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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Essa família é muito unida...


A operação G7, além de ter como efeito a revelação de um suposto esquema fraudulento de desvio de verbas públicas, também serviu para trazer à tona um dos principais problemas do Acre: as relações de parentescos que interligam as instituições e os poderes, comprometendo o correto funcionamento do Estado democrático de Direito.

No Acre funciona assim: Beltrano do órgão X é filho de Fulana que comanda a instituição Y, enquanto Cicrano é secretário de B e é genro da Mariazinha, que chefia a entidade C. Estas relações umbilicais, matrimoniais e de compadrio contaminam e desfiguram o poder do Estado, que fica a serviço deste pequeno grupo.

Este comprometimento ficou latente quando mais da metade do Tribunal de Justiça do Acre ficou sob suspeição para julgar o processo que envolve os grandes empresários e secretários do Estado. É vergonhoso para os acreanos saber que grande parte de seus desembargadores está inapta a julgar um dos maiores escândalos políticos do Acre.

A reportagem do jornal “O Estado de S Paulo” que mostra o encontro do indiciado Narciso Mendes com o desembargador Pedro Ranzi e a procuradora-geral de Justiça, Patrícia Rêgo, revela bem o grau de comprometimento de nossas instituições.

No direito é comum o encontro entre magistrados e procuradores com as partes. Mas Narciso Mendes precisou recorrer a um forte lobby para se encontrar com Patrícia: seu pai, o secretário de Relações Institucionais do governo Tião Viana, José Fernandes do Rêgo.

Narciso Mendes é uma das figuras-chave do atual governo e tem boa interlocução com Fernandes, o que facilitou seu acesso à Procuradoria Geral de Justiça do Acre. Patrícia Amorim já declarou que seu grau de parentesco nunca foi empecilho para atuação imparcial do Ministério Público.

Segundo ela, até para garantir a lisura da G7 se afastou do caso e o deixou a cargo de outros procuradores. Muitas são as queixas de que a operação G7 passou a largo do MP acreano.

A Polícia Federal centralizou as investigações em si; talvez a decisão de não envolver o órgão no processo se deu após uma passada de olho simples nos sobrenomes daqueles que estão na condução dos rumos políticos e jurídicos do Acre.  

E é assim, com tio, tia, primo, papai e mamãe que no Acre nós vamos fingindo ser um Estado democrático de Direito e a grande família vai ditando os rumos de nosso futuro...

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