Páginas

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Os dois lados da pensão

O tema da pensão paga aos ex-governadores em todo o país voltou à tona neste último final de semana em reportagem de “O Globo”. Segundo o jornal, 104 políticos recebem pensões vitalícias por terem exercido a função de governador em seus redutos. O fato de, em algumas vezes, ficar tão somente quatro anos no poder lhes garantiu tal benefício num país cuja desigualdade econômica é seu cartão de apresentação.

Entre estas figuras estão, óbvio, o hoje senador e ex-governador Jorge Viana (PT). O vianismo representa bem a excrecência que é o pagamento de pensão para ex-governadores. Eles que antes de chegar ao Palácio Rio Branco vociferavam contra o pagamento foram os primeiros a retomá-lo no apagar das luzes do primeiro mandato de Jorge Viana, entre 1998 e 2002.

Numa manobra espúria e contando com a maioria dos deputados aliados –mais alguns “oposicionistas” – o então governador garantiu sua sobrevivência merecida fora do poder por, segundo ele, ter arriscado a vida no combate ao crime organizado. Já em 2014, seu irmão Tião Viana (PT) também fez uso de sua fidelíssima base na Assembleia Legislativa para engavetar proposta que acabava com a pensão.

Mesmo com a simpatia da sociedade, o projeto não foi suficiente para render ao seu autor, Gilberto Diniz (PTdoB), a reeleição. Aliás, a oposição sofre de constrangimento agudo ao tratar deste tema. Na campanha de Márcio Bittar (PSDB) a pensão não foi tocada em nenhum dos programas eleitorais, tampouco citado nos debates.

O motivo é o fato de um dos principais aliados do tucano ser agraciado com este presentão. Se no governo Jorge acumula a pensão mais o salário de senador, na oposição o mesmo se repete com Flaviano Melo (PMDB). (Pensão + deputado federal). Além do mais, outro importante aliado de Bittar fez parte do conluio que ajudou Jorge a retomar o pagamento às custas do pobre trabalhador acreano.

Márcio Bittar teria tudo para tirar proveito deste tema, tão repugnado pelo eleitor. Enquanto deputado estadual na década de 1990 foi o autor da emenda que exterminava o benefício. Como deputado federal fez a mesma propositura, mas que perambula pelos corredores de um Congresso dominado por pensionistas sortudos.

Mas diante do comprometimento de aliados com esta causa, ficou de mãos atadas. Ou seja, o contribuinte acreano, que todos os anos desembolsa alguns milhões para sustentar esta imoralidade, fica sem alternativa a quem recorrer para por um fim a isso. O vianismo nem sonha em ficar sem pensão –ainda dando uma parte para o companheiro Binho Marques – e a oposição se lambuza com este doce oriundo das tetas do Estado.

Se toda moeda tem dois lados, a pensão de ex-governador no Acre idem...  

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

E lá se vai 2014...

No Brasil e no Acre 2014 era visto, no campo político, como o ano das mudanças. O povo queria modificações, pois foi para isso que multidões invadiram as ruas do país em 2013. As manifestações abalaram quem estava no poder, independente do partido vermelho ou azul. Está certo que se assegurar na belíssima estrutura de poder não foi fácil para muitos, com um custo (financeiro) bem elevado.

Os marqueteiros precisaram dar um show de pirotecnia para maquiar as velhas rugas das lideranças que se apre4sentavam como o novo ou renovado, mas que no fim representam o mais do mesmo. Porém, mesmo com todo este sentimento de mudança, nada ou quase nada se alterou no espectro político brasileiro e acreano. Como já dito, a manutenção da continuidade dos mesmos grupos em alguns casos foi sufocante.

Em outros, como São Paulo, os tucanos não tiveram dificuldades em caminhar para quase 30 anos de dominação. E olha que o Estado centralizou os movimentos populares mais intensos, com confrontos violentos entre manifestantes e as forças policiais. Geraldo Alckmin (PSDB), enfrentando a pior crise de seca no Estado, nadou de braçada na Cantareira e o PT ficou com a poeira.

No plano nacional Dilma Rousseff (PT) surfava tranquila (mais do que Gabriel Medina), trabalhando para ser reeleita no primeiro turno. Aécio Neves (PSDB) não emplacava e patinava nos 19%; o neófito Eduardo Campos (PSB) era a melhor das surpresas para o eleitor, porém sem estrutura sofria com os 10%. Um trágico desastre aéreo lhe tirou a vida em 11 de agosto. O Brasil ficou abalado, comovido. Uma jovem liderança partia no meio de sua trajetória.

Para o PT restava um velho fantasma oriundo de suas fileiras: Marina Silva (PSB). A emoção em torno da morte de Campos levou a ex-senadora acreana a liderar as pesquisas. Era o fim da reeleição de Dilma e o tiro de misericórdia em Aécio. Mas Marina começou a sofrer uma série de ataques pelo petismo e pelo tucanato. Sua imagem foi arruinada e ela não sobreviveu ao peso da máquina –não foi nem para o segundo turno.

Dilma se reelegeu numa das eleições mais acirradas desde a redemocratização. Pelo Acre, Tião Viana (PT) não teve o melhor dos anos. Seus apoiadores sopravam aos quatro cantos que daria uma surra nos adversários. Falavam numa tal 90% de aprovação popular, que não resultava em transferência de votos.

A oposição, bem a oposição...

Continuava em seu tradicional confronto de egos. Tião Bocalom (DEM), patrocinado pelo senador Sérgio Petecão (PSD), deixou o PSDB por não aceitar a candidatura de Márcio Bittar (PSDB) ao governo. Seus auxiliares mais próximos plantaram em sua cabeça que o governador em 2015 seria ele. Falavam numa onda “Bocalina”, que ninguém o derrotaria.

Acreditando nisso, e numa relação azedada e de tolerância com Bittar, tomou de assalto o Democratas, foi para a disputa e ficou do tamanho que lhe é peculiar. Foi obrigado a fazer campanha para Bittar. Mesmo tendo a maior aliança de partidos de oposição, o tucano não conseguia desbancar a máquina petista.

Um dos principais pecados de sua campanha foi o marketing. A importação do marqueteiro e da cabeça pensante da campanha não falavam a linguagem do telespectador. O eleitor acreano com seu bairrismo não se identificava com ela. Havia a apresentação de propostas, programas e projetos, mas faltava o quê da definição.

Tião Viana tinha uma estrutura de governo e partidárias organizadas e muito pesadas. Sua vantagem econômica o favorecia na cooptação de lideranças da oposição insatisfeitas no ninho tucano.

Além do mais, alguns bicos tucanos falam em abandono do senador eleito Gladson Cameli (PP) na campanha de Bittar na reta final. Há o relato de pressões do vianismo sobre a família Cameli, já que o apoio da jovem liderança estava favorecendo e muito a oposição,  provocando a eminente vitória de Bittar.

Porém não se pode negar o empenho de Gladson nesta empreitada. Assumiu para si a coordenação no Juruá e nas regiões de Tarauacá e Feijó, o que não impediu a expressiva votação do petista Viana nelas. O fato é que teoricamente a oposição ganhou mais um senador. E esta posição Gladson precisará comprovar ao longo do mandato.

Ficar só correndo atrás de solucionar o problema da nossa conexão com a OI ou a Vivo, e se vangloriar de destinar emendas às prefeituras não está à altura de um mandato no Senado Federal.

O eleitor espera ter posições mais claras de Gladson, já que em 2015 a crise do “petrolão” se desenvolverá com mais intensidade. Com seu partido, o PP, envolvido até o pescoço no episódio, é de se esperar uma atuação dele em defesa da ética e no combate aos desmandos na coisa pública.

Talvez a eleição de Gladson tenha sido a que melhor representou o sentimento de mudança do cidadão, e ele precisa atender a esta expectativa. Se assim não for, ficará como mais um eleito apenas pela oposição para atender a um interesse pessoal, e depois jogar no lixo o que vendeu para o eleitor.

Está certo que sua campanha se deu em cima de frases de efeito montadas pelo marketing, onde não sabíamos se era um candidato de oposição ou situação. Mas por estar no campo oposicionista o eleitor votou nele para não dar tantas forças ao grupo no governo.

Este foi 2014 em nossa política: tudo como dantes no quartel de Arantes. O status quo tremeu mas não caiu. O governo fazendo com maestria o uso da máquina num Estado pobre e altamente dependente da economia do contracheque, e a oposição desperdiçando, outra vez mais, o elevado sentimento de mudança do eleitor, que se vê frustrado e obrigado a manter tudo isso que está aí...



sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

NOTA OFICIAL


Governador Tião Viana (PT) manifesta-se por meio de nota sobre seu possível beneficiamento no esquema do "petrolão", conforme publicado nesta sexta pelo "O Estado de São Paulo". 

Leia o documento: 

Repudio, definitivamente, a tentativa de vinculação do meu nome com qualquer atividade do senhor Paulo Roberto Costa, que não conheço, nunca recebi e tampouco procurei.

Em 12 anos de mandato no Senado Federal, trabalhei de forma determinada pela transparência nas atividades de todas as esferas e níveis do Poder Público. Apoiei, votei e fiz o combate à corrupção, inclusive nas mais rigorosas CPIs do período - a princípio como senador de oposição ao governo tucano e depois, na base do governo do PT.

No Governo do Acre, guardo a transparência, a probidade e o combate à corrupção como valores absolutos. A campanha de minha reeleição, como todas as outras que fiz, atém-se a despesas declaradas e custeadas por recursos e doações legais, todas com contas aprovadas na Justiça Eleitoral.

Médico e professor universitário, tenho padrão de vida condizente com minha condição profissional. A política me faz corresponder aos sonhos de transformação social, de cidadania e de justiça que minha geração desperta para o Acre e o Brasil.

De material, nada me acrescenta, e é assim que deve ser. Minha honra pessoal é meu maior patrimônio, e por isso tratarei na Justiça qualquer assunto que venha comprometer minha idoneidade, a exemplo do caso em questão. Todas as vezes que me atacaram, revelou-se que fui alvo de elementos vinculados à politicagem, corrupção ou extorsão. Asseguro que agora não é diferente.



Tião Viana
Governador do Estado do Acre

O “petrolão” atravessou o Madeira


Nunca antes em sua história recente o Acre se viu envolvido em tantos escândalos de corrupção na administração pública, num período de tempo tão curto. O primeiro mandato de Tião Viana caminha para se encerrar como um dos mais maculados por suposto envolvimento de seus membros em escândalos de desvio de conduta –e também de verbas.

Se antes a operação G7 não atingia a figura do governador tão diretamente –com um parente preso e ligações telefônicas suas com os indiciados – agora a população fica estarrecida ao ver o nome de seu líder reeleito no maior escândalo de roubo dentro da Petrobras, o “petrolão”.

A reportagem de “O Estado de S Paulo” revelando o até então desconhecido nome de Tião na lista de políticos beneficiados com o pagamento de propinas e a formação de caixa 2 abala as estruturas da política acreana e nacional neste último suspirar de 2014.

O caso vem à tona quando o caso G7 ainda fica mais no campo da dúvida do que da certeza. Até o momento o Ministério Público ofereceu denúncia apenas contra o sobrinho de Tião e outras pessoas acusadas de desviar recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). Já a questão de supostos desvios pelas empreiteiras do “Ruas do Povo” permanece coberta por nuvens carregadas.

Mas ambos os casos revelam a possível proximidade do governador com estas que se configuram como uma das principais beneficiárias de contratos com o poder público: as empreiteiras. E nesta relação vez ou outra surgem denúncias de corrupção.

