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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Limpeza à jato

O Acre não tem petróleo, apesar de Tião Viana (PT) ter leiloado uma bacia no Vale do Juruá para ser explorada após o próximo Big Bang. Não temos mar nem plataformas de exploração a retirar o ouro negro a milhares de metros de profundidade de nosso oceano verde. Mas mesmo longe do fantástico e corrupto mundo da indústria petrolífera, nossa ilha amazônica não ficou incólume aos efeitos do petrolão, esquema de desvio de dinheiro público dos cofres da Petrobras para beneficiar políticos do PT, PMDB, PP, PSDB e lá se vão tantos pês.

Nada mais normal do que o silêncio ensurdecedor das principais lideranças nacionais tucanas na repercussão da operação Lava Jato. Por mais que o governo Dilma e seu partido estejam comprometidos até o pescoço, a oposição está de mãos atadas e não pode tirar nenhum proveito político da situação, nem mesmo o início de um Fora Dilma.

A razão para isso é simples: as empreiteiras acusadas de integrar o esquema são as principais financiadoras das campanhas eleitorais desde que o Brasil é Brasil. E colocam dinheiro em todos os partidos, seja governo ou oposição. Investir na base aliada é a garantia de manutenção de seus negócios; na oposição, também.

É a chamada divida de gratidão. Como nossas campanhas milionárias não se fazem sem muito dinheiro, é natural que ele saia de algum lugar. E como se vê todos os dias no noticiário, o “petrolão” era o caminho da fartura. Esta dinheirama abastecia não só os comitês nacionais, mas também os Estados.

Com PT e PSDB sendo beneficiados e os dois protagonizando as disputas no Brasil e no Acre, era natural que estas doações por aqui desembarcassem. As notícias mais recentes, conforme as prestações de contas junto ao TSE, apontam as campanhas de Tião Viana (PT) e Márcio Bittar (PSDB) sendo financiadas pelas empresas da Lava Jato.

Nem mesmo Tião Bocalom com seu Democratas escapou. Como se vê, a indústria da corrupção não escolhe raça, cor ou ideologia partidária; vai da esquerda à direita, até ao centro. O caso colocou todos os políticos numa saia-justa, sem a condição de um apontar o dedo na cara do outro. Além disso, o país passou a conhecer como funciona o verdadeiro submundo do financiamento eleitoral.

E a péssima notícia é a de que tudo ficará como está, sem nenhuma alteração. A reforma política será tema de farpas da próxima eleição, com as empreiteiras jorrando dinheiro nos caixas partidários. Enquanto houver petróleo sendo retirado das profundezas do litoral brasileiro –e até da insustentável Amazônia – haverá a corrupção em nosso sistema político. 

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