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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O suplício (parte II)

Depois da obra “O Suplício de Anibal Diniz”, agora o médico e governador Tião Viana (PT) tem uma nova obra: “O Suplício de Jorge Viana”. Logo no prefácio o autor aponta o diagnóstico de seu irmão: ele está sofrendo da SFP (Síndrome da Falta de Poder). Os sintomas são notórios e perceptíveis no vice-presidente do Senado (nem este cargo foi capaz de amenizar os efeitos deste distúrbio).

Não só Jorge está com a patologia, mas todos os seus companheiros que ocuparam funções de poder durante seus 12 anos à frente do Palácio Rio Branco –aí somando os seus dois mandatos mais o de Binho Marques. Os ex-secretários de Jorge vão chorar em seu ombro reclamando de estarem abandonados na gestão de Tião, sem o poder da caneta na mão.

Se o senador vai à TV choramingar espaço na gestão do irmão e dizer que o pobre Carioca passou dos limites, é pela razão de a SFP causar sérios transtornos. Mas se hoje Jorge carrega esta cruz, ele apenas colhe os frutos das sementes plantadas.

Pessoas próximas ao governador são categóricas: quando senador, Tião Viana passava pelo menos constrangimento de não ter espaço no governo Jorge e Binho, mas nunca tornou suas mágoas públicas.

Era comum ver e ouvir Tião reclamar da falta de prestígio de seu mandato no Senado dentro da irmandade governamental. Para seu mandato não ficar apagado, Tião Viana precisava executar agendas paralelas para dar visibilidade às ações de suas emendas parlamentares.

O agora governador chegava a pedir favores aos secretários do passado para que suas emendas fossem citadas nas solenidades ou entrevistas.

Ao subir as escadarias do palácio em 2011, Tião decidiu dar o troco no irmão e em todo o seu grupo. Não aproveitou nenhum dos secretários de Jorge, procurando deixar sua marca na gestão. Pôs a “florestania” na gaveta e colocou em prática seu estilo desenvolvimentista, apostando na agricultura e a industrialização –que até agora o efeito é zero.

Para os aliados de Tião, não há motivos para Jorge Viana hoje sofrer da SFP, pois o governador apenas executa uma máxima da política: a reciprocidade. A Jorge Viana cabe apenas se contentar com a situação, controlar a SFP e não tomar as rédeas da situação, deixando a liderança do processo de 2014 com o irmão, e não tornar público suas reuniões com dirigentes partidários, como a ocorrida neste domingo com o PSDC. Tais atitudes podem transparecer a Tião como uma ingerência em sua função, contribuindo para um clima ainda mais ruim.

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