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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Alguém viu o PCdoB por aí?

A  realização do segundo turno no plano nacional e local, mais o nocaute dado por Gladson Cameli (PP) em Perpétua Almeida (PCdoB) pelo Senado, tem feito com que eleitores e analistas deixem de avaliar como fica o futuro do maior aliado do PT no Acre, o Partido Comunista do Brasil, PCdoB.

Apontada como uma das principais forças políticas do Estado, a legenda vem, a cada eleição, diminuindo seu espaço, ou mantido o tamanho que lhe é peculiar. O PCdoB termina 2014 do mesmo tamanho de quando começou sua formatação no Acre, há 24 anos. Em 19990 os camaradas elegeram Sérgio Taboada para a Assembleia Legislativa, no mesmo “blocão de esquerda” que levou os petistas Marina Silva e Nilson Mourão.

O maior auge vermelho talvez tenha sido nestes últimos quatro anos. O PCdoB tinha dois deputados estaduais, uma deputada federal e um de seus fundadores, Edvaldo Magalhães, naquela que pode ser tida como a mais importante das secretarias do governo Tião Viana (PT), a de Desenvolvimento e Indústria. (Tal posição ocasiona ainda ciumeiras dentro do petismo).

O PCdoB acreano sofre do “complexo de majoritário”. Nunca passou de cargos no Legislativo. Sua primeira aposta foi em 1996, quando rompeu com o PT do prefeito Jorge Viana para brigar pelo comando da capital. O resultado foi patético e o PMDB elegeu Mauri Sérgio.

Reatada a relação com o PT, os camaradas foram fieis aliados dos governos petistas. Nos dois mandatos de Jorge Viana no Palácio Rio Branco, Edvaldo Magalhães foi seu líder de ponta a ponta, sem recuar, sem cair e sem temer. A lealdade lhe rendeu a presidência da Assembleia Legislativa no governo Binho Marques (PT).

Foi na condução do Parlamento que dava seus primeiros passos para uma candidatura majoritária. Seu objetivo era uma das duas cadeiras do Senado disponíveis em 2010. Fez uma gestão moderna na Assembleia, concentrou superpoderes (chegou a ser chamado de governador paralelo a Binho) e construiu suas bases para o voo solo.

Mas o momento político não era da Frente Popular. Mesmo tendo como principal cabo eleitoral o carismático e popular Jorge Viana, o camarada não decolava. A segunda cadeira era da oposição. E quem a ocuparia? Sérgio Petecão (PSD), presidente da Assembleia do Acre nos dois mandatos de....Jorge Viana.

Edvaldo perdeu e a mulher, Perpétua Almeida, obtinha a segunda reeleição para a Câmara. Fechadas as urnas já se falava em 2012. O PT estava como carta fora do baralho. Os principais nomes para disputar a prefeitura de Rio Branco eram os do quase governador Tião Bocalom (DEM) e Perpétua Almeida.

PT e PCdoB, então, começaram uma guerra interna dentro da Frente Popular. Perpétua reivindicava o direito do partido de ter uma cadeira num Executivo importante. Os camaradas diziam que já tinham cedido demais para o PT. A legenda de Tião, porém, não recuou um centímetro. Ao PCdoB restou a vice e à Perpétua fazer corpo-mole na campanha de Marcus Alexandre –vindo a declarar apoio somente no segundo turno.

Foi tal postura que fez, agora em 2014, muitos petistas declararem empenho total na campanha dela para o Senado, “mas só no segundo turno”. O fim desta história já conhecemos. Pela segunda vez consecutiva o PCdoB perde uma cadeira para o Senado, deixando a oposição com a maioria, não fez o sucessor de Perpétua na Câmara, e lhe restou apenas um deputado na Assembleia –este sem nenhuma ligação com os grupos dominantes da legenda.

Nos bastidores fala-se em vingnça comunista agora na eleição do segundo turno, uma espécie de empenho de faz de conta na campanha de Tião Viana. Tal postura é pouco provável, pois a eventual vitória de Márcio Bittar (PSDB) implicaria numa onda de comunistas abarrotando as agências da Caixa em busca do seguro deemprego. Então, o melhor é dar aquele abraço nos companheiros petistas para não ficarem na rua da amargura.

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