Páginas

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Erro de cálculo

Uma passada esta manhã pela Assembleia Legislativa, na primeira semana após a votação de domingo, mostrou um clima de velório no Parlamento estadual, após a lavada que o povo decidiu fazer nas cadeiras. A renovação de 75% revelou o sentimento de insatisfação do eleitor com a atuação desta legislatura –a pior desde o processo de redemocratização do país. Se esta renovada foi excelente para o cidadão, saiu péssima para Tião Viana (PT) e suas pretensões de reeleição.

A afirmação parece contraditória quando o PT fez cinco deputados estaduais –a maior bancada. A Frente Popular obteve a maioria, com 15 cadeiras, assegurando ao Palácio Rio Branco boa governabilidade. Mas, então, por que o resultado do Legislativo foi péssimo para o Vianismo?

Eleger cinco deputados estaduais trouxe um alto custo para a campanha de reeleição de Tião. Houve um erro de cálculo que fará o partido abrir as torneiras para assegurar a lealdade de importantes apoiadores. O PT tinha como aliado de coligação o PEN (Partido Ecológico Nacional), que chegou a ter a maior bancada com sete deputados, e agora tem cinco.

Destes, três tentavam a reeleição: o presidente da Casa, Élson Santiago, o líder de Tião Viana, Astério Moreira, e o líder do governo nas horas vagas, Jamyl Asfury, tamanha sua bajulação ao Executivo. Todos pleitearam a aliança com o PT, vista como a melhor opção, e esperavam todo apoio do Palácio Rio Branco como retribuição à sua lealdade cega –transformando o Parlamento numa susecretaria petista.

Mas não foi o que aconteceu: o PT acionou a máquina para eleger os seus candidatos, deixando os deputados do PEN despenados; nenhum se reelegeu. A situação é considerada como o maior erro político no Acre já cometido nos últimos anos. O fato é que o PT esperava ter a reeleição de Tião já no domingo, o que liquidava os deputados que eles tinham como alvo, fazendo o governador chegar a 2015 reinando absoluto.

O segundo turno era uma ideia remota para os petistas. Aliás, ela nem se passava pela cabeça. A postura agressiva desagradou até alas dentro do PT. Para alguns grupos, o partido e a estrutura do governo estiveram focados somente na eleição dos apadrinhados da Democracia Radical, (DR), a tendência majoritária da legenda, deixando as demais ao leu –não o de Brito.

O único eleito fora deste grupo é Jonas Lima, da Democracia Socialista (DS). Nos bastidores da Aleac há ainda a informação de que os governistas trabalharam duro pela não reeleição de alguns deputados apontados como indigestos, incluindo Eber Machado (PSDC) e Edvaldo Souza (PSDC).

O desafio do governo vai ser convencer os grupos políticos de todos os deputados abandonados e liquidados da Assembleia a se dedicarem com afinco na ameaçada campanha de reeleição de Tião Viana.

A dúvida é saber quanto isso custará. A máquina do Estado já está inchada de indicados partidários. Oferecer cargos para parlamentares acostumados com o gostinho poder nas mãos, será como oferecer migalhas.

Ou o governador equaciona este problema, ou pode ver a debandada de apoios políticos importantes irem para o lado tucano, como forma de retaliação à operação política mais desastrada dos últimos tempos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário