Nacional, que a todo momento se articula para fragilizar e até acabar com a legislação ambiental brasileira.

Bolsonaro também já disse que vai retirar o Brasil do Acordo de Paris, o mais importante instrumento mundial de redução nas emissões dos gases de efeito estufa, e que contribuem para as mudanças climáticas por que passamos. Um dos principais compromissos do Brasil é justamente reduzir (e até zerar) o desmatamento da Amazônia. Com um governo Bolsonaro, todas as políticas de enfrentamento à derrubada da floresta tendem a ser extintas;.

O presidenciável é contra as terras indígenas e as unidades de conservação, principais ferramentas de contenção ao avanço do desmatamento na Amazônia. Segundo ele, as terras indígenas são um país dentro de outro país - logo ele que presta continência à bandeira norte-americana e deixa em dúvida até que ponto manterá a soberania nacional.

No Acre a dúvida é pertinente. Após 20 anos de governos petistas e sua política da florestania, o setor ambiental está em alerta com a chegada de Gladson Cameli ao Palácio Rio Branco. É lógico que o ideal de desenvolvimento sustentável de base florestal colocada em prática por Jorge Viana entre 1999 e 2010 não foi a nossa grande salvação; problemas ocorreram e o governo de seu irmão, Tião Viana, decidiu abandoná-la.

Contudo, grandes avanços também foram obtidos neste período. Foi mantida de pé 86% de nossa cobertura florestal amazônica. Temos a maior biodiversidade do planeta no Vale do Juruá. Temos um grande número de famílias ribeirinhas, extrativistas e indígenas que dependem da floresta em pé. O Acre avançou em sua política de captação de recursos a partir do mercado de carbono - segmento que ainda patina no mundo todo.

Temos nosso programa de pagamento por serviços ambientais. A nossa floresta não pode ser vista como um entrave, mas uma aliada ao desenvolvimento econômico; ela é um grande ativo econômico.

Ao contrário do discurso radical de Jair Bolsonaro, o senador Gladson Cameli adota uma postura mais comedida quando trata da questão ambiental. Disse que investiria no agronegócio, mas sem a necessidade de destruir novas áreas de mata, respeitando as regras do Código Florestal. Já é um bom sinal diante de tanto radicalismo contra a pauta ambiental acreana espalhado por seus aliados, como o senador eleito Márcio Bittar (MDB).

Manter a Floresta Amazônica em pé não é um discurso da elite intelectual - é uma questão de sobrevivência não só nossa, mas de todo o planeta. A Amazônia é responsável por regular o regime de chuvas em todo o país e manter o equilíbrio do clima no mundo.

Às pessoas que vivem dentro dela deve-se levar uma política econômica diferenciada, valorizando e garantindo valor de mercado aos produtos de origem florestal - madeireiros e não-madeireiros. Temos várias iniciativas espalhadas por toda a região que mostram ser possível conciliar crescimento econômico com respeito à floresta.

Que o radicalismo do futuro presidente do Brasil não coloque em risco a manutenção deste e dos outros biomas do país, e das populações que neles vivem.   

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

JV e sua sobrevivência

“Derrota” de Jorge Viana é resultado de desgaste e efeito da onda anti-PT

Se há um dado que chama a atenção na pesquisa Ibope/Rede Globo divulgada nesta quinta-feira, 20, é a queda do senador petista Jorge Viana. Ele, que há até bem pouco tempo era apontado como franco favorito para mais oito anos no Senado, viu o crescimento de seus oponentes e, se as eleições fossem hoje, ele precisaria ter que dizer “adeus, Brasília”.

Até o fim de agosto, Jorge Viana aparecia sempre no primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, com uma considerável distância para o segundo colocado, o também senador Sérgio Petecão (PSD). Márcio Bittar (MDB), este nem se cogitava como ameaça a Jorge Viana e toda sua áurea.

Mas eis que, setembro avançou, e tudo mudou. O troca-troca de posições na primeira fila do grid de largada lembra uma disputa clássica num autódromo de Fórmula 1. Primeiro, Petecão pisou mais forte no acelerador e ultrapassou Jorge Viana. A Ferrari petista parece ter tido uma pane, e Márcio Bittar aproveitou a oportunidade e deixou o adversário para trás.

A não reeleição do criador da florestania é muito mais emblemática do que a derrota de seu partido para o governo. Afinal, desde que o mundo é mundo as pesquisas mostram que Gladson Cameli (PP) sempre esteve à frente de Marcus Alexandre (PT).

Considerando a margem de erro, Jorge e Bittar estão tecnicamente empatados. Esse empate já era apontado em duas pesquisas divulgadas na semana passada, mas com Jorge numericamente na frente.

Se levarmos em consideração estas mesmas pesquisas, veremos que a queda do senador tem explicação: entre os candidatos ao Senado, ele é o campeão em rejeição pelos eleitores. Isso tudo após ser avaliado como o melhor prefeito de Rio Branco lá na década de 1990 e o melhor governador do Acre na primeira metade da década passada.

Jorge Viana pode ser visto como o “reconstrutor” do Acre. Assumiu um estado falido em todos os seus sentidos. As instituições estavam carcomidas, as finanças numa ruína. Com sua mão-de-ferro, o petista reestruturou o Acre. Em 2006, elegeu seu vice, o desconhecido Binho Marques, como sucessor.

Por incrível que pareça, Jorge Viana hoje paga pelo preço dos oito anos do governo de... Tião Viana (PT), seu irmão. Tião simplesmente descontruiu todo o legado deixado por Jorge. Apesar de ter mantido o bom funcionamento da máquina pública, que garante a sobrevivência do Acre, Tião foi um governo desastroso, cujos grandes investimentos ocorreram de forma atabalhoada e sem planejamento.

A segurança pública entrou em colapso. Ao invés de assumir responsabilidades e colocar o estado para coibir o crime, Tião Viana preferiu empurrar a culpa para o também impopular Michel Temer (MDB) achando que, assim, teria o apoio da população. De quebra, ainda colocou o secretário de Segurança, responsável por todo este caos, como candidato a vice-governador na chapa do PT.

A receita estava pronta para o fracasso que agora as pesquisas atestam do partido nas urnas. Além do mais, a onda anti-PT parece ter chegado de forma tardia ao Acre, atingindo Jorge Viana. Foi na eleição de 2016 que os brasileiros levaram os petistas nos grandes municípios do país a derrotas custosas. Por sinal, entre as capitais, apenas Rio Branco sustentou a legenda, com a reeleição tranquila de Marcus Alexandre.

Por aqui, o discurso radical de extrema direita do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) caiu como uma sinfonia no ouvido dos acreanos, que podem lhe render até 60% dos votos. Márcio Bittar, espertamente, também com um discurso de direita e de defesa da “civilização cristã”, pegou carona e agora os resultados estão aí.

Jorge Viana, que até bem pouco tempo era visto como diferente “disso tudo que está aí”, muitas vezes dissociado da imagem do PT e os sucessivos escândalos de corrupção que envolvem o partido, agora foi tragado. Seu eleitorado, fiel e mais qualificado, prefere não associá-lo ao petismo, dizendo que vota na pessoa e não no partido.

