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sábado, 31 de janeiro de 2015

Sobrevivente

Jorge Viana é indicado pelo PT para vice no Senado




O senador Jorge Viana (AC) foi confirmado neste sábado (31) como o nome do PT para continuar como vice-presidente do Senado, na eleição deste domingo (1º). Conforme o  Política na Floresta antecipou mais cedo, Viana disputava o cargo com o senador José Pimentel (PT-CE). Após um dia inteiro de intensas negociações e acordos, o PT decidiu manter o parlamentar acreano no cargo. Agora o senador precisará passar pela votação em plenário.

O anúncio da escolha foi feito por Jorge Viana em sua página no Facebook:

“Agradeço aos colegas Senadores e Senadoras da bancada do PT pela confiança e indicação do meu nome para Vice-Presidente do Senado na Mesa (Comissão Diretora) que será eleita amanhã. Se eleito pelo Plenário, vou continuar trabalhando para servir ao Acre e ao Brasil.”

Brigas petistas

Jorge Viana e José Pimentel brigam por disputa de vice do Senado 

Os senadores petistas Jorge Viana (AC) e José Pimentel (CE) estão na briga direta dentro da bancada do PT para a indicação de vice-presidente do Senado na chapa do candidato à reeleição, Renan Calheiros (PMDB-AL). Segundo o blog apurou, a disputa está acirrada na busca pelos votos dos 13 senadores do PT. O cargo de vice é de indicação do partido por ter a segunda maior bancada.

Jorge Viana é o atual vice-presidente, assumindo a cadeira após a saída da então titular Marta Suplicy (PT-SP), para assumir o Ministério da Cultura. Mesmo sendo um cargo sem poderes de influência nas decisões da Casa, o vice ganha mais visibilidade e prestígio, na ausência do dono da cadeira. Ele tem a preferência em presidir as sessões quando o presidente não se encontra, ou representa-lo em eventos no exterior.

Ocupar um cargo na Mesa para Jorge Viana neste momento seria uma questão de sobrevivência. Além de mostrar prestígio dentro da bancada petista, ele assegura mais forças para uma eventual briga pela reeleição ao Senado em 2018, ante a possibilidade do irmão, o governador Tião Viana, também entrar na disputa.

Segundo fontes, Jorge Viana estaria encontrando dificuldades para conseguir a indicação, além de não conseguir os votos necessários na votação em plenário. O desempenho pífio da candidata Dilma Rousseff no Acre, cuja campanha foi coordenada por Jorge, também fragiliza o senador.

Em contrapartida, Pimentel viu Dilma disparar no Ceará, além do partido vencer as eleições para o governo estadual. José Pimentel é o atual líder do governo no Congresso. A perspectiva é que até o fim deste sábado o nome do PT para vice de Renan seja definido.  


Coerência 
Coerente a postura do senador Gladson Cameli (PP-AC) em apoiar a candidatura de Luiz Henrique (PMDB-SC), candidatura esta patrocinada pelo ex-presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG). Cameli mantém sua postura de candidato eleito pela oposição, além de se desvencilhar das velhas reposas da política brasileira representada por Renan Calheiros (PMDB-AL). Como nova liderança, ficaria muito ruim aparecer como cabo eleitoral do “renanismo”.

Cabeça pensante 
O senador Sérgio Petecão (PSD-AC), unha e carne de Renan Calheiros, está brigando por um cargo na nova Mesa Diretora. Além da boa relação com o cacique alagoano, seu partido ganhou forças na última eleição. Petecão ainda tem o apoio do ministro Gilberto Kassab (Cidades) para ocupar uma função dentro da Mesa. Sua indicação seria um claro sinal da influência com os detentores de poder no Senado, mesmo com um mandato que ainda precisa mostrar para quê veio.

CPIs 
O tucano Wherles Rocha já está fazendo barulho pela Câmara. Nem ainda assumiu o cargo e na sexta já tinha assinado o pedido de duas CPIs: uma para apurar irregularidades na gestão dos fundos de pensão, sobretudo da Petrobras, a Petros. Outra CPI é a do “petrõlão”, dando continuidade às investigações pelo Congresso sobre este que é o maior escândalo de corrupção na Petrobras.


Apagão 
Wherles Rocha (PSDB) participou esta semana com a bancada tucana de palestras sobre o sistema elétrico nacional. Segundo ele, o problema é grave. Enquanto no governo FHC o racionamento começou com os reservatórios em 34%, o sistema agora se encontra em 16%, e nada do governo Dilma reconhecer a gravidade da situação, e decretando a redução no consumo de energia. Ao contrário, prefere dizer que está tudo sob controle, fingindo que não há problemas. Logo, logo mais apagões acontecerão.

Sucessão 
Falando em Rocha, a perspectiva é que em abril ele assuma a presidência do PSDB no Acre. Os “bittanistas”, porém, querem uma transição lenta, gradual e segura. Eles reconhecem a legitimidade do deputado assumir o cargo, mas querem uma correlação de forças onde ambos os lados estejam devidamente agraciados. Será uma transição interessante a ser acompanhada.

Líder e líder 
O retrospecto de derrotas dos últimos líderes de Tião Viana na Assembleia Legislativa fez muitos deputados abrirem mão da função. O mais certo seria mesmo Daniel Zen (PT) ser o porta-voz do governador no Parlamento. Sua eleição se deve muito ao empenho do Palácio Rio Branco, e nada mais justo do que agora retribuir, assumindo para si esta batata quente. Sua boa formação política e intelectual, mais a oratória, o gabaritam ao cargo.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Alan Rick e seus Judas

O jornalista Alan Rick ainda está engomando o terno para a sua posse de deputado federal pelo PRB na Câmara dos Deputados, neste domingo (1o).  Ele nem bem foi ungido parlamentar federal, mas já tem sentido na pele os embates que precisará enfrentar –principalmente dentro de seu grupo, a Frente Popular.

Alan Rick passou a encarar bombardeios constantes de setores da base governista numa tentativa de enfraquece-lo em suas relações com Tião Viana, mais a sua construção natural como uma liderança política futura, colocando em risco a sobrevivência de velhos grupinhos.

Uma das estratégias mais recentes disso é espalhar por meio de notas em colunas de jornal que o deputado já estaria planejando candidatura à prefeitura de Rio Branco. O objetivo é mostrar que ele deixou o poder subir à cabeça, achando-se “o dono do pedaço”, até mesmo ousar encarar o petismo em sua hegemonia frente ao maior colégio eleitoral do Acre.

Desta forma, Alan Rick passaria a ser um alvo preferencial dos detentores do poder, que se articulam para triturar publicamente todos os que ousam ao menos sonhar em ameaçar seus domínios.

O deputado é enfático: “Nunca me passou pela cabeça a ideia de disputar a prefeitura. Estão plantando notinhas sem nunca terem me ligado para saber se isso é ou não verdade. Esta é uma tentativa de me desgastar, tentativa conduzida por um grupo de aloprados que há dentro da Frente Popular.”

“Eu fui eleito pela Frente Popular e quero continuar nela. Agora, eu não terei condições de ficar numa aliança onde vez ou outra pessoas que se dizem aliadas trabalham para arruinar meu mandato”, comenta Rick.

A carreira política do jornalista está apenas no começo, e logo de entrada percebeu que, muitas das vezes, os verdadeiros adversários não estão na oposição, mas no mesmo círculo. Alan Rick saiu das urnas como uma liderança de expressão.

Em sua primeira candidatura já foi eleito, num colégio eleitoral pequeno e com apenas oito cadeiras em disputa, enfrentando candidaturas com estruturas pesadíssimas. Ele tem preparo emocional e intelectual para fazer um bom mandato. E em tempos de velhos caciques fazendo pajelanças para se manter no poder, a novidade sempre assusta –e ameaça.

Pequenez contumaz 
Outro episódio recente se deu quando Alan Rick (PRB), a pedido de sua colega jornalista Eliane Sinhasique (PMDB), tirou uma fotografia junto com a bancada federal ao lado do candidato Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na fotografia estavam Wherles Rocha (PSDB) e Flaviano Melo (PMDB). A imagem foi o suficiente para a turma dos “aloprados” espalhar aos quatro cantos que Alan tinha debandado para a oposição.

Curva abaixo 
Fontes petistas são taxativas: o partido é hoje um fiel aliado de Tião Viana, enquanto Jorge Viana tenta manter suas últimas influências. O governador conseguiu tomar para si o comando integral da legenda. Já Jorge perde espaços na sigla, enquanto no governo do irmão há muito não sabe o que é isso. “Hoje é evidente que, num eventual embate entre os irmãos, o PT tenderia em massa para o Tião”, diz um interlocutor.

Curva abaixo 2
Não há como negar que Jorge Viana ainda é uma liderança de peso no Acre, mas perdeu muitas forças. Suas declarações que antes abalavam as estruturas de poder no Acre, hoje não encontram mais eco. Ou o senador procura a sua reinvenção, saindo das dicas de receita no Facebook, ou até mesmo uma reeleição para o Senado, que até bem pouco tempo era tida como certa, fica em xeque.


Olha a água 
Os cientistas profetas que deram um prazo de 300 anos para o rio Madeira voltar a invadir a BR-364, ou quem sabe até os trilhos de nosso futurístico trem bala Acre/Rondônia, já que a estrada de ferro Madeira Mamoré enferrujou, devem estar se perguntando: onde foi que erramos? Os três séculos se transformaram em poucos meses, e há o risco iminente de termos nossa única interligação com o resto do país comprometida.

Duas faces 
O eleitor precisará ficar atento aos deputados estaduais que assumem no próximo domingo, eleitos em outubro usando o palanque oposicionista, mas agora mudando de lado. Um destes casos é Nelson Sales (PV), cujo partido já está muito bem obrigado e abrigado na estrutura do governo. Assim como o PV, a tendência é de outros seguirem a mesma trajetória. Foi assim na legislatura passada e será agora.

