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sábado, 24 de janeiro de 2015

Molina, a moléstia entre Dilma e Evo

A companheira Dilma Rousseff acompanhou na última quinta (22) a posse do companheiro Evo Morales para o seu terceiro mandato frente ao governo boliviano. Numa retribuição à vinda de “Evito” ao Brasil para a sua recondução no Palácio do Planalto, Dilma desembarcou em La Paz e  se cobriu com uma das vestimentas tradicionais dos povos andinos. A foto oficial teve direito a punhos esquerdos cerrados ao alto, à José Genoíno na carceragem da Polícia Federal.

Mas enquanto Dilma e Morales se confraternizavam, os velhos problemas entre os dois países continuavam a incomodar a festa. O tradicional está na fronteira, problema que aqui no Acre conhecemos bem. Maior produtor de drogas do mundo, a Bolívia não demonstra muita intenção em combater este problema. Ao contrário, a produção duplicou nos governo do líder cocaleiro.

Enquanto Brasília finge nada ver e deixa as fronteiras escancaradas, a violência vai destruindo nossas cidades, jovens perdendo suas vidas e famílias destruídas pelo tráfico. Outro gargalo é a concessão de asilo político permanente ao ex-senador Roger Pinto Molina, que fugiu para o Brasil no porta-malas do diplomata Eduardo Sabóia, chefe da embaixada em La Paz. O ex-senador ficou 455 dias morando embaixada brasileira.




Ele afirma ser uma vítima da perseguição política de Morales contra a oposição. Já o governo do país diz que ele cometeu crimes fora da alçada política. A fuga de Molina abalou as relações entre Brasil e Bolívia, provocando até a queda do ministro Antônio Patriota (Relações Exteriores).

Passado mais de um ano desde o impasse, a situação parece não estar resolvida. Molina aguarda receber a concessão de asilado político pelo governo Dilma. Se assim proceder, Brasília estaria reconhecendo a Bolívia como um país onde o governo é autoritário e persegue a oposição, quase que uma espécie de ditadura.

Este status seria o fim da relação harmoniosa à esquerda entre os dois companheiros. Com a recusa do Itamaraty de condenar as barbaridades de Caracas contra a oposição venezuelana, é muito difícil de acreditar numa ação também dura contra a Bolívia. Enquanto isso, Molina fica no aguardo angustiante de saber se poderá ter o direito de viver no Brasil sem o risco de ser deportado por Dilma.

Sua família também enfrenta a mesma sensação de insegurança morando em solo acreano. O Brasil tem o histórico de receber de braços abertos cidadãos de toda parte do mundo em busca de refúgio contra as “injustiças” de seus países. (Veja Cesare Battisti). Diante disso é de se esperar que no caso de um ex-representante eleito pelo povo boliviano, e que afirma ter tido o exercício de sua função surrupiado por Evo Morales, o Palácio do Planalto atue de forma oposta à tradição diplomática.

É possível que em sua passagem por La Paz Dilma tenha conversado com seu colega sobre isso, e recebido a benção para conceder o refúgio sem criar nenhum tipo de ranhuras nesta relação tão pacífica, porém algumas vezes conflituosa, entre Bolívia e Brasil venha a acontecer.

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