Mas até isso o quase intocável ex-governador da florestania parece ter perdido. É óbvio que a eleição não está definida. Ainda faltam pouco mais de 15 dias para o primeiro turno. Quase 30% do eleitorado está indeciso. A Jorge, cabe correr contra o tempo, se afastar do desgaste do governo do irmão e da imagem de seu partido. Quem sabe, dessa forma, ela escape e consiga uma sobrevida nas urnas.     

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Cada vez mais perto...

PF avança em investigação sobre esquema de corrupção na Assembleia Legislativa do Acre
Crimes como peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa são investigados pelos policiais federais

A Polícia Federal vai avançando a cada dia nas investigações que apuram supostos esquemas de corrupção nas estruturas de poder da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). Se até a semana passada os investigadores diziam que a Operação Hefesto não envolvia o primeiro escalão do Parlamento estadual, aos poucos vão mudando essa linha de pensamento.

Nesta terça-feira, 18, em uma nova fase da Operação Hefesto, agora batizada de Hora Extra, policiais federais saíram às ruas de Rio Branco para apurar denúncias de crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro organização criminosa e fraudes em licitação. De acordo com a assessoria, foram cumpridos dois mandados de prisão e outros dois de busca e apreensão.

Um dos presos, segundo apurou a reportagem, é um funcionário do alto clero da Aleac, ligado diretamente à presidência. Atualmente a Casa é comandada pelo deputado Ney Amorim (PT), candidato ao Senado pela Frente Popular do Acre (FPA).

Segundo a PF, há indícios de que os dois funcionários presos mantinham contato direto com a empresária Charlene Lima, da VT Publicidade, presa na primeira fase da Operação Hefesto. Esses servidores são suspeitos de obstrução de justiça e de ocultarem provas dos desvios no contrato de publicidade.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Memórias acreanas

Museu da Borracha (Foto: Agência Acre)
O governo Tião Viana (PT) vai injetar R$ 42,8 milhões até o final do ano em obras de construção e revitalização dos espaços que abrigam o patrimônio histórico e cultural do Acre. O levantamento foi feito pelo ac24horas junto à presidência da FEM (Fundação Elias Mansour).

A notícia vem em meio à tragédia ocasionada pelo incêndio que destruiu todo o acervo do Museu Histórico Nacional na noite deste domingo (2) no Rio de Janeiro.

Entre os investimentos estão a entrega do Museu dos Povos Acreanos, prevista para ocorrer em dezembro, e a reforma do Museu da Borracha, ambos no centro da capital. 

O Museu da Borracha, que guarda os principais bens da história acreana, chegou a ficar fechado para visitas e com sua estrutura comprometida; atualmente ele passa por reformas com custo de R$ 1,3 milhão.

Outro importante espaço que guarda a história do Acre, o Memorial dos Autonomistas também está em recuperação; o investimento é de R$ 500 mil.

Locais como o Teatro Barracão, Teatro Plácido de Castro, a Usina de Artes João Donato, a Biblioteca Pública e da Floresta em Rio Branco estão no cronograma de reformas. Ainda para a capital está prevista a construção da sede do Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural, ligado à Fundação Elias Mansour.

O governo também fala em investimentos semelhantes em algumas cidades do interior como Brasiléia, Xapuri, Cruzeiro do Sul e Tarauacá.

Um dos mais esperados e polêmicos é o novo Museu dos Povos Acreanos, localizado no antigo prédio do Colégio dos Padres. Sua construção foi criticada pelo alto custo em tempos de crise financeira e orçamento reduzido. Ao todo, a obra está estimada em R$ 28,6 milhões.

De acordo com a FEM, todos estes recursos têm como origem a captação junto a organizações internacionais, sem comprometer o orçamento próprio estadual.

sábado, 25 de agosto de 2018

A oportunidade da metamorfose

Se há no Acre um político que por mais vezes passou por uma metamorfose partidária e ideológica, este é o atual e ainda emedebista Márcio Bittar. A eleição de 2018 é mais um retrato da dança de cadeira pragmática do candidato ao Senado.

De olho na onda de popularidade do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e seu discurso reacionário de combate à violência, Bittar decidiu dar as costas ao presidenciável do próprio partido, o ex-ministro da Fazenda do governo Michel Temer (MDB), Henrique Meirelles, que ocupa as últimas posições nas pesquisas.

Márcio Bittar fez a cúpula do chapão da oposição redigir nota conjunta dos 11 partidos cobrando fidelidade de seus membros. O emedebista não está nada satisfeito com o apoio dado por prefeitos oposicionistas ao candidato petista ao Senado Ney Amorim.  Na prática, porém, o comportamento é outro.

Em vídeo publicado em sua página oficial no Facebook, Márcio Bittar fez declaração pública de que seu candidato ao Palácio do Planalto não é nem Geraldo Alckmin (PSDB) - o oficial adotado pelo governadorável Gladson Cameli (PP) - e tampouco Henrique Meirelles (MDB).

Ele, que estava filiado ao PSDB até o ano passado, afirma compactuar com os mesmos ideais de Bolsonaro. “Um presidente de mãos limpas, para reestabelecer a moral e a ordem em nossa pátria. Por tudo isso, comungando com os mesmos ideais, voto em Jair Messias Bolsonaro”, disse o candidato do MDB.

Até a operação Lava Jato fisgar o senador tucano Aécio Neves (MG) como um dos principais beneficiários do esquema de corrupção entre empreiteiras, grandes empresas nacionais e o poder público em Brasília, Bittar apresentava-o como um político que seria a redenção do Brasil.

Em 2002, disputou e perdeu o Senado pelo PPS – versão atual do extinto Partido Comunista Brasileiro, o partidão. Convertido à ideologia da direita, adotou até mesmo o discurso radical de Jair Bolsonaro. “Chega de passar a mão em cabeça de bandido. Vamos valorizar nossas forças policiais. Lugar de bandido é na cadeia”, disse ele.

O candidato ao Senado defende, ainda, o fim das audiências de custódia, mecanismo usado pelo Poder Judiciário para acelerar o julgamento de pessoas presas em flagrante, e que reduz a superlotação dos presídios, já tão abarrotados.

O ex-membro do partidão se apresenta contra a ideologia de gênero e é contra o aborto. Todas essas declarações, de forma clara, são uma tentativa de obter o voto do eleitorado mais conservador, formando em grande medida pelo eleitorado evangélico. “Precisamos resgatar os princípios da família e os valores cristãos.”

Quando jovem, o ainda emedebista teve sua formação política na extinta União Soviética, onde foi estudar de forma clandestina nos tempos da ditadura militar brasileira (1964-1985).

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Mais com menos

As campanhas dos dois principais candidatos ao governo do Acre em 2018, Gladson Cameli (PP) e Marcus Alexandre (PT), vão sair mais conta do que a reeleição do petista Sebastião Viana em 2014. Há quatro anos, Viana declarou ter gastado R$ 6 milhões em sua tentativa de se manter no cargo, numa disputa que foi decidida em dois turnos.