Novo emprego 
Os deputados Élson Santiago (PEN), Astério Moreira (PEN) e Moisés Diniz (PCdoB) por sorte não vão ter que recorrer ao esfacelado seguro-desemprego oferecido por Dilma aos brasileiros. Tão logo deixem os mandatos no sábado, assumirão seus cargos no governo. A perspectiva é que já na próxima semana suas nomeações sejam publicadas. Santiago ganhará o emprego mais buscado no Acre hoje: assessor especial do governador. O motivo da cobiça? Ganha muito e trabalha pouco.
 

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O parlamentarista Tião Viana

O café da manhã oferecido por Tião Viana aos deputados que assumem suas cadeiras na próxima semana pode ser considerado como um dos eventos políticos mais importantes da história recente do Acre. Nos anos recentes não me lembro de um ato como este. Estivemos sempre acostumados ao toma lá dá cá da base com o governo, e com as farpas contínuas da oposição. Colocar deputados do PSDB e do PMDB na mesma mesa do governador petista é um marco.

(Será que se Wherles Rocha (PSDB) ainda fosse deputado haveria este desjejum?)

E os aplausos vão para ambos os lados. Ao Palácio Rio Branco pela atitude cavalheira, e à oposição por baixar um pouco a guarda neste momento. (Aqui fica meu elogio mesmo com este jornalista ter sido descartado pela assessoria de Tião para acompanhar o evento).

O gesto de Tião Viana é herança direta de seus 12 anos de passagem pelo Senado. A casa da federação foi sua escola política. O mandato de senador foi o primeiro cargo público de Tião, enquanto o irmão assumia um Acre aos frangalhos deixado pela oposição. Sentar com os parlamentares mostra o respeito dele para com seu berço, o Legislativo. Lá aprendeu que a boa relação entre os poderes é um dos princípios do estado democrático de direito.

Mas, infelizmente, este respeito, na prática, deixa muito a desejar. O Parlamento acreano tornou-se uma subsecretaria do Palácio Rio Branco nos governos do PT –não que em governos passados a relação respeitasse ao pé da letra o princípio constitucional da independência dos poderes.

Muito mais do que esta cordialidade de comer tapioca e bolo de macaxeira na mesma mesa dos deputados, o governo, com toda sua força política, deveria acenar à Assembleia Legislativa de que vai ingerir menos em seus trabalhos nos próximos anos.

O governador tem mais de dois terços das cadeiras. A aprovação de projetos de seu interesse mais o boicote a matérias da oposição que lhe tragam desconforto não terão nenhuma dificuldade. A pequena oposição, fragilizada após o fechamento das urnas, precisa ser respeitada e suas livres funções garantidas pelo novo presidente da Mesa Diretora, que é a primeira entidade a colocar o Parlamento de joelhos diante  do governo.

A sociedade espera que a reunião de quarta marque um novo começo entre os dois poderes, com o mais legitimo na representação popular (a Assembleia) tendo sua soberania assegurada. Já que o lema deste segundo mandato de Tião é um “novo Acre”, que a promíscua relação de subserviência do Legislativo fique apenas nas páginas da História.

Caso isso de fato aconteça, Tião Viana entrará para estas mesmas páginas como um dos governadores mais democráticos do Acre, dividindo o posto com o também petista Binho Marques. Até aqui ele tem se comportado como um bom democrata, deixando um pouco de lado a práxis dos “anos de chumbo” dos dois mandatos de seu irmão, Jorge Viana, no Palácio Rio Branco.

Que o “Novo Acre” apresentado ao povo não seja somente mais uma ideia mirabolante da cabeça dos marqueteiros de Tião. Torçamos para que o que há de pior nas velhas e retrógradas relações políticas e oligárquicas  dos últimos 100 anos de nossa história sejam jogadas na lixeira, com um Acre verdadeiramente democrático e republicano construído daqui em diante –independente dos partidos no poder.  

Novo, velho Acre

Tião abandona slogan “Governo do Povo” e parte para “Novo Acre” 



Seguindo o mesmo caminho traçado pela presidente Dilma Rousseff, que mudou o slogan de seu governo neste segundo mandato, o governador Tião Viana tenta dar uma nova roupagem aos seus próximos quatro anos. Da marca “Governo do Povo, Servindo de Todo o Coração”, o petista tentará passar a imagem de um Acre diferente com a marca “Novo Acre. Governo parceiro, povo empreendedor”.

A reformulação tem como objetivo expor a atenção deste segundo mandato para o fortalecimento de uma economia menos atrelada ao poder público. Para marcar este ciclo, Tião Viana entregou mais de 200 equipamentos para a economia solidária nesta terça-feira (27).

Por meio da Secretaria de Pequenos Negócios, o governo fornece os suprimentos necessários a pequenos empreendedores que desejam iniciar o próprio negócio ou incrementá-los. Além disso, a gestão do petista tem investido na produção rural, sobretudo no setor da piscicultura.

O complexo de industrialização da produção de peixes no Acre já somou investimentos na ordem de R$ 100 milhões. Outro ponto é a instalação do primeiro call center do Acre, com previsão de gerar 2.5000 empregos.  

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Ciência com limites

Criada em 2012, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Acre (Fapac) tinha como objetivo ser um dos braços do Estado para o fomento aos trabalhos científicos e tecnológicos desenvolvidos por aqui, reforçando a atuação da já consagrada Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac). Para diretor-presidente foi escolhido o ex-reitor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Pascoal Muniz. A opção pelo conceituado professor conferia ao novato órgão prestígio e credibilidade.

Mas a Fapac parece ter tido vida curta. A estrutura praticamente não existiu, e muitas das pesquisas que seriam bancadas por ela estão agora comprometidas. Pascoal Muniz não é mais seu dirigente. O secretário Marcos Veríssimo (Planejamento) acumula a condução da fundação. Segundo fontes dentro da Ufac, a falta de estrutura desmotivou o ex-reitor a continuar no cargo.

Um dos exemplos claros disso foi o corte de investimentos por que a Fapac passou. A tesoura do governo nos recursos pode levar o Acre a perder ao menos 20 projetos de mestrado e doutorado que estavam contando com o financiamento da fundação. Em agosto do ano passado, foi aberto edital para a oferta de bolsas que auxiliarem teses de alunos de pós-graduação no Estado.

Este dinheiro serviria para bancar as despesas dos trabalhos de campo, e outros custeios que uma tese de qualidade exige do aluno. De acordo com o edital, as bolsas de mestrado seriam de R$ 5 mil, e doutorado R$ 8 mil. Os candidatos aprovados na seleção contavam com esta ajuda, mas desde setembro aguardam a liberação do dinheiro – que nunca sai.

À época, os gestores alegavam o período eleitoral como impedimento, o que não deixa de ser fato. Voltando a procurar a Fapac neste início de ano pós-reeleição, eles foram informados de que não há mais a mínima previsão de quando (e se) estas bolsas serão concedidas. O problema é que os prazos para a entrega dos trabalhos de conclusão estão acabando, e muitos mestrandos e doutorandos ficaram a ver navios –ou catraias.

O caso é sério, e revela o descompromisso dos gestores públicos no avanço do Acre na elaboração de trabalhos científicos que enriqueçam nosso conteúdo de ensino e aprendizado sobre a realidade acreana.

O governador Tião Viana precisa puxar a orelha de quem contingenciou os recursos da Fapac, garantindo que o Acre, um dia, assuma posições nacionais de destaque quando o assunto for ciência e tecnologia –tema tão tratado por ele na campanha eleitoral, mas que não tem, na prática, a atenção devida.


Menos segurança 
Quem também vê seus ganhos passar pela navalha da Fazenda são os agentes da Polícia Civil. Aqueles que atuam como investigadores recebem uma gratificação como incentivo. Desde dezembro o extra não é pago, o que tem revoltado a classe. Segurança Pública de qualidade passa pela valorização dos policiais, e cortar seus salários é um descompromisso com o setor.

De braçadas 
O tucano Wherles Rocha nem assumiu sua cadeira em Brasília e já mostra que dará muito trabalho ao Planalto. Se manter sua linha ofensiva utilizada contra Tião Viana, ele tende a ganhar destaque como uma das lideranças da oposição no Congresso Nacional. Qualidade intelectual para o debate ele tem, assim como a coragem para o enfrentamento. Ele tende a honrar o DNA oposicionista pelo qual foi eleito em outubro.

Paz e amor 
Depois de um longo período de guerra, as duas principais tendências do PT estão prestes a assinar acordo de cessar-fogo. Democracia Radical (DR) e Democracia Socialista (DS) caminham para uma relação pacífica –pelo menos até o próximo embate. Mas, para os petistas mais orgânicos, é esse enfrentamento interno entre os grupos que tem transformado o petismo quase que numa máquina “indestrutível”.

Proximidade 
Um dos motivos que levou Jonas Lima (PT) a abrir mão da liderança do partido na Assembleia Legislativa é a sua base política no Juruá. Para ele, o cargo exigiria tempo quase que integral em Rio Branco, acompanhando de perto cada passo dado pelo partido e pelo governo. A função de liderança requer do parlamentar dedicação quase que exclusiva, o que o leva ao distanciamento da base.

Às armas, camaradas 
Este é um ano para profundas reflexões dentro do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Após o vexame das urnas em 2014, os “comunas” precisarão rever suas munições para um ressurgimento mais auspicioso em 2016. A tendência é que Perpétua Almeida assuma a presidência da legenda, liderando trabalho de reestruturação partidária, além de manter viva sua própria memória eleitoral para um eventual retorno à Câmara em 2018.