O nome de Tião Viana constar na lista de delação premiada de Paulo Roberto Costa é gravíssimo e merece explicações ao cidadão. Já se sabe de que forma Viana teria sido beneficiado pelo esquema. Em seus 12 anos como senador ele obteve influência o suficiente para estar na mira dos operadores de troca de favores entre homens públicos de força política e uma parte do setor privado inescrupuloso.

E como revela a reportagem, baseada no depoimento do ex-diretor da Petrobras, ele aceitou participar desta troc . O petista tem tido discursos exemplares de defesa da ética e da lisura na administração estatal, arvora-se como um combatente intransigente da corrupção. Mas sua reação à G7 e o nome envolvido no “petrolão” colocam em xeque suas atitudes, entre o que sai de sua boca e as práticas.


Os acreanos precisam de declarações urgentes de seu líder maior. Afinal, fica a questão: teria este suposto benefício recebido pelo governador das empreiteiras da Lava Jato influenciado os resultados na eleição e reeleição de Tião Viana? Teria sido o processo democrático eleitoral corrompido com dinheiro desviado da Petrobras? Até que ponto a vontade do eleitor ficou descontaminada deste esquema?

O Acre já enfrenta eleições totalmente desconfiguradas do princípio da igualdade de disputa, com o governo fazendo o uso e abuso da estrutura do Estado, além de arrecadar bem mais junto ao empresariado. Já a oposição fica cortando o almoço para sobrar a janta.

Não bastassem estes fatores “naturais” agora há a denúncia de envio de dinheiro do “petrolão” para beneficiar determinadas candidaturas, ou outro uso qualquer. Não que a oposição fique imaculada, pois o PSDB, PMDB e PP também receberam doações destas mesmas empreiteiras da Lava Jato.

Como neste jogo não há santos, o importante mesmo agora é o cidadão acreano ter respostas do Palácio Rio Branco quanto ao seu suposto envolvimento com o “petrolão”. E também ao Ministério Público começar um pente-fino para saber como tal esquema teria operado em solo florestano.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Uma teocracia na floresta

Já há algum tempo venho escrevendo aqui no blog sobe a relação nada salutar entre lideranças evangélicas do Acre e a política –seja com o governo ou com a oposição. Aqui não se trata da política em seu conceito mais amplo. Como lidam diretamente com seres humanos e não seres espirituais, pastores e padres precisam dela para conciliar conflitos e evitar a dispersão do rebanho.
 
Mas a junção da religião se dá com a política eleitoreira, da troca de favores, do toma lá dá cá. Maior prova disso se deu agora na composição do segundo mandato de Tião Viana (PT). O mais absurdo dos casos foi a nomeação de um pastor para a direção do principal hospital da capital, o Pronto Socorro de Rio Branco.
 
Tal atitude se constitui um pecado não só ao princípio da eficiência na administração pública, mas uma afronta aos Céus. Afinal, qual a experiência deste cidadão em gestão hospitalar? Talvez um diploma? Ou será a razão da ciência no tratamento dos doentes será trocada por uma sessão de orações? 

Talvez este seja visto pelo governo como a solução para todos os problemas da saúde pública. Tal gesto mostra que o apoio destas lideranças religiosas não se dá de graça e nem pela Graça, por simpatia àquele político ou por gostar de seu programa partidário. 

Colocar o rebanho como cabos eleitorais de candidato A ou B tem um custo. No caso do governo Tião Viana é acomodar bem os pastores ou as suas indicações. O PT, que é um partido de “esquerda” se vê obrigado a cada dia a ceder as bandeiras liberalizantes, como casamento gay, descriminalização da maconha e aborto para não perder apoio destes homens de fé. 

Mais pior do que isso, já que o petismo há tempos se desfez de suas ideias esquerdistas mais radicais para chegar ao Planalto, é o balcão de negócios em que se transformou a estrutura do governo para acomodar pastores, bispos, missionários, diáconos que não fazem a mínima questão de fazer valer o ensinamento de seu líder maior, Jesus Cristo, que já dizia: A César o que é de Cesar, a Deus o que é de Deus. 

Para eles está valendo mesmo só se entregar a César. Afinal, o Estado é o paraíso.  

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O velho no novo

Ao olhar a lista de secretários para o segundo mandato de Tião Viana (PT) percebe-se a crueldade praticada pelo tempo –sobretudo na política. Neste campo, quanto mais o tempo passa, mais a liderança precisa se agarrar ao que há de mais velho e retrógrado para se sustentar. Já perto de completar 20 anos no poder, o petismo acreano sabe bem o que é isso. Enfrentando eleições a cada pleito mais acirradas, o partido recorre ao loteamento de cargos públicos entre os mais diversos segmentos sociais; até mesmo aliar-se ao que antes era considerado a escória da humanidade.

Alguns dos escolhidos por Tião Viana representam bem esta velha e nova prática. Não há nomes novos, somente algumas mudanças de posição. Aqueles que podem ser tidos como novidade na verdade sempre estiveram operando no mundo longe dos holofotes da opinião pública. O cidadão não poderia esperar uma reviravolta de 360 graus no primeiro escalão do governo.

Talvez o anúncio mais ilustre tenha sido de Francisco Nepomuceno, El Carioca, para a secretaria de Relações Institucionais. Ele apenas assumirá de fato o que vinha fazendo de direito. Desde 1999 ele é o responsável pela condução de todas as relações políticas do Palácio Rio Branco com os movimentos sociais e as demais instituições do Estado. Os sindicalistas mais antigos os conhecem bem.

Sempre foi o homem forte dos governos petistas e comanda com maestria o PT. Gabriel Gelpeck sair do desconhecido mundo do segundo escalão é uma recompensa por ter deixado o PSB de joelhos para o PT no primeiro e segundo turno, com a campanha da presidenciável Marina Silva (PSB) quase que ao deus-dará.  Gelpeck é um técnico competente e bem preparado para assumir uma secretaria.

Pode ser que sua nomeação seja a única que levou em conta o fator político mais competência. O resto é tudo a pura acomodação. Fico a me questionar o que um policial federal fará numa secretaria de Habitação. Tomara que pelo menos Jamyl Asfury, como bom agente da lei, contenha a sangria das denúncias de corrupção reveladas na Habitação por meio da operação G7, realizada pela....Polícia Federal.

O fiel PCdoB ficou tão pequeno quanto o seu resultado nas urnas. Se antes Edvaldo Magalhães comandava a pasta mais poderosa da gestão petista, agora terá que se contentar em fiscalizar as obras do Ruas do Povo. O último chefe do setor que tinha pretensões políticas com o programa de pavimentação acabou ficando 40 dias preso pela PF.

Edvaldo tem uma tarefa nada fácil: primeiro é combater a execução de obras de péssima qualidade, e segurar o ímpeto de empreiteiros por contratos e mais contratos –cujas obras feitas se vão com as primeiras chuvas. Eleitoralmente o comunista pode sair fortalecido pelos impactos destes investimentos em saneamento e asfalto, mas precisará de toda ferocidade stalinista para enfrentar velhos vícios no Depasa.

A missão do primeiro escalão do ”novo” governo de Tião é não repetir os erros do anterior. Muitos secretários se achavam mais importantes do que o próprio governador. Mostrar serviço para o cidadão e não só o chefe é o maior dos desafios. S assim tivessem agido o time velho, Tião não teria uma reeleição tão apertadíssima.

Outro desejo é que o próprio governador não patrocine a maléfica ideia de que seus secretários usem toda a estrutura de suas pastas para assegurarem vitórias nas urnas em 2018. Nos 12 anos de governo Jorge Viana e Binho Marques esta sempre foi uma prática rejeitada. Misturar a administração pública com interesses eleitoreiros não é a melhor das gestões republicanas, há sempre o abuso de poder.

A prova? Dos três secretários de Tião Viana candidatos em 2014, dois se elegeram. O terceiro por muito pouco também conseguia uma cadeira no Parlamento. Que a partir de agora as secretarias sejam geridas não com vistas às eleições de 2018, porém objetivando sempre a busca de resultados por serviços públicos de excelência para quem de fato é o patrão: o contribuinte.
 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Limpeza à jato

O Acre não tem petróleo, apesar de Tião Viana (PT) ter leiloado uma bacia no Vale do Juruá para ser explorada após o próximo Big Bang. Não temos mar nem plataformas de exploração a retirar o ouro negro a milhares de metros de profundidade de nosso oceano verde. Mas mesmo longe do fantástico e corrupto mundo da indústria petrolífera, nossa ilha amazônica não ficou incólume aos efeitos do petrolão, esquema de desvio de dinheiro público dos cofres da Petrobras para beneficiar políticos do PT, PMDB, PP, PSDB e lá se vão tantos pês.

Nada mais normal do que o silêncio ensurdecedor das principais lideranças nacionais tucanas na repercussão da operação Lava Jato. Por mais que o governo Dilma e seu partido estejam comprometidos até o pescoço, a oposição está de mãos atadas e não pode tirar nenhum proveito político da situação, nem mesmo o início de um Fora Dilma.

A razão para isso é simples: as empreiteiras acusadas de integrar o esquema são as principais financiadoras das campanhas eleitorais desde que o Brasil é Brasil. E colocam dinheiro em todos os partidos, seja governo ou oposição. Investir na base aliada é a garantia de manutenção de seus negócios; na oposição, também.

É a chamada divida de gratidão. Como nossas campanhas milionárias não se fazem sem muito dinheiro, é natural que ele saia de algum lugar. E como se vê todos os dias no noticiário, o “petrolão” era o caminho da fartura. Esta dinheirama abastecia não só os comitês nacionais, mas também os Estados.

Com PT e PSDB sendo beneficiados e os dois protagonizando as disputas no Brasil e no Acre, era natural que estas doações por aqui desembarcassem. As notícias mais recentes, conforme as prestações de contas junto ao TSE, apontam as campanhas de Tião Viana (PT) e Márcio Bittar (PSDB) sendo financiadas pelas empresas da Lava Jato.

Nem mesmo Tião Bocalom com seu Democratas escapou. Como se vê, a indústria da corrupção não escolhe raça, cor ou ideologia partidária; vai da esquerda à direita, até ao centro. O caso colocou todos os políticos numa saia-justa, sem a condição de um apontar o dedo na cara do outro. Além disso, o país passou a conhecer como funciona o verdadeiro submundo do financiamento eleitoral.

E a péssima notícia é a de que tudo ficará como está, sem nenhuma alteração. A reforma política será tema de farpas da próxima eleição, com as empreiteiras jorrando dinheiro nos caixas partidários. Enquanto houver petróleo sendo retirado das profundezas do litoral brasileiro –e até da insustentável Amazônia – haverá a corrupção em nosso sistema político. 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A eleição passou, a oposição tomou Doril

Como todo encerrar de eleições, a derrota ou a vitória nas urnas leva a oposição no Acre a desaparecer do mapa político. A dor de cotovelo é tão grande que nem tempo para um diálogo mais amplo com o eleitor fica impossível. Mesmo com toda esta falta de habilidade, o eleitor tem sido generoso com a oposição e arisco com o petismo. Mas o descompromisso das lideranças oposicionistas, que só pensam em fazer política em época eleitoral, leva o PT a se manter no poder, mesmo que a duras penas.

O partido dos irmãos Viana sabe fazer política com maestria todo dia e o dia todo. Sua atuação não se dá só em período de busca pelo voto. No sábado (13) realizará plenária para avaliar as eleições deste ano. Alguém viu algo parecido por parte do PSDB? O petismo tem a preocupação na formação política de seus filiados. Seus militantes (nem todos) não são amadores em discussão do tema, sabem o mínimo da ciência política.

O PMDB tem a fundação Ulysses Guimarães, o PSDB a fundação Teotônio Vilela. Ambas levam os nomes de duas figuras importantes de nossa política, mas no Acre estas fundações de nada servem. Os partidos oposicionistas são muito mais espaços para picuinhas pessoais do que reservado para o debate macropolítico acreano. A oposição parte mais para a politicagem do que a política na sua definição mais ampla.