Quando registrou a candidatura em 2014, Sebastião Viana apresentou como estimativa de gastos R$ 7,8 milhões. Com as novas regras de financiamento em 2018  - que proíbem a doação de empresas -, Gladson e Marcus só podem chegar ao teto de R$ 4,2 milhões, cada.

De acordo com o presidente do PT e coordenador da campanha de Marcus Alexandre, André Kamai, o partido trabalha com uma estimativa de R$ 2,4 milhões no primeiro turno. Este é o mesmo valor já contabilizado pelo Progressistas. O teto imposto pela Justiça Eleitoral é de R$ 2,8 milhões no primeiro turno.

Caso ocorra segundo turno, mais R$ 1,4 milhão está autorizado a ser usado. O principal recurso para bancar a campanha é o fundo eleitoral que cada partido recebeu esse ano. Outra possibilidade é o autofinanciamento por parte dos candidatos e a doação de pessoas físicas.

Há quatro anos, o comitê financeiro de Sebastião Viana alcançou receitas de R$ 4,8 milhões. Grande parte desse dinheiro saiu de doações de empresas; naquele ano esse tipo de doação não estava proibido. As empreiteiras figuravam como as principais doadoras para os cofres petistas naquela eleição no Acre.

Os demais candidatos ao Palácio Rio Branco (Coronel Ulysses (PSL), Janaína Furtado (Rede) e David Hall (Avante)) declararam como despesas o teto eleitoral. Diante da estrutura pobre de seus partidos, é pouco provável que alcancem a cifra dos R$ 2,8 milhões.

O PSL de Jair Bolsonaro, por exemplo, abriu mão do fundo eleitoral (composto por verba pública) para passar a imagem de respeito ao eleitorado. Sem essa fonte, o coronel Ulysses Araújo vai trabalhar com as pequenas doações de simpatizantes e o autofinanciamento.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Nobreza no Parlamento

(Arte:Ray Melo/AC24horas)
Na política se diz que o cargo de senador da República é o de maior prestígio dentro da estrutura do Poder Legislativo. Na balança, um membro do Senado tem bem mais peso do que um deputado federal. Ao contrário de um integrante da Câmara, um senador tem oito anos de mandato.

Diz-se que apenas os mais notáveis podem ocupar função tão prestigiada. Em 2018, quando duas cadeiras estão na disputa, os mais nobres dos acreanos estão nessa corrida. E essa nobreza aqui é no sentido de poder aquisitivo dos candidatos.

Dados levantados junto à prestação de contas dos sete postulantes ao cargo mostram que quatro apresentam uma respeitada posse de bens, com expressiva evolução do patrimônio nos últimos anos.

O caso do emedebista Márcio Bittar é o que mais chama a atenção. Mesmo sem ter ocupado função pública nos últimos quatro anos e declarar a profissão como historiador, seu patrimônio evoluiu 314% de 2014 para cá; naquele ano, ele perdeu para Sebastião Viana (PT) a disputa pelo governo do Acre.

Há quatro anos, o então governadorável tucano declarou ao TRE um patrimônio de R$ 1,5 milhão. Agora, desempregado na política no período e filiado ao MDB de Michel Temer, ele é dono de bens orçados em R$ 6,5 milhões; o emedebista é mais rico até mesmo que o senador Gladson Cameli, que declarou R$ 2,9 milhões.

Quem também experimentou um milagre da multiplicação nestes quatro anos é o deputado estadual Ney Amorim. O candidato ao Senado pelo PT informou à Justiça Eleitoral posses avaliadas em R$ 1,2 milhão. Em 2014, quando buscava mais um mandato no Parlamento acreano, ele tinha R$ 359 mil.

No quadriênio como presidente da Assembleia Legislativa, o petista multiplicou por três suas propriedades, investindo, sobretudo, em terrenos. No Senado desde 2011, Sérgio Petecão (PSD) também viu o patrimônio ir às alturas; ao contrário de Ney e Bittar, este salto ocorreu num intervalo de tempo maior.

Apesar de ter perdido seus “Petebus”, o parlamentar teve alta de 277% na posse de bens. Quando disputou pela primeira vez o cargo no Senado, o pesedista entregou declaração de renda de R$ R$ 282 mil; agora ela está em R$ 1 milhão.

Petecão investiu no período na aquisição de veículos automotores e imóveis; na declaração de 2010, Petecão não afirmou ter posses no mercado imobiliário.

Entre os políticos com mandato, o petista Jorge Viana foi o que teve a menor evolução patrimonial, em percentual. De 2011 até 2018 ela foi de 59%. Oito anos atrás suas posses eram de R$ 2,3 milhões, estando agora em R$ 3,7 milhões. Dos postulantes ao Senado, ele acumula duas rendas: o salário de senador e a pensão de ex-governador do Acre.

Como o concorrente mais “franciscano” para a Casa da Federação está o ex-reitor da Universidade Federal do Acre Minoru Kimpara (Rede). Seu registro de bens é de R$ 850 mil, sendo todos investimentos imobiliários. A declaração de bens de Pedrazza (PSL) não está disponível no portal do TSE.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

JV está com medo da máquina


(Foto: Fabio Pontes/ago/12)
O ex-governador e atual senador Jorge Viana (PT), que até bem pouco tempo era eleito para qualquer cargo no Acre sem nem ao menos precisar ir à rua pedir voto (lógico que isso é uma hipérbole), agora está com receio do uso da máquina trabalhando a favor de seus adversários.

Logo ele que era conhecido como a máquina política mais eficiente do estado até bem pouco tempo, atropelando tudo e todos. E o adversário do petista não está do lado de lá, mas dentro de seu próprio partido, o PT.

Jorge Viana tem como adversário direto não o senador Sérgio Petecão (PSD) ou o ex-deputado federal Márcio Bittar (MDB), ambos na chapa de Gladson Cameli (PP). Este adversário é o presidente da Assembleia Legislativa, Ney Amorim (PT).

Pela primeira vez e em uma tacada arriscada, o PT decidiu sair numa chapa puro-sangue para o Senado. A legenda já chegou a ter dois senadores: Marina Silva e Tião Viana. Porém, ambos foram eleitos em eleições diferentes, não dividindo o mesmo palanque, com o voto casado.

Jorge Viana e Ney Amorim sabem ser muito difícil o eleitor acreano votar duas vezes no PT para o Senado. Nessa disputa, só um sobreviverá. Por isso, desde o começo do ano, eles vêm travando uma batalha nos bastidores, com torpedos sendo disparados de um lado para o outro.

O que mais tem irritado Viana é o modus operandi de Amorim. Aproveitando-se do cargo de presidente da Assembleia, com um orçamento de alguns milhões de reais, o também petista coopta qualquer liderança na capital e no interior. Aos poucos ele vem recebendo o apoio de prefeitos até da oposição, minando territórios de JV.