Ao canteiro, camarada 
Já para Edvaldo Magalhães na presidência do Depasa os desafios são ainda mais hercúleos. O primeiro, lógico, é refazer praticamente todas as obras do Ruas do Povo, que há muito já se dissolveram. Se antes o trabalho à frente da Sedens era mais “paz e amor”, agora o camarada precisará colocar os pés (literalmente) na lama para evitar o completo fiasco do Ruas do Povo, que é a vitrine da gestão Tião Viana.  

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

As flechas e a cruz de Sebastião

Igreja São Sebastião, Xapuri (AC)
O governador Sebastião Afonso Viana Macedo Neves é um homem religioso. O nome é uma homenagem a um dos principais santos do catolicismo, São Sebastião, padroeiro de várias cidades do Brasil, da pequena Xapuri de Chico Mendes, ao Rio de Janeiro e sua constante ebulição. Sua fé é tão grande que nem os luteranos protestantes ficam de fora de seu governo, numa espécie de gestão ecuménica.

Como político, o petista Tião Viana vive com flechas encravadas no peito, assim como o santo que lhe serviu de inspiração para o batizo. Das traições de aliados, às concessões à que é obrigado a fazer para evitar a rebelião do rebanho aos ataques da oposição, ele carrega além da flecha uma pesada cruz de madeira.

Como bem ensinou o Messias, cada um tome a sua cruz. E a cruz de Tião está bem pesada para este começo de segundo mandato, após o martírio para conquistar a benção da reeleição. Logo no primeiro mês ele viu seu nome envolvido no (atual) maior escândalo da política brasileira.

Segundo “O Estado de São Paulo”, Tião Viana teve seu nome citado na delação premiada de Paulo Roberto Costa, um dos operadores do “petrolão”. A revelação repercutiu em toda a grande imprensa, inclusive no “Jornal Nacional”, depois de ele já ter sido “matéria de abertura” em maio de 2013, com a operação G7.

De imediato o governador negou as acusações, dizendo jamais ter conversado com Costa, entrando com processos contra ele e os veículos de imprensa. Agora a notícia mais recente dá conta de que Tião estaria entre os investigados pela Procuradoria da República no mesmo caso.

Cruz mais pesada que esta para um político não há. O desgaste é enorme, os danos políticos nem se falam. As portas são fechadas e todos querem estar longe de você. Mas, aparentemente, o episódio parece não ter atrapalhado a relação dele com o Planalto, que já não é das melhores, visto o desdém de Dilma Rousseff para com o Acre.

E é Dilma uma das responsáveis por desferir outra flecha no companheiro acreano. As notícias para a economia brasileira não são das melhores. Teremos um novo “pibinho” e o corte de gastos federais afetará sobretudo Estados pobres como Acre, altamente dependente das transferências de Brasília.

Não só as prefeituras amargam perdas, o governo também vê minguar os recursos. Menos verbas federais, aumento do inchaço de pessoal com 940 cargos comissionados e economia em marcha lenta, Tião precisará de muitas estratégias para evitar a parada definitiva da enferrujada maria-fumaça de nossa economia, herdada dos tempos da Madeira Mamoré.
Serão necessárias muitas peregrinações com pires e vela nas mãos ao Planalto para evitar o colapso. E com o grupo petista adversário de Tião Viana acercando Dilma, as coisas não ficam das mais otimistas. Mas a fé inabalável do governador moverá não só montanhas, mas também os Andes peruanos para o Acre voltar a ser o Jardim do Éden, como prometido na última campanha.

Amém!

As zonas vermelha e azul 
A zona azul de Rio Branco completa um mês de operação. A medida, sempre defendida por mim (grandes coisa!), pôs fim à farra da privatização de espaços públicos por motoristas que tomavam de conta de vagas na região central. O problema é que a prefeitura está abusando. Não pode ver uma viela e já “azula” tudo. Nem o pobre “Beco do Micho”, na Gameleira, tende a escapar.

Ofertas 
Brincadeiras à parte, esta é a verdade. Não entendi a razão de haver zona azul até na rua Rio Grande do Sul, próximo ao Sebrae. A região é de pouco movimento, e algumas vias precisam estar livres da tarifação. Outros pontos são, sim, ainda necessários o modelo rotativo, mas neles só estão as bases das máquinas. Com estes novas ruas que (talvez) entrem em vigor, a oferta de vagas será suficiente para atender a demanda.

Impunidade  
Agora, a falta de fiscalização compromete a eficácia do sistema rotativo. Não se vê os “amarelinhos” da Rbtrans verificando o respeito às normas. Outra falha é a não obrigatoriedade da exposição do ticket de pagamento no painel dos veículos. Dessa forma não há como saber se o princípio da rotatividade está, de fato, sendo cumprido. Há muitos condutores que nem sequer fazem o pagamento.

Sexo na floresta 
Informação divulgada ontem pelo governo dá conta de que 11 milhões de preservativos serão distribuídos pela Secretaria de Saúde para o....Acre. Fiquei imaginando o quanto o acreano está fazendo sexo. 11 milhões de camisinhas para pouco mais de 700 mil habitantes é um número desproporcional. A quantidade seria suficiente para proteger a população da grande São Paulo. Oh povo pra gostar do negócio esse acreano!!!






Descaso 
A foto acima é a entrada do Fórum Eleitoral de Rio Branco. O local é um exemplo de descaso. Crateras se abrem no estacionamento, formando poços de lama nestes dias de chuvas intensas. A presidência do TRE precisa tomar previdências e ter mais zelo pelo espaço, acolhendo de forma mais digna o contribuinte que busca serviços no prédio. Aliás, a rua de acesso é outro descaso. Buracos e mais buracos, falta de calçadas, nos levam aos prédios da Justiça Federal, MPF e OAB.

 


sábado, 24 de janeiro de 2015

Molina, a moléstia entre Dilma e Evo

A companheira Dilma Rousseff acompanhou na última quinta (22) a posse do companheiro Evo Morales para o seu terceiro mandato frente ao governo boliviano. Numa retribuição à vinda de “Evito” ao Brasil para a sua recondução no Palácio do Planalto, Dilma desembarcou em La Paz e  se cobriu com uma das vestimentas tradicionais dos povos andinos. A foto oficial teve direito a punhos esquerdos cerrados ao alto, à José Genoíno na carceragem da Polícia Federal.

Mas enquanto Dilma e Morales se confraternizavam, os velhos problemas entre os dois países continuavam a incomodar a festa. O tradicional está na fronteira, problema que aqui no Acre conhecemos bem. Maior produtor de drogas do mundo, a Bolívia não demonstra muita intenção em combater este problema. Ao contrário, a produção duplicou nos governo do líder cocaleiro.

Enquanto Brasília finge nada ver e deixa as fronteiras escancaradas, a violência vai destruindo nossas cidades, jovens perdendo suas vidas e famílias destruídas pelo tráfico. Outro gargalo é a concessão de asilo político permanente ao ex-senador Roger Pinto Molina, que fugiu para o Brasil no porta-malas do diplomata Eduardo Sabóia, chefe da embaixada em La Paz. O ex-senador ficou 455 dias morando embaixada brasileira.




Ele afirma ser uma vítima da perseguição política de Morales contra a oposição. Já o governo do país diz que ele cometeu crimes fora da alçada política. A fuga de Molina abalou as relações entre Brasil e Bolívia, provocando até a queda do ministro Antônio Patriota (Relações Exteriores).

Passado mais de um ano desde o impasse, a situação parece não estar resolvida. Molina aguarda receber a concessão de asilado político pelo governo Dilma. Se assim proceder, Brasília estaria reconhecendo a Bolívia como um país onde o governo é autoritário e persegue a oposição, quase que uma espécie de ditadura.

Este status seria o fim da relação harmoniosa à esquerda entre os dois companheiros. Com a recusa do Itamaraty de condenar as barbaridades de Caracas contra a oposição venezuelana, é muito difícil de acreditar numa ação também dura contra a Bolívia. Enquanto isso, Molina fica no aguardo angustiante de saber se poderá ter o direito de viver no Brasil sem o risco de ser deportado por Dilma.

Sua família também enfrenta a mesma sensação de insegurança morando em solo acreano. O Brasil tem o histórico de receber de braços abertos cidadãos de toda parte do mundo em busca de refúgio contra as “injustiças” de seus países. (Veja Cesare Battisti). Diante disso é de se esperar que no caso de um ex-representante eleito pelo povo boliviano, e que afirma ter tido o exercício de sua função surrupiado por Evo Morales, o Palácio do Planalto atue de forma oposta à tradição diplomática.

É possível que em sua passagem por La Paz Dilma tenha conversado com seu colega sobre isso, e recebido a benção para conceder o refúgio sem criar nenhum tipo de ranhuras nesta relação tão pacífica, porém algumas vezes conflituosa, entre Bolívia e Brasil venha a acontecer.

Round 2

Disputa por cargos na Aleac volta a opor tendências petistas 

A queda de braço entre as duas principais tendências do PT, Democracia Radical (DR) e Democracia Socialista (DS), parece nunca encontrar um acordo de cessar-fogo. A mais nova disputa ocorre em torno dos cargos na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). Em disputa estão a liderança do governo e do partido na Casa. A expectativa é que o porta-voz do Palácio Rio Branco seja o neófito Daniel Zen, enquanto a liderança petista fique com Jonas Lima, em seu segundo mandato.

Até chegar a este possível pacto, DR e DS tiveram mais um de seus duros embates, marca já registrada no partido. Durante a eleição interna da sigla, em 2013, socos e pontapés foram trocados em plenária realizada no auditório da Seaprof. Desta vez, contudo, não foi preciso jorrar sangue no rosto dos companheiros.

Descontente em ficar de fora do primeiro escalão da gestão Tião Viana, líder maior da DR, a DS pleiteava mais prestígio por conta de sua representatividade interna. A liderança partidária na Aleac pode ser um grande mérito para a tendência. Jonas Lima é visto como persona non grata pela DR.

