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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Uma teocracia na floresta

Já há algum tempo venho escrevendo aqui no blog sobe a relação nada salutar entre lideranças evangélicas do Acre e a política –seja com o governo ou com a oposição. Aqui não se trata da política em seu conceito mais amplo. Como lidam diretamente com seres humanos e não seres espirituais, pastores e padres precisam dela para conciliar conflitos e evitar a dispersão do rebanho.
 
Mas a junção da religião se dá com a política eleitoreira, da troca de favores, do toma lá dá cá. Maior prova disso se deu agora na composição do segundo mandato de Tião Viana (PT). O mais absurdo dos casos foi a nomeação de um pastor para a direção do principal hospital da capital, o Pronto Socorro de Rio Branco.
 
Tal atitude se constitui um pecado não só ao princípio da eficiência na administração pública, mas uma afronta aos Céus. Afinal, qual a experiência deste cidadão em gestão hospitalar? Talvez um diploma? Ou será a razão da ciência no tratamento dos doentes será trocada por uma sessão de orações? 

Talvez este seja visto pelo governo como a solução para todos os problemas da saúde pública. Tal gesto mostra que o apoio destas lideranças religiosas não se dá de graça e nem pela Graça, por simpatia àquele político ou por gostar de seu programa partidário. 

Colocar o rebanho como cabos eleitorais de candidato A ou B tem um custo. No caso do governo Tião Viana é acomodar bem os pastores ou as suas indicações. O PT, que é um partido de “esquerda” se vê obrigado a cada dia a ceder as bandeiras liberalizantes, como casamento gay, descriminalização da maconha e aborto para não perder apoio destes homens de fé. 

Mais pior do que isso, já que o petismo há tempos se desfez de suas ideias esquerdistas mais radicais para chegar ao Planalto, é o balcão de negócios em que se transformou a estrutura do governo para acomodar pastores, bispos, missionários, diáconos que não fazem a mínima questão de fazer valer o ensinamento de seu líder maior, Jesus Cristo, que já dizia: A César o que é de Cesar, a Deus o que é de Deus. 

Para eles está valendo mesmo só se entregar a César. Afinal, o Estado é o paraíso.  

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