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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A Veneza sem beleza

É inegável que um dos grandes trunfos das novas tecnologias –em particular a internet – foi reduzir as distâncias entre os homens. Como no conceito de Marshall McLuhan, nos transformamos numa aldeia global.

Por meio dela, línguas, povos, culturas e nações estão conectados. Isso permite, por exemplo, que eu estando aqui no meio da Floresta Amazônica, possa ler a versão impressa dos grandes jornalões brasileiros disponíveis na selva de pedra.

Graças à cabeça genial de Steve Jobs, posso “folhear” as páginas de uma “Folha de S Paulo” ou de um “O Globo” no meu Ipad. Como leitor assíduo do noticiário político nacional e internacional, chego à conclusão de que mesmo nós estando “perdidos” no meio do nada, onde o vento faz a curva, tudo é muito semelhante da Groelândia a Madagascar –pelo menos no aspecto político.

Um caso bastante similar do Acre é a nossa vizinha Venezuela. Lá, há 15 anos, os venezuelanos convivem com a ditadura do partido único e a política do personalismo. Aqui no Acre também estamos há 15 anos vivendo com o monopólio do PT no governo, com o Vianismo não mostrando a mínima disposição de largar o osso.

Na Venezuela o domínio está nas mãos do chavismo, mesmo com seu principal líder morto desde março. Hugo Chávez não está entre nós, mas de vez em quando aparece para seu sucessor dando orientações para a política econômica de um país caminhando para o abismo.

Os petrodólares não são mais capazes de livrar a Venezuela do caos. A inflação está descontrolada, faltam alimentos e o fornecimento de energia é racionado. Nicolas Maduro, herdeiro político de Chávez, vive no mundo da fantasia. Acredita estar no país das maravilhas e culpa a frágil oposição por qualquer problema em seu governo.

Alguma semelhança com o Acre? Sim, assim é Tião Viana e seu histrionismo por estas bandas do Brasil. Tião Viana, assim como seus antecessores Binho Marques e o irmão Jorge Viana, acredita que o Acre é o melhor lugar para se viver do Planeta. Por aqui não há pobreza, o sistema de saúde está uma maravilha, temos as melhores escolas e todos os acreanos estão bem empregados, com salários justos.

Há 15 anos, acreanos e venezuelanos, são tentados a se convencer de que seus governantes são os salvadores da pátria, com os “inimigos” sendo a escória da humanidade.

Em 2006 escrevi um artigo comparando o governo de Jorge Viana e Hugo Chávez. O modelo de regime antidemocrático era o mesmo, com ambos solapando as instituições, a imprensa e com o único projeto de permanência no poder.

Passados sete anos, nada mudou. O Acre e a Venezuela continuam siameses. Estamos no Estado mais pobre do país, mas as ações faraônicas de Tião Viana quer nos fazer acreditar que em breve teremos um PIB chinês. O Bolsa Família assegura a permanência do Vianismo numa sociedade pobre, manipulada por uma imprensa cega.

Na Venezuela, os petrodólares também garantem ao chavismo a sobrevivência por meio da distribuição de dinheiro para os menos favorecidos, sem, contudo, lhes garantir uma alternativa para sair da miséria.

Para estes dois grupos políticos, não há o mínimo interesse neste sentido, pois garantir a autonomia econômica aos pobres seria a perda da manipulação, o que acabaria com as ditaduras legitimadas pela democracia do voto –no nosso caso, obrigatório, no de lá, facultativo.    

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