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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Um apagão de memória

Após ficar mais de duas horas sem energia elétrica e só a solar queimando a minha cuca durante a manhã, estou eu aqui de volta a escrever alguma coisa de inútil para vocês –isso se uma nova mucura não se “atrepar” no linhão e nos deixar penando de novo. Apagão por apagão, nós aqui no Acre estamos acostumados a este péssimo serviço de fornecimento de energia –pagamos por uma luz cara e de baixa confiabilidade.

O apagão desta quinta serviu como um antídoto para não termos um apagão de memória de nossos velhos problemas de sempre, por mais que a campanha da Frente Popular tenha, por 45 dias no rádio e na TV, tentado nos fazer acreditar que moramos numa Veneza amazônica. E o mais triste é nos lembrarmos que, de nossos candidatos ao governo, ouvimos poucas propostas para a solução de nossos problemas mais básicos.

Ao contrário, ouvimos muito engodos, como o da quase universalização no acesso à agua tratada e coleta de esgoto, 16 parques industriais num Estado carente da oferta de emprego. Enquanto a oposição promete não deixar roubar, todos os dias somos roubados pelas empresas de energia, telefonia...

Enquanto outros falam em enxugar a máquina, nossos celulares transformam-se em máquinas obsoletas com serviço de transmissão de voz e dados precários. Estes são os problemas mais corriqueiros e que somos capazes de driblar com o nosso jeitinho brasileiro.

O problema é o nosso “apagão social”, com pessoas levando até seis meses para um atendimento com especialista na rede pública de saúde. Dias desses um taxista me contou seu caso. Precisava de uma consulta com especialista. Ao ir ao hospital foi informado de que os pacientes de março ainda estavam na fila de espera para serem chamados. Ele, como deu entrada em junho, sabe-se Deus quando.

Moramos num Estado pobre, onde os cidadãos mais pobres são submetidos aos mais variados tipos de violência. A mesma violência que leva a elite a transformar suas mansões em bunkers. A solução? Se o povo nos der mais quatro anos iremos ver o que dá para fazer, já são 16 anos de poder e não temos muita pressa mesmo. E se ganharmos a eleição? Chegando lá veremos o que é possível.

E assim, a cada eleição, nossos apagões de memória na frente da urna nos levam a continuarmos a viver na Terra do Sempre.

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