O PSDB é o principal partido de oposição, mas não se vê uma atitude tucana de discussão ou formação para qualificar seu quadro. Isso leva seus filiados a terem mais uma militância por conveniência, ou só pelo antipetismo, do que por um pragmatismo socialdemocrata. Para alguns, esta identificação pode parecer bobagem (se para líderes da oposição plano de governo é besteira), mas é esta a diferença que leva o petista a entrar em guerra pela estrelinha vermelha –mesmo que a maioria esteja só defendendo seus cargos.

A oposição não pode ficar neste erro histórico. Os partidos precisam assumir seu papel social de chamar a sociedade para a reflexão e participação política. Os diretórios tucanos, peemedebistas ou pepesistas precisam se transformar em escolas de formação de cidadãos crítico, debater de forma periódica os problemas do Acre e apontar soluções.

Formar um exército qualificado para o embate. Dar as caras só em ano de eleição e ficar em tiroteio de egos para saber quem será quem na urna deixará a oposição em seu eterno descrédito, e o petismo reinando no Acre pelos próximos 20, 40, 60....anos.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O eterno caos aéreo acreano

A medida sugerida pelo senador Jorge Viana (PT) para que novas empresas aéreas ofereçam voos para o Acre é um alento em meio ao eterno caos aéreo a que os acreanos estão submetidos 365 dias. Nossos problemas vão desde a falta de um aeroporto de vergonha na capital, até as tarifas estratosféricas cobradas pelas companhias. Quando não é a pista fechada para operações, os preços das passagens deixam o trabalhador sem nunca desfrutar de um céu de brigadeiro.

Muito mais do que cobrar novos voos para o Acre –o que é essencial já que a concorrência beneficia o consumidor – o senador e toda a bancada federal precisam estar atentos a outros problemas. De nada adianta ofertar opções, colocar mais passageiros no aeroporto, se o mesmo não oferece a mínima garantia de bem-estar e segurança.

(Confesso a vocês: tenho mais receio de pousar num Airbus na pista de Rio Branco do que num bimotor em Santa Rosa do Purus).

Os balcões de check-in são escassos, o que forma uma fila gigantesca e a perda de tempo. A pista nem se fala. Pousar em Rio Branco é a mesma sensação de desembarcar na Lua tantas as irregularidades de um asfalto ruim. Como jornalista produzi reportagens mostrando que o solo daquela região é impróprio para suportar uma pista de pouso e decolagem, mas mesmo assim a obra foi feita lá.

Quem já esteve na boa Cruzeiro do Sul vê a clara diferença. A pista é um tapete. O terminal de passageiros humilha o da capital. Um aeroporto que não deixa a desejar em nada. Já por aqui passageiros de três diferentes voos precisam dividir o mesmo “portão” de embarque.

Na hora de apanhar as bagagens é outro sufoco num empurra-empurra e cotoveladas. Fora os funcionários da Gol que fazem questão de checar se você não está levando a mala de outro.

O aeroporto vez ou outra passa por reformas e ninguém vê melhorias. Alguns milhões já foram gastos, porém nada de concreto. O mais correto seria a sua completa demolição e a construção de um novo, à altura de uma capital de Estado. Muito mais do que um luxo, o transporte aéreo para um Estado distante como o Acre é questão de sobrevivência. E nossos representantes eleitos pelo voto estarem alertas a isso é uma obrigação.

Eles precisam combater os pontos mais grotescos: o descaso do governo federal com nossa infraestrutura aeroportuária (capital e cidades isoladas), e o assalto realizado pelas empresas do setor na hora de vender os bilhetes. Combater estes problemas levará o morador do Acre a quem sabe, um dia, a sair da sua eterna ilha do isolamento .

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

As águas que não se foram

Os acreanos, coitados, nem bem saíram do pesadelo da grande cheia do rio Madeira no primeiro trimestre do ano e já se veem às voltas de uma nova crise de desabastecimento. Mesmo com todas as mais brilhantes mentes científicas a serviço do governo dizendo que um transbordamento igual ao último só daqui a 100 anos, o fato é que as águas estão a poucos metros de, novamente, invadir a BR-364, deixando o Acre isolado do restante do país.

Uma nova crise é eminente. Precavidos, os empresários já preparam o estoque de alimentos para não sofrerem prejuízos –sendo que muitos ainda pagam a conta de março. A continuar neste ritmo, até as famílias vão se precaver, preparando-se para mais uma vez passar a madrugada em postos de gasolina, e pagando numa botija de gás preço de ouro.

Não sou um expertise no assunto, mas a impressão que fica é a de que as usinas do Madeira têm sim influência neste novo comportamento do rio. Quem mora em Porto Velho diz que, na verdade, as águas da cheia nem vazão tiveram, o que explica o elevado nível em que se encontra para o mês de dezembro. O pior é que as chuvas na Amazônia ocidental estão só no começo.

Como o rio não voltou ao seu leito normal, com grandes regiões ainda inundadas, a tendência é a expansão deste volume para outras áreas, incluindo a BR-364, única via de ligação do Acre com o Brasil. Pode ser que o inverno amazônico deste início de 2015 não seja tão rigoroso quanto o passado.

Pelo menos aqui no Acre temos presenciado um inverno seco e muito quente –ao menos no meu bairro. O maior susto foi do rio Tarauacá, mas logo voltou a adormecer. Os movimentos da natureza são imprevisíveis, apesar de alguns dizerem o contrário. E nós precisamos nos adaptar às mudanças e suas  consequências.

Uma das medidas seria elevar o nível da rodovia que ficou submerso. Passado quase um ano nem mesmo a recuperação do asfalto foi tida como prioridade, ficando meses e meses na terra batida. A construção da ponte sobre o Madeira na região do Abnã terá que levar em conta estes fenômenos, ou caso contrário ficará inutilizada nas cheias.

O governo Dilma precisa recompensar Acre e Rondônia pelos impactos causados por hidrelétricas feitas para suprir a demanda energética do Sul maravilha, enquanto os amazônidas se veem submersos por um rio transfigurado pela engenharia humana. O que não pode novamente é o centro da capital de um Estado ficar alagado, nem outro Estado faltando os alimentos mais básicos na mesa das famílias.

O território brasileiro há séculos deixou de ser somente uma faixa litorânea definida pelo Tratado de Tordesilhas. Pensar a nação em todo o conjunto de sua múltipla diversidade é o dever de qualquer governante a ocupar o Palácio do Planalto.    

sábado, 6 de dezembro de 2014

As diferenças no chão

A recuperação da BR-364 entre Rio Branco e Sena Madureira, mais o trecho urbano da rodovia que compreende a chamada Via Verde, explicitou aos moradores da capital e interior as diferenças de obras executadas pelo governo do Acre e pelo governo federal, isso sendo ambos do mesmo partido.

Elogios não faltam à nova rodovia. O asfalto é um tapete, garantindo conforto e segurança para motoristas e passageiros. Aqueles que estavam acostumados só a desviar os carros dos buracos a cada metro nas ruas da cidade, aproveitam o tapete para explorar a potência do motor de seus possantes –o problema é quando há um radar da PRF.

Esta obra foi toda executada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte Terrestre (DNIT) – o nome é grande que falta até ar na última palavra. Ela se constituiu em tirar todo o protótipo de asfalto usado pelo governo estadual nestes últimos anos e colocar  uma camada nova, livre de impurezas.

Não houve tapa-buraco ou recapeamento. Houve a retirada concreta do material antigo e de péssima qualidade. A qualidade da nova BR salta aos olhos. Quem costuma trafegar por este trecho se lembra bem como era antes. Os mais de 170 km até Sena Madureira, então, nem se falam.

Trafegar pela Via Verde ou nos trechos entre a Ufac e o aeroporto dá ao motorista o sonho de que todas as ruas da cidade deveriam ter o mesmo respeito para com o contribuinte. Basta sair da rodovia para o condutor se deparar com a primeira cratera, esbravejando palavrões contra tudo e todos.

O fato político desta obra é a evidente diferença de quando o serviço público é executado com responsabilidade. Como órgão federal, o DNIT preza por cada centavo aplicado, pois terá  rígidos órgãos de controle em seu calcanhar caso algo saia fora do estabelecido em contrato. Por isso cobra das empreiteiras o que lhes é de dever: aplicar corretamente a verba do Erário.

Como no Acre vivemos numa bagunça institucional, com os Poderes desfigurados e com quem deveria fiscalizar e denúncia indiferente a tudo, a prática do zelo não é levada a sério.

Em Rio Branco temos ruas de péssima qualidade. O asfalto mais parece farinha, que se decompõe a cada sereno. Muitas destas crateras colocam em risco a segurança não somente de quem tem veículos, mas de toda a comunidade. Sem perceber, ao desviar de um buraco, o condutor pode atingir do ciclista ao pedestre.

Fica a pergunta: Por que governos do mesmo partido oferecem serviços tão distintos? Por que Dilma faz um asfalto de qualidade e Tião Viana e Marcus Alexandre, juntos, não conseguem manter uma via num remoto bairro da cidade em boas condições de trafegabilidade?. Há algum erro aí. Estão economizando dinheiro ou ele está seguindo outro rumo?

As respostas para estas perguntas deixo para o leitor enquanto estiver dirigindo seu veículo –mas cuidado com o buraco à frente.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Que venha a zona azul

Enfim a zona azul de Rio Branco saiu do papel. Como jornalista, desde a gestão Raimundo Angelim (2005-20112) cobrava a implementação deste mecanismo de rodízio de estacionamento na capital acreana. A medida, lógico, numa cidade onde o motorista prefere estacionar num local proibido e ser multado a pagar R$ 3 num estacionamento privado causaria muita antipatia.

Por conta disso a prefeitura vinha adiando a cada eleição que se aproximava a zona azul. Alegava embates judiciais entre as empresas do setor para o retardamento. Mas nos bastidores o que prevalecia mesmo era a questão eleitoral. Prestes a já entrar em operação, o sistema é alvo de muitas críticas e, segundo notícias, até de vandalismo.

O poder municipal não pode se intimidar com estas atitudes. Populismo é uma das marcas da gestão Marcos Alexandre (PT), mas encarar a problemática do trânsito de Rio Branco requer abrir mão de qualquer fisiologismo eleitoreiro. A zona azul é essencial para acabar com a farra da privatização dos espaços públicos da região central.

Muitos condutores, sobretudo os que trabalham no entorno, “compram” suas vagas nas ruas e lá deixam os veículos o dia todo. O cidadão que necessita resolver uma simples questão nos órgãos, bancos ou fazer compras não encontra nunca um lugar desocupado, pois o que deveria ser público foi tornado propriedade exclusiva.

A zona azul não é um bicho de sete cabeças, é adotada em qualquer cidade do mundo onde haja o mínimo de preocupação em assegurar o direito para todos. A prefeitura se encontrará com um desafio, pois o mecanismo obrigará (pela dor do bolso) os condutores a deixar seus carros em casa, e usar os ônibus para trabalhar.

Neste caso já houve um golpe no aumento absurdo da tarifa, que, como disse em artigo abaixo, era necessário para as empresas recomporem os prejuízos da passagem a R$ 1 para estudantes. O município agora precisará ofertar um serviço de transporte público de eficácia, já que a tendência é o aumento de passageiros, obrigados a deixar o carro na garagem.

A zona azul é uma medida necessária para uma cidade entupida de veículos. Espaço público é do público, e não individual. É necessário assegurar direitos iguais para todos. Quem não gostar da medida, que procure uma carona nestas espaçonaves que estão pousando em vários cometas, e viva bem longe do dito mundo civilizado. Danificar o patrimônio é que não é civilização.  