É lógico que esse apoio não é por amor à causa – que não sabemos qual é ela. Nos bastidores, os apoiadores de JV afirmam que Ney Amorim fará uma campanha milionária para o Senado, em tempos de vacas magras com o fim do financiamento empresarial e o uso exclusivo do fundo eleitoral.

Enquanto isso, o senador promete fazer uma campanha quase franciscana, apenas com o seu time mais próximo, apostando muito mais na fidelidade de seus eleitores, que o reconhecem nas urnas por suas passagens pelo governo do Acre e a prefeitura da capital.

Mas nem de todo JV fará uma campanha com o pires na mão. Uma das possibilidades de uso de dinheiro nessa eleição é o autofinanciamento, com o uso dos próprios recursos e bens para bancar os custos da campanha.

O petista não é o mais pobre entre todos os homens. Desde 2006 recebe uma pensão de ex-governador, que a acumula com a de senador desde 2011. É lógico que isso não se compara com uma estrutura de poder quando se tem o comando de um dos Poderes.

Ainda mais com a fama de JV de não ser o tipo de político de torrar o seu dinheiro, sobretudo com a “aquisição” de apoiadores.

Infelizmente nesse duelo todo quem mais perde é o eleitor – em especial aquele que não se vende, e escolhe seu candidato a partir de análises subjetivas. O bom mesmo é que o dinheiro não faça a diferença na hora do voto. Às autoridades eleitorais – TRE, MP Eleitoral e PF – caberá fiscalizar e punir eventuais derrames de grana em tempos de financiamento público.   

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Criador e criatura

Jorge Viana diz que Marcus aprendeu o que há de bom, e não carrega o defeito de seus criadores




(Foto: Agência de Notícias do Acre)


O senador Jorge Viana (PT), primeiro governador petista eleito do Acre, em 1998, afirma que o candidato ao governo do Acre Marcus Alexandre Viana (PT) aprendeu o que há de bom com os criadores políticos do ex-prefeito da capital, mas que não carrega os seus defeitos. Até 2012, o engenheiro civil Marcus Viana era mais um técnico na estrutura do governo, escolhido pelos irmãos Viana para representar o “novo” no processo de renovação política do PT no poder.

Eleito prefeito de Rio Branco seis anos atrás, agora Marcus é ungido pelo vianismo para tentar dar continuidade à ocupação do PT no governo. O principal desafio de Marcus é justamente vencer a rejeição do eleitorado ao desgaste provocado pelos 20 anos de gestões petistas no Acre.

Desde 2010 o partido tem enfrentado eleições acirradas, vencendo os pleitos com pouca diferença em relação aos adversários. “O Marcus Alexandre, em certa medida, é a boa mudança aqui no Acre. Acho que com a candidatura do Marcus Alexandre nós estamos oferecendo um cara muito trabalhador, um cara que aprendeu tudo de bom comigo, com o Binho, com o Tião, e não trouxe os nossos defeitos juntos”, diz Jorge. 

Para o senador, Marcus Alexandre representa uma transição segura. Sem citar nomes, ele afirmou que o Acre não pode experimentar uma aventura. “Se nós cairmos numa aventura, eu não sei aonde vai dar.” As pesquisas de intenção de votos divulgadas até aqui apontam o candidato governista atrás do senador Gladson Cameli (PP). 

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Intervenção na intervenção



Um mês após pedido de intervenção, Segurança do Acre continua sem auxílio federal

Parlamentares entregam a Temer pedido de intervenção no Acre (Foto: Assessoria Presidência)


No último sábado, 11 de agosto, completa-se um mês desde que parlamentares de oposição ao governo Sebastião Viana (PT) se reuniram com o presidente Michel Temer (MDB), no Palácio do Planalto, para entregar o pedido de intervenção federal na Segurança Pública do Acre. A solicitação ocorreu após o estado ter registrado, à época, 20 execuções em menos de duas semanas.

Na reunião, os parlamentares passaram um diagnóstico da situação vivida pelos acreanos, e pediram ajuda federal nos moldes da intervenção adotada desde o começo do ano no Rio de Janeiro. Do presidente e dos ministros presentes, eles receberam a promessa de ajuda por meio da atuação dos serviços de inteligência federais e da apresentação de um plano de ação.

Leia também: 

A Temer, bancada pede intervenção federal na segurança do Acre e presidente promete uso do Serviço de Inteligência

Entrevistado por ac24horas na ocasião, o deputado Major Rocha (PSDB) informou que, dali 15 dias, os ministros Raul Jungmann (Segurança Pública) e o general Sérgio Etchegoyen (Segurança Institucional) viriam ao Acre apresentar a estratégia de atuação das forças federais. Um mês depois, nem um nem outro colocou os pés no estado.

A reportagem procurou a Secretaria de Segurança Pública do Acre para saber qual ajuda de fato o estado recebeu de Brasília após a barulheira política ocasionada pelo pedido de intervenção. Segundo o titular da pasta, Vanderlei Thomas, o Acre não teve nenhum reforço federal para as ações de combate à criminalidade.

“O que nós temos de novo durante este período é exatamente nada. Nós não tivemos nenhum contato oficial com o governo federal se disponibilizando. Pelo contrário, as emendas de bancada que estavam em condições de ser liberadas não foram liberadas antes do período eleitoral”, diz Thomas.

Sobre a promessa de envio de soldados da Força Nacional para reforçar as fiscalizações nas regiões de fronteira, o secretário afirma que o Acre não contou com este aporte. Segundo ele, os membros da força federal que estão no estado são um pequeno efetivo que veio apenas para ministrar cursos aos policiais acreanos, e cuja vinda estava prevista antes do pedido de intervenção.

“Não tem nenhuma relação com aplicação efetiva de operações de rua.” A ação federal mais expressiva que ocorreu no período foi a Operação Ajuricaba 3, do Exército, organizada pela 17º Brigada de Infantaria de Selva, sediada em Porto Velho, que teve atuação no Acre e em Rondônia.

A atuação dos militares também já estava programada para ocorrer antes do pedido de intervenção federal, e já teve suas atividades encerradas. Vanderlei Thomas destaca que o único reforço concreto ocorrido foi das próprias forças estaduais. “Enquanto secretário de Segurança, estou nas ruas junto com as polícias há mais de 30 dias.”

Ele dá como exemplo a Operação Ilha Grande, realizada em Cruzeiro do Sul, que prendeu mais de 100 pessoas envolvidas com as facções criminosas e o tráfico de drogas. Apesar de certa redução no número de assassinatos no período, as facções continuaram sua guerra que resulta na execução de rivais a qualquer hora do dia e da noite.

Até 31 de julho último, o estado teve registrados 253 assassinatos; pouco menos da metade do observado em todo o ano passado, de 530. Uma das retóricas do governo Sebastião Viana (PT) para explicar a atual crise de violência no Acre é a omissão do governo federal em não patrulhar as áreas de fronteira com a Bolívia e o Peru.

O controle das rotas da droga produzida e exportada pelos dois vizinhos é o principal motivo da disputa sanguinária entre as facções criminosas, que usam o tráfico como sua grande fonte de financiamento.

