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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Os dois lados da pensão

O tema da pensão paga aos ex-governadores em todo o país voltou à tona neste último final de semana em reportagem de “O Globo”. Segundo o jornal, 104 políticos recebem pensões vitalícias por terem exercido a função de governador em seus redutos. O fato de, em algumas vezes, ficar tão somente quatro anos no poder lhes garantiu tal benefício num país cuja desigualdade econômica é seu cartão de apresentação.

Entre estas figuras estão, óbvio, o hoje senador e ex-governador Jorge Viana (PT). O vianismo representa bem a excrecência que é o pagamento de pensão para ex-governadores. Eles que antes de chegar ao Palácio Rio Branco vociferavam contra o pagamento foram os primeiros a retomá-lo no apagar das luzes do primeiro mandato de Jorge Viana, entre 1998 e 2002.

Numa manobra espúria e contando com a maioria dos deputados aliados –mais alguns “oposicionistas” – o então governador garantiu sua sobrevivência merecida fora do poder por, segundo ele, ter arriscado a vida no combate ao crime organizado. Já em 2014, seu irmão Tião Viana (PT) também fez uso de sua fidelíssima base na Assembleia Legislativa para engavetar proposta que acabava com a pensão.

Mesmo com a simpatia da sociedade, o projeto não foi suficiente para render ao seu autor, Gilberto Diniz (PTdoB), a reeleição. Aliás, a oposição sofre de constrangimento agudo ao tratar deste tema. Na campanha de Márcio Bittar (PSDB) a pensão não foi tocada em nenhum dos programas eleitorais, tampouco citado nos debates.

O motivo é o fato de um dos principais aliados do tucano ser agraciado com este presentão. Se no governo Jorge acumula a pensão mais o salário de senador, na oposição o mesmo se repete com Flaviano Melo (PMDB). (Pensão + deputado federal). Além do mais, outro importante aliado de Bittar fez parte do conluio que ajudou Jorge a retomar o pagamento às custas do pobre trabalhador acreano.

Márcio Bittar teria tudo para tirar proveito deste tema, tão repugnado pelo eleitor. Enquanto deputado estadual na década de 1990 foi o autor da emenda que exterminava o benefício. Como deputado federal fez a mesma propositura, mas que perambula pelos corredores de um Congresso dominado por pensionistas sortudos.

Mas diante do comprometimento de aliados com esta causa, ficou de mãos atadas. Ou seja, o contribuinte acreano, que todos os anos desembolsa alguns milhões para sustentar esta imoralidade, fica sem alternativa a quem recorrer para por um fim a isso. O vianismo nem sonha em ficar sem pensão –ainda dando uma parte para o companheiro Binho Marques – e a oposição se lambuza com este doce oriundo das tetas do Estado.

Se toda moeda tem dois lados, a pensão de ex-governador no Acre idem...  

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