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Um belo conto de Natal

Era uma vez uma cidadezinha no meio da floresta. Lá o povo gostava muito de vermelho. Era vermelho pra lá, vermelho pra cá. Neste reino encantado da florestania havia dois irmãos, que pintavam e bordavam na distribuição de presentes no Natal. Eles reinaram por longos e longos anos, até que um dia o povo estava ficando cansado. Percebendo a rebeldia e a ingratidão da pequena comunidade, os irmãos decidiram fazer o sucessor, ,as que não colocasse tanto em risco a alegria e a felicidade do reinado.

Este novo papai-noel tinha que vir de cara nova, ser um jovem, e com roupa nova, pois o vermelho já não satisfazia a gentalha –quer dizer, os cidadãos. O novo e bom jovenzinho chegou com seu trenó do vilarejo de Ribeirão Preto, a milhas e milhas de distância, na terra da Tucanolândia. A cada eleição ele se vestia de amarelo para iludir os súditos, mas depois se revestia do vermelho.

Tucanolândia era uma terra do mal, onde os moradores do reinado da floresta jamais poderiam conhecer. Tucanos malvados voavam dia e noite para tirar as moedas do povo; até a água lhes foi tirada –quanta maldade.

Certo dia o novo e velho bom papai-noel trouxe um belíssimo presente de grego para seus súditos: o aumento da passagem das carruagens sucateadas que eles usavam para trabalhar nas repartições públicas do império. Foi a partir daí que o povo passou a ver quem de fato era este ilustre papai-noel.

Mundo real 
Contos de fada à parte, esta é a realidade dos rio-branquenses neste final de ano. Até o fim do segundo turno todos foram bonzinhos, depois o lobo mau foi solto. O aumento da passagem de ônibus é uma excrecência. Quem depende do sistema de transporte público sabe que ele é uma porcaria e ineficiente.

Nada contra reajustes, pois no mundo capitalista são necessários para cobrir a inflação fora de controle adotada pelo governo Dilma. Tudo subiu: combustível, peças de reposição, etc. E logo mais os trabalhadores do setor vão às ruas pedir o justo aumento de salário para tentar cobrir as perdas de uma economia inflacionada.

Agora, sair de R$ 2,40 para R$ 2,90 é uma afronta jamais vista. Porém ela tem justificativa. Para aplacar o descontentamento da juventude, o principal segmento eleitoral a assegurar a sobrevivência do petismo no Acre, o prefeito Marcus Alexandre (PT) congelou as tarifas em R$ 1 para os estudantes.

Como não existe almoço grátis, alguém teria que pagar a conta deste benefício, pois alguém saiu perdendo: as empresas. Para se recuperar dos prejuízos, elas agora precisam do reajuste. E quem vai pagar? Os trabalhadores não estudantes.  É a velha lógica mercantilista de que, se for conceder para alguém, é preciso tirar de outrem. Ou seja, o trabalhador pagará o pato de a prefeitura fazer populismo com a juventude.

Pagar quase R$ 3 para andar em latas velhas, sempre lotadas e atrasadas não é nada justo. (Quem não se lembra de Marcus Alexandre, na campanha de 2012. afirmando que o preço da tarifa era justo?).

Ao fim das contas, o papai-noel não foi nada legal com os moradores de Rio Branco neste fim de ano.
       

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ano novo, Judiciário de saia nova

Uma das melhores notícias que a sociedade acreana poderia receber neste fim de 2014 tão atribulado é a escolha das desembargadoras Maria Cezarinete Angelim e Denise Bonfim para comandarem o poder Judiciário nos próximos dois anos. É uma esperança de que um dos poderes mais importantes para o correto funcionamento do Estado deixe de estar no seu profundo sono, com o cidadão desamparado quando o assunto é Justiça.

Os últimos anos foram bastante turbulentos para o Tribunal de Justiça. Logo no começo da gestão Tião Viana o então presidente Adair Longuini começou uma guerra para o aumento de repasses. O conflito chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas retirado após entendimentos com o Palácio Rio Branco.

Em seguida veio a operação G7, cuja ordem de prisão dos 15 acusados partiu do gabinete de Denise Bonfim. Ao seu lado ela tinha o apoio de Cezarinete. As duas, então, passaram a sofrer uma saraivada de bombardeios de porta-vozes do governo. Foram chamadas de todos os nomes em praça pública. E um dos seus algozes era o senador em fim de carreira Aníbal Diniz (PT).

Bonfim passou a sofrer ameaças de morte, o que levou a Polícia Federal a montar um bunker em frente a sua casa, carregando até o “Barbosão”, como ficou conhecido o ônibus-delegacia da PF, numa referência ao ministro aposentado Joaquim Barbosa, responsável pela condenação dos envolvidos no mensalão.

O julgamento da operação G7 colocou todo o TJ acreano sob suspeição. Somente Bonfim e Cezarinete escaparam. Por isso ganharam o apelido de Joaquim Barbosa de saia. O caso mostrou o elevado grau de descredibilidade à qual o Judiciário estava submetido, sendo presidido por Roberto Barros, ex-procurador do Estado e indicação pessoal de Tião Viana.

Agora Cezarinete e Bonfim terão os próximos quatro anos para tentar recuperar a moral e a imagem do Judiciário. (Somam-se quatro anos pois, após Cezarinete, assume Bonfim). Os acreanos viram uma enxovalhada de denúncias contra o governo nos últimos 16 anos, mas notícias de punição foram raríssimas. Ou as acusações eram falhas, ou houve vista grossa nas sentenças.

Com o Executivo sendo o mesmo a partir de 2015 e uma Assembleia Legislativa caminhando para estar ainda mais subserviente, a única esperança do acreano, que ainda acredita no bom funcionamento do Estado democrático de direito, estará nas mãos destas duas magistradas na condução do Judiciário. Há uma luz no fim do túnel.

Faça-se a Justiça!

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Hegemonia ameaçada

Para evitar contaminação, Dilma quer distância do grupo político dos Vianas no PT 

Vendo as bases de seu governo estremecidas por conta da operação Lava-Jato, a presidente Dilma Rousseff tem adotado medidas para assegurar os menores danos possíveis à sua imagem, já não tem bem avaliada após uma acirradíssima disputa eleitoral. E uma das estratégias para evitar a “contaminação” é ficar a metros de distância dos líderes dos partidos envolvidos no petróleo.

Nem mesmo o seu PT escapará da possível nova “faxina ética” de Dilma na montagem da equipe do segundo mandato. E as forças hegemônicas dentro da legenda tendem a ser as mais castigadas na perda de espaço, sobretudo a centralizadora Construindo um Novo Brasil (CNB), que tem entre seus quadros o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Costumada a pintar e a bordar no governo e na estrutura partidária, a CNB se vê às voltas de perda de poderio político. No Acre, que completará 20 anos de governo petista em 2018, os irmãos Tião e Jorge Viana são os símbolos maiores da CNB, reunidos em torno da tendência Democracia Radical, detentora do comando partidário.

Se para o vianismo já estava complicado furar os bloqueios e ter acesso direto ao Palácio do Planalto depois do 7 x 1 de Aécio Neves em Dilma, com os petistas de alas minoritárias (tão judiadas pela CNB) sendo os assessores mais próximos de Dilma, agora que a situação ficará mais complicada. Não que ela dará as costas para o governo de Tião, apenas manterá a mesma relação institucional à distância dos últimos quatro anos.

O motivo para o Planalto querer o afastamento da CNB é simples: grande parte de sua bancada eleita recebeu algum tipo de benefício das empreiteiras envolvidas na operação da Polícia Federal.

Como não quer mais ver sua gestão envolta em casos de corrupção, a presidente busca a aproximação de petistas das tendências mais puritanas, cujos líderes foram eleitos sem a ajuda da Lava-Jato.  Entre elas está a Democracia Socialista (DS), que no Acre não lota uma Kombi, mas que em 2013 deu muita dor de cabeça aos Vianas no processo eleitoral interno.

A expectativa é que a DS fique com um dos ministérios mais importantes, a Secretaria Geral da Presidência, responsável pelas relações do governo com um amplo leque de movimentos populares em todo o País. Sai Gilberto Carvalho, da CNB, e entra Miguel Rossetto, da DS.

Como se pode ver, os impactos políticos de um escândalo de corrupção não se restringem somente aos redutos de onde se concentram, mas afeta toda a estrutura. O pobre e pequeno Acre não poderia ficar incólume a todos os tremores do petrolão.

Petrobras: o mercado (mundo empresarial) também é corrupto

Por Luiz Flávio Gomes  

Nunca Antes Neste País um escândalo (com resultados e desdobramentos políticos absolutamente imprevisíveis) mostrou com maior impacto e magnitude as vísceras das imperfeições da nossa organização social e empresarial. É preciso dizer com todas as letras: apesar dos progressos, com poucas exceções, os humanos chamados de brasileiros, de todas as classes sociais, somos ainda animais pouco domesticados (como diria Nietzsche). Isso, no entanto, não nos livra dos nossos deveres e das nossas responsabilidades (tema que abordarei em outro artigo). Os críticos que censuram o PT dizem que ele primeiro aparelhou os entes sociais (universidades, movimentos sociais, imprensa etc.), depois veio o aparelhamento do Estado, sob o império do discurso ético, para se chegar, no final, ao mundo dos "negócios" fraudulentos, visando à manutenção do poder. Os situacionistas se defendem e dizem que a corrupção é cultural, que em todos os governos sempre houve fraudes, que agora, pelo menos, os conluios são investigados e punidos, que a Petrobras nunca mais será a mesma, que o Brasil será um país melhor etc.

O que ambos os lados não dizem? Que os governos, os partidos, os políticos e outros agentes públicos (com poucas exceções) historicamente sempre se juntaram a agentes econômicos gananciosos (financiadores de campanhas, sobretudo) bem como a agentes financeiros inescrupulosos para formarem, numa espécie de troyka maligna, o crime organizado mais poderoso do país. Não existiria o Estado corrupto na proporção de hoje se não houvesse um mercado (um mundo empresarial e financeiro) composto também de gente sem qualidade (sempre pronta para facilitar seus negócios e seus lucros por meio das famosas propinas). Considerando-se que o mercado (mundo empresarial e financeiro) sempre imputa a corrupção ao Estado e seus agentes, parece muito pertinente esclarecer que esse mundo poderoso não é composto de santos inocentes.

Mesmo sem saber os efeitos políticos do escândalo, a cada dia fica mais evidente o delicadíssimo estágio em que nos encontramos, posto que chegou a hora de decidirmos para onde queremos caminhar: para a civilização ou para a definitiva barbárie. É sabido que os reiterados casos de corrupção (impeachment de Collor, anões do Orçamento, Sivam, compra de votos para a emenda da reeleição do FHC, Banestado, dossiê Cayman, as obras do Fórum Trabalhista de São Paulo, caso Celso Daniel, os mensalões tucano e petista, sanguessugas, operação Navalha, Castelo de Areia, Renangate, Pasta Rosa, caso Daniel Dantas etc.) assim como o recrudescimento dos vários crimes organizados nunca eliminarão o Brasil do mapa mundi. Resta, então, perquirir, mesmo sem se saber ainda o estrago político do "petrolão", que rumo nosso país vai tomar: o da máfia ou o dos países civilizados.

Essa é nossa encruzilhada, que está a exigir decisões típicas dos grandes estadistas (assim como de sociedades conscientes, que sabem o que querem). A inércia da sociedade (regida pelo princípio da indiferença, aliada à satisfação consumista que está na base da alienação), neste momento, será fatal. Se não houver uma forte aliança entre a sociedade civil e os setores esfrangalhados minoritários do Estado que ainda resistem (heroicamente) à corrupção e à violência, o Brasil naturalmente se transformará em mais um grande país mafioso, o que significa o envolvimento do Estado não apenas com o crime organizado da corrupção (isso já acontece há muitos séculos), senão também com o da violência (do medo, da ameaça e da omertà - silêncio): assim ocorreu com a Sicília, na Itália (desde os séculos XVIII e XIX), assim está se sucedendo hoje com o maravilhoso e, ao mesmo tempo, castigado México. O Brasil, como laboratório, saberá seu destino em poucos meses ou anos: crime mafioso ou civilização (?)


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Mais valor à educação, professor Tião

É espantosa a forma como a sociedade acompanha de forma indiferente a notícia de que o governo vai cortar o salário dos professores provisórios da rede estadual. Não se trata de um boato ou informação especulativa, mas um fato que me foi relatado por alguns destes professores que serão castigados pela política de contenção de gastos. É inaceitável que uma gestão que tanto mostra orgulha de seus números na educação, escolha um setor tão primordial para conter o seu descontrole na gastança dos recursos.

O Palácio Rio Branco abriga milhares de cargos de indicações partidárias em sua estrutura. São incontáveis cargos comissionados que muitas das vezes ganham para nada fazer, ou apenas contratados para atuarem como caçadores de votos a cada eleição. O Acre opera em seu limite de gasto com a folha de pessoal imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Ao cortar salários de professores, a gestão Tião Viana (PT) dá exemplo de um verdadeiro descompromisso com a educação básica, logo ele um professor da Universidade Federal do Acre (Ufac). Só em manter estes profissionais em contratos provisórios já é uma mostra explícita do não compromisso do governo com uma educação pública de excelência.

Ter estes trabalhadores reféns da instabilidade no emprego tem sido uma das melhores formas do governo de conquistar votos em período eleitoral, e que pode até render a eleição de ex-secretários da área. Afinal, são milhares de famílias que dependem destes salários para a sua sobrevivência. O salário, por acaso, não é o dos melhores –mas em é preciso ser justo e reconhecer que o Acre paga muito além de outros Estados.

O professor Tião Viana precisa rever esta estratégia sem precedentes de sua equipe de planejamento em cortar o salário dos professores. Voltar atrás é manter a valorização da categoria é uma demonstração dele de respeito para com os mestres e o futuro digno para a juventude acreana.

Outro passo para uma educação de qualidade deve ser concurso para contratos definitivos, tirando os professores deste terrorismo eleitoral a que são submetidos de dois em dois anos.

A resposta final cabe o professor de medicina Tião Viana.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Tapete estendido, e arrastado

Fecharam-se as urnas e abrem-se os tribunais. O momento é de decidir quem é quem das eleições de outubro nas instâncias da Justiça Eleitoral, podendo chegar até ao todo-poderoso Supremo Tribunal Federal (STF). As denúncias são várias e para todos os gostos.

E os mais interessados em derrotar no tapetão seus adversários investigados pela polícia e Ministério Público são aqueles que podem se beneficiar, ou até mesmo um fogo-amigo para enfraquecer potenciais ameaças internas.

O caso mais recente é do jornalista Alan Rick (PRB), eleito deputado federal aos 45 minutos do segundo tempo. Até o anuncio final, travava duelo com Marfisa Galvão (PSD), mulher do senador Sérgio Petecão (PSD). E Petecão é acusado por Rick de perpetrar todo o processo. Mas vale ressaltar que este é um caso investigado desde Brasília, dentro do Ministério da Pesca, e trazido à tona pelo “O Estado de S. Paulo”.

Outra que também poderia vir a ser cassada é a filha do casal Sales, de Cruzeiro do Sul, Jéssica Sales (PMDB). A dúvida é saber os métodos de sua eleição já que, dias antes do registro da candidatura, nem morar no Acre morava. Houve abuso da força econômica ou política?

Sabemos hoje que uma eleição é um negócio, requer muito investimento financeiro. Nos bastidores comenta-se que uma eleição de deputado federal não sai por menos de R$ 5 milhões. As vagas são poucas (oito) e a concorrência é grande. Por isso quem tiver a melhor estrutura, leva. Só isso para explicar a eleição do desconhecido e nada carismático Leo Brito (PT).

Ele era um dos nomes do Palácio Rio Branco, e contou, segundo informações, com um grande aparato das máquinas do partido e do governo para a sua tão perseguida eleição.

Neste bojo os únicos a não necessitarem tanto do poderio econômico estão o ex-prefeito Raimundo Angelim (PT) e o deputado estadual Major Rocha (PSDB). Angelim por sua excelente memória eleitoral. Já o tucano por sua referência enquanto líder da oposição. (Ele afirma ter feito uma campanha a pão e água).

Até que se prove o contrário, todos os vencedores elegeram-se pela vontade popular, ficando os seus votos livres de quaisquer vicio ou influências externas corruptivas. (E nós, eleitores, fingimos acreditar nisso).

À polícia e ao MP cabem a investigação, e à Justiça aceitar ou não as denúncias. Até lá serão muitas especulações e uma guerra de informação, com acusações de derrotados e vitoriosos.
   

sábado, 22 de novembro de 2014

Um parlamento aos frangalhos

Há tempos eu não visitava a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), mesmo sendo repórter de política. A péssima legislatura que para nossa sorte acaba em janeiro, afastou o interesse de qualquer cidadão que gosta de política de acompanhar os debates. Mas na semana passada, de bobeira pelo centro, decidi ir ao Parlamento para rever os companheiros e tomar uma água –produto que sobra aos montes, fazendo inveja aos moradores de São Paulo.

Lá chegando dou de cara com os dois elevadores interditados por defeito. Não que eu fizesse questão de usá-lo, pois prefiro subir e descer escadas para manter a forma (esquelética). Na sala de imprensa o frigobar sempre com fartura de água mineral, dei de cara com o nada. Mas o fato maior não é o elevador quebrado ou a vida de paulistano por um dia de quem trabalha pela Casa.

Estes dois casos externam o estado decrépito em que a Aleac entrou nesta reta final de mandato. Há relatos de atraso no pagamento de férias dos servidores –pelo menos dos comissionados –, e tantos outros desmandos cometidos pela Mesa Diretora e pelos deputados em seus gabinetes.

Após receber uma herança bendita de Edvaldo Magalhães (PCdoB), Élson Santiago (PEN) e sua desastrada administração deixará uma herança maldita para o seu sucessor. A crise da Assembleia estourou após quatro anos de muita incompetência da atual Mesa, usando a estrutura do Parlamento apenas para um autobenefício político-eleitoral.

A falência da gestão Santiago foi refletida com a sua derrota nas urnas em outubro, após 28 anos de um mandato inútil para o contribuinte acreano. O maior desrespeito cometido foi a falta de transparência com o gasto dos quase R$ 200 milhões de Orçamento. Como jornalista cobrava com frequência a criação do Portal da Transparência. Desde 2012 a Aleac descumpre a moderna Lei de Acesso à Informação (LAI).

O Ministério Público chegou a impetrar ação civil contra o Legislativo, mas até hoje a transparência não é a realidade, e o contribuinte fica impedido de abrir a caixa-preta dos recursos públicos executados pelo Parlamento. O acreano continua a não saber como, quanto e onde cada deputado está gastando sua verba de gabinete.

A falência moral e ética da Assembleia Legislativa foi rejeitada pelo eleitor por meio da renovação massiva dos deputados na eleição desse ano. É difícil saber como esta nova legislatura vai se comportar, sobretudo a Mesa Diretora. Há a perspectiva do atual primeiro-secretário, Ney Amorim (PT), assumir de direito a presidência, já que hoje, segundo os bastidores, é ele quem dá as cartas. E ele contribuiu e muito para o Parlamento chegar ao atual ponto.

A robusta (e ponha robusta e cara) campanha de Amorim que lhe rendeu 10 mil votos o gabarita a pleitear a substituir Santiago. Se esta for a tendência, infelizmente não há perspectivas de melhorias para a “casa do povo” melhorar, honrando cada centavo pago pelo acreano para lhe representar e defender. Contudo, a Aleac continuará como uma subsecretaria do Palácio Rio Branco.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Uma ponte emendada

A boa notícia da semana passada foi a ida de Tião Viana (PT) aos canteiros das obras da ponte sobre o rio Madeira, em Rondônia. (Enquanto isso a ponte sobre o rio Tarauacá vai caindo a cada chuva). Enfim o Acre caminha para sair do atraso e do isolamento do restante do País. O atraso é muito mais no aspecto de tempo perdido na travessia da balsa, do que de avanços econômicos ou sociais para o Estado. Mas não se pode negar que tal obra trará frutos para a população.

Uma delas é nosso elevado custo de alimentação. O setor supermercadista culpa o alto custo da travessia de balsa como uma das causas para o preço salgado dos alimentos. Até meados de 2018 saberemos o impacto positivo da ponte em nossas vidas.

Contudo, como aqui é a política na floresta o debate ficará neste campo. A ponte sobre o rio Madeira foi uma das principais discussões na campanha eleitoral de 2014. De um lado a oposição prometia a sua construção, enquanto o governo mostrava a imagem das primeiras pilastras sendo erguidas. Dilma Rousseff (PT) nos prometeu a ponte em sua visita vapt-vupt na crise do início do ano provocada pela grande cheia.

Em campanha pelo Acre, Aécio Neves (PSDB), do alto do palanque na Baixada das Cinco Bocas (periferia de Rio Branco) disse que, se eleito, tiraria a ponte do papel. Os tucanos criticavam: O governo gasta alguns milhões num porto em Cuba, enquanto a infraestrutura do País continua precária.

Outro que também empunhou a bandeira do Madeira foi o senador eleito Gladson Cameli (PP). Ele fica numa situação complicada, pois precisará explicar ao eleitor como prometia o empenho em agilizar uma obra que já está agilizada e é realidade. Se a ponte fosse apenas um devaneio e Brasília resolvesse torna-la realidade ao longo do mandato do senador, ele certamente receberia todos os louros.

Mas a verdade é que, ao contrário dos milhões de reais das emendas pregados aos quatro ventos na campanha, Cameli não poderá se apossar eleitoralmente da ponte do rio Madeira, erguida na gestão petista onde, em tese, ele exerce oposição.

Os Vianas precisam erguer as mãos ao Planalto e agradecer a companheira Dilma por, enfim, assegurar dinheiro para a construção, tirando de seu adversário mais ameaçador qualquer possibilidade de se fortalecer ainda mais, após cair numa onda de popularidade que lhe rendeu a expressiva votação.

Mas Gladson Cameli terá outras frentes de batalha que lhe vão exigir esforços e muitos dividendos políticos. Ele assumirá o Senado num dos momentos mais acalorados do Congresso, quando a crise do “petróleo” vai causar muito barulho.

Como cabo eleitoral de seu colega de Senado Aécio Neves no Acre, Cameli precisará exercer a mesma oposição que as grandes lideranças nacionais, fiscalizando o governo e cobrando providencias. Afinal, foi para isso que o acreano fez esta escolha para o Senado. Fosse o inverso, Perpétua Almeida (PCdoB) seria hoje a senadora.

A ponte do Madeira deixa para uma outra ocasião.

sábado, 15 de novembro de 2014

Ambiente desfavorável

Um dos assuntos que dominaram a política acreana na semana que se passou foi a possível indicação de Jorge Viana (PT) para assumir o Ministério do Meio Ambiente no segundo mandato de Dilma Rousseff (PT).

À primeira vista o senador teria, sim, condições técnicas de ficar à frente da pasta. Afinal, o engenheiro florestal vendeu para o mundo a imagem de um governo no Acre marcado pela busca do desenvolvimento sustentável e da chamada “florestania”.

