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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A TV desligada

Confesso para vocês que o meu interesse pelas eleições 2014 tem sido o menor possível. Este desinteresse revela-se tanto na corrida pelo governo do Acre como pelo Palácio do Planalto, mesmo com a alta possibilidade de uma acreana estar no comando do país em 2015. Mas o nível de nossos políticos tem estado tão ruim que a melhor opção é ficar afastado de toda essa “guerra santa” da briga pelo poder.

Se em outras eleições preparava até pipoca com guaraná para assistir ao programa eleitoral, desta vez a televisão passou a maior parte do tempo desligada. Nem os debates foram motivo de atração. O eleitor não confia mais no que o candidato do poder diz –já que não cumpriu nada do que prometeu há quatros anos – e tem muitas dúvidas sobre as promessas da oposição de recriar a roda.

Além das agressões a que somos submetidos nestes debates. No desta terça, organizado pela Rede Globo para o governo do Acre, por exemplo, me recusei a ficar no sofá e decidi dormir quando o candidato à reeleição Tião Viana (PT) teve a ousadia de dizer que 92% da população têm acesso a água tratada, e outros 70% a coleta de esgoto.

Nossos municípios estão sempre nas últimas posições nos rankings de saneamento básico, e falar algo desta natureza é um atentado ao cidadão que, enquanto assistia ao debate, tinha que suportar o fedor do esgoto na porta de casa –se bem que duvido que um cidadão nestas condições iria perder tempo vendo o debate.

Já Tião Bocalom (DEM) continua acreditando no Acrelândia Way como melhor forma de nos transformar na potência emergente do Brasil –segundo Tião Viana ele faliu até uma autoescola da família (aquele momento de descontração). Bocalom cita informações desencontradas sobre previdência (sem saber se é a estadual ou federal) e só fala em resolver os problemas sem explicar como.

Para ele, seu grande trunfo é não deixar roubar, como se já não fosse obrigação de qualquer homem público combater a corrupção.

Neste meio caminho sobra Márcio Bittar (PSDB) com propostas que ainda não conseguem convencer, sobretudo na área da saúde. Mas ainda consegue transmitir segurança ao eleitor com ações de gestão básicas, como reduzir o tamanho da máquina para sobrar recursos em setores essenciais.

Entre um candidato que não cumpriu suas três principais promessas de governo –asfaltar todas as ruas do Estado, terminar a BR-364 e entregar 10 mil casas populares – e outro que promete acabar com a fome no mundo sem dizer como, o tucano Bittar surge como o menos ruim.

Com um cenário destes, outro motivo não justifica a falta de interesse do eleitor pelo processo de escolha de seus representantes. A TV desligada é a melhor forma de termos a certeza de que não seremos vítimas de propaganda enganosa a partir de 2015.

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