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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Viana x Bittar

Uma análise fria do que foi o primeiro turno das eleições para o governo do Acre mostra que as chances de vitória do tucano Márcio Bittar sobre o petista Tião Viana são bem maiores –mesmo que a diferença entre ambos seja de menos de 1.000 votos. Isso, óbvio, dependerá do comportamento de cada candidato nos 20 dias de segundo turno. A razão para o favoritismo de Bittar é simples: a votação recebida por Viana no domingo representa o limite do limite do eleitorado pró-governo.  

Sua única possibilidade de crescer é tirar votos da oposição (um fator complicado ante o alto sentimento antigoverno), convencer os votos nulos a apostar no 13 e conquistar aqueles que não foram votar domingo a ir à urna dia 26. Uma verdadeira operação de guerra. 
  
Já Bittar receberia naturalmente os 19% de votos de Tião Bocalom (DEM), o que já garante o empate com o atual governador e seus 49%. A tendência mais lógica –com a imprecisão da ciência política – é que os eleitores de Bocalom migrem para Márcio Bittar (PSDB). Quem optou pelo ex-prefeito de Acrelândia carrega o mesmo sentimento de rejeição ao petismo do eleitor de Bittar. 

A união forçada da oposição nesta nova disputa pode favorecê-la dentro daqueles eleitores que pregam de forma veemente esta unidade para derrotar o PT, mas que se vê descrente com o jogo de egos destes grupos. A insatisfação do eleitor com este racha oposicionista o leva a optar pelo PT por não ver segurança suficiente para entregar o governo a opositores que não conseguem se unir em torno de um projeto. 

Nos últimos 16 anos o acreano passou por uma lavagem cerebral de unidade da Frente Popular que só existe para inglês ver. Esta mesma união é apontada como o sucesso das gestões petistas que tiraram o Acre do buraco deixado “por esta oposição que está aí querendo voltar”.  A Bittar cabe a tarefa de conquistar o eleitorado que vota no PT “porque é o jeito”. 

Se a oposição corrigir os erros do primeiro turno, mostrar unidade e transmitir segurança ao eleitor mais conservador, a possibilidade da vitória tucana é real. Esta engrenagem é a chave para o fim do ciclo do petismo.  

Além do mais, Bittar terá em seu palanque um senador eleito, Gladson Cameli (PP), cuja principal função será distribuir abraços e beijinhos para o eleitor –o que assegurou sua lavada sobre Perpétua Almeida (PCdoB). 

Por seu lado, Tião Viana (PT) terá o peso da máquina para se livrar do pesadelo da derrota. A principal estratégia é desidratar a oposição, apontando os seus erros, os pecados do passado e partindo para o que sabem fazer de melhor: a desconstrução do adversário com os métodos mais sórdidos. (Vide o caso Marina Silva). 

Além disso, o Palácio Rio Branco tende a começar a operação de cooptação dos candidatos a deputado estadual e federal das coligações de Bittar e Bocalom derrotados domingo. O mesmo que aconteceu em 2012 para assegurar a dramática vitória de Marcus Alexandre (PT), quando o poderio da máquina ofereceu mundos e fundos até para candidatos de 30 votos –só para enfraquecer Bocalom. 

As cartas estão na mesa. O jogo será jogado. A cada lado está lançada a sorte de conduzir as melhores articulações.  

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