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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

JV está com medo da máquina


(Foto: Fabio Pontes/ago/12)
O ex-governador e atual senador Jorge Viana (PT), que até bem pouco tempo era eleito para qualquer cargo no Acre sem nem ao menos precisar ir à rua pedir voto (lógico que isso é uma hipérbole), agora está com receio do uso da máquina trabalhando a favor de seus adversários.

Logo ele que era conhecido como a máquina política mais eficiente do estado até bem pouco tempo, atropelando tudo e todos. E o adversário do petista não está do lado de lá, mas dentro de seu próprio partido, o PT.

Jorge Viana tem como adversário direto não o senador Sérgio Petecão (PSD) ou o ex-deputado federal Márcio Bittar (MDB), ambos na chapa de Gladson Cameli (PP). Este adversário é o presidente da Assembleia Legislativa, Ney Amorim (PT).

Pela primeira vez e em uma tacada arriscada, o PT decidiu sair numa chapa puro-sangue para o Senado. A legenda já chegou a ter dois senadores: Marina Silva e Tião Viana. Porém, ambos foram eleitos em eleições diferentes, não dividindo o mesmo palanque, com o voto casado.

Jorge Viana e Ney Amorim sabem ser muito difícil o eleitor acreano votar duas vezes no PT para o Senado. Nessa disputa, só um sobreviverá. Por isso, desde o começo do ano, eles vêm travando uma batalha nos bastidores, com torpedos sendo disparados de um lado para o outro.

O que mais tem irritado Viana é o modus operandi de Amorim. Aproveitando-se do cargo de presidente da Assembleia, com um orçamento de alguns milhões de reais, o também petista coopta qualquer liderança na capital e no interior. Aos poucos ele vem recebendo o apoio de prefeitos até da oposição, minando territórios de JV.

É lógico que esse apoio não é por amor à causa – que não sabemos qual é ela. Nos bastidores, os apoiadores de JV afirmam que Ney Amorim fará uma campanha milionária para o Senado, em tempos de vacas magras com o fim do financiamento empresarial e o uso exclusivo do fundo eleitoral.

Enquanto isso, o senador promete fazer uma campanha quase franciscana, apenas com o seu time mais próximo, apostando muito mais na fidelidade de seus eleitores, que o reconhecem nas urnas por suas passagens pelo governo do Acre e a prefeitura da capital.

Mas nem de todo JV fará uma campanha com o pires na mão. Uma das possibilidades de uso de dinheiro nessa eleição é o autofinanciamento, com o uso dos próprios recursos e bens para bancar os custos da campanha.

O petista não é o mais pobre entre todos os homens. Desde 2006 recebe uma pensão de ex-governador, que a acumula com a de senador desde 2011. É lógico que isso não se compara com uma estrutura de poder quando se tem o comando de um dos Poderes.

Ainda mais com a fama de JV de não ser o tipo de político de torrar o seu dinheiro, sobretudo com a “aquisição” de apoiadores.

Infelizmente nesse duelo todo quem mais perde é o eleitor – em especial aquele que não se vende, e escolhe seu candidato a partir de análises subjetivas. O bom mesmo é que o dinheiro não faça a diferença na hora do voto. Às autoridades eleitorais – TRE, MP Eleitoral e PF – caberá fiscalizar e punir eventuais derrames de grana em tempos de financiamento público.   

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