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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O saudoso regime militar?

Mensalão petista, mensalão tucano, petrolão, trensalão. São tantos “ãos” ligados a corrupção, que o brasileiro está enojado de ler o noticiário. A cada dia as coisas só pioram. É dinheiro na cueca, na meia, é dinheiro percorrendo os oleodutos da Petrobras que ninguém sabe mais quem é quem neste jogo todo.

E justo num dos momentos mais importantes de nossa história, quando vamos às urnas escolher o futuro presidente da República, percebe-se um pensamento estranho na nossa sociedade.

Pode ser um caso ali e outro acolá, mas parece ganhar força a cada manchete de um político flagrado surrupiando os cofres da nação: a simpatia das pessoas pelo regime militar que dominou o País entre 1964 e 1985. “Naquele tempo não existia isso”. “Se o cara roubasse era punido”. “Tem que fechar esse Congresso e colocar o Exército na rua.”

São frases como essas que se ouve de pessoas mais velhas e outros nem tanto assim. Os abusos nos casos de corrupção e a impunidade destes crimes têm levado os brasileiros a um ponto de intolerância que os leva a defender o absurdo.. As pessoas estão preferindo abrir mão de um regime democrático para voltar a viver numa ditadura, na esperança de que a corrupção seja amenizada.

Dizer que não existia corrupção nos governos militares é como afirmar que o mensalão foi tudo uma farsa da “imprensa golpista”. A questão é que a repressão à liberdade de imprensa impedia a divulgação de qualquer notícia negativa aos comandantes de então.

Com uma imprensa tendo o seu papel de fiscalizador dos Poderes assegurado pela Constituição pós-ditadura, o cidadão tem a oportunidade de saber como, de fato, os governantes cuidam do bem público.

A transparência é hoje uma realidade, bem diferente dos anos de chumbo. Fechar o Congresso é o mais grave dos atentados contra a democracia. Sendo bem ou mal composto, sua existência é vital para tentar controlar a sanha de Poder do chefe do Executivo. No papel, as suas funções são as mais belas possíveis, mas na prática a realidade é outra.

Muito mais do que ocupar o Senado e a Câmara com tropas, nossa melhor arma é o voto. Além do mais, precisamos exigir que o governo pare de transformar o Legislativo numa espécie de sua secretaria ou ministério.

A reforma política –a mãe de todas as reformas – precisa ser votada urgentemente. Ou os congressistas se mobilizam neste sentido, contrariando alguns de seus interesses, ou não achem ruim quando soldados estiverem no plenário, e a sociedade aplaudindo.

O Brasil não precisa e nem queremos um novo regime militar –aliás, não aceitamos nenhum tipo de ditadura, seja de esquerda ou de direita. Precisamos de políticos melhores e com coragem para enfrentar este modelo político-partidário falido e corrupto.

O nosso atual sistema pode até estar péssimo, mas é melhor continuarmos nesta bagunça democrática, onde temos a liberdade de dizer o que penamos (mesmo que nem tão livres assim) a um regime opressor que costumava torturar e eliminar seus opositores.

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