A reportagem  entrou em contato com as assessorias de imprensa do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e do Palácio do Planalto para apresentar quais ações foram elaboradas para o Acre após o pedido de intervenção, mas não houve o envio de respostas até o momento.

O senador Sérgio Petecão (PSD), coordenador da bancada no Congresso Nacional e autor do pedido de intervenção, não foi localizado para comentar a questão.     

sábado, 11 de agosto de 2018

Alfinetadas supremas


(Foto: Agência STF)
Magoado com declarações de Cármen Lúcia sobre violência no Acre, Sebastião alfineta ministra em carta

Os comentários feitos pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, ao jornalista Frederico Vasconcelos, da “Folha de São Paulo”, sobre a situação da violência no Acre irritaram o governador Sebastião Viana (PT)., levando-o a escrever uma carta endereçada a ela.

A Vasconcelos, a presidente da mais alta Corte do país disse ter ficado “profundamente impactada” com os relatos da criminalidade que colocam o Acre no topo dos estados mais violentos do país. No último dia 20 de julho, a presidente do STF esteve em Cruzeiro do Sul cumprindo agenda.

Dos membros do Judiciário acreano, ela recebeu relatos sobre o atual momento vivido pelo Acre na área da segurança pública, como a superlotação dos presídios e o elevado número de presos provisórios. Conforme ac24horas mostrou nesta quinta (9), 36% das pessoas presas no estado ainda aguardam sentença condenatória, segundo dados do CNJ.

Em Rondônia, essa quantidade é de 20%. “O índice de encarceramento no Acre é três vezes maior do que a média dos estados. Ela [Cármen Lúcia] pediu mais celeridade no julgamento dos casos de presos provisórios custodiados na penitenciária Manoel Néri da Silva, em Cruzeiro do Sul”, escreveu o jornalista da Folha.

Como de costume, a primeira estratégia de Sebastião foi tentar desqualificar o trabalho de Frederico Vasconcelos. “Cheguei a pensar, inicialmente, em má-fé jornalística. A matéria, todavia, mostra que não”, disse o petista.

Numa alfinetada ao Judiciário, Sebastião Viana escreveu que a questão do superencarceramento e de presos provisórios não é um problema do seu governo, mas do Tribunal de Justiça do Acre. 

O governador, também numa cutucada à autoridade máxima do Judiciário brasileiro, disse ter ficado espantado com o desconhecimento, por parte de Cármen Lúcia, da realidade da violência no interior do país.

“Cheguei a pensar no filme “Eram os Deuses Astronautas?”, como se alguém de outro tempo, de outra realidade, estivesse tendo informações, pela primeira vez, a respeito da realidade da violência no Brasil.”

Sebastião Viana disse ter tentado por várias vezes audiências com a presidente do STF para lhe repassar informações sobre a realidade da violência no interior do país, em especial na região amazônica.

O objetivo era expor a ela seu clichê de que a responsabilidade da atual crise da segurança no Acre é do governo federal por não proteger as áreas de fronteira.

No documento, o governador acreano ainda elenca uma série de investimentos que seu governo tem realizado na área da segurança pública, como a construção de novos presídios e o aumento dos investimentos no setor, saindo, segundo ele, de R$ 175 milhões para mais de R$ 507 milhões em seus oito anos à frente do Palácio Rio Branco. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Omissão partidária

Com PT e PP envolvidos em corrupção, Marcus e Gladson escondem seus partidos

A estratégia de omitir o vermelho e a estrela símbolos do PT, adotada pelos marqueteiros do partido no Acre desde 2012 como estratégia para reduzir os danos do desgaste da longevidade dos petistas no poder, agora é copiada pelos aliados do senador Gladson Cameli (PP), candidato ao governo do Acre.

Ao contrário do PT, o PP tem como desafio não o desgaste do tempo, mas a imagem de corrupção que lhe está impregnada no plano nacional. Junto com PT e MDB, os progressistas formam a trinca de legendas que operacionalizou o esquema de corrupção na Petrobras, o petróleo, descoberto pela Lava Jato. 

As convenções dos dois partidos tiveram como ponto alto deixar de fora do material publicitário exposto os seus respectivos símbolos. Nos eventos da Frente Popular, um e outro militante da esquerda ainda se arrisca a usar roupas vermelhas. Na convenção do dia 21, por exemplo, o candidato Marcus Viana (PT) usou a tradicional blusa polo, agora de cor verde.

Em 2012, a cor escolhida pelos marqueteiros foi o amarelo. As bandeiras vermelhas da militância também precisaram ser abandonadas. Até mesmo o azul – cor símbolo dos tempos da polarização PT x PMDB – foi incorporado no material gráfico do petista.

Gladson Cameli também aparenta não querer muita aproximação com os símbolos do PP. O partido, por sinal, mudou de nome para amenizar os danos causados pelo noticiário frequente de parlamentares do PP como recebedores de dinheiro de propina desviado da Petrobras.

O próprio nome de Cameli foi citado pelos delatores do esquema, sendo depois as investigações sobre o senador encerradas por insuficiência de provas. De Partido Progressista, virou apenas Progressistas. Por Brasília a sigla PP era “traduzida” como “Partido do Petrolão”.

Honra ao mérito

Após barrar juiz, general do Exército recebe a mais alta condecoração do Acre


(Foto: Agência de Notícias do Acre)
O general José Eduardo Leal de Oliveira, comandante da 17º Brigada de Infantaria de Selva, sediada em Porto Velho, unidade do Exército à qual o Comando de Fronteira Acre é subordinado, está entre os homenageados pelo governador Sebastião Viana (PT) com a entrega da Ordem da Estrela do Acre medalha da Ordem do Mérito Plácido de Castro.

Próximo ao general, Sebastião costuma mencioná-lo com frequência em entrevistas e postagens em suas redes sociais como parceiro na disposição de tropas do Exército no combate dos crimes na região de fronteira do Acre com a Bolívia e o Peru. Essa proximidade com os dois países é apontada como uma das principais causas para o aumento da violência.

O governador constantemente faz críticas ao governo federal por não fazer sua parte na proteção dos limites fronteiriços, mas enaltece o esforço dos militares em realizar operações esporádicas no enfrentamento à criminalidade.

Outro fato relevante envolvendo o general no Acre foi seu atrito com membros do Poder Judiciário do Estado. Em julho do ano passado, ele impediu que o juiz da Vara de Execução Penal de Cruzeiro do Sul, Hugo Torquato, acompanhasse uma inspeção do Exército no presídio da cidade.

No fim de julho, a Procuradoria Militar determinou o arquivamento da representação feita contra o general.  A procuradoria reconheceu a “legalidade do ato atribuído à autoridade militar” e disse não ter encontrado “indícios de comportamento criminoso” por parte do comandante da brigada.

