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domingo, 12 de outubro de 2014

O voto jovem

No último domingo, o domingo do primeiro turno, os acreanos foram às urnas para eleger seu mais novo senador da República: Gladson Cameli (PP), de 36 anos. Sua vitória já era esperada tanto pelos números das pesquisas quanto pela onda popular que sua candidatura ganhou pelas ruas das cidades, sobretudo em Rio Branco.

Ele tornou-se um fenômeno, dizia-se nas rodas de conversa. É o político da moda, caiu nas graças do povão. E é o que foi refletido no resultado final: uma diferença de mais de 82 mil votos sobre sua adversária direta, Perpétua Almeida (PCdoB).

Gladson Cameli é sobrinho do ex-governador Orleir Cameli, o mais demonizado pelos então oposicionistas petistas. O PT exerceu a oposição mais radical de todos os tempos no governo Orleir, operando de todas as formas para impedir a sua governabilidade.

Entre as líderes desta oposição estava a então senadora Marina Silva. Em resumo, Orleir só não foi chamado de santo pelos petistas, mas todo o resto que você possa imaginar disso não foi poupado.

O sobrinho tem como uma de suas missões políticas reparar a história política do ex-governador, morto em 2013 vítima de câncer. Se alguns achavam que o fato do parentesco com Orleir seria prejudicial, a aposta foi errada. Durante a campanha Gladson percebeu que, mesmo com todos os ataques sofridos, a imagem de seu tio é positiva entre os eleitores, em especial no interior.

Mas esta relação familiar não foi o fator preponderante para a vitória acachapante de Gladson sobre Perpétua. Sua eleição faz parte da histórica tradição acreana de optar por políticos jovens. A escolha pela juventude sempre foi um fator na hora do acreano escolher seus representantes.

Foi assim com o primeiro governador eleito do Acre, José Augusto de Araújo, quando derrotou o tradicional José Guiomard dos Santos, um dos líderes do Movimento Autonomista.

Depois vieram as eleições de Flaviano Melo (PMDB) para prefeito de Rio Branco, Edmundo Pinto (PDS) para governador em 1990, e Jorge Viana (PT) prefeito da capital, em 92. A própria eleição da jovem Marina Silva para o Senado, em 1994, também tem esta relação.

Assim como estes jovens eleitos no passado se destacaram na política local, sendo ainda hoje referência, Gladson caminha para trilhar o mesmo caminho. Já provou isso como deputado federal, eleito aos 27 anos. “Diziam que eu ia ser um menino mimado na Câmara, fui determinado a mostrar o que queria”, recorda ele, hoje um campeão na liberação de emendas e indicações.

Não há dúvidas de que ele será um dos melhores senadores que o Acre já elegeu. Ele é obstinado e determinado naquilo que quer. Tem a ambição política de sempre fazer o melhor, não aceita o mais ou menos. E é esta ambição que o trouxe até aqui, e o levará a degraus bem superiores neste começo de trajetória como majoritário.


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