Páginas

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O etanol é nosso

Uma importante notícia para o Acre e que passou desapercebida em meio ao noticiário dos escândalos de corrupção é a autossuficiência do Estado na produção de etanol. Se no passado a sucateada Alcobras serviu apenas para enriquecer os cofres alheios, agora a renovada Álcool Verde promete deixar o mercado acreano de etanol independente da importação.

Em tempos de sérias consequências na mudança climática, o Acre pode dar exemplo para o Brasil no uso de combustíveis biodegradáveis.

As primeiras experiências acreanas na produção de álcool datam do final da década de 1980. Naqueles idos, a Alcobras prometia ser a mola-mestra do setor no Estado. Mas como em tudo daqueles tempos, a empresa estatal não ficou ilesa da atuação dos corruptos, e sucumbiu.

Assim como há quase 30 anos, a cana-de-açúcar está concentrada em Capixaba, município localizado a 60 km de Rio Branco, e uma das principais fronteiras agrícolas do Estado.

A autossuficiência em etanol para o Acre pode representar a consolidação da convivência entre o agronegócio e a Floresta Amazônica. A cana ocupa uma área de campo degradada, onde antes só servia como pastagem para o gado. O Acre pode expandir sua produção sem a necessidade de entrar na floresta.

Mas não podemos incorrer no erro da monocultura. O governo precisa estar atento a este problema. Nossa tímida produção de grãos tende a ficar comprometida caso os produtores se entusiasmem demais com a febre do etanol.

Em 2014 a Álcool Verde pode chegar à produção de 14 milhões de litros de etanol –equivalente a 7,5 milhões de toneladas. Juntos, os grãos colhidos no Acre não chegam a metade desta quantidade. No campo, a carne lidera isoladamente os negócios do campo.

Com tanta cana pronta para ser transformada em etanol, caberá ao governo local adotar políticas de incentivo para os motoristas acreanos substituírem a poluente gasolina pelo combustível mais limpo.

Como o preço do álcool não é vantajoso diante da gasolina, o governo precisa adotar medidas para tornar o combustível mais atraente na bomba. Ao alcance do Estado está a redução do ICMS, hoje um dos principais fatores que leva os acreanos a pagar um dos valores mais altos.

A notícia é boa, mas é uma faca de dois gumes. Há a certeza de menos poluentes na atmosfera, mas há a ameaça de expansão da cana Amazônia adentro, além do comprometimento na produção de alimentos –só inchando nossa dependência da importação dos produtos mais básicos.

Com o governo estão as rédeas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário