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sábado, 27 de outubro de 2012

Eu tenho medo de viver no Acre

Eu sou acreano ou acriano como você bem quiser. Nasci e me criei neste rincão da Amazônia com muito orgulho. Sou um jovem jornalista em início de carreira. Vivo dignamente do meu soldo de “pobre operário”. Não preciso –nem quero – vender a minha alma ao diabo para estar nos manjares do rei. Como jornalista independente, algo muito sufocante no Acre, tento exercer a nobre função de ser os olhos e os ouvidos da sociedade.

Nos últimos meses, porém, tenho me preocupado muito com a situação política do Estado e tenho dentro de mim uma sensação de medo, de pânico. Todos nós temos visto coisas abomináveis cometidas pelos homens públicos que conduzem o destino deste povo.

O grupo político que está no poder usa dos métodos mais escusos, sujos e antidemocráticos para se manter na sua zona de conforto. Sabemos que essa gana de permanência no poder não é por conta de um projeto para o benefício do cidadão, mas de satisfação pessoal e daqueles que o cercam –a elite petista que se formou na última década às custas da miséria dos acreanos.

Temos visto no Acre as mais evidentes afrontas a qualquer princípio moral e ético na administração do bem público. O bem público tem estado a serviço não da sociedade, mas de um partido político. Temos visto violações claras às leis brasileiras, um desrespeito com a vontade popular (vide referendo do fuso horário), a censura à livre circulação de informação e ideias contrárias ao grupo dominante.

Temos vivido uma ditadura da esquerda. Tenho medo de viver no Acre porque se alguém é de oposição pode ser fatalmente eliminado pelo uso do aparelho policial, que hoje está doutrinado (através dos gordos salários) pelo petismo.

Parece que voltamos aos tempos das polícias políticas das ditaduras de esquerda, como na falecida União Soviética e na decadente Cuba. O Ministério Público e o Judiciário estão omissos diante de tantos abusos cometidos em nosso Acre.

Nesse Estado só há um poder: o Executivo. Parlamento? Só de enfeite e para gastar o dinheiro público longe dos olhos do contribuinte. Quem domina as chaves dos cofres define o ritmo da dança dos demais. A imprensa há uma década está acéfala, perdeu sua identidade de denunciar, de fiscalizar, de questionar. Alguma outra voz ali e aqui ainda “clama no deserto”.

O Acre e sua fragilíssima democracia estão em ameaça constante. Não temos segurança jurídica. A qualquer momento você pode ser vítima dos jogos sujo de um Estado aparelhado a serviço do PT. Os empresários são perseguidos e obrigados a contribuir com o caixa do partido em época eleitoral.

Não temos segurança quando falamos ao telefone, não sabemos se nossos e-mails são violados. Os inimigos do Estado estão sob ameaça constante. Extremistas petistas fincados em seus salários realizam campanhas de destruição da honra pela internet sem respeitar princípios mais básicos de civilização.

As oposições vão para as campanhas eleitorais numa luta desigual. O abuso do poder político é evidente. Funcionários do Estado são obrigados a carregar a bandeira do PT sob ameaça de perder gratificações e bônus salariais.

O candidato do PT usa os programas de governo na propaganda eleitoral e logo em seguida as emissoras exibem os comerciais pagos com dinheiro público destes mesmos programas. E a Justiça? Quem dera a Justiça agisse.

Em resumo, nossas instituições estão em frangalhos

A minha esperança está na sabedoria e inteligência do povo acreano, um povo politizado, que já percebeu a decadência moral e ética em que o atual grupo dominante está. Fico feliz ao ver que a oposição ganhou a maioria das prefeituras no interior; fruto da inteligência do eleitor, que não se deixou enganar por ameaças de perda de auxílios do governo federal como o Bolsa Família.

Torço para que o eleitor rio-branquense também possa agir de forma sábia diante da urna. Que veja a falência do discurso do partido único (ditadura) pois os problemas continuaram e até se ampliaram. Que o eleitor vote pela democracia, vote por uma capital e Estado fortes, que vote pela alternância de poder.

Só assim estaremos livres destas mazelas em que estamos mergulhados, colocando um freio naqueles que estão no poder e acreditam que o Estado é deles. A humanidade passou por um longo período de evolução até conceber o atual modelo de República. Que não seja agora em pleno século 21 que um partido político jogue na lata do lixo toda uma concepção de homens e mulheres livres, de um Estado a serviço da sociedade.    

8 comentários:

  1. "Que o eleitor vote pela democracia, vote por uma capital e Estado fortes, que vote pela alternância de poder"

    Assim penso.

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  2. Estamos com vc...Obrigado por falar o pensamento do povo do Acre...Chega de perseguiçao!como acreano nao residente mas ahí no meu estado,por falta de oportunidade e por nao fazer parte da "panelinha"as portas se fecharam pra mim,mas acompanho aqui de Manaus tudo que acontece no meu estado,pois ainda sonho um dia,ver o meu estado livre desse povo que pensa que é o dono Acre,aqui em Manaus eles nao tem vez ,faço minha suas palavras e que o povo seja forte e de nas urnas o seu clamor de mudanças...um Abraço Bombeiro Civil Ilmar

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  3. Disse tudo caro Fabio Pontes, vivemos em uma Ditadura de esquerda!!!

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  4. Infelizmente Fábio nosso povo apesar de politizado, não tem ainda cultura para saber separar o bom político do mau político, ainda temos a "cultura" de endeusar os políticos... E os métodos deles são nazistas!

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  5. Fábio, suas palavras foram precisas para elencar os problemas que vivemos hoje pelo abuso de poder e autoridade. Eu vivi na pele esse abuso e sei do que são capazes. Tomara que possamos voltar a respirar novos ares políticos neste estado, pois senão continuaremos a viver sob o manto da ditadura velada que se tornou o Acre.

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  6. Coragem Fábio, o Acre precisa do seu jornalismo. Estamos vivendo a Revolução dos bichos de George Orwell, infelizmente. Brilhante análise, por sinal. Abraço

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  7. Fábio,

    Vivi e cresci sob o regime militar. Sei bem o que é uma ditadura. Assim, posso lhe garantir que o Acre vive uma ditadura de direita. Não há um único ato governamental que possa caracterizar o regime como de esquerda. Lembre-se que a família imperial acriana tem suas origens na Arena. O (des)governo é populista e elitista: típico das ditaduras de direita.

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  8. Palavras sensatas e realistas, diante de tanto desrespeito, covardia e abuso daqueles que nos representam. Infelizmente, tudo verdade. A sociedade acriana está inconformada com isso, mas a maioria, de mãos atadas, pois dependem dos reis supremos e não tem coragem de ir a luta,de combater a tirania e intolerância em nosso meio.Contudo, felizmente, vozes surgem para falar a verdade, para debater, para mostrar a outra face do ser humano, ou seja, a de respeito, seriedade, honestidade e compromisso com a família. Parabéns pelo artigo, que ecoa como a voz de todos aqueles que gritam e não são ouvidos, falam, mas já sem força de combater a imoralidade política instalada. É uma luta de Davi contra Golias. Todavia, no final, com a graça de Deus, o bem a de vencer.

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