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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O “petrolão” atravessou o Madeira


Nunca antes em sua história recente o Acre se viu envolvido em tantos escândalos de corrupção na administração pública, num período de tempo tão curto. O primeiro mandato de Tião Viana caminha para se encerrar como um dos mais maculados por suposto envolvimento de seus membros em escândalos de desvio de conduta –e também de verbas.

Se antes a operação G7 não atingia a figura do governador tão diretamente –com um parente preso e ligações telefônicas suas com os indiciados – agora a população fica estarrecida ao ver o nome de seu líder reeleito no maior escândalo de roubo dentro da Petrobras, o “petrolão”.

A reportagem de “O Estado de S Paulo” revelando o até então desconhecido nome de Tião na lista de políticos beneficiados com o pagamento de propinas e a formação de caixa 2 abala as estruturas da política acreana e nacional neste último suspirar de 2014.

O caso vem à tona quando o caso G7 ainda fica mais no campo da dúvida do que da certeza. Até o momento o Ministério Público ofereceu denúncia apenas contra o sobrinho de Tião e outras pessoas acusadas de desviar recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). Já a questão de supostos desvios pelas empreiteiras do “Ruas do Povo” permanece coberta por nuvens carregadas.

Mas ambos os casos revelam a possível proximidade do governador com estas que se configuram como uma das principais beneficiárias de contratos com o poder público: as empreiteiras. E nesta relação vez ou outra surgem denúncias de corrupção.

O nome de Tião Viana constar na lista de delação premiada de Paulo Roberto Costa é gravíssimo e merece explicações ao cidadão. Já se sabe de que forma Viana teria sido beneficiado pelo esquema. Em seus 12 anos como senador ele obteve influência o suficiente para estar na mira dos operadores de troca de favores entre homens públicos de força política e uma parte do setor privado inescrupuloso.

E como revela a reportagem, baseada no depoimento do ex-diretor da Petrobras, ele aceitou participar desta troc . O petista tem tido discursos exemplares de defesa da ética e da lisura na administração estatal, arvora-se como um combatente intransigente da corrupção. Mas sua reação à G7 e o nome envolvido no “petrolão” colocam em xeque suas atitudes, entre o que sai de sua boca e as práticas.


Os acreanos precisam de declarações urgentes de seu líder maior. Afinal, fica a questão: teria este suposto benefício recebido pelo governador das empreiteiras da Lava Jato influenciado os resultados na eleição e reeleição de Tião Viana? Teria sido o processo democrático eleitoral corrompido com dinheiro desviado da Petrobras? Até que ponto a vontade do eleitor ficou descontaminada deste esquema?

O Acre já enfrenta eleições totalmente desconfiguradas do princípio da igualdade de disputa, com o governo fazendo o uso e abuso da estrutura do Estado, além de arrecadar bem mais junto ao empresariado. Já a oposição fica cortando o almoço para sobrar a janta.

Não bastassem estes fatores “naturais” agora há a denúncia de envio de dinheiro do “petrolão” para beneficiar determinadas candidaturas, ou outro uso qualquer. Não que a oposição fique imaculada, pois o PSDB, PMDB e PP também receberam doações destas mesmas empreiteiras da Lava Jato.

Como neste jogo não há santos, o importante mesmo agora é o cidadão acreano ter respostas do Palácio Rio Branco quanto ao seu suposto envolvimento com o “petrolão”. E também ao Ministério Público começar um pente-fino para saber como tal esquema teria operado em solo florestano.

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