Sua atuação mais “independente” desagradava até setores do governo. Nos bastidores travava um duelo pessoal com o agora secretário de Relações Institucionais, Francisco Nepomuceno, o Carioca, principal operador político dentro do PT e de toda a Frente Popular. Sua campanha de reeleição sofreu boicotes por parte da cúpula governista.

Segundo fontes, a escolha de Jonas passa pelo crivo do governador Tião Viana. Apontada como a volta do filho pródigo, a indicação de Jonas seria uma forma de contemplar a família Lima, que exerce considerável influência na política do Juruá. Sua escolha não agrada aos setores mais radicais dentro da DR, que tratam os membros da DS com a mesma ferocidade que tucanos.

A DS também galga voos mais altos com a indicação do vereador Marcelo Macedo para a Secretaria de Finanças de Marcus Alexandre. A pasta é uma das mais importantes da capital. A nomeação é uma forma encontrada pelo prefeito de assegurar o apoio de todas as tendências petistas a sua campanha de reeleição, em 2016.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Petrolinho

Petrobras anuncia produção de biodiesel a partir de óleo de peixe

Agência Brasil 

A Petrobras vai começar a produzir ainda este mês biodiesel a partir do óleo de peixe. Em nota, a estatal informou que a produção do biodiesel a partir dessa matéria-prima vai beneficiar inicialmente 300 piscicultores familiares e garantir a compra de 15 toneladas de resíduos e gorduras de peixe, por mês, de piscicultores cearenses.

A produção será feita pela Petrobras Biocombustíveis na Usina de Quixadá, no Ceará, a partir do óleo extraído de vísceras de peixe, conhecido como OGR (óleos e gorduras residuais) de peixe. A companhia recebeu, em dezembro, 4,55 toneladas do produto para produção de biodiesel.

Segundo informações da estatal, o volume é resultado do primeiro contrato de compra firmado com a Cooperativa dos Produtores do Curupati, em Jaguaribara, região centro-sul do estado, em 18 de dezembro de 2014. Na ocasião, também foi assinado convênio com a Secretaria da Pesca e Aquicultura do Ceará para assistência técnica aos piscicultores dos açudes do Castanhão e de Orós.

As informações indicam ainda que, até o fim do ano, o projeto poderá alcançar metade dos 600 piscicultores familiares que trabalham nos dois maiores açudes da região: o Castanhão, que tem áreas produtivas nos municípios de Jaguaribara, Jaguaretama e Alto Santo; e o Orós, nos municípios de Orós e Quixelô, ambos na bacia hidrográfica do Rio Jaguaribe.

Na avaliação da Petrobras, o uso do óleo extraído das vísceras do pescado na produção traz vantagens a ambas as partes. Para a companhia, assegura biodiesel com matéria-prima de qualidade, além de a iniciativa estar alinhada ao Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, condição necessária para garantir o Selo Combustível Social do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Já para os piscicultores, gera valor de mercado para um subproduto, o que proporciona renda extra. Ao mesmo tempo, fortalece a cadeia produtiva do pescado, transformando um possível passivo ambiental em matéria-prima para a produção de biodiesel.

A introdução do óleo de peixe na cadeia produtiva do biodiesel é uma parceria da Petrobras Biocombustível, do Ministério da Pesca e Aquicultura, da Secretaria de Pesca e Aquicultura do Estado do Ceará, da Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec), do Núcleo Tecnológico da Universidade Federal do Ceará, do Banco do Nordeste, do Banco do Brasil, do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) e das prefeituras de Jaguaribara e de Orós.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O monstrengo cooperativismo

A notícia mais negativa para este início de ano no Acre pode ser a decisão da Justiça de proibir o governo de realizar contratos com as cooperativas de serviço. Os impactos sociais que esta quebra de contratos provocará serão gigantescos para uma sociedade já pobre e sem muitas opções de renda e trabalho. Infelizmente por estas bandas este bem-sucedido modelo de atividade econômica foi transformado num vilão por culpa do próprio governo.

Não se quer aqui condenar a atuação do Ministério Público do Trabalho. Em sua visão, o governo desrespeita as leis ao usar as cooperativas como mão de obra fácil e barata. Em partes os procuradores estão corretos, pois de fato para o poder público é muito melhor manter estas pessoas sem segurança trabalhista, sendo a manutenção ou quebra dos contratos usadas a cada dois anos como moeda de troca.

Agora, exigir que cooperativas e governo mantenham relações contratuais com base na CLT não tem lógica. Cooperativa é um modelo onde cada membro é dono do negócio. A cooperação leva os sócios a serem seus próprios patrões. Não há a figura do patrão e empregado. Nenhuma decisão pode ser tomada sem o aval da maioria.

O cooperativismo é um modelo de sucesso no mundo todo, sobretudo nos países desenvolvidos. Não se restringe ao segmento serviços. São 13 ramos da economia capazes de gerar riqueza e divisão de lucros para a sociedade. Mas no Acre a atividade foi transformada num monstrengo, um demônio.

A exposição de candidatos ao lado de dirigentes cooperativistas em ano eleitoral levou o segmento a um estereótipo que não é o seu. O cooperativismo para o Acre é um excelente negócio. Com uma economia sem diversidade e o setor público já inchado, a união de pessoas para tocar um projeto em comum pode ser uma ótima alternativa.

As cooperativas de serviço são um exemplo disso. Mas o governo vem fazendo mau uso. É preciso entendimento entre Justiça, MPT, cooperativas e governo. De seu lado o Ministério Público precisa entender que CLT não rege esta atividade. E o governo parar de colocar os cooperados em serviços para os quais não foram contratados.

Este entendimento é essencial para se evitar um colapso social ainda maior. E o cooperativismo precisa ser visto não mais como um elemento de barganha eleitoral, mas um baita setor econômico capaz de caminhar com as próprias pernas, independente de governos. A riqueza a sociedade é quem gera, o governo só nos toma.

Photoshopping 
Um bom exemplo da falta de dinamismo da economia acreana é o nosso primeiro e único shopping. A grande maioria das lojas está fechada. Andar por lá chega a causar tristeza. O consumidor não sabe se está num centro comercial ou numa galeria de artes tamanha é a quantidade de fotografias usadas como fachadas nas lojas que foram à falência. Ao invés de ser procurado por consumistas de primeira hora, o espaço será muito bem aproveitado pelos amantes da fotografia.

Dilma segura 
Outro segmento ruim das pernas é a construção civil. E os mais prejudicados, lógico, são os trabalhadores. Com os cortes dos direitos trabalhistas feitos por Dilma Rousseff, a situação se agravou. Muitos destes operários tinham contratos de curta duração, no máximo seis meses. Com as antigas regras, eles poderiam ser amparados pelo seguro-desemprego. Agora, somente após 18 meses de carteira assinada será concedido o benefício. É o mergulho do trabalhador na pobreza.

Demissões 
Dados oficiais apontam mais de 1.500 desempregados em Rio Branco na construção. Nos próximos dias empreiteiras da Cidade do Povo dispensarão até 400 operários. A crise está exposta. A economia não anda. O Estado não tem recursos para fomentar as atividades produtivas. O jeito é apertar o cinto e deixar o dinheiro debaixo do colchão. Vai que vem um Plano Dilma à Plano Collor.

Efeito reeleição 
Depois do Mais Médicos virá o Mais Reajuste, programa de Dilma para acostumar os brasileiros aos sucessivos aumentos nos serviços. Comportamento que ocorrerá até o fim de seu segundo mandato. Combustível e energia terão (outra vez) reajuste. Enquanto a Petrobras é sucateada por uma quadrilha que operava seus cofres, o cidadão comum é quem arcará para compensar os rombos.

Cidade faroeste 
Rio Branco está servindo como um ótimo cenário para filmagem dos filmes do velho oeste americano. A cidade está como que entregue às moscas. Buracos que se abrem com os primeiros serenos, lixo nas ruas, lama e mato invadindo calçadas. O embelezamento, como de costume, só na região central. Mas é compreensível. A prefeitura vê seus recursos federais reduzidos, e o que vem seguei direto para o pagamento da inchada folha de pessoal. É a velha política predominando no novo.



terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Licença para roubar: Empreiteira$

Por Luiz Flávio Gomes 

As delações do ex-diretor da Petrobras (Paulo Roberto Costa) ainda não terminaram. Claro que não basta delatar, é preciso provar. Quanto às empreiteira$, financiadoras (dentre outros agentes econômicos e financeiros de todas as campanhas eleitorais) foi revelado que algumas delas teriam promovido um cartel para obtenção de contratos milionários junto à Petrobras (veja Valor 10/9/14: A5).

Várias delas (Mendes Júnior, UTC-Constran, Engevix, Iesa, Hope HR, Toyo Setal, Sanko Sider, Sanko Serviços, Consórcio Nacional Camargo Corrêa etc.) já constam da denúncia do Ministério Público contra o ex-diretor (esse processo está em andamento). Vários funcionários da Petrobras foram indicados pelos partidos (cabia a eles azeitar o esquema criminoso e cartelizado).

Somente as seis primeiras doaram - juntas - R$ 35 milhões para vários partidos (em 2010). Para cada real "doado", em 2010-11, as empreiteiras faturaram R$ 8,5 reais (Globo-G1 7/5/14). Muitas empresas (ligadas aos financiadores) são de fachada e praticam importações fraudulentas (1,5% do PIB brasileiro é desviado anualmente por intermédio desse meio fraudulento: veja Global Financial Integrity - GFI -Folha 8/9/14: B5; Estado 9/9/14: B6).

Nossos comentários: incontáveis políticos e seus respectivos partidos juntamente com alguns inescrupulosos agentes econômicos e financeiros construíram o maior crime organizado do país (que fatura ilicitamente centenas de vezes mais que a receita anual do PCC, de R$ 120 milhões).

Trata-se de uma organização criminosa suprapartidária e supra-ideológica (partidarismo e ideologia são para o consumo daqueles que não estão no topo do comando manobrado pelos donos do poder). Tanto é verdade que os financiadores "doam" dinheiro para muitos partidos e uma pluralidade de candidatos (normalmente os que contam com mais chance de eleição ou reeleição).

Essa é a vida ordinária regida pelos indecentes costumes da política brasileira. Faz parte da "normalidade" tropical (que aos olhos de qualquer humano dotado de pudor constitui uma imoralidade descomunal a fazer corar até mesmo a mais inocente das crianças). Foi com essa normalidade que se construir uma das faces mais obscuras da nossa triste história.

A todos que fatigam entre o céu e a terra para provar que estamos vivendo, do ponto de vista moral e ético, uma das eras mais degeneradas do país (porque agora somos muitos, mais de 202 milhões, porque agora as transações diárias são incalculáveis, os meios informáticos e cibernéticos nos mergulham diariamente em horizontes cada vez mais desconhecidos), lancerado sem piedade por crimes e vícios que desonram (em qualquer rincão do planeta) a classe animal a que pertencemos.

Sempre temos que ter a cautela de não incorrermos em excessos, que são típicos das visões apocalípticas. De qualquer modo, não se pode negar que o quadro pintado pela política e pelos políticos brasileiros é demasiadamente sombrio, bastando para se comprovar isso simplesmente ler os mais conceituados jornalistas dos diários, que descrevem depravações e impropérios tenebrosos e chocantes, para não dizer medonhos, a retratar o opróbio da triste e líquida era (Bauman) que nos tocou viver.

Alheio a todas as visões parciais (partidárias, ideológicas etc.), no exercício da cidadania consciente, não há como o brasileiro refutar a obrigação de se indignar e denunciar de forma sistemática e imparcial o lodo movediço e repelente que jogou o país no abismo da imoralidade e do desprezo. A não reeleição dos políticos pode ser um bom caminho para colocar o bonde (chamado Brasil) no trilho. Avante! (fimdareeleição. Com. Br).

sábado, 17 de janeiro de 2015

Obama e Evo Morales

EUA enviarão comitiva para a terceira posse de Evo Morales 

A posse para o terceiro mandato de Evo Morales para a presidência da Bolívia deve acontecer com a participação de uma comitiva do governo dos Estados Unidos, país com o qual La Paz comprometeu suas relações diplomáticas desde a chegada do líder cocaleiro ao poder, em 2006. A presença norte-americana na solenidade, que ocorrerá na quarta (22), pode representar o retorno da normalidade das relações entre os dois países.

Este reatamento tende a seguir a política de Barack Obama de seu país em se aproximar de antigos desafetos, como o que vem ocorrendo com Cuba. Os americanos têm atenção especial com a Bolívia por ser um dos principais produtores e fornecedores de drogas para seu território.




Até a eleição de Morales, os EUA tinham acordo de cooperação para o combate aos traficantes bolivianos. O presidente esquerdista, porém, acusava os americanos de violarem a soberania da Bolívia. Morales quebrou o acordo e ainda expulsou o embaixador americano. 

Desde então Washington vem mantendo relações mais apáticas com a Bolívia, não chegando ao rompimento definitivo. O país manteve sua embaixada em La Paz. O envio da comitiva de funcionários da Casa Branca para prestigiar a recondução de Morales tende abrir o caminho para um novo diálogo. 

Ao contrário das posses de Dilma Rousseff e Michele Bachelet no Chile, esta comitiva na Bolívia não será chefiada pelo vice-presidente Joe Biden. Mas, segundo o jornal “El Deber”, um possível encontro entre Evo Morales e Barack Obama já estaria sendo negociado entre os dois governos. 

Este realinhamento boliviano se dá por uma questão de necessidade. Com seu principal parceiro no aporte de recursos, a Venezuela, em crise, La Paz se vê obrigado a buscar investimentos da maior economia do mundo. A China, de olho em expandir sua influência na América Latina, enviará um de seus ministros para a solenidade. 

A presidente Dilma Rousseff confirmou presença, numa retribuição a ida de Morales em sua posse no primeiro dia do ano em Brasília.   


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Contas fechadas -e bem fechadas

Sem transparência, Assembleia do Acre custou R$ 112 milhões em 2014 

Depois da derrota nas urnas em outubro último, dando fim a uma hegemonia de quase três décadas, o presidente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), Élson Santiago (PEN), deixa o mandato com a Casa custando ao contribuinte acreano R$ 112 milhões. O valor supera em duas vezes o orçamento de todo o sistema de Segurança Pública, que inclui as polícias Militar e Civil, além do Corpo de Bombeiros.

O agravante principal de tudo isso é a falta de transparência com que estes recursos foram executados nos quatro anos da gestão de Santiago e seu primeiro-secretário, o petista Ney Amorim, candidato ao cargo de presidente da Mesa Diretora.

Desde 2013 o Ministério Público Estadual (MPE) entrou com ação civil contra o Parlamento cobrando o cumprimento da Lei de Acesso à Informação; até o momento, contudo, a casa das leis continua desrespeitando a lei.

Os dados sobre como foram gastos os R$ 112 milhões são superficiais. O único mais preciso diz respeito ao custo da folha de pagamento dos servidores: R$ 3 milhões. O montante representa apenas 2,6% da despesa total. Como não há detalhes, é possível que o restante de todo estes recursos do contribuinte tenham sido usados pelo gabinete dos 24 deputados.

Com mais da metade dos atuais deputados execrados pelas urnas em outubro, o prédio do Parlamento, na região central da capital, ficou quase às moscas. Os elevadores ficaram fora de operação, e a manutenção do sistema de refrigeração também comprometido. Alguns assessores chegaram a denunciar o não pagamento de seus benefícios trabalhistas.

Ao contrário da Câmara e do Senado, a Assembleia do Acre não possui ferramenta que possibilite ao contribuinte acompanhar com precisão como a chamada verba de gabinete, ou cotão, vem sendo usada pelos parlamentares.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

As minas amazônicas

A cada declaração de um membro do governo de que tudo está sob controle no que diz respeito às cheias deste ano em partes da Amazônia, mais o céu fica nublado e mais chuvas torrenciais são derramadas. As águas do rio Madeira estão a poucos metros da BR-364, mas não há motivos para pânico, não vai chover tanto assim, nos dizem os militares da nossa Defesa Civil.

A questão em si não se trata somente das chuvas, mas de um complexo de obras que parece ter influenciado, sim, o comportamento de um dos principais rios da região, o Madeira. Passado quase um ano desde aquela cheia histórica, as águas não tiveram vazão. Com a volta das chuvas, logo mais o imponente rio tende a deixar a rodovia debaixo d’água.

Entre a segurança meteorológica das autoridades e a desconfiança popular de que tudo vai se repetir como em 2014, um fato ficou desapercebido. Trata-se da escolha do ex-governador do Amazonas, Eduardo Braga, para um dos ministérios mais estratégicos do país: o de Minas e Energia.

Eduardo Braga é hoje a liderança mais representativa do Norte do país. Saiu como um dos governadores mais bem avaliados do Amazonas, e é um dos aliados de peso da presidente Dilma Rousseff. Não a toa ocupa a pasta pupilo da petista e foi seu líder no Senado no primeiro mandato.

Natural de Belém (PA), Braga tem um grande desafio pela frente: conduzir um dos setores mais importantes da nação: a geração de energia. Esta geração para alimentar a cambaleante indústria nacional. O Brasil precisa produzir eletricidade, é verdade, caso contrário teremos outro apagão como nos tempos tucanos.

Esta busca pela ampliação de seu parque energético levou o governo a investir pesado na construção de usinas hidrelétricas na Amazônia, aproveitando seus imponentes rios com boa quantidade de água 365 dias. Santo Antônio e Jirau são exemplos disso. Não preciso aqui lembrar a discussão ambiental em torno destas obras, que deu origem ao bom duelo entre Dilma e Marina Silva.

A pergunta que fica: a presença de um amazônida à frente do Ministério de Minas e Energias trará alguma diferença para os moradores da região? Os impactos destas obras já foram feitos (como diriam, não adiante chorar o leite derramado). Os custos são elevadíssimos, e o governo finge não ser culpado, preferindo passar o bastão para as chuvas nas terras de Evo Morales.

Teria Eduardo Braga, premiado como um dos governantes mais sustentáveis da Amazônia, a capacidade de levar o governo a adotar políticas sérias de mitigação dos efeitos destas usinas? Certamente Jirau, Santo Antônio e Belo Monte não são os únicos empreendimentos hidrelétricos na Amazônia. Teria ele a coragem de exigir de potenciais novos projetos mais rigor quanto à redução de seus impactos ambientais? Ou o extremo: proibir obras que ameassem a integridade da biodiversidade no entorno?

Aqui não se quer negar a necessidade de termos um sistema elétrico eficiente, nem negar a capacidade de nossos rios de suprir esta demanda.

Mas construir usinas de forma irresponsável como se deu o país não pode aceitar. Ao invés de trazer benefícios para os pobres moradores do Norte, elas tendem a mergulha-los ainda mais na miséria, assim como milhares de quilômetros quadrados de floresta ficaram submersos com as barragens.

Que um caboco à frente das Minas e Energia possa ter um olhar mais sensível para esta pauta tão delicada.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Alimentos e ambiente

Estudo comprova que aumento de desmatamento põe em risco produção de alimentos 

Por Greenpeace Brasil 

O desmatamento é ruim para o meio ambiente e para o clima. Também é péssimo para a biodiversidade, além de liberar gases do efeito estufa na atmosfera. Isso tudo nós já sabemos.

Mas a ciência está agora cada vez mais certa de que o desmatamento também é um péssimo negócio para a agricultura.  Ele provoca o aumento das temperaturas e interfere nos sistemas de chuvas, tornando o clima mais seco.

Este mês, uma análise detalhada sobre os impactos do desmatamento de florestas tropicais na agricultura (Effects of tropical deforestation on climate and agriculture), publicado na revista Nature pelas pesquisadoras Deborah Lawrence e Karen Vandecar, do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade de Virgínia (EUA), lançou luz sobre a relação existente entre o desmatamento destas florestas, a mudança da temperatura, os padrões de precipitação e seu subsequente risco para a produção mundial de alimentos.

As florestas são parte vital do ciclo da água. Elas são responsáveis por transportar a água do solo para a atmosfera, por evaporação – tecnicamente chamada de evapotranspiração. As florestas tropicais são capazes de transportar mais água do que qualquer outro ecossistema terrestre. Esta umidade cai em forma de chuva, seja localmente ou em outras regiões. A evapotranspiração também tem um efeito resfriador no ambiente, assim como a transpiração humana.  Em geral, o desmatamento gera um clima mais seco e quente.

A agricultura sofre com extremos de temperatura. Plantas de determinadas culturas, por exemplo, não são capazes de resistir a altas temperaturas. Estações chuvosas fora de época, períodos com muita ou pouca chuva, precipitações frequentes ou muito espaçadas, todas estas oscilações também têm efeito sobre a produção agrícola.

Um exemplo apresentado na revisão de modelos de desmatamento fora de áreas protegidas prevê uma queda de 25% no rendimento da soja em pelo menos metade da área total cultivada hoje em dia. Consequentemente, algumas áreas de pecuária não seriam mais viáveis.

Outro fato importante é que o desmatamento de florestas tropicais também oferece risco a produção de alimentos cultivados a milhares de quilômetros. Em 2013, o Greenpeace publicou o relatório “An Impending Storm”, (Tempestade Iminente), com algumas das mais recentes pesquisas científicas que mostram como as florestas (e seu desmatamento) influenciam o clima global.

O estudo lançado este mês corrobora com nosso trabalho, inclusive nos exemplos citados, como a conclusão de que o desmatamento da Amazônia e das florestas tropicais da África central causaram a redução das precipitações no centro-oeste norteamericano na temporada de plantio. Do mesmo modo, o completo desmatamento da floresta da Bacia do Congo, na África, deve intensificar as monções no Oeste africano, enquanto o aumento de temperatura, que deve ficar entre 2 e 4 ˚C, e a redução em até 50% nas chuvas, devem afetar toda a região.

O novo estudo também descreve, de uma maneira bem realista, os impactos do desmatamento parcial. O desmatamento pode tornar-se crítico quando o “ponto de inflexão” é atingido quando não há chuva suficiente para que a floresta possa se sustentar, de tal forma que ela acabe substituída por savana ou pastagem. Os autores sugerem que, para a Amazônia, e possivelmente para a África Central, o ponto de inflexão pode ser alcançado com os níveis de desmatamento entre 30-50%. Este ponto pode ser bem menor em algumas florestas costeiras que são importantes na condução de umidade do oceano para o interior dos continentes.

A pesquisa conclui que o desmatamento de florestas tropicais aumenta as incertezas e os riscos para a produção de alimentos, seja perto ou longe das áreas desmatadas, graças as mudanças de temperatura e alteração nos sistemas de chuvas.

A evidência científica que aponta para o fato de que todos dependemos das florestas tropicais, independente do lugar do mundo onde se viva, está se tornando cada vez mais forte. Isso mostra a importância de prevenir a destruição das florestas e até de recuperar áreas degradadas, o que poderá garantir que as florestas continuem a regular o clima e a temperatura do planeta, mantendo nossa capacidade de produzir alimentos e de conservar a biodiversidade.

Não faltam provas de que a manutenção das florestas tropicais são fundamentais para a vida na terra. Mas ainda hoje continuamos a perder anualmente extensas áreas de Floresta Amazônica, seja em desmatamentos legais ou ilegais.

Alguns dos principais fatores que promovem o desmatamento do bioma são a atividade madeireira ilegal, a pecuária e a cultura de soja. Temas que se tornaram centrais em campanhas do Greenpeace Brasil. Acreditamos que desmatar, sob qualquer pretexto, não faz mais sentido algum. Felizmente, não estamos sozinhos nessa.

O projeto de Lei do Desmatamento Zero, lançado em 2012, prevê o fim da emissão de licenças de desmatamento em florestas nativas, ou seja, mesmo a porcentagem permitida por lei não poderá mais ser desmatada  A iniciativa já conta com o apoio de mais de 1 milhão de brasileiros. Faça parte deste movimento, assine a petição.


Enferrujada

Estrada de Ferro Madeira Mamoré corre o risco de desaparecer



Após a cheia histórica do rio Madeira no início do ano passado, uma das obras mais importantes da Amazônia no começo do século 20, e cuja construção está ligada diretamente à história do Acre, a estrada de ferro Madeira Mamoré corre o risco de desaparecer do mapa. Grande parte da velha estrutura ficou submersa, incluindo o trem restante situado em Porto Velho (RO).

Como consequência da enchente, o barranco da área onde fica situado o galpão e a estação da ferrovia está cedendo. Estas são as últimas partes que sobrou da estrada de ferro, já submersa pelas águas que provêm das hidrelétricas.  

Uma das obras mais significativas da Amazônia, que carrega em si mesma a história da colonização da região, a Madeira Mamoré jamais teve o reconhecimento que merecia e corre o risco de desaparecer para sempre levada pelas águas do Madeira.

Em entrevista ao Amazônia Brasileira nesta sexta-feira (09), o professor e historiador Marcos Vinícius Neves narra a saga de gente do mundo inteiro que veio para sua construção, conta qual era o seu objetivo inicialmente, porque foi abandonada imediatamente após a inauguração, e como veio se perdendo ao longo das décadas até chegar a situação em que se encontra hoje, sob risco de completo desaparecimento.

Com informações Amazônia Brasileira 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Feliz 2018

O calor das eleições de 2014 ainda está sensível no caldeirão da política acreana. Mas as brasas para o pleito de 2018 já estavam sendo acesas ainda no desenrolar do segundo turno. Desde então muitas especulações surgem sobre quem será quem na sucessão eleitoral daqui quatro anos. As especulações ocorrem tanto em torno da oposição quanto do governo.

Do lado governista muitas teses surgem sobre o futuro do vianismo. Afinal, com os dois irmãos no poder, Tião e Jorge, fica a pergunta do rumo de cada um deles. Por conta da relação familiar, o senador Jorge Viana (PT) é impedido de um retorno ao Palácio Rio Branco agora. Nos bastidores fala-se em Marcus Alexandre (PT) para a sucessão de Tião Viana.

A questão é saber se os irmãos terão a disposição de disputar, simultaneamente, as duas cadeiras do Senado em 2018. Ainda não fiz uma consulta à legislação, mas ao que tudo indica não há nenhum impedimento para os irmãos concorrerem ao mesmo cargo no Legislativo, com o porém de ser disputa majoritária. (Por favor algum advogado especialista no assunto esclareça nossa dúvida).

Mesmo que a lei não impeça Tião e Jorge de buscarem os mesmos votos para os mesmos cargos, seria bizarro a população presenciar este duelo. Com o eleitor se mostrando nada simpático ao vianismo nos últimos pleitos, seria provável que um deles embarcasse na balsa rumo a Manacapuru.

Mas diante do combate irredutível do petismo contra o clientelismo e a parentela na política, não ouso acreditar que o partido não patrocinaria tal feito. (Quem duvida perde a vida, já nos diz o ditado). Ou alguém acredita que um deles sairia dos saltos do tamanco para brigar por uma cadeira na Câmara?

Pela oposição, a briga tende a ser entre o hoje senador Sérgio Petecão (PSD) e o candidato derrotado ao governo em 2014, Márcio Bittar (PSDB). O tucano, mesmo com a derrota, saiu como uma das principais referências oposicionistas do Estado. Seu desafio é manter viva a memória eleitoral daqui quatro anos, estando sem nenhum mandato.

Por outro lado, Petecão tende a ser mais fortalecido. Um mandato de senador faz toda a diferença. E com seu partido à frente do Ministério das Cidades –Gilberto Kassab tem no acreano um dos principais aliados – o parlamentar terá mais influência para destinar recursos aos municípios a torto e a direito, amarrando apoios importantes.

Mas até aqui Petecão tem sido desastroso nas suas conduções políticas. Patrocinou a malfadada candidatura de Fernando Melo (hoje assessor de Tião Viana) em 2012 para dividir a oposição, e provocou a mesma cizânia na última disputa.  O seu desafio daqui em diante é corrigir sua rota de percurso, não voltando a meter os pés pelas mãos.

Para Bittar ainda há a perspectiva de se manter vivo também na disputa para o governo. O PSDB é a referência no embate com o PT no Acre, repetindo o cenário nacional. O nome do tucano se apresenta como um dos mais qualificados para enfrentar a força da máquina petista.

Contudo, terá como concorrente interno aquele que ficou como o xodó do eleitorado em 2014: o senador eleito Gladson Cameli (PP), apontado como o nome natural da oposição para destronar o petismo e seus 20 anos de reinado na floresta.

Mas por enquanto vamos viver 2015, 2016, 2017 e que, em 2018, vejamos o começo de um novo espetáculo –deplorável ou digno de louvor.


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Os calos petistas

A composição do secretariado de Tião Viana parece não ter agradado muito aos partidos aliados do PT dentro da Frente Popular do Acre (FPA). Usando alguns de seus emissários, dirigentes partidários reclamam do pecado da gula do petismo, de sempre abocanhar as melhores posições, deixando as sobras do bolo para os aliados. Como sinal de insatisfação e de possível retaliação, já começam a citar as eleições municipais de 2016.

A choradeira é sempre a mesma: o PT não ganha sozinho, precisa da Frente Popular, e as eleições em Rio Branco não serão das melhores para o partido de Tião Viana e Marcus Alexandre. Em palavras mais claras, querem dizer que, para o PT contar com o comprometimento total das demais legendas, é preciso haver mais generosidade no loteamento dos cargos no segundo mandato do petista.

Que o PT é fominha na divisão dos cargos isso ninguém nega. Mas se levarmos em consideração a correlação de forças, o partido atua com total direito. É a maior e principal legenda da coligação, responsável por mobilizar (por livre e espontânea pressão) um exército de militantes para assegurar sua permanência no poder.

Ter as principais secretarias e num número superior é natural neste jogo. Cada um é agraciado conforme sua importância. Tião Viana não deixou de prestigiar nenhum dos partidos que obteve cadeira na Assembleia Legislativa. Se os nomes por ele escolhidos não passaram pelo crivo das bancadas ou dos caciques partidários é uma decisão dele. O governador precisa ter pessoas de sua confiança cuidando do primeiro escalão.

Agora, fazer política de aliança na base do toma lá dá cá não é coalizão, é sempre colisão de interesses.   Ao invés de chorar cargos para beneficiar os velhos mandas-chuvas, os partidos precisam investir em qualificação para ampliar suas bases, aumentando sua quantidade de voto para, quem sabe, ter o direito a reivindicar espaços maiores na divisão de forças.

Duelo de tradição 
Enquanto o PT fica refém de seus muy aliados, a oposição já se prepara para as farpas que vai encarar na disputa pelo maior colégio eleitoral do Estado no próximo ano. Entre os nomes mais cogitados no momento para disputar com Marcus Alexandre está o deputado federal Wherles Rocha (PSDB), e a deputada estadual Eliane Sinhasique (PMDB). Os dois são excelentes nomes, mas precisarão primeiro de muita articulação em busca do consenso.

Pecado eleitoral
As duas últimas eleições -2012 e 2014 – deram o claro recado aos oposicionistas: ou vão logo no primeiro turno com chapa única, ou continuarão a dar as sucessivas vitórias ao petismo. A desunião e a contínua briga de egos entre seus líderes tem levado o grupo a continuar no conhecido “muro das lamentações”, e sempre culpar o trator do governo por “corromper” o resultado final. Muitas das vezes, porém, a vitória da oposição escapa no detalhe.

Homens (não) trabalhando 
A promessa da duplicação das avenidas mais importantes da capital parece ter encalhado. Após intensa movimentação de máquinas e homens durante o período eleitoral, os canteiros estão com cara de terem sido abandonados. Pelo menos esta é a impressão ao longo da Getúlio Vargas. Não se pode justificar o chamado “inverno amazônico” pela paralisação. Os transtornos são grandes, e a população espera agilidade.

Encrenca 
Enquanto Eduardo Cunha (PMDB-RJ) desembarcava pelo Acre para pedir voto à nossa minúscula bancada federal, os votos da oposição, a “Folha de São Paulo” trazia reportagem com um dos delatores do “petrolão”, na qual aponta o peemedebista candidato à presidência da Câmara como beneficiário do esquema. Cunha nega a acusação. A notícia, contudo, ficou ofuscada com a barbárie do atentado em Paris.

Frete Grátis 
A vice-governadora Nazareth Araújo terá um imóvel próprio onde funcionará seu gabinete. Ele está localizado na rua Isaura Parente. Os vices geralmente despachavam na mesma residência oficial do governador. Mas como terá uma dinâmica mais eficiente e com atuação ampliada, Nazareth contará espaço próprio e apropriado para esta nova dinâmica.

Dias ruins 
Informações dão conta de que o senador quase aposentado Aníbal Diniz (PT) não está nos melhores dos dias. Ele era cotado para ser o número dois no Ministério das Comunicações. A informação mais recente dá conta de que terá um cargo na assessoria da liderança do PT no Senado. Para quem já foi um dos homens mais fortes do petismo acreano, esta função não é a das mais nobres. Diniz também sofre este “rebaixamento” após ser destaque duas vezes em “Veja”, como um dos senadores mais atuantes do país.

Liberdade viva 
O mundo foi surpreendido ontem com mais uma atitude insana de fundamentalistas religiosos. O assassinato de jornalistas na capital francesa demonstra a intolerância de grupos fanáticos com a liberdade de imprensa conquistada pela humanidade ao longo destes dois últimos séculos. Muito se engana que atrocidades como estas feitas contra a imprensa irão intimidar a sua função de defesa do Estado democrático de direito, e o bom combate às práticas maléficas de quem está no poder, ou almeja chegar a ele, sobretudo com o uso da violência e da barbárie.
   

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Liberdade de imprensa ameaçada


O secretário Tião Viana

O procurador Armando Melo assumiu na última segunda-feira (5), oficialmente, a secretaria de Saúde do Acre. Sua indicação e nomeação foi uma surpresa na opinião pública do Estado por dois fatores. Primeiro pela sua origem: o direito, ciência totalmente oposta ao cargo que exercerá. Segundo pela saída de Suely Melo, apontada como braço-direito de Tião Viana, uma ungida intocável.

Um terceiro fator nesta renovação esta a opção do governador de não colocar um médico à frente da pasta, -tradição que vinha desde o governo de seu irmão, Jorge Viana. Esta “quebra” tende a provocar “bairrismo” da já corporativista classe médica. (Qual categoria profissional não o é?) Mas nisso tudo a única certeza é: o secretário de Saúde de fato é outro: o médico Tião Viana.

Tanto nos quatro anos de Suely como no próximo quadriênio a secretaria continuará sob o comando atento do governador, que tem no setor uma atenção especial por ser a área de sua formação humana e profissional. Mesmo estando de perto, acompanhando in loco o funcionamento do sistema público, Tião sabe que o segmento enfrenta sérios problemas.

O principal deles continua na humanização do atendimento, além da redução de filas para consultas com especialistas e exames. No interior esta problemática é ainda mais grave, quando muitas das vezes falta até um simples ginecologista para a população feminina.

O sistema de Saúde do Acre é complexo por, de fato, ser universal. Ele atende do mais pobre ao mais rico. O sistema privado não existe, não atende a demanda. Qualquer atendimento de média ou alta complexidade é remetido para o sistema estatal. O SUS não faz distinção de classes, mas quem paga um plano de saúde esperaria não ter que ser enviado para um hospital público.

Isso exige um melhor funcionamento do setor. E por isso o médico Tião Viana assume a secretaria para garantir que um dos serviços públicos mais essenciais, e responsável pela queda ou manutenção de qualquer grupo no poder, funcione com o mínimo tolerável. A perfeição talvez não seja encontrada, mas que já foi bem pior em épocas passadas isso não se pode negar.

Em comparação com outros Estados, então, também estamos em posições melhores. Armando Melo sabe que seu trabalho não é nada fácil, tendo em sua cola o médico Tião Viana a toda hora cobrando resultados.

Sua origem no direito, lidando com a frieza das leis, talvez o leve a adotar esta mesma frieza na aplicação e cobrança de metas num segmento corporativista, fortalecido pela maléfica estabilidade do emprego público.  O lado humano da saúde ficará em xeque com a frieza das leis?

Se a frieza da política tiver prevalecido sobre o médico Tião Viana, podemos dizer que sim.  

Mais cuidado 
O governo criou esta semana uma comissão especial para regulamentar a concessão de diárias e passagens aéreas para seus servidores. Aliás, já era hora do Executivo colocar em funcionamento regras mais rígidas nesta área, evitando farras na concessão dos benefícios. Em tempos de cintos apertados, o melhor é gastar cada centavo público com muito rigor.

Demora 
O governador Tião Viana precisa cobrar providências do setor responsável pela emissão das carteiras de identidade na OCA. O sistema nunca funciona, o que provoca a superlotação de pessoas em busca do serviço, fazendo o cidadão perder até um dia inteiro para retirar o documento.

Frutos maduros 
Depois de levar o PV para as bandas da Frente Popular com o encerrar do segundo turno, deixando o vice de Bocalom (DEM), Henrique Afonso (PV) numa saia justa, a verde Shirley Torres foi agraciada com um belo cargo: diretora de operações do Detran.

Reformulação 
O prefeito Marcus Alexandre formou comissão especial para tratar da reformulação do plano diretor participativo de Rio Branco. Este certamente será um dos temas a pautar a prefeitura ao longo de 2015. A reforma é uma exigência do Ministério das Cidades. Numa capital tão desordenada como Rio Branco, tal discussão é essencial para se evitar a repetição de problemas do passado.

Pepinos 
O ano começou com o governo tendo que desembolsar R$ 4 milhões para pagar dívidas do velho fantasma do Banacre, sucateado por governos passados. O banco acreano ainda está em processo de liquidação, e o pagamento de contas herdadas é uma constante, prejudicando a aplicação de verbas públicas em setores importantes.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Os radicais de Tião

Nomeados todos os ministros de Dilma Rousseff e o secretariado de Tião Viana, agora cabe uma análise de como os respectivos petistas tratam a divisão de forças dentro do próprio partido. Preocupada com a crise do “petrolão” e possíveis respingos em sua imagem, Dilma procurou ficar o mais distante possível de pessoas que pudessem ter algum tipo de envolvimento no caso.

E como os petistas do campo majoritário foram os mais afetados, a presidente não pensou duas vezes em retirar forças deste grupo reunido em torno da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB). A maior representação disso foi a retirada do até então intocável Gilberto Carvalho da Secretaria Geral da Presidência, função que ocupava desde o primeiro mandato de Lula.

