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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O eterno caos aéreo acreano

A medida sugerida pelo senador Jorge Viana (PT) para que novas empresas aéreas ofereçam voos para o Acre é um alento em meio ao eterno caos aéreo a que os acreanos estão submetidos 365 dias. Nossos problemas vão desde a falta de um aeroporto de vergonha na capital, até as tarifas estratosféricas cobradas pelas companhias. Quando não é a pista fechada para operações, os preços das passagens deixam o trabalhador sem nunca desfrutar de um céu de brigadeiro.

Muito mais do que cobrar novos voos para o Acre –o que é essencial já que a concorrência beneficia o consumidor – o senador e toda a bancada federal precisam estar atentos a outros problemas. De nada adianta ofertar opções, colocar mais passageiros no aeroporto, se o mesmo não oferece a mínima garantia de bem-estar e segurança.

(Confesso a vocês: tenho mais receio de pousar num Airbus na pista de Rio Branco do que num bimotor em Santa Rosa do Purus).

Os balcões de check-in são escassos, o que forma uma fila gigantesca e a perda de tempo. A pista nem se fala. Pousar em Rio Branco é a mesma sensação de desembarcar na Lua tantas as irregularidades de um asfalto ruim. Como jornalista produzi reportagens mostrando que o solo daquela região é impróprio para suportar uma pista de pouso e decolagem, mas mesmo assim a obra foi feita lá.

Quem já esteve na boa Cruzeiro do Sul vê a clara diferença. A pista é um tapete. O terminal de passageiros humilha o da capital. Um aeroporto que não deixa a desejar em nada. Já por aqui passageiros de três diferentes voos precisam dividir o mesmo “portão” de embarque.

Na hora de apanhar as bagagens é outro sufoco num empurra-empurra e cotoveladas. Fora os funcionários da Gol que fazem questão de checar se você não está levando a mala de outro.

O aeroporto vez ou outra passa por reformas e ninguém vê melhorias. Alguns milhões já foram gastos, porém nada de concreto. O mais correto seria a sua completa demolição e a construção de um novo, à altura de uma capital de Estado. Muito mais do que um luxo, o transporte aéreo para um Estado distante como o Acre é questão de sobrevivência. E nossos representantes eleitos pelo voto estarem alertas a isso é uma obrigação.

Eles precisam combater os pontos mais grotescos: o descaso do governo federal com nossa infraestrutura aeroportuária (capital e cidades isoladas), e o assalto realizado pelas empresas do setor na hora de vender os bilhetes. Combater estes problemas levará o morador do Acre a quem sabe, um dia, a sair da sua eterna ilha do isolamento .

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