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sábado, 3 de janeiro de 2015

O show não pode parar...

Apesar de alguns fios de cabelo branco quererem dominar minha cabeça, ainda não tenho a idade suficiente para me recordar na história recente do Brasil ou do Acre de um governante participar de duas solenidades de sua própria posse. Mas, como dizem que o Acre não existe, o evento realizado na noite desta sexta-feira, o segundo dia de 2015, leva-nos a acreditar que esta brincadeira de mau gosto do Sul maravilha muitas das vezes não é nem tanto brincadeira assim.

(Vez ou outra em meu divã fico a me perguntar se de fato o Acre existe)

Vejamos: a posse oficial do segundo mandato, como manda a Constituição, foi selada pela Assembleia Legislativa. O evento ocorreu às pressas na madrugada de 1º de janeiro para Tião Viana embarcar no voo mais próximo para Brasília, e acompanhar a solenidade de recondução de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto.

Já o evento desta sexta foi mais um ritual, fora dos padrões, de transmissão de faixa de Tião Viana para Tião Viana, além do evento de posse do novo secretariado. Como a nomeação de nome por nome dos secretários duraria até a madrugada -tão grande é o exército -, apenas dois deles representaram os demais.



Mas, o que mais chamou a atenção, foi o show pirotécnico em torno da solenidade. Fogos de artifício, cantora contratada para cantar um jingle em louvor ao governador e as “Carioquetes” ovacionando o nome de Francisco Nepomuceno, El Carioca, ao ser anunciado como o secretário de direito das Relações Institucionais.

Nunca antes na história deste Estado se viu a quebra de liturgias republicanas num evento de posse de um governador. A música cantada citava partes do lema da campanha do segundo turno (firme com Tião), proclamando um novo tempo de amor, muito amor, no segundo mandato do petista. E todo este aparato de autopromoção da figura do governante foi patrocinado com os recursos do contribuinte.

Em Brasília a presidente é saudada com 21 tiros de canhão da artilharia da guarda presidencial. Aqui o governador comemora a reeleição apertada com fogos de artifícios do Bazar Chefe.

Tião Viana deu até uma resposta deselegante à repórter Gislaine Vidal, da “TV Gazeta”, que o questionou se o número de secretários de seu governo não era excessivo para um Estado pobre como o Acre. O petista afirmou que não vê isso como problema, e que a pergunta não era das mais convenientes.

Conclusão: ao contrário de Tião Viana, acredito que, sim, o primeiro escalão de seu governo está inchado demais com secretarias criadas apenas para abrigar aliados, e que é dever da imprensa fazer todo tipo de questionamento –inclusive os inconvenientes.

E que até 2018 haja muito, muito amor mesmo nas redondezas do Palácio Rio Branco, palco do show realizado para a segunda solenidade de posse do governador.

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