O comandante da Polícia Militar, coronel Marcos Kimpara, e do Corpo de Bombeiros, Carlos Batista da Costa, também recebem a condecoração. No começo de julho, quando da entrega do pedido de intervenção federal na segurança pública feito por parte da bancada ao presidente Michel Temer (MDB), cada um redigiu nota de repúdio afirmando que o gesto representava a desvalorização dos trabalhos feitos pelas corporações estaduais.

Os secretários Vanderlei Thomas (Segurança Pública) e Carlos Flávio Portela (Polícia Civil) também recebem a honraria; eles também redigiram suas próprias notas condenando o pedido de intervenção feito pela oposição.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Tamanho não é documento

Maior em quantidade, Frente Popular reúne partidos mais inexpressivos

A Frente Popular do Acre (FPA), aliança política que há 20 anos comanda o Palácio Rio Branco, chega às Eleições 2018 como a maior coligação partidária. Ao todo, o grupo do candidato Marcus Alexandre Viana (PT) reúne 15 partidos. No chapão da oposição, 11 legendas apoiam a candidatura do senador Gladson Cameli (PP).

Apesar da vantagem numérica, a Frente Popular é a aliança que agrega o maior número de partidos inexpressivos, os chamados nanicos. Com baixíssima representação na Câmara dos Deputados (alguns nem isso tem), essas legendas contribuem com escassos segundos no tempo da propaganda eleitoral, principal objeto de desejo para a composição das alianças.

Levando em conta os dados do Tribunal Superior Eleitoral para dividir os segundos a que cada partido terá direito para se expor no rádio e na TV, a Frente Popular soma pouco mais de 10 minutos.  Já o chapão da oposição contabiliza 14 minutos. Este, contudo, ainda não é o tempo definido para cada um. O cálculo final levará em conta o tempo total de cada bloco, dividido pelo número de coligações registradas. 

Quando o assunto são recursos financeiros, a chapa governista também está em desvantagem. Levantamento feito por ac24horas mostra que, dos 12 maiores partidos na partilha do Fundo Eleitoral, apenas quatro estão com Marcus Viana: o PT, o PSB, o PDT e o PRB.

No plano nacional, o quarteto vai contar com quase R$ 460 milhões. Os outros oito maiores caixas partidários estão com MDB, PSDB, PP, PR, PSD, DEM, PTB e Solidariedade. Somadas, essas legendas reunidas no palanque de Gladson Cameli contarão com R$ 967 milhões.

PMB e PPL, dois partidos recém-criados e que estão na Frente Popular, não chegam a R$ 1 milhão para fazer campanha em todo o país. Vale ressaltar que o financiamento público será a única fonte de financiamento dos políticos em 2018, já que estão proibidas as doações de empresas. 




Frente Popular 
             Chapa oposição
PT                                   PP    
PCdoB                            PSDB
PSB                                MDB   
PSDC                             PR
PMB                               PSD
Podemos                        PTB
Pros                                DEM
PRB                               Solidariedade
PV                                 PPS
PRP                               PMN
PSOL                             PTC
PDT
PHS
PPL
PRTB

As 12 maiores verbas do fundo eleitoral (dados nacionais)

MDB - R$ 234.232.915,58
PT - R$ 212.244.045,51
PSDB - R$ 185.868.511,77
PP - R$ 131.026.927,86
PSB - R$ 118.783.048,51
PR - R$ 113.165.144,99
PSD - R$ 112.013.278,78
DEM - R$ 89.108.890,77
PRB - R$ 66.983.248,93
PTB - R$ 62.260.585,97
PDT - R$ 61.475.696,42
SD - R$ 40.127.359,42

Novos, velhos tempos

A dois meses das eleições, Acre tem quadro definido para disputa majoritária

A exatos dois meses da votação do primeiro turno das Eleições 2018, o Acre já tem o cenário da disputa majoritária definido, após a realização das convenções dos principais partidos. Na semana passada o quadro ficou incerto ante a possibilidade de saída da disputa do coronel Ulysses Araújo (PSL).

Após desistir da desistência, Ulysses é recolocado na disputa, pondo fim ao que tendia a ser uma eleição plebiscitária entre Gladson Cameli (PP) e Marcus Alexandre (PT), as candidaturas que melhor representam o establishment da política acreana desde a redemocratização.

Correndo por fora nessa velha guerra do vermelho contra o azul vem a Rede de Marina Silva, a presidenciável que exerceu seus dois mandatos no Senado pelo PT do Acre. Sem alianças e recursos, o partido tem como candidata ao governo a vereadora por Tarauacá Janaína Furtado. Ela, por sinal, é a única mulher na corrida majoritária – tanto para o governo quanto para o Senado.

Ainda mais por fora vem a novata legenda Avante, aventurando-se com a candidatura do ilustre desconhecido David Hall.

Senado
Para o Senado o número de candidatos é maior, porém sem grandes novidades a ser apresentada ao eleitorado. Os dois ocupantes das cadeiras em disputa não querem perde-las, buscando mais oito anos na Casa da Federação. O mais veterano é Jorge Viana, que há 18 anos ocupa cargos eletivos entre prefeito de Rio Branco, governador e senador pelo PT.

Os petistas tentam o feito histórico de eleger dois senadores. O atual presidente da Assembleia Legislativa, Ney Amorim (PT), busca voos mais altos. Desde 2002 o grupo político há vinte anos no poder (a Frente Popular do Acre), não tem a maioria no Senado.

No campo da oposição figuras também já bem conhecidas miram a cobiçada cadeira de senador da República. Sérgio Petecão (PSD), após ser eleito em 2010 numa onda de voto anti-PT no Acre, visto como o candidato de protesto, quer se manter na cadeira. O cenário político é aposto ao de oito anos atrás. Quem está de olho nesta vaga é o emedebista Márcio Bittar, que em 2002 concorreu (e perdeu) ao Senado pelo PPS.

Bittar é o candidato tanto do chapão de partidos oposicionistas reunidos em torno de Gladson Cameli quanto do coronel Ulysses Araújo. O candidato um da chapa do policial militar é o advogado Pedro Luís Pedrazza.

A única candidatura vista como outsider é a do ex-reitor da Universidade Federal do Acre Minoru Kimpara (Rede). Ele é apontado como o capaz de mais receber o voto de mudança do eleitor insatisfeito com a atual crise da política brasileira, protagonizada pelas velhas raposas e partidos do país.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Pernas próprias

Com crise na Resex Chico Mendes, enfim ICMBio no Acre terá vida própria


O aumento crescente e descontrolado do desmatamento dentro da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes levou a presidência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em Brasília a adotar uma série de medidas para enfrentar a situação.

Uma delas será garantir vida própria ao órgão no Acre, terra natal do líder seringueiro e da responsável pela criação do ICMBio, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Passados 11 anos desde a criação do instituto, que ficou responsável por cuidar das unidades de conservação do país, o Acre deixará de estar subordinado à coordenação regional sediada em Porto Velho.

A partir das próximas semanas, o braço do instituto no Acre terá vida própria, não dependendo mais de Rondônia para definir suas ações. Atualmente, apenas as chefias de cada unidade de conservação no Estado têm certa autonomia, entre elas a Resex Chico Mendes, a do Alto Juruá e a Cazumbá-Iracema.

A situação do ICMBio no Acre é de quase penúria. Com quase um milhão de hectares, a Resex Chico Mendes, como exemplo, tem apenas quatro servidores para cuidar da área, sendo que grande parte dela está pressionada pelo agronegócio.

Nos bastidores do instituto no Acre já começam algumas movimentações para saber quem vai assumir a coordenação regional. Desde reportagem publicada pela revista “Veja” mostrando o avanço da pecuária e do desmatamento na Resex Chico Mendes, a presidência do órgão decidiu reforçar sua atuação dentro da unidade.

Entre está a ampliação do número de operações, de funcionários e o recadastramento de todas as famílias para regularizar a situação fundiária de cada uma.   

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Jorge Viana longe dos holofotes

Se há no grupo político da Frente Popular alguma liderança que tenha melhor trânsito entre os jornalistas acreanos, seu nome é Jorge Viana (PT). O senador é capaz de dialogar com todos os profissionais, desde os mais simpáticos a sua trajetória política até aos mais críticos.

Nos últimos tempos, no entanto, o petista tem mudado este comportamento. Essa mudança tem sido cada vez mais perceptível. Exemplo mais recente ocorreu essa semana ao fazer o lançamento da revista com a prestação de contas de seu mandato.

Noutras épocas, sua assessoria despachava convites pessoais para os jornalistas; além dos convites, ainda havia ligações telefônicas como reforço. Desta vez Jorge Viana decidiu ficar longe dos holofotes, e fez o evento somente para seu círculo político.

A cada fim de ano e começo de ano legislativo o petista também costumava reunir a imprensa; essa programação também ficou de fora de sua agenda. Até mesmo pedidos de entrevista têm sido recusados por ele.

O isolamento ocorre justamente em 2018, ano em que ele disputa a reeleição para o Senado. Saber o que de fato levou o parlamentar a essa mudança de comportamento é uma incógnita.

Uma de suas estratégias pode ser evitar falar de temas espinhosos que podem arranhar sua imagem ante o eleitorado, como a prisão do ex-presidente Lula e as denúncias de corrupção em que seu partido está envolvido até o pescoço.

Jorge Viana sabe que qualquer declaração neste momento pode ser delicada tanto para sua relação com o eleitor quanto com o partido. Conhecido desde seus tempos de governador por gostar dos holofotes da imprensa, o petista parece adotar a discrição como a melhor forma de evitar o sentimento anti-PT da população, garantindo assim mais oito anos em Brasília.  

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Velha juventude

‘Novo PT’ coordenará campanha de Marcus Alexandre ao Palácio Rio Branco
A campanha do prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre (PT), ao governo do estado será coordenada por um PT comandado por novas lideranças surgidas dentro do partido. Nesta segunda-feira (2), o chefe da Casa Civil de Marcus, André Kamai, assume a presidência da executiva regional do PT e também será o coordenador-geral de toda a estrutura de campanha.

Kamai assume a presidência petista no lugar do deputado Daniel Zen, que será candidato à reeleição. Para não criar conflitos, a cúpula partidária decidiu por fazer a troca por a presidência garantir uma posição privilegiada, o que poderia causar ciúmes entre os demais candidatos.

Zen e Kamai fazem parte da nova safra de lideranças do PT, apresentadas como forma de reduzir o desgaste de duas décadas de domínio político no Acre.

Kamai integra o pacote de petistas expostos como “novos” na campanha municipal de 2012, e que tinha Marcus Alexandre como a principal figura. A mesma receita será adotada agora em 2018 como antídoto para assegurar o sexto mandato da legenda no Palácio Rio Branco.

André kamai tem 36 anos e foi o coordenador das duas campanhas vitoriosas de Marcus. Pela lealdade foi nomeado chefe da Casa Civil, o braço direito do prefeito. Para coordenar a campanha Kamai será exonerado do cargo no dia 6 de abril, mesmo dia da saída de Marcus Alexandre da prefeitura.

Este é o prazo-limite imposto pelo calendário da Justiça Eleitoral para que detentores de cargos públicos que vão concorrer em outubro deixem suas funções.   André Kamai é formado em sociologia pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e integra a tendência dominante dentro do PT, a Democracia Radical (DR).  

sábado, 31 de março de 2018

Vácuo petista


Com renúncia de Marcus, PT perde único prefeito entre as capitais

A renúncia do engenheiro civil Marcus Alexandre Viana à Prefeitura de Rio Branco fará com que o Partido dos Trabalhadores (PT) perca seu único representante entre as prefeituras das 26 capitais.

A reeleição de Marcus  ainda no primeiro turno das eleições de 2016 foi vista como um “trunfo” após o partido perder nos maiores colégios eleitorais. A derrota nas urnas foi vista como consequência das denúncias de corrupção envolvendo o PT na Operação Lava Jato.

Com a escolha do prefeito para ser o candidato do PT à sucessão de Tião Viana, a prefeitura da capital cairá no colo da professora Socorro Neri, filiada ao PSB. A única forma dos petistas se manterem (pelo menos de direito e não apenas de fato) à frente da gestão municipal é fazendo com que Neri assine sua ficha de filiação à legenda.

Metamorfoses

Meses antes de ser anunciada como a vice de Marcus Alexandre, Socorro Neri estava no PSDB e era apontada como a candidata dos tucanos. Desentendimentos internos, porém, fizeram a professora universitária abandonar o ninho do tucanato.

Apesar de oficialmente a gestão da prefeitura não ficar com o PT, a tendência é que o partido continue a dar as cartas. Os petistas se manterão no controle da máquina municipal.

Pelas regras eleitorais, Marcus Alexandre precisa deixar a cadeira de prefeito até o dia 7 de abril, seis meses antes das eleições. Procurada, a assessoria do prefeito não informou a data oficial da renúncia. Já Socorro Neri vai exercer um mandato-tampão até 2020.

Trajeto interrompido


Não é só Marcus Alexandre que abandonará o cargo no meio do caminho. Seu principal adversário, o senador Gladson Cameli (Progressistas), também terá que largar o mandato em Brasília se for eleito governador em outubro.

Abandonar o trem em pleno movimento é um dos maiores desgastes para o currículo de um político. E o PT sabe usar como ninguém essa tática. Agora o feitiço parece estar contra o feiticeiro, pois o partido se vê obrigado a abandonar a Prefeitura de Rio Branco para assegurar o vianismo no poder.

Neófito na política ao se lançar candidato a prefeito em 2012, Marcus Alexandre usou como principal arma para desgastar seu concorrente e então favoritos nas pesquisas, Tião Bocalom (à época PSDB), a imagem de que, se eleito, Bocalom usaria a prefeitura apenas como trampolim para disputar o governo dali dois anos. A estratégia deu certo, Marcus Alexandre virou o jogo e venceu a disputa. 

Desta vez é Marcus Alexandre quem precisará se explicar ao leitor sobre o porquê de abandonar a prefeitura num momento em que a cidade enfrenta grave crise de infraestrutura (com as ruas tomadas por buracos), e outras deficiências em setores como a saúde.   

terça-feira, 27 de março de 2018

Tiroteio eleitoral

Aumento da violência coloca policiais como protagonistas em eleição no Acre

O crescimento descontrolado dos casos de assassinatos e crimes contra o patrimônio no Acre nos últimos anos coloca policiais que decidiram trilhar o caminho da política como figuras centrais na disputa pelo governo. Se nas últimas eleições os vices tinham papel de coadjuvante, em 2018 seus históricos de atuação agentes do Estado pode fazer alguma diferença no atual clima de insegurança vivido pelos eleitores.

Apontados como favoritos para polarizar a sucessão de Tião Viana (PT), o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre (PT), e o senador Gladson Cameli (Progressistas) escolheram como seus vices policiais. O do petista é o delegado da Polícia Civil e atual secretário de Segurança, Emylson Farias, filiado ao PDT.

Já Cameli terá como companheiro de chapa o major da Polícia Militar Wherles Rocha, o Major Rocha (PSDB). O tucano está afastado das funções de policial desde 2010, quando foi eleito deputado estadual após liderar um motim de PMs por melhores salários e condições de trabalho.

Vindo por fora e tentando salvar sua candidatura ao governo está o coronel Ulysses Araújo, que no Acre se apresenta como embaixador de Jair Bolsonaro (PSC-RJ), presidenciável que pega carona na crise da segurança pública do Brasil e promete colocar ordem na casa, dando “carta-branca para policial militar matar”, como declarou durante sua passagem por Manaus em dezembro.

A segurança pública, aliás, tende a estar no centro da eleição presidencial de 2018, apesar de o tema ser de responsabilidade dos Estados. Tratar o assunto é uma forma de tirar votos de Bolsonaro e não deixá-lo como o único salvador da pátria. Praticamente todos os pré-candidatos, ao apresentar seus nomes aos eleitores, abordaram o assunto.


Guerra por votos


Para a oposição ao governo petista do Acre, a escolha de Emylson Farias para vice de Marcus Alexandre foi um tiro no pé. Afinal, o pedetista está envolvido diretamente na política de segurança do Estado nos últimos 12 anos. Ocupa a pasta da Segurança desde o início do governo Tião Viana (2011-2018) e foi secretário de Polícia Civil na gestão Binho Marques (2006-2010).

Foi neste período que o Acre teve o maior crescimento nos índices de criminalidade, com o aumento na atuação das facções criminosas. Vários bairros da capital e interior são hoje dominados por líderes destes grupos.

Para amenizar a situação, a estratégia do governo é culpar o governo federal pela crise da segurança acreana ao não controlar as fronteiras com Bolívia e Peru. Nos governos de Dilma e Lula, contudo, os petistas acreanos nem ao menos tocavam no assunto, preferindo fazer vista-grossa para a ausência de patrulhamento com os vizinhos produtores de drogas.

Já Major Rocha terá que tirar do fundo da gaveta alguma iniciativa ou projeto que tenha contribuído para fortalecer a instituição para a qual trabalhou. Seu histórico de atuação como policial militar também tende a fazer a diferença - ou nenhuma.

Para o eleitor, porém, o que interessa é que muito mais do que um jogo de acusações, a campanha de fato tenha propostas sérias para a segurança pública, e que dias de paz voltem a reinar no pacato Estado do Acre.  

quinta-feira, 22 de março de 2018

O bom e velho jornalismo

Após ter passado os dois últimos anos fora do Acre, desde o começo do mês para cá voltei -desta vez para ficar. Foi um biênio vivendo entre a vizinha Manaus e São Paulo. Um período de rico aprendizado e aquisição de novos conhecimentos.

Uma temporada sabática para ampliar a visão profissional e pessoal. Assim como a vida é feita de idas e vindas, precisamos sair e depois voltar. Assim é comigo.

Por Manaus tive a grata oportunidade de escrever na Agência de Jornalismo Amazônia Real, um veículo voltado para a cobertura dos assuntos amazônicos, seus problemas e sua gente; uma área da qual sou apaixonado em cobrir.

Desde cedo na profissão me interessou cobrir a questão ambiental do Acre, Estado que à época experimentava um novo modelo de desenvolvimento econômico com a chegada do PT ao poder, o “governo da floresta”. Termos como desenvolvimento sustentável, sustentabilidade, preservação e conservação florestal passaram a ser parte da vida dos acreanos.

Por aqui também sempre atuei na cobertura política -outra editoria em que me desenvolvi e me especializei. Não com diplomas ou certificados, mas com a convivência diária neste meio, estando no olho do furacão e com muitas leituras sobre essa envolvente área.

Em Manaus também tive a oportunidade de continuar como repórter colaborador da Folha de São Paulo. Acompanhei a crise política por que passou o Amazonas causada pela cassação de um governador eleito pelas urnas -mas que, para a Justiça  Eleitoral, estava viciada em fraudes.

Fiz a cobertura da acirrada eleição municipal de 2016 na maior capital do Norte. Ano passado os amazonenses voltaram às urnas para eleger um governador-tampão após a queda definitiva de JOsé Melo. O velho cacique Amazonino Mendes ressurgiu das cinzas e foi eleito.

Além da Folha, passei a escrever para outros veículos como Valor Econômico e a revista Veja, em especial seu portal na internet. Foram e têm sido experiências únicas na vida de um jornalista em início de carreira, apesar de quase já uma década atuando na reportagem.

Ainda em 2017 morei por quatro meses em SP. Convidado pela Agência Folha participei da 61o Turma de Treinamento da Folha. Essa, sem dúvidas, foi a maior de todas as experiências. Junto com outros colegas do país, vivemos e conhecemos um pouco da vida do maior jornal brasileiro.

De lá continuei a escrever sobre as questões amazônicas. Como se diz no jargão jornalístico, emplaquei boas pautas nas páginas da quase centenária Folha.

Mas o tempo me trouxe de volta ao Acre, lugar que é a minha escola de vida e do jornalismo. Aqui iniciei e desenvolvi minha carreira. Estou de volta para novos desafios.

Desafios em um ano que caminha para ser histórico no Brasil com as eleições de outubro, após termos passado por um traumático processo de impeachment e uma grave crise econômica - da qual ainda não saímos em definitivo.

Os tempos são outros. Vivemos uma época de histerias, de extremos, de paixões políticas exacerbadas. As redes sociais viraram campo de guerra. Tempos de proliferação de notícias falsas (as fake news).

Por conta disso, a existência do bom e velho jornalismo de credibilidade se faz ainda mais necessária. Um jornalismo livre de paixões e interesses pessoais, sem ativismo, cujo único interesse seja informar o leitor com todos os pontos de vista, o pluralismo de opiniões. Um jornalismo que critique, que fiscalize e que denuncie.

Este é o desafio que me imponho a encarar ainda mais, como sempre o fiz nestes quase 10 anos de profissão.

E prometo não voltar a deixar o blog tanto tempo desatualizado.