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quinta-feira, 22 de março de 2018

O bom e velho jornalismo

Após ter passado os dois últimos anos fora do Acre, desde o começo do mês para cá voltei -desta vez para ficar. Foi um biênio vivendo entre a vizinha Manaus e São Paulo. Um período de rico aprendizado e aquisição de novos conhecimentos.

Uma temporada sabática para ampliar a visão profissional e pessoal. Assim como a vida é feita de idas e vindas, precisamos sair e depois voltar. Assim é comigo.

Por Manaus tive a grata oportunidade de escrever na Agência de Jornalismo Amazônia Real, um veículo voltado para a cobertura dos assuntos amazônicos, seus problemas e sua gente; uma área da qual sou apaixonado em cobrir.

Desde cedo na profissão me interessou cobrir a questão ambiental do Acre, Estado que à época experimentava um novo modelo de desenvolvimento econômico com a chegada do PT ao poder, o “governo da floresta”. Termos como desenvolvimento sustentável, sustentabilidade, preservação e conservação florestal passaram a ser parte da vida dos acreanos.

Por aqui também sempre atuei na cobertura política -outra editoria em que me desenvolvi e me especializei. Não com diplomas ou certificados, mas com a convivência diária neste meio, estando no olho do furacão e com muitas leituras sobre essa envolvente área.

Em Manaus também tive a oportunidade de continuar como repórter colaborador da Folha de São Paulo. Acompanhei a crise política por que passou o Amazonas causada pela cassação de um governador eleito pelas urnas -mas que, para a Justiça  Eleitoral, estava viciada em fraudes.

Fiz a cobertura da acirrada eleição municipal de 2016 na maior capital do Norte. Ano passado os amazonenses voltaram às urnas para eleger um governador-tampão após a queda definitiva de JOsé Melo. O velho cacique Amazonino Mendes ressurgiu das cinzas e foi eleito.

Além da Folha, passei a escrever para outros veículos como Valor Econômico e a revista Veja, em especial seu portal na internet. Foram e têm sido experiências únicas na vida de um jornalista em início de carreira, apesar de quase já uma década atuando na reportagem.

Ainda em 2017 morei por quatro meses em SP. Convidado pela Agência Folha participei da 61o Turma de Treinamento da Folha. Essa, sem dúvidas, foi a maior de todas as experiências. Junto com outros colegas do país, vivemos e conhecemos um pouco da vida do maior jornal brasileiro.

De lá continuei a escrever sobre as questões amazônicas. Como se diz no jargão jornalístico, emplaquei boas pautas nas páginas da quase centenária Folha.

Mas o tempo me trouxe de volta ao Acre, lugar que é a minha escola de vida e do jornalismo. Aqui iniciei e desenvolvi minha carreira. Estou de volta para novos desafios.

Desafios em um ano que caminha para ser histórico no Brasil com as eleições de outubro, após termos passado por um traumático processo de impeachment e uma grave crise econômica - da qual ainda não saímos em definitivo.

Os tempos são outros. Vivemos uma época de histerias, de extremos, de paixões políticas exacerbadas. As redes sociais viraram campo de guerra. Tempos de proliferação de notícias falsas (as fake news).

Por conta disso, a existência do bom e velho jornalismo de credibilidade se faz ainda mais necessária. Um jornalismo livre de paixões e interesses pessoais, sem ativismo, cujo único interesse seja informar o leitor com todos os pontos de vista, o pluralismo de opiniões. Um jornalismo que critique, que fiscalize e que denuncie.

Este é o desafio que me imponho a encarar ainda mais, como sempre o fiz nestes quase 10 anos de profissão.

E prometo não voltar a deixar o blog tanto tempo desatualizado.

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