Sua atuação na área ambiental já é uma marca –não com a mesma força e respeitabilidade de sua colega Marina Silva (PSB), ministra do Meio Ambiente de Lula por seis anos. Jorge Viana pode até ter a simpatia do movimento ambientalista por sua marca no governo acreano (1999-2006). Porém, esta credibilidade ficou arranhada enquanto relator do Código Florestal em comissão do Senado, texto que não agradou ao ambientalismo nacional.

Mas, muito mais do que o aval deste segmento, um ministro do Meio Ambiente não pode desagradar aos setores mais desenvolvimentista do governo –em especial a própria chefe. Já sabemos que a queda de Marina se deu pelo embate com a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ávida pelas licenças ambientais de obras que lhe assegurariam sua vitória em 2010.

Do ponto de vista político, as chances de Viana virar ministro de uma área até certo ponto estratégica são poucas. Falta-lhe, sobretudo, isso: força política. É senador de um Estado pequeno, sem nenhuma significância eleitoral para Brasília, e como coordenador da campanha de Dilma no Acre não evitou as derrotas nos dois turnos: primeiro para Marina e depois para Aécio Neves (PSDB).

Portanto, neste aspecto as chances dele substituir Isabela Teixeira são remotas. O desprestígio do vianismo com o Planalto ficou evidente nos últimos quatro anos. Dilma só veio ao Acre em uma visita relâmpago, e Tião Viana (PT) recebido uma única vez em agenda oficial.

Agora, caso Dilma queria passar a imagem de amiga da natureza, o senador pode até ter uma chance. O sonho de Jorge Viana sempre foi ser ministro. Quando governador quase toda semana a imprensa acreana o nomeava para o primeiro escalão de Lula. Na crise do mensalão, então, não faltaram cargos para ele.

Jorge Viana é um excelente político, e não precisa desta exposição desnecessária que lhe causa desgaste. Nomeação via jornalistas não funciona. Enquanto a oportunidade de assumir um ministério não surge, o melhor mesmo é tocar o Senado e honrar o generoso salário de parlamentar e ex-governador que o cidadão lhe paga.


As velhas rugas da UFAC

A Universidade Federal do Acre (UFAC) vive na gestão do reitor Minoru Kimpara talvez uma das suas maiores confusões dos últimos tempos. Após os louros da organização da reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no meio do ano, a reitoria se vê às voltas com a confusão herdada deste evento. Como a instituição ficou uma semana sem aulas, o calendário acadêmico ficou comprometido.

A solução mais fácil encontrada, então, foi enforcar as férias de professores e alunos. O recesso de 15 dias que deveria ocorrer entre o fim do primeiro e o início do segundo semestre em setembro, foram por ladeira abaixo e –acredite – transferidos para o recesso de final de ano, quando todo o serviço público brasileiro envia para a guilhotina alguns dias de trabalho.

Tal atitude não agradou a classe dos professores, que começou uma mobilização através de seu sindicato, a Adufac. (associação dos docentes da UFAC), para não perder estes 15 dias. Um dos pontos altos desta confusão ocorreu na última semana, durante a reunião do Conselho Universitário, o CONSU, dominado quase que integralmente pela força política de de Kimpara.

Pressionado pela insatisfação dos docentes, o conselho se viu obrigado a não usar o recesso de final de ano como férias. Desta forma, os 15 dias de descanso foram transferidos para 2015. Só para ressaltar, estes 15 dias são referentes às férias de....2013. No próximo ano, os professores terão direito a 60 dias de férias, já que por lei desfrutam de 45.

Assim, a reitoria arruma outro problema, pois quando estas duas semanas poderão ser usufruídas? Por lei os professores não podem tirar férias nos dias de aula, pois prejudicariam os alunos.

Aliás, prejuízos não faltaram nesta confusão toda: professores se viram obrigados a terminar um semestre e começar outro logo no dia posterior sem direito a uma pausa para descanso e planejamento, bem como os estudantes nem tiveram tempo de assimilar o conteúdo de um período e já entrar em outro. Ambos entrarão 2015 enfrentando uma sobrecarga pesada de trabalho e estudos.

Minoro Kimpara, não se pode negar, faz uma boa gestão. Com os apoios necessários deu uma nova cara às dependências físicas da UFAC, mas por trás de toda esta maquiagem as velhas rugas da instituição permanecem bem vivas.  

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Não aprenderam nada

Por Merval Pereira 

O que é mais chocante nesse episódio do descumprimento da meta de superávit primário, ferindo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é a postura dos principais dirigentes do governo, a começar pela própria presidente Dilma, a prenunciar que nada será alterado no segundo mandato.

O secretário do Tesouro Arno Agostin, que deve se transformar no segundo mandato em um conselheiro especial com amplos poderes no Palácio do Planalto, disse recentemente, para justificar o déficit, que o governo fez “o que era melhor para o país”, como se isso dependesse da vontade de alguns poucos iluminados e tivesse que ser aceito por toda a sociedade como uma verdade irreversível.

O comportamento da ministra do Planejamento Miriam Belchior, ao encaminhar o pedido formal ao Congresso para mudar a meta combinada anteriormente, também foi espantoso. Além de não apresentar um documento com uma justificativa técnica razoável, ela ainda se deu ao luxo de não informar qual o superávit que o governo estaria disposto a cumprir este ano.

Pela proposta original da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o governo se comprometia a fazer um superávit equivalente a 3,1% do PIB e podia abater da meta R$ 67 bilhões de obras e desonerações. A meta já fora reduzida para 1,9% do PIB com a aprovação do Congresso, mas agora o governo, além de não ter uma meta a propor, quer que seja permitido o abatimento de tudo o que for gasto com o PAC e desonerações. “Faremos o maior superávit possível”, limitou-se a dizer a ministra do Planejamento, sem se comprometer com uma nova meta.

Mesmo esse vago compromisso já parece não ser possível de cumprir, pois analistas econômicos já garantem que teremos mesmo um déficit ao final do ano. Com o déficit de R$ 20,399 bilhões nas contas do governo central em setembro, o resultado acumulado no ano passou de um superávit para um déficit primário de R$ 15,705 bilhões, a primeira vez que isso ocorre desde 1997, quando teve início da série histórica.

Esse déficit tem explicações objetivas: o aumento dos gastos do governo nas eleições, desonerações de tributos e crescimento reduzido – que deve ser perto de zero este ano -, o que reduziu também a arrecadação de impostos. O governo, porém, atribui os problemas na economia a fatores externos, como a crise internacional e fenômenos climáticos como a seca, que contribuiu para fomentar a inflação com o encarecimento de alimentos.

A presidente Dilma entrou no debate na sua viagem para a reunião do G-20 e resolveu nos comparar aos seus integrantes. "Dos 20 países do G20 (grupo das maiores economias do mundo), 17 estão hoje numa situação de ter déficit fiscal. Nós estamos no zero. Estamos até numa situação um pouco melhor". Da palavra da ministra Belchior para a presidente reeleita, já passamos de um superávit qualquer para zero, e com louvor.

Mas Dilma foi adiante: "Nós temos uma das menores dívidas líquidas sobre o PIB, 35%, e a média dos países do G20 é acima de 60%. A nossa situação é bastante diferenciada. Nenhum deles está cumprindo superávit primário", ressaltou. Como sempre, a presidente ressaltou o que lhe é favorável, e esqueceu o que neutraliza esse raciocínio. A diferença é que um país como o Brasil rola sua dívida líquida pagando cerca de 12% de juro real, enquanto os demais países em melhores situações fiscais pagam cerca de 1%. Um caso emblemático é o do Japão, que tem 200% de dívida líquida, mas paga juros negativos.

E por que isso acontece? Justamente devido à nossa fragilidade fiscal provocada por contabilidade criativa que não dá confiança aos credores. Quando o governo dá dinheiro ao BNDES, cresce a dívida bruta, e a líquida fica inalterada. Mas os juros sobre a dívida líquida sobem. Mudar novamente a meta de superávit primário, sem se comprometer com meta alguma, é o pior caminho que o governo poderia trilhar, especialmente quando se prepara para um novo mandato e, com essas atitudes, manda sinais de que teremos mais do mesmo nos próximos anos.

É sinal de que não aprenderam nada com os problemas que criaram para eles próprios.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Pobreza e inflação

Por Miriam Leitão 

O Banco Central admitiu que a inflação está subindo, há mais pressões vindas de diversas áreas: câmbio, preços administrados, alimentação. O Ipea, enfim, fez a conta e registrou um aumento do percentual de miseráveis. Há quem acredite, ainda hoje, pasmem, que combater a inflação é preocupação de neoliberal e reduzir a pobreza é objetivo dos bons, os progressistas.

Não existe combate à pobreza e à miséria sem redução da inflação. Eu gostaria, queridos leitores, de não ter que dizer obviedades como a dessa frase acima, mas o debate eleitoral fez sair do armário os que simplificam o mundo entre “nós e eles”, como se estivessem em confronto os defensores dos pobres e os amigos dos banqueiros.

O Brasil fez uma caminhada tão longa por uma moeda estável e, como jornalista, vi com orgulho o avanço do entendimento do aspecto mais perverso da inflação: ela tira capacidade de compra de quem tem menos renda. Há quem, dentro do governo, professe convicções ultrapassadas de que política monetária e política social pertencem a mundos diferentes. Há quem proclame no governo, diante de todos os dados contrários, que a miséria está caindo e que o ganho é “extraordinário”, mesmo estando num ambiente de recessão e inflação crescente. Em ambiente assim, não há progresso que se mantenha.

Ganho social de forma permanente depende de inflação baixa. Só assim a renda é preservada, as políticas públicas de combate à pobreza são sustentáveis, e o país pode crescer de forma constante. A ata do Copom de ontem alerta mais uma vez que quando a inflação está persistentemente alta perde-se o horizonte para investimentos e consumo.

Resta ao Banco Central explicar por que ficou parado, vendo a inflação subir, enquanto estávamos em período eleitoral, e mudou a avaliação agora. Talvez um dia ele explique. No texto de ontem, ele se esforçou para mostrar que, desde a ultima reunião, houve um aumento do risco, subiu a inflação média, a taxa acumulada em 12 meses, a taxa de câmbio e o processo de realinhamento dos preços administrados. Tudo ficou um pouco pior, é verdade. Mesmo que hoje se divulgue um IPCA um pouco melhor sobre o mês anterior, o fato é que o ambiente está propício a reajustes porque durante todo o primeiro mandato de Dilma ficou a dúvida sobre que grau de autonomia tinha o Banco Central para fazer seu trabalho e buscar suas metas.

Essa mesma dúvida perseguirá o próximo ministro da Fazenda, venha o nome de onde vier. O que é preciso é o governo entender a ligação direta entre o combate à inflação e a política social como duas partes do mesmo progresso.

A pobreza e a extrema pobreza caíram ao longo do tempo pela vitória sobre a hiperinflação. O percentual de pobres e miseráveis começou a cair no Plano Real e essa queda avançou com politicas sociais que a estabilização tornou possíveis. A taxa de juros é remédio amargo, com efeitos colaterais pesados, mas tem que ser usada principalmente se o controle dos gastos não é feito. Se o BC tiver a ajuda da política fiscal, usará menos esse remédio. Se o Banco Central tiver autonomia, terá mais credibilidade e a dose poderá ser menor.

A ideia de que BC autônomo e política monetária vigilante aumentam o lucro dos banqueiros é uma enorme bobagem. Os bancos ganham em qualquer situação, basta ver os seus gordos lucros. A política econômica tem que buscar um ambiente em que os investidores possam empreender com segurança e a inflação não destrua a renda dos mais pobres.

O aumento do número de miseráveis admitido pelo Ipea, depois das eleições, precisa ser entendido. Quem tem renda mensal de mais de R$ 70 não é mais considerado miserável por essa arbitrária linha. Claro que há muito tempo tinha que ter sido revisto esse ponto que divide o grupo dos pobres do grupo dos extremamente pobres. Uma família de quatro pessoas com renda total de R$ 300 continua na miséria, diga o que disserem as linhas governamentais feitas sob encomenda para engordar as estatísticas dos “retirados da miséria” que compõem as propagandas do governo.

