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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Os radicais de Tião

Nomeados todos os ministros de Dilma Rousseff e o secretariado de Tião Viana, agora cabe uma análise de como os respectivos petistas tratam a divisão de forças dentro do próprio partido. Preocupada com a crise do “petrolão” e possíveis respingos em sua imagem, Dilma procurou ficar o mais distante possível de pessoas que pudessem ter algum tipo de envolvimento no caso.

E como os petistas do campo majoritário foram os mais afetados, a presidente não pensou duas vezes em retirar forças deste grupo reunido em torno da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB). A maior representação disso foi a retirada do até então intocável Gilberto Carvalho da Secretaria Geral da Presidência, função que ocupava desde o primeiro mandato de Lula.

Um dos líderes desta tendência, Carvalho foi trocado por Miguel Rossetto, do pequeníssimo Democracia Socialista, grupo mais à esquerda e cujos efeitos de casos de corrupção passam mais a largo. Isso se justifica por uma posição mais radical dos seus integrantes de não se lambuzarem com o poder, como faz o campo majoritário.

Mas no Acre de Tião Viana outros radicais foram muito mais beneficiados na composição do governo. Por aqui somente os militantes da chamada Democracia Radical (DR), tendência majoritária dentro do PT, foi prestigiada no primeiro escalão de Viana. Enquanto isso, os “puros” da DS ficaram a pão e à água.

Tudo isso por eles serem mais radicais do que a DR. A ala mais esquerda do PT acreano saiu bastante fortalecida do processo eleitoral interno de 2013. Apoiando a candidatura de Sibá Machado, eles deram bastante trabalho ao governador em sua busca de eleger Ermício Sena, o que representaria, assim, a fidelidade fidelíssima do petismo aos seus interesses.

Para Tião Viana, é melhor ter radicais subservientes em torno de si, representados pela figura de Francisco Nepomuceno, a ter radicais que ousassem ao menos fazer algum questionamento de suas ações políticas. São nessas alas minoritárias que ainda resta a chamada “velha-guarda” do petismo acreano, que não se vê representada pela dominação da DR desde os tempos de Leo Brito.

Para eles, o partido foi desconstruído, e esta desconstrução vem ocorrendo desde o governo Jorge Viana, tudo pela manutenção do poder. Dilma faz a política de ceder espaços aos campos menores de seu partido, com cargos generosos no governo, deixando os antigos caciques contrariados.

Já para Tião Viana, a melhor política a fazer é apagar a história de seu próprio partido, favorecendo somente aos seus súditos radicais, não levando em conta a proporcionalidade das forças dos campos. Esta fragmentação ficou bem representada pelo resultado dos votos da eleição interna de 2013, quando a “oposição” ao grupo dominante teve uma significativa obtenção de votos –ameaçando a hegemonia radical.        

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