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domingo, 26 de outubro de 2014

A máquina pesa, companheiro

Após mais uma disputa campal e quase sanguinária, o PT assegurou o seu quinto mandato à frente do governo acreano. Com isso, o partido que teve como um de seus maiores militantes a ex-senadora Marina Silva, chegará a um ciclo de 20 anos na nossa hegemonia política. Depois de uma vitória apertadíssima em 2010, Tião Viana (PT) não conseguiu reverter a rejeição ao petismo em seus quatro anos de governo. Prova maior disso foi a realização do segundo turno deste domingo.

Para um líder que afirmava aos quatro cantos ter 90% de aprovação popular partir para uma campanha agressiva contra os opositores, uma outra vitória apertada, numa diferença de 10 mil votos, mostra que, não fosse o peso sufocante da máquina do Estado, certamente o partido teria chegado ao fim do ciclo nesta eleição.

Dizer que Tião Viana fez um governo ruim seria injusto. O mais certo seria um governo atabalhoado, confuso e, em alguns pontos, hilário. Traumatizado com as urnas de 2010, procurou redesenhar a roda por uma reeleição mais tranquila. Para isso, tomou para si as principais bandeiras de seu adversário, Tião Bocalom (DEM). Deixou a “florestania” do irmão Jorge Viana (PT) de lado e adotou uma linha mais “desenvolvimentista”, investindo pesado no campo.

Foram vários projetos de Norte a Sul do Estado. Tomou para si a Bocalândia e fez a Cidade do Povo. O Ruas do Povo serviu para conquistar a simpatia do eleitor abandonado na lama e na poeira. Mesmo com todos estes investimentos Tião não foi capaz de amenizar a fadiga de material da gestão petista. A eleição para a prefeitura de Rio Branco foi outra guerra épica, com a vitória de Marcus Alexandre (PT) sendo  possível somente com muito uso da máquina.

O PT montou uma estrutura de dominação do Estado que lhe assegura a permanência no Poder. Uma legião de acreanos depende diretamente de milhares de cargos pagos pelo governo e prefeitura. E sabemos que a cada eleição estas pessoas são obrigadas a empunhar a bandeira pelo candidato de plantão caso não queiram perder o emprego. Estes 10 mil votos de diferença representam bem isso.

Temos uma sociedade acreana bastante dividida, o que é simbolizado pelos resultados desde 2010. É somente com a dominação destes cargos políticos que o petismo tem conseguido a sua sobrevivência. Mas isso faz parte do jogo. O uso da máquina ocorre por todos os partidos, em menor ou maior grau. Os tucanos não dominam São Paulo há mais de 20 anos por serem bonzinhos.

O governo ganha perdendo (se bem que o importante é vencer). Obteve uma reeleição no sufoco e perdeu mais uma cadeira para o Senado. O PT pode comemorar a dominação na Assembleia Legislativa e nos demais Poderes do Estado. É esta dominação, que não poupa Legislativo, Judiciário e outros que também assegura esta sobrevivência.

O futuro da oposição? 2014 mostrou que a sua divisão não é a melhor das opções. Ou se unem de fato numa grande frente partidária e trabalham para a construção de um projeto seguro, ou continuarão a bater na trave e deixar que a vontade de mudança do eleitor seja derrotada pela força abrupta do aparelho estatal.

Que venha 2016!  

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