Se o governo quiser mesmo desarmar os palanques deve começar a reconhecer que desinformou quando fez uma divisão de mundo que revoga o progresso recente do Brasil. A melhor política de proteção dos pobres é a que mantém a inflação baixa.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O curriculum vital

A cada eleição que perde, a oposição diz que a bola bateu na trave. A metáfora futebolística à Lula tem muito a ver com os placares apertados de cada pleito, sobretudo a partir de 2010. A leitura é simples: a sociedade acreana encontra-se extremamente dividida e insatisfeita com o atual grupo político no poder. Não fosse isso, certamente o PT não enfrentaria o mínimo esforço, recorrendo a tudo e a todos, para permanecer no Palácio Rio Branco.

Mas a salvação do petismo está justamente na oposição. Como bem disse certa feita o senador Jorge Viana (PT), “a nossa sorte é que a oposição é um desastre”. Falta-lhe o básico da qualificação que transmita ao eleitor a segurança necessária para a transição de partidos no governo. E é justamente esta desconfiança que leva o eleitorado a continuar com o PT, seguindo a máxima do “ruim com eles, pior sem”.

Para muitos, Márcio Bittar (PSDB) poderia ser o diferencial para derrotar Tião Viana (PT). Contudo, o governador partiu para os debates na desconstrução de seu adversário como não preparado para sucedê-lo. As “pegadinhas” do petista contra o tucano nos debates do segundo turno parecem ter contribuído para a reeleição de Viana. Deixar de responder a questões como Enafron ou planos para os municípios do Alto Acre foram ruim para Bittar.

E isso leva à questão: quem enfrentará o petismo na eleição de 2018? (Muito se engana quem avaliar que o partido chegará aos frangalhos após duas décadas de poder). Fala-se em Gladson Cameli (PP), mas é mais um a entrar no rol dos não devidamente aprumado para um debate macro de governança do Acre. Ainda lhe falta muita qualificação para um debate político mais amplo sobre as questões do Estado.

É óbvio que daqui quatro anos ele pode estar bem diferente. Seu próprio mandato no Senado o ajudará a encontrar a devida maturidade e habilidade necessárias para, de fato, conquistar do eleitor uma segurança técnica, para colocar os rumos do Acre em outras mãos. Porém, isso não dependerá só da convivência no Senado; um grande esforço será necessário de sua parte para esta evolução.

Mais uma vez a população deu o recado à oposição: sem segurança não há como mudar. Fazer uma campanha de amadorismos, fazendo apostas no “talvez” ou no “vai que cola” nunca deu certo. Na era da nossa conexão em rede, temos pessoas cada vez mais exigentes e críticas. Subestimar a inteligência não dá certo. Para quem leu, viu que Márcio Bittar até tinha um plano de governo robusto, mas deixar de dialogar com o eleitor sem ter um programa de governo como base levará os adversários do PT sempre ao fiasco.

E isso independe da distribuição de sorrisos e beijos para a galera.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

O neopetismo do Juruá


O primeiro e o segundo turno das eleições revelaram um pesadelo para a oposição: a perda do seu principal reduto eleitoral, o Vale do Juruá com o segundo maior número de eleitores. Desde 2010 a região vem se mostrando favorável ao petismo, ao contrário do que ocorria até então com seu tradicional sentimento de rejeição ao partido. A votação dada a Tião Viana (PT) quatro anos atrás pelos juruaenses foi essencial para assegurar a continuidade da hegemonia petista no Acre.

Estes dois resultados -de 2010 e 2014 – revelam que a legenda irá partir com toda a força possível de sua máquina para tirar a prefeitura de Cruzeiro do Sul dos domínios opositores, hoje representada por Vagner Sales (PMDB), apontado como o “leão do Juruá”. Mas esta fera parece não ter rugido o suficiente para evitar a vitória de Tião Viana na sua própria cidade.

A mulher, Antônia Sales (PMDB), era a vice de Márcio Bittar (PSDB). Os tucanos fizeram das tripas coração para que ela fosse indicada a vice, acreditando ser esta a receita da vitória no Juruá. É fato que a diferença de Tião para Bittar foi bem pequena. Na Rio Branco de três mandatos sucessivos do PT o governador não teve a melhor das folgas também.

Além dos Sales, o último baluarte oposicionista no Juruá são os Camelis, representados na figura do agora senador eleito Gladson Cameli (PP). Mas esta família está dividida, pois ainda mantém contratos com o governo petista, o que a impossibilita de erguer de fato a bandeira oposicionista. Portanto, não é uma ameaça tão real nas pretensões de domínio da região pelo Vianismo.

Vagner Sales ainda tem uma administração bem-sucedida e bem avaliada. Sua falha foi perder o controle no combate à dengue e a queda no ranking do IDEB. Sua grande força está na imensa zona rural oferecendo assistência no transporte da produção. À primeira vista não tem um nome de peso para a sua sucessão. O mais provável é que Antônia Sales seja o “nome natural”, mas a relação de casamento pode comprometer legalmente a sucessão.

Outro ingrediente é a união da oposição. Além do mais é certo o empenho do senador Cameli para que não se deixe perder este importante colégio, que é, sobretudo, sua base de votos, mesmo com o avanço de territórios em Rio Branco.

O PT tem bons nomes: Marcelo Siqueira e Taumaturgo Lima. São dois petistas que voltariam a colocar em campo minado as duas principais correntes da legenda: Democracia Radical (DR) e Democracia Socialista (DS). Siqueira representa a renovação, um candidato jovem e qualificado para assumir a prefeitura, e que tem o apoio da DR do Palácio Rio Branco.

Taumaturgo Lima tem o peso de outra família tradicional do Juruá: os Limas do deputado Jonas Lima (PT) e do ex-secretário da Fazenda Mâncio Lima Cordeiro, que, mesmo fora do cargo, ainda tem grande poder de influência nas fileiras petistas.

Ele padece somente na pouca força da DS dentro das tomadas de decisão partidária Em resumo, as eleições de 2016 pela prefeitura de Cruzeiro do Sul caminham para ser uma das mais acirradas e interessantes de nossa história política.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Voto inflacionado

A denúncia sobre uma suposta compra de votos praticada por um dos deputados estaduais eleito há quase um mês retrata bem o grande balcão de negócios que são as eleições proporcionais no Acre.

Tal prática se revela nefasta em todos os âmbitos: nas Câmaras Municipais, na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Não fosse o poder do dinheiro, certamente alguns daqueles políticos que nunca antes ouvimos falar em seus nomes, ou com mandatos apagados, jamais teriam condições de obter a vitória.

Enquanto que bons nomes, de pessoas bem intencionadas e que fazem suas campanhas a pão e a água, batendo de casa em casa, ficam de fora.

A compra de votos já parece estar enraizada na política acreana. As condições de pobreza da grande maioria da população, a falta de uma educação que forme cidadãos conscientes e o próprio desinteresse pela política fomentam este negócio espúrio, e que desconfigura a nossa democracia.

Durante anos muitos deputados de atuação deplorável, sem nenhum destaque parlamentar, e que sempre fizeram parte da base de sustentação de qualquer partido no poder, garantiam seus reinados dentro da Assembleia Legislativa. E o poderio financeiro de seus grupos foi o instrumento que melhor lhes dava a sensação de permanência no Legislativo, não dando a mínima para a escassa opinião pública que ainda se atenta para a Assembleia Legislativa.

Mas a eleição de 2014 parece ter sido atípica. A considerável renovação dos parlamentares revelou que a força econômica de alguns clãs não é mais tão decisiva assim. O eleitor demonstrou sua reprovação àqueles que fazem de seus mandatos a plataforma incondicional de defesa dos interesses do governo, deixando o cidadão em segundo plano, ou apenas para fazer acordos e ficarem na chamada “bancada muda”, de braços cruzados.

Há uma esperança de que o pleito de outubro seja o começo de uma nova cultura do eleitor de escolher seus parlamentares, não se deixando levar somente por barganhas. Que isso sirva de exemplo para esta nova legislatura, pois caso repitam os erros dos derrotados, serão os próximos despejados pelas urnas. Que o dinheiro perca seu poder de influência a cada eleição no Acre, com o voto limpo e consciente prevalecendo.  

sábado, 1 de novembro de 2014

Um senador para as recordações

O jornalista Aníbal Diniz sempre foi um militante aguerrido dentro das fileiras do Partido dos Trabalhadores (PT). Sua militância se deu desde os tempos de fundação da legenda no Acre. Foi secretário de Comunicação nos governos Jorge Viana (1999-2006) e Binho Marques (2007-2010). Como prêmio à sua fidelidade ao projeto partidário, foi agraciado como o primeiro-suplente do senador Tião Viana (PT), em 2006.

Com o petista eleito governador em 2010, Anibal assumiu a cadeira no Senado. Assumir tal posição de senador da República foi uma sorte e tanto para alguém sem nenhum carisma eleitoral, e que certamente nunca chegaria ao posto fosse depender da escolha popular. Mas a conquista do poder nem sempre depende somente das urnas, há outros mecanismos de menos sacrifícios.

Como senador, Aníbal empunhou bandeiras desconfortáveis. Uma delas foi trabalhar para travar o retorno da diferença de duas do Acre em relação a Brasília, como o povo decidiu em referendo de 2010. O senador chegou a declarar que atuaria de todas as formas para impedir o retorno do “atraso”.

Isso provocou uma enxurrada de críticas ao seu mandato. A atitude dele não era nenhuma surpresa. Como um soldado Kamikaze dentro do PT, ele é o tipo de militante que compra todas as brigas em defesa do partido e de seus líderes, independente dos custos que isso provoca.

Aníbal Diniz não foi para este embate a toa. Ele esperava como retribuição o apoio de Tião Viana para ser seu candidato ao Senado em 2014. Ele sabia que encontraria concorrentes de peso dentro do PT (Raimundo Angelim e Sibá Machado) e do PCdoB, no caso a deputada federal Perpétua Almeida.

Para conquistar o apoio dos petistas, o senador caiu de corpo e alma na disputa pela presidência do PT ano passado. Para isso virou cabo eleitoral da candidatura da tendência majoritária, a Democracia Radical (DR), que tinha o sociólogo Ermício Sena como seu nome. Comprar a briga foi um erro de Aníbal por conta de sua posição.

Como senador a postura esperada pelas demais correntes era de neutralidade, mesmo que sua opção fosse pela DR. Assim agiu o também senador Jorge Viana (PT0, que pregava a união do PT e o fim das guerras internas. Mas as tendências minoritárias reunidas em torno da Democracia Socialista (DS) foram para o embate, com o deputado Sibá Machado e deram muito trabalho.

Mas nem a camisa do referendo do fuso horário nem a campanha pela DR salvaram Aníbal Diniz da guilhotina da candidatura ao Senado. Com receio de perder o PCdoB, Tião Viana se viu obrigado a tirar o PT da disputa: o companheiro Aníbal foi sacrificado. Mas não se pode negar que ele cumpriu muito bem seu mandato-tampão.

Foi eleito pela “Veja” entre os 10 senadores mais atuantes do país. Na bancada petista obteve o direito de exercer a vice-presidência da Casa. Teve uma atuação exemplar em plenário e nas comissões. Não deixou a desejar em nada na função de um senador, nem de membro do partido do Planalto. Mas o curto mandato fará o eleitor a deixa-lo apenas na memória de um político que, um dia, teve a sorte de ocupar tão nobre função.

