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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Carta ao Povo Acreano

O candidato do PSDB ao governo do Acre, Márcio Bittar, tem enfrentado neste segundo turno uma das maiores investidas já realizadas pela Frente Popular para desconstruir a candidatura e a imagem de um adversário. Talvez ofensiva semelhante só a patrocinada contra Tião Bocalom (DEM), também no segundo turno pela prefeitura de Rio Branco, em 2012. Assim como há dois anos, o PT nunca tinha se sentido tão ameaçado em perder uma cadeira importante quanto agora.

Bittar tem sofrido todo o tipo de ataque. A militância vermelha espalha boataria pelos quatro cantos do Estado, apresentando o tucano como um retrocesso. Sua vitória seria o fim do Bolsa Família, o abandono da Cidade do Povo e Ruas do Povo, a demissão em massa de terceirizados e cooperados. No debate de quarta ficamos sabendo –vejam só – que também vai privatizar a nada lucrativa OCA.

Para enfrentar este tsunami de boatos que acabam por virar verdade –afinal, uma mentira contada tantas vezes torna-se verdade – Bittar passou a adotar estratégia semelhante à de um petista, isso há doze anos. A chamada Carta ao Povo Brasileiro foi essencial para assegurar a vitória (enfim) de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 2002. Aproveitando oito anos de desgaste de governo FHC, Lula liderava todas as pesquisas.

Porém, enfrentava a resistência do mercado. A cada crescimento nas sondagens as bolsas caiam, o dólar subia e a economia ia pela lona. Para reverter estes efeitos, Lula redigiu a carta assumindo o compromisso de não alterar em nada as bases da política econômica implementada nos governos tucanos. Com este sinal, Lula ganhou a simpatia do mercado e teve caminho livre para o Planalto.

A pergunta agora é: terá Márcio Bittar o mesmo efeito de Lula? Numa espécie de Carta ao Povo Acreano, registrada em cartório, ele se compromete a não fazer nada daquilo que seus oponentes espalham por aí. Assegura a manutenção do Bolsa Família (algo que como governador jamais poderia eliminar), manter os contratos de terceirizados e cooperados, concluir as atuais obras e não atrasar o pagamento dos salários.

Num Estado pequeno, de conversa de pé de ouvido, onde uma conversa sempre é aumentada, o tucano tem um desafio enorme. Ele terá até sexta, dia do último programa eleitoral, para massificar a mensagem de sua carta, e fazer seus principais pontos ecoar entre aqueles que foram “contaminados” pela boataria.

Se tudo sair como o previsto, mais uma vez teremos uma carta que entrará para a história da política. Se antes ela foi usada pelo PT para derrotar o PSDB, o efeito agora seria o inverso.

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