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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Dilma Silva

Ela não nasceu em nenhum seringal, acredito que nunca contraiu uma malária nem foi contaminada por mercúrio. Ela nunca foi um símbolo para o mundo na área ambiental. Muito pelo contrário, seu viés desenvolvimentista passa por cima de “pererecas” e “afoga” os pobres peixes dos rios amazônicos para construir hidrelétricas. Esta é a presidente Dilma Rousseff, ou a “mãe do PAC”, como bem batizou seu criador.

Mas quem acompanhou o discurso presidencial no Congresso percebeu uma nova Dilma, uma Dilma “ecologicamente correta”. Várias foram as vezes que ela citou termos como responsabilidade ambiental, respeito ao meio ambiente e a defesa intransigente do Brasil em acordos mundiais do clima.

Segundo ela, em seu quatro primeiros anos de governo a Amazônia registrou as menores taxas de desmatamento, mesmo com os números apontando uma crescente elevação das áreas derrubadas –inclusive no Acre. Dilma gostou tanto da atuação deste setor de seu governo que manteve Isabela Teixeira no Ministério do Meio Ambiente.

E olha que o senador Jorge Viana (PT-AC) já tinha até se nomeado para o cargo. Porém, Dilma incorporou o espírito de Marina Silva, vendo que não era necessário mais um oriundo das bandas da “florestania” para ocupar a pasta. Não é que agora a presidente seja boazinha com a mãe natureza. Nada disso. Ela apenas sabe que a pauta ambiental é um tema que não pode ser menosprezado.

A liderança nacional que representa esta bandeira, Marina Silva, já lhe deu muito trabalho em suas eleições. Em 2010 provocou o segundo turno. Ano passado por muito pouco a seringueira acreana não destronou seu ex-partido do Planalto.

O custo ambiental das empreitadas de Dilma em obras na Amazônia é altíssimo, afrontam a preservação dos recursos naturais e coloca em risco a sobrevivência dos povos tradicionais. O deslocamento arbitrário em massa das populações atingidas por barragens, com seu consequente abandono pelo governo, salta é explícito. Não precisa ir muito longe, temos aqui em Rondônia exemplos claros disso.

Ouvir Dilma Rousseff falar em respeito ao meio ambiente é um alívio para quem não quer mais ver a desgraça humana provocada pelos impactos de obras faraônicas. Ao invés de gerar benefícios, tais investimentos empurram comunidades inteiras ainda mais para a pobreza.

A Amazônia não pode ser lembrada somente para atender a interesses de conveniência do governo, nem se transformar num santuário intocável, enquanto a maioria de seus 25 milhões de habitantes convive com a miséria. A presidente sinalizou um plano diferenciado de desenvolvimento para a região. Isso também esperamos que saia do papel.

Que a Dilma “ecologicamente correta” apresentada em rede nacional não seja mais um produto de João Santana. O Brasil pode e tem condições de mostrar ao mundo que é possível conciliar desenvolvimento econômico com respeito ambiental. Fazer obras desconsiderando o fator ambiental continuará a nos deixar na flagela da miséria social.  

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