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terça-feira, 5 de novembro de 2013

A “democracia” radical de Tião

A expressão “valores democráticos” soa na boca do governador Tião Viana (PT) como uma ópera jamais sonhada pelos maiores nomes da música. Mas na prática as atitudes dele revelam um político nada capaz de tirar estes mesmos valores democráticos das partituras.

A eleição do PT é um exemplo disso. A simples escolha do novo presidente de seu partido virou uma questão de vida ou morte para ele. Usando e abusando da estrutura da máquina, pressiona os militantes petistas (principalmente aqueles filiados para garantirem cargos) a votarem no seu assessor especial, o sociólogo Ermício Sena.

O primeiro erro dele, como diz o fundador do PT, Abrahim Farhat, o Lhé, foi tornar público seu apoio a Ermício. Vendo-se às voltas com a crescente candidatura de Sibá Machado, reunindo os chamados petistas orgânicos relegados à sorte na atual executiva, o governador sabe que uma derrota de Ermício seria um desastre político para ele.

Mas Tião não precisa se preocupar. As ameaças feitas por seu emissário, Francisco Nepomuceno, o Carioca, aos cargos comissionados é direta: todos devem votar em Ermício. Agora por meio de notinhas pilhérias, o Palácio Rio Branco faz ameaças até a um influente secretário de Estado e a um deputado federal.

Até o prefeito Marcus Alexandre (PT) recebeu broncas por –numa atitude verdadeiramente demorática – liberar seus secretários para votarem em quem quiser.

Tião Viana parece ser da mesma escola democrática de Hugo Chávez e seus caudilhos na América Latina. Só votar não significa a democracia plena. É preciso haver a disputa, o confronto de ideias, a liberdade de expressão, a capacidade de fornecer às minorias o poder de contestação e participação.

Se Tião e seus emissários agem de forma truculenta num simples processo eleitoral do PT, o que dirá nas eleições de 2014. (É possível até o fechamento da imprensa).

Tião Viana não precisa ter medo de quem será o novo presidente do PT. Sendo Ermício ou Sibá, nenhum deles colocará o partido no palanque de...Tião Bocalom. Sua ingerência, ao contrário, está contribuindo para deixar os militantes da velha-guarda descontentes e o partido ainda mais dividido.

Seria mais prudente se o governador colocasse todas as correntes do partido à mesa para conversar. Saber o motivo que levou o grupo a formar uma candidatura competitiva, corrigir os erros e fazer os encaixes políticos certos. Esta é a verdadeira democracia, não usar cargos e ameaças para fazer valer a vontade pessoal. 

O PT poderia sair bem maior desse processo caso os “valores democráticos” fossem verdadeiramente cumpridos, mas o principal partido do Acre tende a se apequenar com esta atitude vinda de seu líder mais importante.

Tião Viana não pode ser tão radical quanto a sua democracia radical 

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