Um dos líderes desta tendência, Carvalho foi trocado por Miguel Rossetto, do pequeníssimo Democracia Socialista, grupo mais à esquerda e cujos efeitos de casos de corrupção passam mais a largo. Isso se justifica por uma posição mais radical dos seus integrantes de não se lambuzarem com o poder, como faz o campo majoritário.

Mas no Acre de Tião Viana outros radicais foram muito mais beneficiados na composição do governo. Por aqui somente os militantes da chamada Democracia Radical (DR), tendência majoritária dentro do PT, foi prestigiada no primeiro escalão de Viana. Enquanto isso, os “puros” da DS ficaram a pão e à água.

Tudo isso por eles serem mais radicais do que a DR. A ala mais esquerda do PT acreano saiu bastante fortalecida do processo eleitoral interno de 2013. Apoiando a candidatura de Sibá Machado, eles deram bastante trabalho ao governador em sua busca de eleger Ermício Sena, o que representaria, assim, a fidelidade fidelíssima do petismo aos seus interesses.

Para Tião Viana, é melhor ter radicais subservientes em torno de si, representados pela figura de Francisco Nepomuceno, a ter radicais que ousassem ao menos fazer algum questionamento de suas ações políticas. São nessas alas minoritárias que ainda resta a chamada “velha-guarda” do petismo acreano, que não se vê representada pela dominação da DR desde os tempos de Leo Brito.

Para eles, o partido foi desconstruído, e esta desconstrução vem ocorrendo desde o governo Jorge Viana, tudo pela manutenção do poder. Dilma faz a política de ceder espaços aos campos menores de seu partido, com cargos generosos no governo, deixando os antigos caciques contrariados.

Já para Tião Viana, a melhor política a fazer é apagar a história de seu próprio partido, favorecendo somente aos seus súditos radicais, não levando em conta a proporcionalidade das forças dos campos. Esta fragmentação ficou bem representada pelo resultado dos votos da eleição interna de 2013, quando a “oposição” ao grupo dominante teve uma significativa obtenção de votos –ameaçando a hegemonia radical.        

sábado, 3 de janeiro de 2015

O show não pode parar...

Apesar de alguns fios de cabelo branco quererem dominar minha cabeça, ainda não tenho a idade suficiente para me recordar na história recente do Brasil ou do Acre de um governante participar de duas solenidades de sua própria posse. Mas, como dizem que o Acre não existe, o evento realizado na noite desta sexta-feira, o segundo dia de 2015, leva-nos a acreditar que esta brincadeira de mau gosto do Sul maravilha muitas das vezes não é nem tanto brincadeira assim.

(Vez ou outra em meu divã fico a me perguntar se de fato o Acre existe)

Vejamos: a posse oficial do segundo mandato, como manda a Constituição, foi selada pela Assembleia Legislativa. O evento ocorreu às pressas na madrugada de 1º de janeiro para Tião Viana embarcar no voo mais próximo para Brasília, e acompanhar a solenidade de recondução de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto.

Já o evento desta sexta foi mais um ritual, fora dos padrões, de transmissão de faixa de Tião Viana para Tião Viana, além do evento de posse do novo secretariado. Como a nomeação de nome por nome dos secretários duraria até a madrugada -tão grande é o exército -, apenas dois deles representaram os demais.



Mas, o que mais chamou a atenção, foi o show pirotécnico em torno da solenidade. Fogos de artifício, cantora contratada para cantar um jingle em louvor ao governador e as “Carioquetes” ovacionando o nome de Francisco Nepomuceno, El Carioca, ao ser anunciado como o secretário de direito das Relações Institucionais.

Nunca antes na história deste Estado se viu a quebra de liturgias republicanas num evento de posse de um governador. A música cantada citava partes do lema da campanha do segundo turno (firme com Tião), proclamando um novo tempo de amor, muito amor, no segundo mandato do petista. E todo este aparato de autopromoção da figura do governante foi patrocinado com os recursos do contribuinte.

Em Brasília a presidente é saudada com 21 tiros de canhão da artilharia da guarda presidencial. Aqui o governador comemora a reeleição apertada com fogos de artifícios do Bazar Chefe.

Tião Viana deu até uma resposta deselegante à repórter Gislaine Vidal, da “TV Gazeta”, que o questionou se o número de secretários de seu governo não era excessivo para um Estado pobre como o Acre. O petista afirmou que não vê isso como problema, e que a pergunta não era das mais convenientes.

Conclusão: ao contrário de Tião Viana, acredito que, sim, o primeiro escalão de seu governo está inchado demais com secretarias criadas apenas para abrigar aliados, e que é dever da imprensa fazer todo tipo de questionamento –inclusive os inconvenientes.

E que até 2018 haja muito, muito amor mesmo nas redondezas do Palácio Rio Branco, palco do show realizado para a segunda solenidade de posse do governador.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Dilma Silva

Ela não nasceu em nenhum seringal, acredito que nunca contraiu uma malária nem foi contaminada por mercúrio. Ela nunca foi um símbolo para o mundo na área ambiental. Muito pelo contrário, seu viés desenvolvimentista passa por cima de “pererecas” e “afoga” os pobres peixes dos rios amazônicos para construir hidrelétricas. Esta é a presidente Dilma Rousseff, ou a “mãe do PAC”, como bem batizou seu criador.

Mas quem acompanhou o discurso presidencial no Congresso percebeu uma nova Dilma, uma Dilma “ecologicamente correta”. Várias foram as vezes que ela citou termos como responsabilidade ambiental, respeito ao meio ambiente e a defesa intransigente do Brasil em acordos mundiais do clima.

Segundo ela, em seu quatro primeiros anos de governo a Amazônia registrou as menores taxas de desmatamento, mesmo com os números apontando uma crescente elevação das áreas derrubadas –inclusive no Acre. Dilma gostou tanto da atuação deste setor de seu governo que manteve Isabela Teixeira no Ministério do Meio Ambiente.

E olha que o senador Jorge Viana (PT-AC) já tinha até se nomeado para o cargo. Porém, Dilma incorporou o espírito de Marina Silva, vendo que não era necessário mais um oriundo das bandas da “florestania” para ocupar a pasta. Não é que agora a presidente seja boazinha com a mãe natureza. Nada disso. Ela apenas sabe que a pauta ambiental é um tema que não pode ser menosprezado.

A liderança nacional que representa esta bandeira, Marina Silva, já lhe deu muito trabalho em suas eleições. Em 2010 provocou o segundo turno. Ano passado por muito pouco a seringueira acreana não destronou seu ex-partido do Planalto.

O custo ambiental das empreitadas de Dilma em obras na Amazônia é altíssimo, afrontam a preservação dos recursos naturais e coloca em risco a sobrevivência dos povos tradicionais. O deslocamento arbitrário em massa das populações atingidas por barragens, com seu consequente abandono pelo governo, salta é explícito. Não precisa ir muito longe, temos aqui em Rondônia exemplos claros disso.

Ouvir Dilma Rousseff falar em respeito ao meio ambiente é um alívio para quem não quer mais ver a desgraça humana provocada pelos impactos de obras faraônicas. Ao invés de gerar benefícios, tais investimentos empurram comunidades inteiras ainda mais para a pobreza.

A Amazônia não pode ser lembrada somente para atender a interesses de conveniência do governo, nem se transformar num santuário intocável, enquanto a maioria de seus 25 milhões de habitantes convive com a miséria. A presidente sinalizou um plano diferenciado de desenvolvimento para a região. Isso também esperamos que saia do papel.

Que a Dilma “ecologicamente correta” apresentada em rede nacional não seja mais um produto de João Santana. O Brasil pode e tem condições de mostrar ao mundo que é possível conciliar desenvolvimento econômico com respeito ambiental. Fazer obras desconsiderando o fator ambiental continuará a nos deixar na flagela da miséria social.  

A pátria sem educação

Durante seu discurso de posse no Congresso Nacional para o segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff anunciou o novo slogan de seu governo: “Brasil, pátria educadora”. Para os brasileiros, não haveria boas novas melhor do que esta. Afinal, somente através de investimento pesado na educação uma nação consegue alcançar o tão sonhado desenvolvimento social e econômico.

Mas tal feito parece contraditório quando a presidente precisou ceder o importante Ministério da Educação ao fisiologismo do toma lá dá cá entre Executivo e Legislativo, ao entregar a pasta ao ex-governador do Ceará, Cid Gomes. Depois de 12 anos com o PT dominando a pasta, o partido cedeu a cadeira para ter o apoio do Pros nas votações do Congresso.

Ou seja, é difícil acreditar em prioridade para a educação quando o ministério responsável é o primeiro a ser vítima desta relação nada republicana entre os poderes. Tomara, contudo, que Dilma de fato coloque a educação como prioridade pelos próximos quatro anos, conforme prometido ao povo no Parlamento.

Mas esta prioridade não é só encher o caixa das faculdades privadas com recursos públicos por meio do FIES e do Prouni. Com a educação transformada em mercadoria, estes projetos são sim importantes, porém distorcem a lógica da qualidade do ensino, com a única busca do lucro garantido por meio de verba estatal.

A lógica do governo deve estar no fortalecimento do ensino público em todos os seus níveis; no caso do governo federal o superior deve ser a prioridade. Ao invés de injetar recursos públicos em faculdades privadas e deixando uma legião de estudantes endividados com bancos, é dever do governo aumentar a oferta de vagas no ensino superior público e gratuito.

Esta oferta deve vir acompanhada da qualidade do ensino e das dependências físicas das instituições, muitas delas com estruturas defasadas. Para assegurar estas melhorias haverá dinheiro, como bem disse Dilma, por meio dos recursos do pré-sal.

Só resta a ela evitar que o Ministério da Educação seja ainda mais fragilizado pela velha política do “uma mão lava a outra”, símbolo de ainda um país muito atrasado, sem a mínima educação.