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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O monstrengo cooperativismo

A notícia mais negativa para este início de ano no Acre pode ser a decisão da Justiça de proibir o governo de realizar contratos com as cooperativas de serviço. Os impactos sociais que esta quebra de contratos provocará serão gigantescos para uma sociedade já pobre e sem muitas opções de renda e trabalho. Infelizmente por estas bandas este bem-sucedido modelo de atividade econômica foi transformado num vilão por culpa do próprio governo.

Não se quer aqui condenar a atuação do Ministério Público do Trabalho. Em sua visão, o governo desrespeita as leis ao usar as cooperativas como mão de obra fácil e barata. Em partes os procuradores estão corretos, pois de fato para o poder público é muito melhor manter estas pessoas sem segurança trabalhista, sendo a manutenção ou quebra dos contratos usadas a cada dois anos como moeda de troca.

Agora, exigir que cooperativas e governo mantenham relações contratuais com base na CLT não tem lógica. Cooperativa é um modelo onde cada membro é dono do negócio. A cooperação leva os sócios a serem seus próprios patrões. Não há a figura do patrão e empregado. Nenhuma decisão pode ser tomada sem o aval da maioria.

O cooperativismo é um modelo de sucesso no mundo todo, sobretudo nos países desenvolvidos. Não se restringe ao segmento serviços. São 13 ramos da economia capazes de gerar riqueza e divisão de lucros para a sociedade. Mas no Acre a atividade foi transformada num monstrengo, um demônio.

A exposição de candidatos ao lado de dirigentes cooperativistas em ano eleitoral levou o segmento a um estereótipo que não é o seu. O cooperativismo para o Acre é um excelente negócio. Com uma economia sem diversidade e o setor público já inchado, a união de pessoas para tocar um projeto em comum pode ser uma ótima alternativa.

As cooperativas de serviço são um exemplo disso. Mas o governo vem fazendo mau uso. É preciso entendimento entre Justiça, MPT, cooperativas e governo. De seu lado o Ministério Público precisa entender que CLT não rege esta atividade. E o governo parar de colocar os cooperados em serviços para os quais não foram contratados.

Este entendimento é essencial para se evitar um colapso social ainda maior. E o cooperativismo precisa ser visto não mais como um elemento de barganha eleitoral, mas um baita setor econômico capaz de caminhar com as próprias pernas, independente de governos. A riqueza a sociedade é quem gera, o governo só nos toma.

Photoshopping 
Um bom exemplo da falta de dinamismo da economia acreana é o nosso primeiro e único shopping. A grande maioria das lojas está fechada. Andar por lá chega a causar tristeza. O consumidor não sabe se está num centro comercial ou numa galeria de artes tamanha é a quantidade de fotografias usadas como fachadas nas lojas que foram à falência. Ao invés de ser procurado por consumistas de primeira hora, o espaço será muito bem aproveitado pelos amantes da fotografia.

Dilma segura 
Outro segmento ruim das pernas é a construção civil. E os mais prejudicados, lógico, são os trabalhadores. Com os cortes dos direitos trabalhistas feitos por Dilma Rousseff, a situação se agravou. Muitos destes operários tinham contratos de curta duração, no máximo seis meses. Com as antigas regras, eles poderiam ser amparados pelo seguro-desemprego. Agora, somente após 18 meses de carteira assinada será concedido o benefício. É o mergulho do trabalhador na pobreza.

Demissões 
Dados oficiais apontam mais de 1.500 desempregados em Rio Branco na construção. Nos próximos dias empreiteiras da Cidade do Povo dispensarão até 400 operários. A crise está exposta. A economia não anda. O Estado não tem recursos para fomentar as atividades produtivas. O jeito é apertar o cinto e deixar o dinheiro debaixo do colchão. Vai que vem um Plano Dilma à Plano Collor.

Efeito reeleição 
Depois do Mais Médicos virá o Mais Reajuste, programa de Dilma para acostumar os brasileiros aos sucessivos aumentos nos serviços. Comportamento que ocorrerá até o fim de seu segundo mandato. Combustível e energia terão (outra vez) reajuste. Enquanto a Petrobras é sucateada por uma quadrilha que operava seus cofres, o cidadão comum é quem arcará para compensar os rombos.

Cidade faroeste 
Rio Branco está servindo como um ótimo cenário para filmagem dos filmes do velho oeste americano. A cidade está como que entregue às moscas. Buracos que se abrem com os primeiros serenos, lixo nas ruas, lama e mato invadindo calçadas. O embelezamento, como de costume, só na região central. Mas é compreensível. A prefeitura vê seus recursos federais reduzidos, e o que vem seguei direto para o pagamento da inchada folha de pessoal. É a velha política predominando no novo.



Um comentário:

  1. Parabéns pelo blog. Gostei que voltou a escrever novamente. Sua visão sobre os temas é elucidativa. Abraço

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