Lembrete: Ainda sobre o artigo abaixo “Os Camelis e os Vianas”, a cadeira que será deixada por Aníbal Diniz e ocupada por Gladson Cameli (PP) a partir de 1º de fevereiro, foi conquistada há 16 anos por um Viana: o médico Tião, que agora a repassa para um Cameli.  

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Os Camelis e os Vianas

Se a vida costuma, vez por outra, nos aprontar surpresas que nos faz acreditar no chamado destino, a política também tem das suas. E esta eleição no Acre representa bem isso. A disputa pelos votos voltou a colocar em colisão duas das principais famílias políticas do Estado: os Camelis e os Vianas. Esta rivalidade já dura 20 anos, com cada lado lutando para mostrar quem dos dois tem mais força; uma queda de braço bastante interessante.

A vitória do jovem Gladson Cameli (PP) para o Senado recoloca um membro dessa influente família do Vale do Juruá nos caminhos dos irmãos petistas Jorge e Tião Viana. A relação destes grupos é quase de amor e ódio. Enquanto serviam aos interesses do Vianismo, os Camelis representavam o que havia de melhor na face da terra. Quando algo foi contrariado, não ficou pedra sobre pedra nas ladeiras de Cruzeiro do Sul.

O primeiro encontro ocorreu na eleição de 1994. Na disputa pelo governo estavam Orleir Cameli (tio de Gladson), Flaviano Melo (PMDB) e Tião Viana (PT). À época o petismo era uma terceira via em fase de crescimento, mas sem forças para enfrentar estas outras duas correntes tradicionais.

Ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Orleir foi eleito. O seu principal pecado foi ter na oposição um PT com seu estilo agressivo. Visto como um político de pouca liderança e com seu governo envolvido em várias denúncias de corrupção, Orleir enfrentava dificuldades na condução do governo. Tinha a oposição petista e de parte peemedebista.

Foi graças à fragilidade e a impopularidade do governo que o petismo surgia como a salvação para o Acre, após duas décadas de insucesso de governos da direita. Um Acre arruinado por 20 anos de desordem institucional possibilitou ao jovem Jorge Viana ganhar as eleições de 1998. Desde então 20 anos se completarão de PT no poder.

E estas duas décadas os petistas precisam agradecer aos Camelis. Primeiro pelo fato de o governo de Orleir ter contribuído de forma indireta por conta dos desgastes. (Uns dizem até que, estivesse Orleir disposto a ir para a reeleição em 98, certamente seria vitorioso).

Em segundo lugar, para manter sua hegemonia no Acre, o PT precisou fazer aliança com os mesmos Camelis tanto tempo demonizados por eles. O apoio da família era essencial para assegurar a manutenção do partido no Palácio Rio Branco com os votos do Juruá, região que até bem pouco tempo era anti-PT. A aliança foi selada com a indicação do primo de Orleir, César Messias, para ser o vice do sucessor de Jorge, Binho Marques (PT).

Messias permaneceu como vice de Tião Viana. Com o Juruá menos refratário, o PT “dispensou” o apoio dos Camelis neste pleito. Na verdade se viu obrigado a dispensar pelo rompimento do herdeiro político da família, Gladson, com a Frente Popular e sua ida para a oposição.

Do ponto de vista político as duas famílias estão rompidas desde 2010, mas restaram alguns acordos econômicos. (O pai de Gladson, contudo, optou por não ter mais nenhum contrato).

As eleições de 2014 ainda nem tinham se encerrado e Gladson já era apontado como o candidato da oposição para o governo em 2018. Ele é visto como o único capaz de por fim ao ciclo dos Vianas no governo. Seu carisma foi o suficiente para derrotar a poderosa máquina em torno da candidatura de Perpétua Almeida (PCdoB), que com todas as ofensivas não evitou a derrota massacrante.

Gladson Cameli terá os próximos anos para se consolidar como uma das grandes lideranças por meio de seu mandato no Senado, o espelho que refletirá seu preparo para subir ou não as escadarias do Palácio Rio Branco.

Se tudo caminhar como o “desenhado” pelo destino, caberá a um Cameli derrotar o petismo no Acre, depois deste ter sido vencedor em cima da desconstrução de um Cameli, isso dezesseis anos atrás.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Desistir da oposição?


O retorno melancólico das boas terras de Manacapuru levará a oposição a analisar o que foram as eleições deste ano. É preciso refletir sobre os erros, ver os pontos fracos e trabalhar para corrigi-los para as próximas disputas. Assim como 2010 e 2012, a bola bateu na trave e não entrou. O tão esperado grito de gol dos oposicionistas está entalado na garganta. 

Continuará como a ampla minoria na Assembleia Legislativa, e ainda perde quadros que garantiam certa qualidade no debate. Entre estas perdas estão Major Rocha (PSDB) de malas prontas para a Câmara dos Deputados, e a derrota de Gilberto Diniz (PTdoB), que, apesar de seu jeito bonachão, tinha discursos qualificado se incomodava bastante o governo.

A vereadora e deputada eleita Eliane Sinhasique (PMDB) caminha para ser a principal referência da oposição neste segundo mandato de Tião Viana (PT). O prefeito Marcus Alexandre (PT) agradece sua saída da Câmara Municipal e joga o pepino para o Palácio Rio Branco.

Desta disputa podemos destacar Márcio Bittar (PSDB) e Gladson Cameli (PP) como as grandes referências da oposição daqui em diante. A votação recebida por Márcio e Gladson os gabaritam a conduzir os processos para as eleições de 2016 e 2018. As eleições municipais não serão fáceis. Tirando raras exceções, a maioria dos prefeitos da oposição eleitos em 2012 foi um fiasco.

É pouco provável que se repita aquele boom do PSDB e PMDB nas prefeituras. Pode ocorrer um rodizio: estas cidades voltam para o governo, e as da FPA mudam tudo. Caberá às lideranças cobrar dos prefeitos mais profissionalismo e responsabilidade na administração dos municípios. 

Se assim não for, o PT retoma a hegemonia nas cidades. A conquista de mais uma cadeira para o Senado assegura à oposição uma força política considerável. 

Glason Cameli e Sérgio Petecão (PSD) podem fazer muitos estragos ao governo ou deixar tudo como está. A situação deles é complicada. Seus partidos estão na base de Dilma, mas adversários do Vianismo no Estado. 

É uma espécie de oposição dupla-face. Para não atrair a antipatia de um eleitor acreano dividido, e que votou em ambos pela campanha de se apresentarem como adversários do petismo. Agora precisam mostrar posições firmes e dizer ao cidadão o motivo de estarem no Senado. 

O PSDB continuará como a trincheira oposicionista em Brasília e aqui. E neste sentido Wherles Rocha pode se destacar fazendo barulho na Câmara, pegando no pé do governo Dilma e Tião. O fato de ficar sem mandato não impedirá Bittar de ser o líder em seu partido e outras siglas onde exerce influência. 

Seu trabalho será manter as bases, fortalece-las e até ampliá-las. Os próximos quatro anos vão requerer muitos estudos e dedicação para chegar afiado ao pleito de 2018, seja qual for o cargo a disputar: governo ou Senado. Na política é assim: acaba uma eleição e começa a próxima. E para quem não está no poder, os desafios são bem maiores. 
  

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O segundo mandato de Tião

Passada a ressaca da vitória para uns e da derrota para outros, é momento de refletir e tentar analisar como serão os próximos quatro anos no Brasil e no Acre. No campo político, Tião Viana (PT) não enfrentará nenhuma dificuldade. Tem amplo domínio da Assembleia Legislativa e seu partido, sozinho, terá cinco das 24 cadeiras. Isso garante uma posição mais confortável ao governador, ficando menos refém do fisiologismo de sua atual base, reunida em torno do nanico PEN.

Como cada deputado petista eleito deve render todo agradecimento ao Palácio Rio Branco, não há motivos para Tião ceder a pressões em momentos importantes no Parlamento. Já no campo econômico os cenários não são os melhores. Logo na segunda-feira o mercado reagiu péssimo à reeleição de Dilma: a Bolsa caiu, o dólar subiu e as ações da Petrobras e outras estatais se desvalorizaram.

Na quarta houve um leve sinal de recuperação. Porém, as perspectivas são de baixo crescimento para o país nos próximos anos. O governo federal terá que fazer ajustes nada agradáveis. E esta economia, com vistas ao controle a inflação, terá impactos diretamente em Estados altamente dependentes das transferências da União.

Já de olho neste prognóstico, Tião Viana precisará apertar os cintos na Fazenda acreana caso queria que, de fato, o segundo mandato seja melhor do que o primeiro. Apesar de não ter feito o pior dos governos, deixou muito a desejar. Gastou por demais com cargos políticos e comprometeu a execução de seus principais programas de campanha d 2010.

Reeleito, o momento requer pegar o papel e caneta para saber onde melhor aplicar os recursos. O governador não pode trabalhar os quatro anos pensando em uma enxurrada de recursos federais enviados para o Ace. A filosofia até 2018 deve ser aproveitar melhor cada centavo de recursos próprios para não ficar tão refém do sobe e desce dos repasses de Brasília, que se comportará conforme o humor (ou a falta dele) da economia mundial.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Voto divorciado


No jargão político costuma-se chamar de voto casado a opção do eleitor de escolher candidatos de diferentes cargos mas que estão no mesmo partido ou coligação. Por exemplo, o voto em Tião Viana e Dilma Rousseff neste domingo, por serem do PT, é um voto casado. Mas nem sempre o cidadão é adepto desta prática, optando por se simpatizar pela figura do candidato do que pelo partido (Se Tião Viana dependesse da imagem do PT, não estaria comemorando a reeleição agora).

Desde 2002 o acreano tem se mostrado um tucano de bico aprumado na disputa presidencial, mas escolhendo o PT para o governo estadual. Neste domingo o eleitor da floresta se mostrou um aecista de carteirinha. O Acre rendeu ao tucano Aécio Neves a terceira maior votação proporcional do país, perdendo para São Paulo (reduto do PSDB) e Santa Catarina.

O senador mineiro ficou com 63,68% dos votos válidos. Em números quantitativos, ele recebeu o apoio de 243.530 acreanos. Votação bem superior à do governador reeleito, Tião Viana. O petista ficou com 196.509 votos, ou 51,29%. Aécio Neves também obteve mais apoio do que o candidato ao Senado, Gladson Cameli (PP), com 218 mil votos.

A grande questão é: por que os acreanos não casaram o voto do PSDB, escolhendo os tucanos Márcio Bittar e Aécio Neves? Se o deputado federal tivesse obtido mais 5% dos votos dados a Aécio, hoje o governador seria ele.

Mas esta tendência do “voto divorciado” não é de hoje. Lula e Dilma sempre perderam no Acre, mas os candidatos de oposição com palanque presidencial tucano não surfaram no banzeiro para desbancar o PT.

Uma explicação lógica não há, pois se houvesse a política não seria uma ciência humana. A opção do eleitor talvez se justifique pela visão mais crítica e rejeição ao governo do PT em Brasília do que aqui. Casar o voto do 45 pode não ser vista como a melhor opção, com o eleitorado receoso de alguma mudança. Os tucanos locais talvez não transmitam a mesma confiabilidade do que as lideranças paulistas.

O eleitor pode aprovar o petismo local, mas rejeitar o nacional. Isso soa contraditório, pois não fosse o apoio de Brasília os petistas acreanos não se sustentariam tanto tempo no poder, administrando um Estado pobre e que depende em mais de 70% da ajuda federal para tocar investimentos de retornos eleitorais.

Portanto, se formos analisar o que passa pela cabeça do eleitor, precisaríamos de um confortável divã para meditarmos até as eleições de 2016. Uma conclusão é certa: voto casado não funciona. Ou seja, o discurso do “unidos somos mais” não cola no eleitor acreano. É cada um por si em busca de seus respectivos votos.